O Deus bom e o Deus bonzinho
Gerlon de Almeida
Nas agruras do sofrer
Nos tormentos da dor
Ficamos sem entender
Se Deus por nós tem amor.
Sofre-se a dor anatômica
Sofre-se a dor moral
Mas a causa da dor crônica
É o que nos resta do mal.
Rogamos a Deus por paz
Que nos livre do que é ruim
Mas é isso o que Ele faz
E não se percebe, enfim.
Ai de nós se o nosso Deus
Fosse aquele Deus bonzinho
Que nos batesse nos ombros
Dizendo: “Continue filhinho
Continue o caminho dantes
Continue na imperfeição
Leve a todos os semelhantes
O desespero, a aflição.
Continue com o orgulho
Eu amo a você e aos seus
Quanto àqueles outros filhos
São bastardos, não são meus.
Continue com o egoísmo
Pode ostentar mais e mais
Os deserdados do mundo
São herdeiros sim, de Satanás.
Continue com a vaidade
Você é o rei desse lugar
Quem elegeu a humildade
Morreu na cruz. Vai invejar?”
Pensamos ser equivocado
Esperar um Deus bonzinho
Se até o seu filho amado
Usou coroa de espinhos.
Não se pode admitir
Um deus que não seja justo
E se Ele não lhe preferir?
Quer pagar por esse custo?
Não quero um deus parcial
Dando a alguns a preferência
Se meu irmão não pode igual
Não quero ter deferência.
Quero um deus bom, não bonzinho
Que me dê oportunidade
De rever o meu mau caminho
E refazer com humildade.
Que me permita chorar
A dor sincera, verdadeira
Porque a dor foi sagrada
No Jardim das Oliveiras.
Que me permita a pobreza
Medida reparadora
Jesus, que já era humilde
Nasceu numa manjedoura.
Tão mais amargo que o nosso
O cálice do Senhor Jesus
Deus não afastou, como posso
Pedir que afaste minha cruz?
Não é o intento fazer
Apologia da dor
Mas se de Deus provier
Passemos com fé e amor.
Lágrimas hoje vertidas
São o selo que nos marca
Para acessar a outra vida
Sem precisarmos de maca.
Deus das alturas nos vê
Faz Seu recenseamento
Recompensa só vai ter
Quem conhecer sofrimento.
Cale já os teus apelos,
Deus não afasta problemas
Mas se quiser resolvê-los
Ele te ajuda. Não temas!
Receber facilidades
Na Terra? Seria um mito
Promessa de felicidade
Foi destinada aos aflitos.
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