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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A JUSTIÇA DE DEUS ANTE OS MECANISMOS DA REENCARNAÇÃO




Liam Derbyshire, um menino britânico de 11 anos, tem uma história de doenças instigantes. Superou um câncer na infância e tem um sistema gástrico subdesenvolvido, precisa usar permanentemente um tubo de traqueostomia. Desde que nasceu, sofre de hipoventilação central congênita,(1) conhecida popularmente como maldição de Ondina, que pode levar à morte durante o sono, pois a sua respiração pára enquanto dorme. O menino é obrigado a usar um respirador artificial sempre que dorme e, ainda, possui um aparelho para auxiliar na respiração movido a pilha, em caso de dormir no carro ou no avião.
Na concepção de Kim, sua mãe, a cada dia de sua vida é um acréscimo de misericórdia de Deus. Os médicos se espantam com a sua condição física ,que tem desafiado todos os prognósticos. O Dr. Gary Connett, que cuida de Liam no Hospital Geral da cidade de Southampton (sul do país), afirmou nunca ter encontrado relato de crianças que tiveram tantas patologias juntas e sobreviveram.
Narramos o “caso Derbyshire” para alguns amigos materialistas (ateus) e todos reagiram com frases do tipo:
“Se Deus realmente existe, Ele odeia Derbyshire e quer que ele sofra.”
“Se Deus tudo pode, tudo vê, por que não faz nada pra ajudar Liam?”
“Deus gosta de ver o sofrimento de algumas pessoas.” “Só os ignorantes acreditam na justiça de Deus.”
“O "Deus" dos espíritas não é onipresente, onisciente e onipotente? Então por que permitiu que esse menino nascesse com uma doença que causaria tanto sofrimento na vida dele e da família?”
Teve até o que nos desafiou dizendo:
“Não venha com esse blá, blá, blá de “reencarnação”!
Outro vociferou quase em uivos:
“Por que alguns merecem sofrer e outros não? Quais os critérios que Deus usa para escolher quem deve sofrer menos? E ainda preciso engolir que tenho que agradecer minha vida a um Deus imaginário tão sórdido e cruel?”
Pedimos auxílio aos nossos Amigos de “lá” nesse instante e nos esforçamos para esclarecer serenamente ao grupo sobre a lógica da Lei de Causa e Efeito. Afirmamos que a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória, ou seja "cada um é punido naquilo em que errou."(2) Os espíritas sabem que "o estado feliz ou desgraçado de um Espírito é inerente ao seu grau de pureza ou impureza. A completa felicidade prende-se à perfeição. Toda imperfeição é causa de sofrimento e toda virtude é fonte de prazer."(3)
Perante a Lei de Causa e Efeito não existem "vítimas". Disse-lhes!... Só respondemos pelos nossos atos e jamais pelos atos alheios. A ninguém deve o homem culpar em caso de sofrimento, a não ser a ele mesmo, pela sua incúria, seus excessos ou a sua ambição. "A responsabilidade das faltas é toda pessoal, ninguém sofre por erros alheios, salvo se a eles deu origem , quer provocando-os pelo exemplo , quer não os impedindo quando poderia fazê-los."(4)
Na reencarnação, o resgate é possível na proporção da dívida contraída. "Pela natureza dos sofrimentos e vicissitudes da vida corpórea pode julgar-se a natureza das faltas cometidas em anteriores existências."(5) Cada caso é um caso e as almas mais primárias e atrasadas serão, via de regra, mais atingidas pelos sofrimentos materiais, enquanto os Espíritos de maior sensibilidade e cultura serão mais vulneráveis aos sofrimentos morais.
Dessa maneira e detalhando mais sem digressões ante os códigos de Talião, infere-se o seguinte: os que cometeram aborto renascerão com problemas de esterilidade e doenças genitais; os desregrados sexuais reencarnarão com impotência sexual ou frigidez e decepções na vida afetiva; os ociosos e indolentes amargarão na próxima vida física o desemprego, a má remuneração profissional, a “invalidez” física; os caluniadores e maledicentes (re)nascerão carregando doenças das cordas vocais; os que usaram a inteligência para o mal terão novo corpo com uma hidrocefalia, com oligofrenias; os suicidas carregarão noutra existência doenças congênitas graves e desafiadoras para a ciência médica, poderão sofrer acidentes mortais na infância e adolescência. E, assim por diante!
O caso do menino Derbyshire, invariavelmente, também nos induz à reflexão sobre a função do perispírito (corpo espiritual, segundo Paulo de Tarso), a Lei da Causa e Efeito, a reencarnação, o suicídio, entre outros temas sugestivos que a Doutrina Espírita explora e explica tão preciosamente.
O nosso “blá blá blá” precisou avançar mais. Afirmamos que a partir da fecundação do óvulo, sob o comando da lei natural, o espírito reencarnante imprime, através da ação do perispírito, a integração da sua própria herança espiritual somado ao legado genético dos genitores. A formação do respectivo DNA individualizado – composto de genes dominantes e recessivos - conduzido pelas sagradas Leis da Hereditariedade, provindas do Criador, configurará o novo corpo físico daquele particular espírito imortal, que renascerá conforme o programa, previamente, estabelecido e subordinado, inicialmente a fatores como família, raça, etnia, nacionalidade, predisposições para determinados estados de saúde ou doença - física ou espiritual - e inúmeras outras especificidades individuais.
O compromisso ou "conta do destino criada por nós mesmos" está impresso no corpo perispiritual. Esses registros fluem para o corpo físico e culminam por determinar o equilíbrio ou o desequilíbrio dos campos vitais. "Só o reconhecimento - que um dia chegará -da primazia do espírito sobre a matéria, associada essa primazia ao princípio reencarnacionista, isto é, a integração da herança espiritual à hereditariedade genética, comandada pelo espírito, via perispírito, regida pela Lei de Causa e Efeito, é que permitirá que se identifiquem, no espírito imortal, as causas concretas dos desequilíbrios que eclodem no corpo físico (um mata-borrão e fio-terra que ele representa), sob o nome de doenças, incluindo-se os distúrbios da psique humana."(6)
Quando forem descobertas tecnologias muito mais sofisticadas, que nos possibilitem um exame aprofundado da estrutura funcional do perispírito, a medicina transformar-se-á radicalmente. Nos hospitais, possuindo instrumentos de altíssima resolução, muito além daqueles que existem hoje, os diagnósticos serão, inequivocamente, precisos, o que possibilitará maiores sucessos sobre as doenças. Os profissionais da saúde trabalharão muito mais de forma preventiva, priorizando curar a causa (o doente) e não remediar o efeito (a doença).
Após nossa exposição , os materialistas ficaram mudos e permaneceram calados até o término da explicação espírita que lhes ofertamos fraternalmente.

Jorge Hessen
http://jorgehessenestudandoespiritismo.blogspot.com

Referências e Fontes:

(1) A Síndrome de Ondine (Hipoventilação alveolar primária) é uma doença na qual a principal causa é uma mutação ou várias do gene PHOX2B, de herança autossômica dominante. Nessa doença os mecanismos da respiração involuntária não funcionam adequadamente. Ao dormir, os receptores químicos que recebem sinais (baixa de oxigênio ou aumento de dióxido de carbono no sangue) não chegam a transmitir os sinais nervosos necessários para que se dê a respiração.
(2) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2000, questão 973
(3) Kardec, Allan. O Céu e o Inferno, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1999, cap VII
(4) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2000, questão 645
(5) Pereira , Yvonne. Dramas da Obsessão, Rio de Janeiro: Ed FEB, 1964
(6) Artigo de Raphael Rios, intitulado Lei de Causa e Efeito determina os Efeitos da Hereditariedade usando os Registros do Perispírito, publicado na Revista Internacional de Espiritismo – dez/2000


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