“Tomou doril, a dor sumiu”!
O modelo dominante de ciência estabelece o que se pode conhecer: o funcionamento das coisas para interferir nesse funcionamento. A filosofia diz que conhecer é mais que saber o funcionamento das coisas, mas buscar as causas mais remotas dos fenômenos..
E é aí que está o x da questão, pois vivemos na era da pressa, dos resultados rápidos. Julgamos que é gastar tempo a toa, buscar as causas mais profundas das questões. Poucas pessoas querem pensar ou refletir, ultrapassar uma visão superficial do mundo. Chegam mesmo a dizer “não me venha com filosofia ou conversa comprida, eu quero é resultado rápido para resolver meus problemas”. E assim, vão tomando remédios que não previnem nem curam seus males, limitando-se a atacar os sintomas, os efeitos. Vão camuflando suas doenças e agregando a elas outras causadas pelos próprios remédios com seus efeitos colaterais. E muitos acabam na hipocondria, indo diariamente atrás das novidades em remédios e das promoções oferecidas pelas farmácias e até pelos supermercados. Em outras áreas da vida não é diferente, muitas pessoas vivem tentando consertar seus equipamentos, sem questionar sobre o que lhe causou os defeitos. Nas relações familiares, na educação, trabalho e outras ocorre o mesmo fenômeno. As pessoas seguem atacando apenas os efeitos, sem ir às causas dos conflitos. É mais cômodo não remexer fundo nos problemas, cuidando apenas da parte visível do iceberg.
E assim caminha a humanidade, esperando que a ciência, a tecnologia e o mercado façam a sua felicidade. Quando alguém lhe convida para uma análise profunda das causas dos seus males, ela se esquiva e diz que não tem tempo a perder com isso. Querem só coisas práticas, resultados rápidos. Desse modo, não fazem perguntas tais como: quem sou eu? O que estou fazendo nessa vida ? De onde vim e para onde vou? Qual o sentido da minha vida? Como me posiciono diante da questão mais certa que é a morte? Não querem saber dessas questões e sim de curtir a vida, de não ficar por fora de nada que a sociedade lhe oferece. E aí vêm as manias de consumo, o endividamento, os desequilíbrios nas relações familiares e outras, a falta de lazer ou um lazer nada sadio, culminando na insônia e, por fim, nas doenças. E qual o remédio milagroso que irá atacar essas doenças e não apenas os sintomas? Qual o remédio irá percorrer a cadeia de causas que enumeramos acima e atacar o mal pela raiz, devolvendo o bem estar material e espiritual à pessoa.
Maurilio Nogueira da Silva,
Pedagogo, PG em Psicologia Educacional, Prof. da UFJF
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