1º) “Eu não sei porque
tenho um medo enorme de morrer, não da morte em si, mas sempre que eu penso
nisso, eu me vejo sendo enterrada e a terra sendo jogada sobre mim, isso me
deixa em pânico, pois eu vejo toda a cena, tenho 41 anos e sei que a morte é
uma coisa natural que vai acontecer mais cedo ou mais tarde, por favor alguém
me explique porque isso acontece, se tem alguma coisa a ver com vidas passadas,
e como posso ser ajudada pois isso me perturba muito.”
2º) “Mesmo sabendo que é a nossa única
certeza eu morro de medo de morrer. O que acontecerá, como vai ser quando eu
morrer? Fico me perguntando essas coisas.”
3º) “Não tenho medo da morte. Apenas de
deixar a vida. Eu sei que quando morre acaba tudo. Todos falam de vida após a
morte, que a pessoa volta e tal. Sou filha única e era muito apegada com o meu
pai. Ele sempre foi tudo na minha vida. Até que um dia ele se foi dessa vida.
Morreu em um assalto. Tenho certeza absoluta de que, se existisse forma de
voltar, ou se existisse vida depois da morte, eu saberia. Ele teria voltado,
ele me amava demais. Mas não foi o que aconteceu, eu nunca mais o vi. Tenho
certeza de que acabou. Então eu não tenho medo da morte porque sei que vou
descansar e isso é consequência da vida. O meu medo é saber que vou deixar
pessoas aqui que me amam e que vão sentir a minha falta. Amo viver, amo
respirar, realizar meus sonhos amo muito tudo isso e tenho medo de tudo
simplesmente "acabar". Tenho medo de envelhecer e saber que isso me
aproxima cada vez mais do "fim". Mas, infelizmente nada dura para
sempre, nem a gente.”
Três depoimentos, inclusive conflitantes um com os outros.
Um amigo muito querido não gosta nadinha quando eu toco no
assunto morte. Ele morre de medo de morrer. Da mesma forma uma funcionária da
minha esposa me esconjura a cada vez que me refiro ao fenômeno natural, pois,
também ela, morre de medo de morrer. Chega a afirmar que jamais morrerá. E
quando me rio da ingenuidade, ela fica muito brava.
Joanna de Angelis entende “o Medo como um sentimento natural e necessário para que sejamos
prudentes frente a perigos que possam prejudicar nossa vida.” Em várias de
suas obras, afirma que “o medo da morte
resulta do instinto de conservação que trabalha a favor da manutenção da
existência.”
Entretanto, é importante que diferencemos o medo natural,
quando moderado, do medo excessivo que se torna patológico porque passa a
prejudicar a vida encarnada fazendo com que a pessoa viva mais com medo do que
com tranquilidade.
Joanna de Angelis aponta: “que existem pessoas que tem tanto medo do instante da morte, que se
matam para não esperá-la. Ou às vezes
o medo da morte é de tal grau que a pessoa passa a temer o envelhecimento,
recorrendo a todas as formas de tratamentos para manter uma aparência jovem,
tentando mostrar aos outros e a ela mesma algo que ela não é.”
Todos nós um dia morreremos. Como reagiremos a esse momento?
Isso dependerá da preparação que cada um fez para assegurar durante a sua vida.
Afinal preparar-se para a morte não será assim tão esdrúxulo como poderá
parecer, perante tantas evidências de que a vida continua além túmulo e ninguém
será apenas fantasmas a aparecer ou desaparecer diante de assustados olhos
humanos.
Herculano Pires, no livro Educação para a Morte, 2ª Ed.
Correio Fraterno, pág. 19 ensina: “A Educação para a Morte, não é nenhuma forma
de preparação religiosa para a conquista do Céu. É um processo educacional que
tende a ajustar os educandos à realidade da Vida, que não consiste apenas no
viver, mas também no existir e no transcender. A vida e a morte constituem os
limites da existência. Entre o primeiro grito da criança ao nascer e o último
suspiro do velho ao morrer, temos a consciência do ser e do seu destino. A
criatura humana é um ser definido, que reflete o mundo na sua consciência e se
ajusta a ele, não para nele permanecer, mas para conquistá-lo, tirar dele o
suco das experiências possíveis e transcendê-lo, ou seja, passar além dele.”
No mundo turbulento e imediatista de hoje, em que a busca
desesperada pelos bens de ordem material prevalece sobre os valores morais,
muita gente, pensando apenas num futuro próximo e aqui, porque a morte lhe
parece o fim e que é preciso aproveitar intensamente a vida na Terra, age tentando
agradar a uns e a outros, procurando esquecer os sentimentos próprios, chegando
até a afogar-se nas hesitações entre o desejo e o dever.
Uma terrível sensação de fragilidade e insegurança se abate
sobre aqueles que vivem amedrontados diante do que lhes reserva o futuro e
principalmente se olham o futuro desaguando no momento da morte. O que me
acontecerá? - gemem entre dentes.
Esse desequilíbrio emocional tem contribuído decisivamente
para que muitos vivam em constante sobressalto. Alguns choram às escondidas, no
recôndito do quarto de dormir, ou nos cantos mais afastados. Outros escancaram
a própria choradeira e a preocupação de que a morte dói, ou imaginam que a
agonia da morte deve ser tremendamente dolorosa.
Outros, sentindo-se culpados de algum ato mais desairoso ou
até mesmo criminoso, temem o momento final porquanto seria visitado por suas
vítimas a cobrarem as dívidas contraídas, principalmente pelos que o
antecederam no além-túmulo.
Ou então, aqueles que temem o seu desaparecimento no nada,
perdendo-se todos os seus feitos terrenos, porque é o nada que enxergam depois
da morte.
Estes são os mais infelizes porque não têm a menor consciência
da sobrevivência da alma.
Cairbar Schutel, na obra “A Vida no outro Mundo”,6ª edição,
Casa Editora O Clarim, pág. 95, define: “Morto
o corpo, a individualidade sobrevivente é
tomada de um estado psíquico original, dependendo muito esse estado, das crenças
do indivíduo, seu modo de agir quando vivia na Terra, sua moralidade,
finalmente, seu grau de evolução espiritual.”
Herculano Pires, obra citada, pags. 125/126, encerra: “Todos morremos, mas todos ressuscitamos.
Mortal é o corpo material de que nos servimos para – segundo as Filosofias da
Existência – nos projetarmos no plano existencial. Na Terra, só existimos
quando integramos a humanidade encarnada.” Assim, para Herculano, “Mas, a mais difícil tarefa da Educação para
a Morte é precisamente a de quebrar esse condicionamento milenar, integrando os
homens numa visão mais realista da vida. Os fatos são de todos os tempos e
estão ao alcance de todas as criaturas dotadas de bom senso, não se permitindo
criaturas razoavelmente cultas ficarem
amarradas às teorias absurdas de um céu e um inferno, ou ao
desaparecimento no nada.”
Diante de tantas
provas da sobrevivência da alma humana e até mesmo dos animais, não há porque
temermos a morte que nada mais é que uma passagem de um plano menor para um meio
mais amplo e mais completo, o Mundo Espiritual.
Devemos cuidar para que nossa estadia na Terra seja
proveitosa pela prática do bem, pela busca incessante de melhoria da qualidade
de vida de todos e também do Planeta que nos serve de residência temporária,
pois se assim não agirmos, fatalmente, o medo de morrer nos matará por
antecipação.
Não viver a vida terrena com alegria, com satisfação,
regando-a incansavelmente, com nossos sorrisos e nossos contributos para o
progresso de todos, significa que ficaremos devendo e ao voltarmos à Terra
teremos de pagar aquilo de errado que fizemos, além de ter de construir um
futuro melhor para a humanidade.
Então, até por esperteza, vivamos como se fosse a nossa
última vida aqui neste Planeta para que nossa vida definitiva no Mundo do Além
seja mais belo, mais rico e mais delicioso de se viver.
CONTO
A MENTIRA
Antônio
F. Rodrigues
Sei da história de um pastor americano ou escocês (já não me
lembro o hemisfério desse conto) o qual, uma vez, ao largo e atento auditório
que costumava ouvi-lo, fez saber que no dia seguinte iria falar sobre o pecado
da mentira.
- Vou pregar amanhã sobre a mentira, advertiu o bom pastor.
Peço, porém, a todos os meus queridos ouvintes que, para melhor preparação do
que irei dizer, leiam todo o capitulo dezessete de São Marcos. Considero
indispensável essa leitura prévia.
No dia seguinte, compareceram todos. E logo, o pastor
inquiriu previamente.
- Aqueles que leram o capitulo 17 de São Marcos, conforme a
minha recomendação, queiram levantar-se.
Levantaram-se todos como um só homem. E o pastor prosseguiu:
- Sois vós realmente os verdadeiros ouvintes do meu sermão
de hoje sobre a mentira. Porque, em verdade, não existe o capitulo dezessete. O
Evangelho de São Marcos tem apenas 16 capítulos.
0 Comentários:
Postar um comentário
<< Home