O CARNAVAL DO BRASIL É LASTIMÁVEL

Andréia Azevedo

A Doutrina Espírita, como sabemos, está fundada no seu tríplice aspecto. E um deles é a religião que baseia-se na Doutrina de Jesus. Na verdade nem precisaríamos citar Emmanuel ou André Luiz, porque sim, sabemos que não se encontrando fundamento nas obras de Kardec, eles não são aceitos. Estamos então partindo para uma época de inquisição, igrejismo, beatismo etc. ? Não se usarmos o bom senso. Kardec usou muito de raciocínio lógico para completar a codificação. Kardec questionava muito. Sabemos disso também e também conhecemos o método do qual ele se utilizou.
Na época de Kardec o carnaval parisiense era uma festa diferente da de hoje, com exceção aos ganhos amoedados que é também o que os "donos das escolas de samba" visam. O que ocorria por traz dos bastidores, não sabemos. Talvez um estudo mais profundo na História da Humanidade possa nos auxiliar nessa análise. Então, talvez por isso, Kardec não fez uma pergunta mais direta sobre o comportamento da humanidade diante do Carnaval , por isso não tenhamos aí posicionamento dos Espíritos de forma direta no Livro dos Espíritos , por exemplo.
Mas nenhum de nós podemos negar que sabemos o que é certo e o que não é. Porque existe uma questão no livro do Espíritos sobre o Carnaval? Não vamos achar isso de forma direta , mas sabemos que o conhecimento do certo e do errado é inato em nós e nos está confirmado na questão 621 do Livro dos Espíritos Na pergunta 625 do mesmo livro observa-se a quem devemos seguir como Guia e Modelo para o homem.
A nossa conduta e nosso posicionamento é importante para que a Doutrina Espírita siga os propósitos dos quais ela nasceu. Se não encontrarmos uma resposta direta em Kardec, então a busquemos em Jesus porque ele é a base de todo projeto da Terceira Revelação.
Todos temos o direito de pender ao lado que quisermos. Jamais diria o contrário. Mas demonstramos que a Doutrina Espírita , de uma forma ou de outra, não está de acordo com esse as comemorações momescas. Pelas suas afirmações ou pelas suas raízes aí devemos escolher o que nos é melhor na questão do entendimento.
Isso está nos ensinos que seguimos. A Doutrina está repleta desse entendimento. “O Espiritismo bem compreendido mas sobretudo bem sentido caracterizam o verdadeiro espírita como o verdadeiro cristão, pois ambos são as mesmas coisa. O Espiritismo não cria nenhuma moral nova; apenas facilita aos homens a compreensão e a prática da moral do Cristo, facultando uma fé inabalável e esclarecida aos que duvidam ou vacilam” (ESE Cap.XVII – item 4).
E no Livro dos Espíritos, por exemplo, encontramos o trecho que segue:
“Ensinam-nos a moral dos Espíritos que o egoísmo, o orgulho, a sensualidade são paixões que nos aproximam da natureza animal, prendendo-nos à matéria; que o homem que, já neste mundo, se desliga da matéria, desprezando as futilidades mundanas e amando o próximo, se “avizinha da natureza espiritual”(LE – Introdução)
Seguir a Reforma Íntima da qual é a proposta para nossa evolução não é fácil. E necessita coragem. Há quem diga que Jesus foi um louco em se posicionar da forma como Ele se posicionou , porém sabemos que não foi e sabemos também porque Ele seguiu para sua cruz.
Seguir Jesus em todos os seus preceitos morais não é fácil , mas como Ele mesmo disse: “Quem quiser me seguir renuncie a si mesmo, pegue sua cruz e siga meus passos”.
O carnaval do Brasil é lastimável. Porque não preza pela diversão sadia. As pessoas seguem para o carnaval em busca dos mais primários prazeres. Tanto que o governo libera aí camisinhas gratuitas nessa época e depois dela vemos o aumento no número de gravidez e abortos sem contar todo o resto. Incutir o Espiritismo nesse contexto está em desacordo com o que estudamos e nos esforçamos em nos transformar.
Então coerente com a própria Doutrina é que afirmo porque a FEB deveria soltar a nota opondo-se, não pela opinião dela própria, porque ela nem tem esse direito , pois que o Espiritismo não é projeto dela, mas pelo contexto ao qual a Doutrina se posiciona. Se existem entre espiritas os que gostam do carnaval, seja onde for, e da forma que for, se não estão preocupados com o fato, se não querem nem pensar a respeito etc. é opção da escolha da qual respeitamos. Mas daí querer mascarar o que propõe o Espiritismo, o que ensina Jesus, para transformar a data num momento social normal, que não vai interferir em nada e tudo seguirá igual na manhã seguinte é fugir da responsabilidade da análise séria que a própria Doutrina nos impele a fazer. A escolha é de cada um. Isso, no contexto carnaval brasileiro em que a prostituição, o exibicionismo, a sensualidade são as premissas básicas da “festa”.