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Margarida Azevedo |
Margarida Azevedo
Mem Martins, Sintra, Portugal
Sabemos que o movimento espírita anda pelas ruas da amargura, mas nunca pensámos que fosse tanto. Como o nosso leque de leituras gira em torno da exegese, teologia e hermenêuticas relativamente à análise textual bíblica, dentro de uma área muito abrangente, o ecumenismo, desconhecemos parte significativa da mais recente onda de comunicações espíritas.
A nível da Doutrina, o nosso trabalho está centrado na análise crítica das obras kardecistas, rumo à sua modernização, com o objectivo de adaptar o Pentateuco às novas lides vivenciais do ser humano.
Como parece evidente, os problemas de hoje são diferentes, nalguns aspectos, dos do tempo do codificador, e, portanto, há que ler tendo em conta o momento de Kardec, quer social, quer político, bem como dentro de uma panorâmica histórica que estava a amadurecer e a dar os seus frutos, a Revolução Francesa.
Posto isto, estamos perplexos face aos mais recentes escritos espíritas. Não estávamos à espera e, podemos dizê-lo, caiu-nos bem fundo. Como é possível? Será que é difícil de perceber que o negativismo está a tomar proporções dramáticas? Publicam-se textos subordinados a temas como: abortos no Além, pornografia espiritual, excrementos e casas-de-banho no Astral, clonagem de Espíritos, sexualidade e sensualismo no Além,…? Posto isto, perguntamos: Onde está a educação, em geral, e mediúnica, em particular?
Num mundo onde estamos à beira de uma das maiores catástrofes sociais, de empobrecimento rápido e selvagem, da perda de direitos de toda a ordem; quando as religiões estão a viver profundas convulsões, com o terrorismo em permanente ameaça, com níveis de corrupção impensáveis, a Doutrina ERspírita envereda pelo negativismo na sua pior forma: a apologia da ignorância sob o rosto da maldade, da falta de escrúpulos, da anti-doutrina. Tal facto só vem corroborar a infeliz constatação de que a ignorância que se vive nos Centros espíritas é do tamanho do mundo e, pior que isso, não é combatida, mas alimentada.
Se o semelhante atrai o semelhante, então esses trabalhos são a voz de plêiades de Entidades muito negativas, que se comprazem no separatismo e na discórdia, semeando terror, falsas ideologias manipuladoras das mentes incautas, falaciosas e vaidosas, aliciando-as ainda mais sob o véu das honrarias sociais, tão perigosas quanto traiçoeiras.
Os que reencarnaram e lhes dão guarida são parte integrante desses grupos que formam autênticas legiões destruidoras, que na sua imensa ignorância maldizem daqueles que, nos seus estudos e comportamentos sérios, tentam facultar alguns esclarecimentos. É fácil, pensam esses pobres dignos de dó, destruir o trabalho sério de quem os reconhece e denuncia. Coitados! Que ingénuos!
A Verdade é incorruptível, transparente, trabalhadora, fiel, amiga, benigna; a Verdade é a voz da abnegação, da necessidade da construção de auras protectoras em torno de todos aqueles que vêem no bem-fazer uma oração.
Onde estão os homens e as mulheres ao serviço de Deus? Onde estão os trabalhadores firmes, os tribunos da oração, os libertadores da expressão espiritual no seu mais elevado grau? Que é feito da luta contra a dor e o sofrimento, do alívio dos/nos momentos mais incautos? Onde estão os esclarecedores e clarificadores das mentes que rumam, preocupadas com a sua progressão, tantas vezes contra os ventos dos ignóbeis que lhes acrescentam pesar à já bem grande densidade da nossa existência? Onde estão aqueles que, deixando no lar milhentas coisas por resolver, por amor ao próximo se deslocavam à Casa Espírita para dar consolo aos ainda mais necessitados? Onde estão esses? Precisamos deles com urgência. Não se isolem, não nos abandonem, fiquem connosco. Tenham esperança, pois a verdade é Amor e Amor é Verdade. Vocês são a nossa verdade e o nosso amor, cá deste lado.
Precisamos da vossa doçura, do vosso semblante risonho. Pedimos-vos os mimos das vossas palavras tão serenas.
Espíritos mais elevados, pedimos-vos, em nome de Deus, venham junto de nós, em nosso auxílio. Socorram-nos e protejam-nos de cairmos em tentações, que são tantas. O vosso silêncio balsâmico alimenta-nos a alma. Vocês são a nossa esperança.
A Deus pedimos arrependimento para todas as nossas faltas; pedimos um coração aberto ao perdão, uma espiritualidade que procure antes de tudo e acima de tudo o Teu Reino.
Obrigada, Senhor, por nos ouvires em tão frágil momento. Abençoa este mundo.
Fiquemos com esta …
Oração Islâmica
DHÚL NÚN
Deus meu!
Por estar em tua presença
tenho apressado meus passos,
a ti tenho elevado meus olhos;
em vista de tuas graças
tenho estendido minhas mãos,
e a ti gritado minha voz.
Tu és quem não se cansa de nenhum chamado
e tu não decepcionas a ninguém que a ti tenha rogado.
Deus meu!
Concede que meu olhar seja sincero
para que a ti possa elevar-se.
Porque aquele que quer conhecer-te (tal como és)
não fica ignorado;
aquele que em ti busca refúgio
não está abandonado;
aquele que em ti se regozija
está na alegria;
e aquele que te pede proteção
está seguro da vitória.
TEIXEIRA, Faustino, BERKENBROK, Volney (orgs.), Sede de Deus, orações do Judaísmo, Cristianismo e Islã, Editora Vozes, Petrópolis, RJ, 2002, n.º 159, pp. 158-159.
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