.

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

A PALAVRA QUE LIBERTA

Luiz Carlos Formiga


Leon Denis diz que o estado social valerá o que nós valemos. Se nós somos pequenos, ignorantes e viciosos, ele será frágil e miserável.
Em 2003, assistimos um documentário dirigido e produzido por Andréa Pasquini. "Os Melhores Anos De Nossas Vidas", selecionado para o festival "É Tudo Verdade", na competição nacional de longas.
O festival aconteceu em São Paulo e Rio simultaneamente. A autora confidenciou que estava muito feliz por acreditar na força de todas as pessoas que abriram suas histórias tão íntimas. Elas foram narradas pelos moradores de Santo Ângelo, uma cidade erguida para o tratamento de hansenianos.
"O testemunho humano dos moradores remanescentes revela as marcas que ficaram do tempo em que a internação era compulsória. Condenados ao isolamento de uma vida inteira, os pacientes encontraram no amor e na luta, na música e no cinema as principais armas para enfrentar seus dramas pessoais."
A medicina aprende com seus erros e, nesse particular, o estigma da lepra e a hanseníase ofereceram muitos exemplos. (1)
Não temos dúvidas de que, com o filme, Andréa parece demonstrar com mais facilidade quem e quando errou. Universidades erram. Intelectuais erram.
Em 2017, um livro discute esses caminhos tortuosos. Na folha de rosto encontramos: o Brasil de hoje é perigoso, feio, miserável e insustentável. O que tornou tudo isso possível? Como explicar a atual crise brasileira?(2)
Nele, Rodrigo Gurgel diz que ao longo de suas páginas, o leitor descobrirá os antecedentes do processo que, no Brasil, perverteu a produção artística e intelectual. Fala em maquiavelismo absoluto. Políticos fascinados pelo poder dispensam, por princípio, qualquer preocupação ética, como na “Cidade Estranha”, relato de Chico Xavier. (3)
A máxima de Edmund Burke lembra uma resposta em O Livro dos Espíritos. “Tudo o que é preciso para o triunfo do mal é que nada façam os homens de bem”.
Num rodapé, seu autor diz que nenhum dos inocentes é diretamente culpado pela catástrofe de Hitler (...). No entanto, afirma que foi precisamente de tal estado de mente e alma que o nazismo obteve suas energias. A indiferença política é indiferença ética, intimamente relacionada com a perversão ética (...). A culpa inocente sobe até esferas metafísicas e mágicas e desce até a escuridão do reino do instinto.
Um jornalista nos fez lembrar a “corrupção da inteligência”, quando disse que: Nenhum escritor, roteirista, cantor, cineasta, ator ou poeta deu um pio sobre a guerra travada por quadrilhas que disputam o controle do tráfico de drogas nas favelas, “comunidades”, no Rio de Janeiro. (4) Ainda bem que Nathan Amaral está numa universidade na Áustria. (5)
Nessa última década e meia, o aborto passou a ser uma “ideia fixa”. Em São Paulo, o Governador Sergio Cabral, do Rio de Janeiro, defende a legalização do aborto, dizendo: Quem aqui não teve uma namoradinha que teve que abortar? Foi num evento para empresários.
Antes, havia afirmado que as clínicas de aborto eram comuns no país, defendendo-se antecipadamente: A gente engravida uma moça... Eu não, porque já tenho família e sou bem casado.
Políticos repercutiram a mesma frase, como se estivessem no confessionário. Cabral defendia a prática como método de redução da violência no Rio de Janeiro.
E a namorada grávida, na universidade? Ouvi um acadêmico “espírita”. Precisava conversar. Tinha um problema. A namorada se recusava a abortar. Quem atira a primeira pedra no governador? (6)
Espíritas também usam como alvo o Espírito Emmanuel. Alexei cria uma imagem é a estória do indivíduo que para fazer uma prece acende um incenso, deposita-o no altar construído com a imagem de Buda, com um terço na mão, recitando Caritas. (7)
Espíritas também já aparecem nas estatísticas do suicídio. (8)
Ninguém consegue imunidade total, se não tomar todas as doses da vacina, na “idade certa”. Por isso os habitantes da “Cidade Estranha” deverão investir no período infantil, para poder confrontar “ciência x percepções sociais” e tornar palatável a ideologia de gênero. (9)
Diante da escala de valores da universidade e da quase total homogeneidade de ideias é proibido o pensamento divergente. Sem liberdade para o debate de ideias chegamos ao corporativismo e ao patrulhamento ideológico.
Seria uma afirmação mediumfóbica dizer que é vítima de alucinação aquele que diz ver e ouvir espíritos? Nem sempre é fácil distinguir mediunidade e ilusões psicóticas.
Como ficará o horizonte cultural das gerações futuras se a universidade não mudar? Mas, teremos que mudar, pois o terceiro milênio será a Era do Espírito e dos Valores Éticos.
Zveiter (10) comenta as Doutrinas Éticas fundamentais e nos traz uma lição.
“O pensamento ético consiste no exame sistemático das relações dos seres humanos entre si, nas concepções, nos interesses e ideais que originam o modo humano de uns tratarem os outros, e nos sistemas de valor em que esses objetivos de vida se baseiam. Essas crenças sobre como a vida deve ser levada, o que os homens e as mulheres devem ser e fazer, são objetos de uma indagação moral; e quando aplicadas a grupos e nações, e até à humanidade em geral, são chamadas de filosofia política, o que não passa da ética aplicada à sociedade.”
Pode haver um perigoso distanciamento entre ética e política. Havendo uma percepção difusa de que não se complementam, constituindo-se universos distintos. A ética, assim, isoladamente, não teria espaço no mundo político. No entanto, o pensamento ético deve forjar o sistema de valores que fundamenta uma sociedade justa. Mas, cuidado! Espíritas que dormem foram apanhados pela “conversa mole” dos que se apresentaram como detentores do monopólio da ética, no “bom” combate à miséria.
No final de seu livro - A Ética e a Política sob a Ótica da Maçonaria (10) - Zveiter reconhece a existência de maçons que enxovalham o belo nome de uma organização profundamente espiritual. No entanto, acredita no futuro e diz que alguns aspectos indesejáveis do trabalho e organização maçônicos devem desaparecer inevitavelmente. Devem ter fim o apetite dos que procuram curiosidades, as maquinações políticas privadas e os incentivos puramente sociais e comerciais.
Na Audiência Pública, 09 de agosto de 2007, no Auditório Nereu Ramos da Câmara dos Deputados, organizada pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, Zveiter é enfático:
“A Ética deve ser um imperativo da política e da própria vida em sociedade.”
Certamente a Maçonaria influenciou as ações de Anália Franco, a benfeitora das crianças na dor da vulnerabilidade social. A educadora se tornou precursora do Evangelho na Educação.
“Cidade Estranha” era governada por entidades mentalmente vigorosas, mas sem sentimentos e ética. Suas apresentações públicas eram aplaudidas e suas ordens eram fielmente obedecidas. Eles exerciam sobre seus seguidores um poder do tipo sugestão hipnótica. Mesmo depois, quando reencarnados na Terra, esses subordinados ainda estariam submetidos ao mesmo “cordão hipnótico manipulador”.
Anália Franco fez a opção pelo Evangelho. Percebeu que estava diante de um Tratado de Ética e um compêndio de Imunologia. Suas crianças deveriam ser vacinadas. A educadora sabia que era grave a “infeção na alma”, assim como Zveiter percebeu a alta virulência do micróbio patogênico para políticos. (11)
Sua exotoxina destrói fibras cardíacas e fazem a corrupção da inteligência. Olhos injetados de vermelho, o paciente quer pintar tudo de cinza. A ideologia escraviza.
O amor é a palavra que liberta, já dizia o poeta. (12)

Leia mais
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9
10.
11.
12.


0 Comentários:

Postar um comentário

<< Home