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sexta-feira, 20 de abril de 2012

O amor é a força mais abstrata e a mais poderosa que o mundo possui (Gandhi)


  O Evangelista João anotou na sua magna escritura que Deus é amor. O vidente de Patmos expôs que o Divino mestre indicou um novo mandamento: “Que nos amássemos uns aos outros; como Ele nos amou, pois somente assim nos reconheceríamos como discípulos do Cristo.” (1) Nas instruções dos Benfeitores, aprendemos que o amor e a sabedoria são duas asas que nos conduzem ao pináculo da evolução. Essas alegorias são identificadas como desenvolvimento moral e avanço intelectual; ambas são imperativas ao avanço espiritual, sendo lícito, porém, ponderar a ascendência do amor sobre a ciência, uma vez que o componente intelectivo sem amor pode proporcionar abundante perspectivas de queda, na reprodução das provas, enquanto que o progresso moral nunca será demasiado, fortalecendo a essência mais admirável das potências espirituais.
A presente geração, amputada de maiores anseios espirituais, intrinsecamente hedonista, sensual, consumista, conferindo a si mesma as mais elevadas aquisições de caráter prático na província da razão, produziu os mais extensos desequilíbrios nos cursos evolutivos do planeta, com o seu imperdoável alheamento do amor.
Diz-se que “o amor é a força mais abstrata e, também, a mais poderosa que o mundo possui”, consoante afirmou Mahatma Gandhi, e nessa confiança, o iluminado da Índia conseguiu sozinho neutralizar o ódio de milhões de compatrícios jugulados sob o tacão do império britânico.
"A natureza deu ao homem a necessidade de amar e de ser amado". (2) Alguns estudiosos pragmáticos afirmam que o "amor" é a decorrência de ajustada reação química conduzida pelo cérebro. Nos argumentos inconsistentes, os "especialistas" propõem uma análise dos sentimentos, apenas como resultante de um aglomerado de forças nervosas, movimentando células físicas geridas pela combinação de substâncias neurotransmissoras. Obviamente o amor não se traduz nisso.
Até porque o amor não se deixa decifrar, repelindo toda tentativa de definição. Por isso, a poesia, campo mítico por excelência, encontra, na metáfora, a tradução melhor da paixão, como se esta fosse o amor. Nesse imbróglio, o psiquiatra William Menninger, dos EUA, vociferou: "o amor é um sentimento que a gente sente quando sente que vai sentir um sentimento que jamais sentiu". (!) (3)
Esse vazio conceptual deve-se à dificuldade de manifestação do amor na forma de solidariedade e fraternidade no mundo contemporâneo. A ampliação dos centros urbanos cunhou a “Era da alienação”, a síndrome da multidão solitária, das adesões afetivas frágeis. As pessoas estão lado a lado, mas suas relações são de contiguidade e brutal desconfiança.
O verdadeiro amor é o convite para banir o egoísmo. Se a pessoa for muito centrada em si, não será capaz de ouvir o apelo do próximo. É a sublimidade dos bons sentimentos dirigidos ao outro, porém, sem que haja limites ou condições para que expressemos tais sentimentos de vínculo fraterno; é o abraço, o olhar sereno, o aperto de mão, as palavras de ânimo e respeito, os ouvidos atentos para ouvir serenamente; tudo isso em função do semelhante, contudo, sem que venhamos impor ao próximo que nos recompense; e, mais ainda, que todo esse sentimento possa alcançar as pessoas, não apenas nossos consanguíneos, mas também amigos próximos e companheiros de jornada humana.
Em síntese, tudo o que possamos idealizar sobre o amor pode se consubstanciar como parcela deste sentimento, mas ele é muito maior e mais abrangente, até porque o bem-querer, a bondade, a tolerância, a alegria, a proximidade só poderão ser um fragmento do amor quando não tiverem laços no apego, na imperiosa necessidade de permuta, no egoísmo que exigem sempre condições e regras.
Em suma, o amor só será verdadeiro e incondicional quando for dilatado por todos nós, a todas as coisas e a todos os seres que nos cercam, nessa estupenda experiência humana que é a própria vida.
Jorge Hessen
http://jorghessen.net
Referências bibliográficas:
(1) (João:13 vs 34-35)
(2) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed FEB , 2000, questão 938-a
(3) Menninger, William. ABC da psiquiatria, São Paulo: Editora IBRASA, 1973

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