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domingo, 21 de fevereiro de 2010

JESUS NEGA SER DEUS


JESUS NEGA SER DEUS

Roberto Cury
robcury@hotmail.com

“Não vim de mim mesmo, mas fui enviado por Aquele que é verdadeiro e que vós não conheceis.” - Jesus.

Com o advento de Jesus, já nos primeiros séculos da cristandade, precisamente três séculos depois, debate-se sobre a natureza do Cristo. Até nossos dias ainda há quem creia na natureza divina e quem a negue peremptoriamente.

Kardec, ao seu tempo, já dizia que o debate entre a natureza divina e a natureza humana de Jesus não se achava solucionado. E arrazoava dizendo que a divergência de opiniões sobre essa natureza originou a maioria das seitas que dividiram a Igreja. Nota-se que, no passado, todos os chefes dessas seitas foram bispos ou membros consagrados do clero.

Eram teólogos de nomeada, gente esclarecida, escritores de talento, que não achavam concludentes as razões invocadas em prol do dogma da divindade do Cristo.

Hoje as opiniões não se fundam em fatos, mas, em abstrações e, estas, levam a conclusões firmadas, exclusivamente na fé cega.

Acompanhemos, devagar, a passagem de Jesus sobre o nosso Planeta e ouçamos a Sua Voz (Jesus nada deixou escrito), através dos Apóstolos e dos Evangelistas, sempre que Ele se referiu ao Pai.

Mas, só citaremos algumas de Suas Falas, para não sermos enfadonhos.

Reflitamos, com paciência e discernimento em cada uma das expressões do Mestre, pois assim atingiremos o conhecimento isento das paixões religiosas, conseguindo a paz na consciência e a firmeza nas convicções, pela fé raciocinada.

Eis que Suas afirmações tão formais e múltiplas, nos levam ao caminho claro da Sua natureza, como, por exemplo: Da parte Dele venho. Digo o que vi em meu Pai. Não me cabe a mim dá-lo, senão que será para aqueles a quem os tem preparado o meu Pai. Vou a meu Pai porque meu Pai é maior do que eu. Por que me chamais bom? Só Deus é bom. Não falo de mim mesmo, senão de meu Pai que me enviou. É Ele que indica o que devo dizer. Minha Doutrina não é minha, mas é a Doutrina Daquele que me enviou. A palavra que tendes ouvido não é minha, mas pertencem ao meu Pai que me enviou. Não faço nada por mim mesmo, digo apenas o que aprendi com meu Pai. Nada posso fazer por mim mesmo. Não busco a minha vontade, mas somente a vontade de Quem me enviou. Tenho lhes dito a verdade que aprendi com Deus. Minha comida consiste em fazer a vontade Daquele que me enviou. Vós que sois o Deus verdadeiro, e Jesus Cristo a quem enviaste. Meu Pai, em Tuas mãos entrego meu Espírito. Meu Pai, se Te é possível, fazei que este cálice se aparte de mim! Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem. Subo a meu Pai e a vosso Pai, a meu Deus e a vosso Deus.

Quando folheamos o Evangelho e nos deparamos com semelhantes afirmações de Jesus, concluímos que ninguém pode se dar ao luxo de uma interpretação contrária, nem contestatória do Mestre dos mestres, pois todas são de clareza meridiana.

Eis que o Cristo de Deus se coloca, todo o tempo, subordinado ao Pai. Reconhecendo o Pai como o único Deus verdadeiro.

Foi a doutrina teórica, surgida trezentos anos depois de Jesus, que gerou a polêmica sobre a natureza abstrata do Verbo. De caráter meramente especulativa, só vingou pela pressão de um poder civil absoluto do Clero e do Estado, que se deixou intervir, visando a busca das benesses convencionais geradas de um para o outro e vice-versa.

Quando Jesus esclarece: E vimos a glória Dele, glória como de Unigênito do Pai”; entendemos, sem dificuldade, que o que recebe não pode ser o que dá, e o que dá a glória não pode ser igual ao que a recebe.

Fosse Jesus Deus, possuiria por Si mesmo a glória, não havendo razão para esperá-la de ninguém.

Por outra, se Deus e Jesus são um só ser sob diferentes nomes, não poderia existir entre Eles nem supremacia, nem subordinação.

Assim, desde que não existe paridade absoluta de posição, é porque são dois seres distintos.

Não se nega a qualidade de Messias como se lê em todos os Evangelhos e Enviado que não é de igualdade, porque, de maneira insofismável está ressaltada a posição de subalternidade em relação ao que O envia. E, mais, o que obedece não pode ser igual ao que manda.

João, o Evangelista, estabelece a dualidade de pessoas quando caracteriza a posição secundária do Enviado.

Entretanto, Jesus é o Messias Divino por duas razões inquestionáveis: a de que Sua missão fora recebida de Deus e de que Suas perfeições espirituais O colocavam em relação direta com Deus.

Inúmeras vezes Jesus reconheceu Sua inferioridade perante Deus, não deixando nenhuma margem a dúvidas; como já, surrado, coroado de espinhos, inquirido por Pilatos sobre o conceito de verdade, Ele, humilde, respondeu com firmeza: “A verdade é o Pai que está nos céus.”

Também, quando ele Se chama a Si mesmo de Filho do Homem”, e o fez persistentemente, esclarece que Ele nasceu do homem situação oposta ao que está fora da Humanidade, o Deus, Incriado, Inteligência Suprema, Causa Primária de todas as coisas.

Algumas poucas vezes Se chama “Filho de Deus” assim como filhos de Deus somos todos nós, porque fomos todos criados por Deus. Por tudo isso, bem como em outras tantas oportunidades, Jesus deu o Seu testemunho de que Ele pertence à Humanidade, negando ser Deus: “Eu estou em meu Pai e vós em Mim e Eu em vós”. João, 14:20, ou, ainda, “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida e ninguém chegará ao Pai senão por mim”.

Então, quando Jesus enfatiza: “Não vim de mim mesmo, mas fui enviado por Aquele que é verdadeiro e que vós não conheceis”, expressão tão clara que não deixa margem a nenhuma dúvida mais: se não veio Dele mesmo, mas, foi enviado, e que Verdadeiro é quem O enviou, então Jesus não é Deus.






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