Luiz Carlos Formiga
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Rio de Janeiro
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Luiz Carlos Formiga |
“Os fariseus, poderosos em Jerusalém, tinham a religião não como objeto de fé sincera, mas sim como meio de chegarem a seus fins. Da virtude nada possuíam, mas exerciam grande influência sobre o povo, a cujos olhos passavam por santas criaturas. Jesus se aplicou durante toda a sua missão a lhes desmascarar a hipocrisia”.
Um Centro Espírita não pode ser comitê de campanha ou palanque de candidato, mas temos que estar conscientes de que, quando votamos e o país toma um rumo, somos responsáveis. Por outro lado, sem conscientização de que há em nós um princípio inteligente eterno e perfectível, nenhuma religião ou filosofia se liberta do poder temporal e da decadência própria. Difícil votar?(1)
Um professor (2) aponta dois perfis de políticos candidatos. “Aquele que opta indecentemente para que apenas alguns consumam muito e outros consumam quase nada e o que promete a ilusão de que todos terão tudo, como se a continuação do crescimento econômico fosse possível”.Buarque lembra: “existe a ideia de um limite de crescimento, não apenas ecológico, mas também moral e existencial. As pessoas não vão conseguir consumir mais no mundo inteiro, e não precisam consumir mais para serem felizes. A felicidade é um conceito sério demais para vincularmos como sinônimo de mais consumo”. E, argumenta dizendo que “a humanidade precisa substituir seu padrão de bem estar, conforto e felicidade por algo mais substancioso moral e existencialmente do que a renda e o consumo”.
Recordemo-nos daquele que seria bom candidato: “Senhor, dou a metade dos meus bens aos pobres e, se causei dano a alguém, seja no que for, indenizo-o com quatro tantos.” Já o moço rico perderia a eleição! Dar aos pobres talvez fosse mais fácil, o problema era seguir Jesus. No Congresso brasileiro, muitos desencarnarão devendo muito.
O professor-senador (2) lembra que “há um mínimo necessário do qual cerca de quatro bilhões de seres humanos estão excluídos. Porém há excedente no consumo de outros três bilhões. Isso impossibilita o mesmo padrão de consumo das classes médias e ricas do mundo para todos, não importando em que país a pessoa viva”.
Esta constatação é óbvia e embora haja resistência, ela está cada vez mais aceita. Menos aceita é pela “elite pensante brasileira, especialmente os de esquerda. A direita, sem moral, mas com lógica, não defende estender o consumo elevado para todos. A esquerda, por ilusão ou oportunismo, vende a ideia de que todos poderão ter um, dois ou três automóveis. Oportunismo e egoísmo, porque não quer dividir o que tem, nem negar aos outros, e termina prometendo o impossível”, diz o professor (2)
Outro docente (3) enfatiza deficiências na “prata da casa”, dizendo: “o Brasil é um país fantástico. Nulidades são transformadas em gênios da noite para o dia. Uma eficaz máquina de propaganda faz milagres”. N’O Estado de S. Paulo encerra: “Ah, o Brasil ainda vai cumprir seu ideal: ser uma grande Bruzundanga”. Lá, na cruel ironia de Lima Barreto, a Constituição estabelecia que o presidente “devia unicamente saber ler e escrever; que nunca tivesse mostrado ou procurado mostrar que tinha alguma inteligência; que não tivesse vontade própria; que fosse, enfim, de uma mediocridade total”.
Número expressivo de deputados, hoje em atividade, seria barrado pela nova Lei “Ficha Limpa”. Mas como diminuir a influência de anacronismos ideológicos?
Políticos, fichas-suja, abrem mão da candidatura para não serem barrados pela Lei da Ficha Limpa, elegem familiares laranjas e, depois, atuam nas administrações como padrinhos. Alguns podem ser nomeados para chefiar gabinetes ou secretarias. No passado, o poeta apontou como saída o aeroporto do Galeão, que recebeu seu nome. Hoje talvez não se sentisse tão seguro em utilizá-lo. Mas “viver é arriscar-se”.
Para eleger-se, o populista, promete a ilusão de que todos terão tudo. O professor (2) deixa a questão: “quanto seria o limite máximo que cada pessoa precisa para ter a vida que deseja, sem a ilusão de uma abundância elusiva, na qual nunca chegaremos?” Não temos a resposta, mas podemos pensar. No futuro os políticos deverão apresentar as características do “Homem de Bem”,que é justo.
A ação mais justa parece ser aquela que beneficia, com a felicidade, maior número de pessoas que qualquer outra. No entanto, a soma total de felicidade pode ser diferente do número de pessoas felizes. Sabemos que a igualdade das riquezas é impossível, mas, o bem estar pessoal é relativo e todos dele poderiam gozar.
A justiça é a primeira virtude das instituições sociais, o fundamento da estrutura social. Numa sociedade justa a distribuição dos bens estará na dependência dos princípios de justiça refletidos no sistema de direitos, leis, processos e posições que faz da sociedade uma entidade política funcional. Num senso utilitarista da justiça o bem social mais importante será o bem-estar máximo.
Sob o ponto de vista ético, na incerteza de como deva se comportar, trate o homem de saber como quereria que com ele procedessem. Na justiça cristã toma-se o direito pessoal por base do direito do próximo.
Qual a extensão e o limite desse direito? Como encontrar o limite desse direito?
O limite que, aplicado a si mesmo, reconhecer ao seu semelhante, em idênticas circunstâncias e reciprocamente.
Desaparecerá a subordinação aos superiores e surgirá a anarquia de todos os poderes?
A subordinação não se achará comprometida pela aristocracia intelecto-moral, aquela autoridade encontrada na liderança que é sinônimo de amor agápe.
No Novo Testamento Jesus usa a palavra ágape. Paulo, no capítulo XV de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” lança luz, “fora da caridade não há salvação”.
Não chegarei a ver, nesta vida, um congresso renovado por uma reforma partidária. Isso depende de investimento em educação, geradora do voto consciente, processo que demanda tempo. E, estamos ainda no início da "Regeneração".
Referências:
(1)http://www.jornaldosespiritos.com/2007.3/col49.42.htm
(2)http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2013/02/11/quanto-o-bastante-dinheiro-a-vida-boa-por-cristovam-buarque-485942.asp
(3)http://www.marcovilla.com.br/
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