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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

ESCLARECIMENTOS NECESSÁRIOS SOBRE O MOVIMENTO ESPÍRITA


O Manifesto do CEI-América do Sul

(transcrito, pode ser visto no Portal da FEB. Eis o link:
http://www.febnet.org.br/site)

Os representantes do Movimento Espírita Sul-Americano, organizado com base nos ensinos de Allan Kardec, reunidos na cidade de Punta del Este, Uruguai, nos dias 14 e 15 de outubro de 2011, durante a 4ª Reunião do Conselho Espírita Internacional-América do Sul, decide apresentar a todas as Instituições filiadas as seguintes diretrizes e esclarecimentos frente a certas circunstâncias que atualmente se apresentam a nível nacional e internacional, gerando conflito, divisão e desvios no objetivo essencial da Doutrina Espírita.

Neste sentido, o CEI respeita a liberdade de pensamento e o livre-arbítrio de todos os indivíduos; não é, portanto, do seu interesse censurar ou discriminar outros movimentos existentes; porém lhe cabe, nos termos filosóficos, estatutários e legais, defender e promover entre outras coisas:

· Os princípios fundamentais e os ensinos da Doutrina Espírita, transmitidos pelos Espíritos Superiores e codificados pelo insigne pedagogo francês Allan Kardec, contidos nos livros que integram a denominada Codi-ficação.

· Velar pela coerência, ética e prestígio do Ideal Espírita a nível nacional e internacional em todas as suas conotações, expressões e apresentações, especialmente no que concerne aos métodos e formas de estudo, práticas, divulgação, fundamentação e interpretação da Doutrina por meio das Instituições e de seus trabalhadores e simpatizantes, para que estas sempre mantenham a sua pureza nas diretrizes oferecidas pelos Guias da Humanidade plasmadas nas Obras Básicas e complementares da Codifica-ção.

ANTECEDENTES

No que diz respeito à essência e à pureza doutrinária do Espiritismo, o codificador Allan Kardec, nas obras fundamentais, e os Guias da Humanidade, nas obras complementares, advertem com contundente clareza sobre os feitos e circunstâncias que levariam a abater e desviar os Espíritas do verdadeiro objetivo do ideal, “que é o da moral”, nos seguintes termos:

Primeiro: “Alguns atacarão o Espiritismo abertamente em palavras e em ações e o perseguirão até na pessoa de seus aderentes, tentando desencorajá-los à força de intrigas, enquanto que a outros, subrepticiamente, por vias indiretas, buscarão miná-los de maneira insidiosa. Ficai avisados de que a luta não terminou. Estou prevenido de que tentarão um supremo esforço; mas, não temais, a garantia do sucesso está nesta divisa, que é a de todos os verdadeiros espíritas: Fora da caridade não há salvação. Empunhai-a bem alto, porque ela é a cabeça de Medusa para os egoístas.” (Allan Kardec. Revista Espírita – Periódico de Estudos Psicológicos. Ano 5, No. 2, fevereiro de 1862.)

Segundo: “A tática já aplicada pelos inimigos dos Espíritas, mas que vai ser empregada com novo ardor, é a de tentar dividi-los criando sistemas divergentes e suscitando entre eles a desconfiança e a inveja. Não vos deixeis cair na armadilha e tende como certo que aquele que procura, seja por que meio for, romper a boa harmonia não pode estar animado de boas intenções. Eis por que vos exorto a guardar maior prudência na formação de vossos grupos, não só para a vossa tranquilidade, mas no próprio interesse de vossos trabalhos.” (Allan Kardec. Revista Espírita – Periódico de Estudos Psicológicos. Ano 5, No. 2, fevereiro de 1862.);

Terceiro: “A natureza dos trabalhos espíritas exige calma e recolhimento. Ora, não há recolhimento possível se somos distraídos pelas discussões e pela expressão de sentimentos malévolos. Se houver fraternidade não haverá sentimentos de malquerença; mas não pode haver fraternidade com egoístas, com ambiciosos, e orgulhosos. Com orgulhosos que se escandalizam quando não têm a supremacia, e com egoístas que só pensam em si mesmos, a cizânia não tardará a ser introduzida e, com ela, a dissolução. É o que gostariam os inimigos e é o que tentarão fazer.” (Allan Kardec. Revista Espírita – Periódico de Estudos Psicológicos. Ano 5, No. 2, fevereiro de 1862.);

Quarto: “Devo ainda vos chamar a atenção para outra tática de nossos adversários: a de procurar comprometer os espíritas induzindo-os a se afastarem do verdadeiro objetivo da Doutrina que é a moral, para abordarem questões que não são da sua competência e que poderiam, com toda a razão, despertar suscetibilidades e desconfianças. Também não vos deixeis cair nessa armadilha, afastai cuidadosamente de vossas reuniões tudo quanto disser respeito à política e às questões irritantes; nesse caso, as discussões não levarão a nada e apenas suscitarão, enquanto ninguém questionará a moral, quando ela for boa. Procurai no Espiritismo aquilo que vos pode melhorar, eis o essencial. (…)” (Allan Kardec. Revista Espírita – Periódico de Estudos Psicológicos. Ano 5, No. 2, fevereiro de 1862.);

Quinto: “Falemos sem disfarce e digamos claramente que há resistências que seria supérfluo procurar vencer e que se obstinam mais por amor-próprio ou por interesse que por convicção; seria perder tempo buscar trazê-las para nós; somente cederão perante a força da opinião pública. Recrutemos os adeptos dentre as pessoas de boa vontade, que não faltam; aumentemos a falange de todos aqueles que, cansados da incerteza e assustados pelo nada materialista, só querem crer e logo o número deles será tamanho que os demais terminarão por render-se à evidência. Este resultado já se manifesta, esperem para ver, dentro em pouco, em vossas fileiras, aqueles que somente esperavas ver como últimos.“ (Allan Kardec. Revista Espírita – Periódico de Estudos Psicológicos. Ano 6, No. 3, fevereiro de 1863.)

Sexto: “Em nossas conversações frequentes com os mentores, sempre lhes percebíamos a natural preocupação com os companheiros encarnados, portadores de responsabilidades na área espírita, que se deixam distrair pelas querelas inúteis e debates injustificáveis na defesa de pontos de vista doutrinários, tomando rumos estranhos pelos desvios de rota, descuidando-se do essencial em favor do secundário. Por outro lado, observo que este comportamento apaixonado, na área espiritual e num grupo reduzido de profitentes, torna-se mais expressivo e grave no comportamento social que envolve as massas, e os jogos de interesses assumem proporções imprevisíveis, levando os indivíduos à agressividade, à violência, assim liberando as altas cargas das paixões inferiores, filhas diretas do egoísmo. A dedicação com fidelidade e firmeza de caráter a qualquer causa é sempre um grande desafio ao homem, especialmente por exigir-lhe vivência do ideal esposado com tolerância para com todos quantos lhe compartem ou não a opinião (…).“ (Manoel Philomeno de Miranda. Divaldo Pereira Franco. Trilhas da Libertação. Cap. Reflexões e Expectativas.)

Sétimo: “O Homem realmente livre é consciente das suas responsabilidades, não necessitando de nada externo para os logros elevados a que se propõe. Torna-se-lhe condição essencial o conhecimento real, defluente da meditação e da vivência dos seus estatutos para seguir na marcha com a elevação indispensável à vitória. Certamente foi esta a ideia de Jesus ao preconizar-nos buscar a Verdade que nos torna livres.” (Manoel Philomeno de Miranda. Divaldo Pereira Franco. Trilhas da Libertação. Cap. Serviços de Desobsessão.)

Oitavo: “(…) Em reunião privada com os chefes de grupos, explicitou o programa que elaborara para ser aplicado em todas as suas diretrizes e com pormenorizado zelo.” “Primeiro: O Homem, redefiniu o novo Soberano das Trevas – é um animal sexual que se compraz no prazer. Deve ser estimulado ao máximo, até a exaustão, aproveitando-lhe as tendências, e quando ocorrer o cansaço levá-lo aos abusos às aberrações. (…) “Segundo: O narcisismo é filho predileto do egoísmo e pai do orgulho, da vaidade, inerentes ao ser humano. Fomentar o campeonato da presunção nas modernas escolas do Espiritualismo, ensejando a fascinação, é item de alta relevância para a queda desastrosa de quem deseja a preservação do ideal de crescimento e de libertação. (…) “Terceiro: O Poder tem prevalência em a natureza humana. Remanescente dos instintos agressivos, dominadores e arbitrários, ele se expressa de várias formas sem disfarce o escamoteado, explorando aqueles que se lhe submetem e desprezando-os ao mesmo tempo, pela subserviência de que se fazem objeto, e aos competidores e indomáveis detestando, por projetar-lhe sombra. (…) “Quarto: O dinheiro, que compra vidas e escraviza almas, será outro excelente recurso decisivo. A ambição da riqueza, mesmo que mascarada, supera a falsa humildade, e o conforto amolenta o caráter, desestimulando os sacrifícios. (…)” (Manoel Philomeno de Miranda. Divaldo Pereira Franco. Trilhas da Libertação. Cap. Os Gênios das Trevas.)

Nono: “Uma questão que desde logo se apresenta é a dos cismas que poderão nascer no seio da Doutrina. Estará preservado deles o Espiritismo? Não, certamente, porque terá, sobretudo no começo, de lutar contra as ideias pessoais, sempre absolutas, tenazes, refratárias a se amalgamarem com as ideias dos demais; e contra a ambição dos que, a despeito de tudo, se empenham por ligar seus nomes a uma inovação qualquer; dos que criam novidades só para poderem dizer que não pensam ou agem como os outros, pois lhes sofre o amor-próprio por ocuparem uma posição secundária. Se, porém, o Espiritismo não pode escapar às fraquezas humanas, com as quais se tem de contar sempre, pode todavia neutralizar-lhes as consequências e isto é o essencial. (…)”. (Allan Kardec. Obras Póstumas. Segunda Parte. Os Cismas.)

Décimo: “[...] que os irmãos se compenetrem, cada vez mais, do espírito de serviço e renúncia, de solidariedade e bondade pura que Jesus lhes legou. [...] O mundo conturbado pede, efetivamente, ação transformadora. [...] unamo-nos na mesma estrada de amor, trabalho, auxílio, educação, solidariedade, valor e sacrifício que caracterizou a atitude do Cristo em comunhão com os homens, servindo e esperando o futuro, em seu exemplo de abnegação, para que todos sejamos um, em sintonia sublime com os desígnios do Supremo Senhor”. (Emmanuel. Francisco Cândido Xavier. Em Nome do Evangelho, psicografia de 1948. Em: Orientações aos Órgãos de Unificação, FEB: Rio de Janeiro, 2010.)

DIRETRIZES E ESCLARECIMENTOS

Com base nas enfáticas advertências deixadas pelo insigne Mestre de Lyon e nos Guias da Humanidade, solicitamos a todas as Instituições espíritas filiadas, trabalhadores e simpatizantes do ideal, levar em conta o que segue e tomar precauções, permanente e decididamente frente a:

Primeiro: A todas as pessoas, grupos, associações ou movimentos que apresentando características de um "Espiritismo superficial", ou seja, que de maneira aparente estão fundamentados nos ensinos de Allan Kardec, e que expõem abertamente novas concepcões ou práticas que no bom sentido e na lógica se afastam dos princípios e orientações doutrinárias, que têm penetrado de maneira estratégica e taticamente em importantes cenários internacionais e nacionais apoiados, aparentemente, nos postulados espíritas, porém apresentando e divulgando fundamentos, teorias, atividades e práticas contrárias aos ensinos e finalidades da Doutrina Espírita.

Segundo: Reforçar estrita vigilância e verificação na aquisição e no estudo individual ou institucional das obras supostamente recebidas por Espíritos Superiores, cujo conteúdo incorpora propostas espiritualistas, porém não-espíritas, gerando confusão e sentimento de culpa, bem como apresentam distorcidas a personalidade e as características psicológicas de Espíritos reconhecidos pelo trabalho missionário na propagação da Doutrina Espírita.

Terceiro: O Conselho Espírita Internacional e os Movimentos Espíritas adesos da América do Sul se apresentam como entidades legal e doutrinariamente reconhecidas, para oferecer os esclarecimentos, orientações e representações ante a qualquer um dos aspectos anotados. Todavia, os Presidentes das respectivas Federativas filiadas, bem como os dirigentes e trabalhadores das Instituições Espíritas, deverão velar pelo cumprimento destas diretrizes e informar continuadamente ou, se necessário, solicitar as informações e orientações de fatos ou situações relacionadas com as advertências apresentadas, sempre no intuito de esclarecer, orientar e retomar nossos objetivos como movimento em via de unificação e de consolidação sob o lema: “Trabalho, solidariedade e tolerância”.

Quarto: A recomendação com respeito aos movimentos que não são coerentes com o definido pelo Conselho Espírita Internacional - CEI é de respeito, porém, sem compromissos nem apoio, sugerindo aos dirigentes do Movimento Espírita que ocupem espaços no sentido de estimular o estudo, a prática e a difusão do Espiritismo, com base na Codificação Kardequiana.

Cordialmente,

FABIO VILLARRAGA BENAVIDES
COORDINADOR CEI SURAMERICA

EDUARDO NANNI
FEDERACION ESPIRITA BOLIVIANA

GUSTAVO MARTINEZ
CONFEDERACION ESPIRITISTA ARGENTINA

MIRTA CAL
FEDERACION ESPIRITA URUGUAYA

JORGE BERRIO
CONFEDERACION ESPIRITA COLOMBIANA

ANTONIO CESAR PERRI DE CARVALHO
FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA

ISABEL LOO
FEDERACION ESPIRITA DE PERU

JOSE VASQUEZ
ASOCIACION CIVIL SOCRATES. VENEZUELA

CECILIA PLAZA
CENTRO DE ESTUDIOS ESPIRITA BUENA NUEVA. CHILE

MILCIADES LEZCANO
MOVIMIENTO ESPIRITA PARAGUAYO.


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