“BRASÍLIA
ESPÍRITA” 40 ANOS DISSEMINANDO ESPIRITISMO NA PÁTRIA DO EVANGELHO
Jorge Hessen
Em
tempos recuados a população brasileira consistia em um arraial incorporado no
litoral, lançando um olhar nostálgico para o solo de outros continentes
(africano e europeu). Na percepção de que o Brasil jazia de costas para o
Brasil, surgiram os amplos clamores para advogar a interiorização do país,
opinião primeiramente defendida por Sebastião José de Carvalho e Melo – o
Marquês de Pombal – em 1761. Em seguida, em 1789, os inconfidentes, liderados
por Joaquim José da Silva Xavier – o Tiradentes – demonstravam um manifesto
anseio por um processo de interiorização do Brasil.
Na
Assembleia Constituinte de 1823, José Bonifácio – o Patriarca da Independência
– no documento intitulado "Memória sobre a necessidade e meios de edificar
no interior do Brasil uma nova capital", defendeu a construção da nova
cidade, sugerindo dois nomes para o que seria a nova capital do país,
idealizada no Planalto Central: Petrópolis e Brasília.
Na
Proclamação da República do Brasil, em 1889, a constituição republicana
estabelecia a mudança da capital do Rio de Janeiro para o Planalto Central.
Mais tarde, o Presidente Epitácio Pessoa, amparado na constituição de 1891,
lançou a pedra fundamental da nova capital do Brasil, no Morro do Centenário,
em Planaltina, estado de Goiás. Meio século após, mergulhado no arroubo
profético, Juscelino Kubitschek registrou: "deste Planalto Central, desta
solidão em que breve se transformará em cérebro das mais altas decisões
nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu país e antevejo
esta alvorada, com uma fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu
grande destino", inaugurando a 21 de abril de 1960 a Capital de todos os
brasileiros.
Carlos
Torres Pastorino, 13 anos após a fundação de Brasília, assinalou na primeira
edição do jornal BRASÍLIA ESPÍRITA que a fronteira do Distrito Federal “é a
atmosfera brilhante e límpida de um céu que se perde no infinito, conectando-a
apenas com o sol durante as horas do dia, e com as estrelas semeadas pela
imensidão sideral nas horas silenciosas e meditativas das noites serenas que
refrigeram as almas. Por sua natureza, Brasília é um apelo para todos que
voltem seus olhares para o Alto, numa ascensão sem fim, fora do espaço e do
tempo, na subida evolutiva mais rápida e mais firme, para a eternidade e para o
infinito.” (1)
Naquele
áurico 21 de abril de 1973, data escolhida para o lançamento do jornal BRASÍLIA
ESPÍRITA, duas motivações fundamentais planavam no imaginário dos fundadores:
“o martírio de Tiradentes e a “inauguração de Brasília”. À época, Mário de
Almeida, diretor secretário do jornal, enunciava que o periódico era consagrado
para a divulgação espírita cristã na Capital da Pátria do Evangelho, enquadrado
“no desígnio da evangelização das almas e no estudo pacífico das verdades
espirituais aclamadas por Kardec. Seu escopo é o de unir todos os esforços na
Doutrina Espírita e construir a frente única da espiritualidade acima e além
das controvérsias e dos desentendimentos.” (2)
BRASÍLIA
ESPÍRITA tem desempenhado seu compromisso doutrinário convidando seus leitores
para a reverência da liberdade de crença de cada qual, até porque é um
predicado constitucional e um direito do indivíduo.
A
Terceira Revelação abanca seus alicerces na composição de todos os princípios
religiosos: Deus, justiça divina, imortalidade da alma, caridade e amor.
Considerando os distintos graus em que estagiam as pessoas no campo da
consciência e do pensamento, tornam-se cogentes formulações, não exclusivamente
religiosas, todavia, igualmente de condutas ajustadas com o estágio de
desenvolvimento em que cada ser humano se encontra.
Almejamos
que pelo pensamento construtivo e pelo progresso moral e espiritual da geração
nascida no Distrito Federal, o brasiliense, que já é uma espécie de síntese
nacional, transforme Brasília na Capital do Evangelho ante a Pátria do Terceiro
Milênio. Até porque é forçoso rememorarmos que “o Brasil facultará ao mundo
inteiro uma expressão consoladora de crença e de fé raciocinada, e será o maior
celeiro de claridades espirituais do orbe inteiro” (3), embora compreendamos
não ser uma programação para imediato, e nem será antecipada ao desdobramento
dos ensinos de Jesus apenas no Brasil, visto que a lição doutrinária do
pensamento do Cristo é Universal.
(1) Pastorino, Carlos Torres. Artigo
intitulado “21 de abril” , publicado na primeira edição do Jornal Brasília
Espírita em 21/04/1973
(2) Mário de Almeida, Diretor Secretário
do Jornal Brasília Espírita, publicado na primeira edição do Jornal Brasília
Espírita em 21/04/1973
(3) XAVIER, F. C. Brasil, Coração do
Mundo, Pátria do Evangelho (pelo Espírito Humberto de Campos). 11. ed., Rio de
Janeiro, FEB, 1977.
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