SOBRE O CARNAVAL - PALAVRAS SENSATAS DE UM AMIGO

Caro Jorge,

Somente agora li a mensagem sobre a utilização de imagens de Chico Xavier no carnaval.

De fato, não existe o menor sentido nessa “homenagem”, por incontáveis motivos, além de absoluta incompatibilidade.

Lembro-me de que essa polêmica já envolveu outras organizações e entidades, como a própria Igreja Católica, que, anos atrás, se posicionou, com razão, contra o enredo de uma escola de samba que retratava o Círio de Nazaré.

Houve muita discussão, ameaças de processos, liminares, mas o desfile acabou acontecendo, incluindo o refrão tão criticado: Ó Virgem Santa, rogai por nós . . .

Quero assim dizer que, em meu entender, não adianta muita coisa a ação contrária, a menos que se obtivesse uma proibição legal, acionando os órgãos judiciais, providência cuja probabilidade de sucesso é reduzida, principalmente porque a liberdade de expressão é sempre um argumento muito forte, ainda que outros se sintam justificadamente incomodados.

A esta altura, creio que o melhor é simplesmente ignorar, não assistir ao desfile, e esperar o “esfriamento” do tema.

A iniciativa possível, com alguma possibilidade real de sucesso, seria um trabalho “preventivo” junto a escolas de samba e similares, mas seria uma atitude reconhecidamente antipática.

Na verdade, é muito difícil para qualquer entidade ou movimento, especialmente os de grande alcance, manter um controle efetivo e eficaz sobre o tipo de divulgação desejada; devemos reconhecer também que as idéias e os personagens principais do mundo espírita têm aparecido com bastante freqüência na imprensa, em grande parte devido a filmes de enorme repercussão junto ao público.

Desse modo, embora verberemos sinceramente a utilização descabida, até mesmo absurda, de cenas caras aos espíritas, elas não estão, a rigor, imunes a esse tipo de utilização.

A FEB poderá processar os responsáveis, marcar posição para evitar a repetição do fato.

Mas, guardo um certo ceticismo sobre isso: embora condene veementemente, não consigo definir uma reação razoável.

No anexo, uma mensagem psicografada em versos, em que um espírito é consultado sobre o carnaval, e dá uma resposta exemplar.

Eu usei esses versos como parte de uma apresentação no Paulo de Tarso.

Grande abraço,

Sérgio de Jesus Rossi