Não roubem do ladrão o mérito
A cruz já estava de pé
Eram os últimos instantes
E o mestre de Nazaré
Dava ensinos importantes.
Horas de infelicidade
Dores físicas e morais
“Perdoa, Pai, a Humanidade,
Ela não sabe o que faz.”
Também é nesse momento
Que alguém sem notoriedade
Noutro madeiro sangrento
Torna-se celebridade.
Pelo exemplo do rapaz
Muitos hoje se redimem
Recobram forças a mais
Para saírem do crime.
Apesar de criminoso
Recebeu do Galileu
Um olhar tão amoroso,
E o convite ao Reino Seu.
Muitos se prendem à letra
Pra entender as escrituras
Extrema fidelidade
Ou conveniência pura?
Muito importante é a letra
É o instrumento da escrita
Mas se só a ela se apega
A verdade periclita.
Extrapolam o ensinamento
Do episódio do ladrão
Dizendo: “o arrependimento,
Sozinho, traz salvação”.
Jesus deu-lhe a indulgência
Não ousamos duvidar.
Deus nos deu a inteligência
Ousaremos cogitar.
Quem sabe se aquele homem
Teve infância à nossa oposta
Se muitas vezes, por fome
A barriga encontrava as costas?
Quem o viu, quando criança,
Ganhar abraço materno?
Há provas de que na infância
Sua vida não foi um inferno?
Junto à cruz do nazareno
Estava Nossa Senhora
Teve o ladrão, pelo menos,
Um amigo, nessa hora?
Onde o Livro Sagrado
Descreve o seu ato infame?
Quem sabe tenha roubado
Um pão para saciar a fome...
Certo um pão não é motivo
Para se morrer na cruz.
Mas foi da justiça o crivo
Pra crucificar Jesus?
(Dirão) qualquer que tenha sido
O motivo do atentado
O céu não foi merecido
Pecado é sempre pecado.
Tanto amor se tem ao texto
E lêem: “Ele se arrependeu”
Mas se esquecem do contexto:
O modo que ele morreu.
Do erro, qualquer que for
Remorso e dor são o pagamento
O outro ladrão só teve dor,
E nós? Só o arrependimento?
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