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Luiz Carlos Formiga |
Em 1948, a cidade do Rio de Janeiro
recebia a visita de moços congressistas e seus acompanhantes de outros Estados.
(1) Dias felizes. Como era o Rio nessa época?
Faça retrospectiva com Alcione Nonato
Buzar e Chico Anísio em Rio Antigo “Como
Nos Velhos Tempos”. (2)
Era aquele bate-papo na esquina, com
crianças na calçada, brincando sem perigo, sem metrô e sem frescão.
Naquela época se pegava o bonde 12 de
Ipanema, para ver o Oscarito e o Grande Otelo, domingo, no cinema.
Havia o pregão do garrafeiro, Zizinho no
gramado, o samba sincopado, o bonde, taioba, bagageiro, e o desafinado que o
Jobim “sacou”.
Era época de Leopoldo Machado, casado com
Marília Barbosa, companheira do seu ideal em todos os sentidos. Não tiveram
filhos e decidiram fundar o “Lar de Jesus”, recebendo, desde a inauguração,
trinta e duas crianças carentes desde os primeiros dias. Simultaneamente,
fundaram o Centro Espírita “Fé, Esperança e Caridade”.
Ao atingirem à maior idade, as 32 “filhas”
tornaram-se patrimônio da sociedade, tanto como exemplares donas-de-casa quanto
eficientes funcionárias, mediante concurso.
Chico Anísio e Nonato dizem que todos
ouviam a novela pelo rádio, iam a Lapa fazer lanche no Capela ou saborear um
bife lá no Lamas. Como Deus a havia criado, a cidade não tinha aterro.
Foi num domingo ensolarado, no elegante
Teatro João Caetano, completamente lotado, que teve início o Primeiro Congresso
de Mocidades Espíritas no Brasil. Seu idealizador foi o Professor Leopoldo
Machado.
As Sessões de estudos e debates
doutrinários integrando jovens e adultos ocuparam, durante uma semana, o
auditório e as dependências da Sociedade de Medicina e Espiritismo, na Avenida
Rio Branco 4, 15° andar.
É bom recordar o Rio antigo quando havia
baile com Valdir Calmon, ouvia-se o Trio de Ouro, com a Estrela Dalva do Brasil
e se encontrava Sergio Porto com seu bom humor.
Participaram do Primeiro Congresso mais de
quinhentas pessoas, entre jovens congressistas e seus acompanhantes.
Por sugestão do Professor Leopoldo Machado
os participantes dos Estados foram carinhosamente hospedados nas residências
dos seus confrades, como convinha a uma convivência fraternal.
O Rio era aquele onde havia programa de
calouros com Ari Barroso e o Lamartine ensinava o Lá-lá-la gostoso.
Chico e Nonato nos fazem lembrar da Cinelândia
estreando “E o Vento Levou”, recordam um velho samba do Ataufo, do carnaval com
serpentina, da Copa Roca, de Brasil e Argentina, dos Anjos do Inferno e dos
Quatro Ases e um Coringa.
A presença e a contribuição de Leopoldo ao
Movimento Espírita no Brasil integram o patrimônio eterno da Doutrina dos
Espíritos em nosso país, chegando a transpor fronteiras.
Ao ensejo do cinquentenário do Primeiro
Congresso de Mocidades Espíritas no Brasil várias solenidades foram realizadas,
tanto no Rio de Janeiro, quanto nos outros Estados.
“São
as palavras que orientam as mãos e os olhos. O primeiro ato de domínio exige
que o dominado esqueça o seu nome, perca a memória do seu passado, não mais se
lembre de sua dignidade, e aceite os nomes que o senhor impõe. A perda da
memória é um evento escravizador. É por isto mesmo que a mais antiga tradição filosófica
do mundo ocidental afirma que o nosso destino depende de nossa capacidade e
vontade de recuperar memórias perdidas.” (Rubem Alves)
Leopoldo é o autor de “Uma Grande Vida”. Um
Estudo Biográfico de Cairbar Schutel, Casa Editora O Clarim, SP.
Chico Anísio e Nonato cantaram “O Rio
Antigo”. Disseram que naqueles dias “as valsas eram do Orestes e acontecia o
som de fossa de Dolores”.
Pelas mãos de Brunilde M. do Espirito
Santo, psicografia, Dolores, retorna com uma “Cantiga de paz”. Para seu
deleite. (3)
Se quiseres sentir a paz dentro de ti,
escuta meu irmão.
Faze silêncio, espera que volte a
primavera na força da oração.
Transforma o teu soluço em riso de
esperança no amanhã que vem.
Depois da tempestade surge sempre a
bonança agora ou mais além.
Em tua longa estrada, só tu tens o poder
de transformar espinhos em flores perfumadas, que ao sol da confiança enfeitem
os teus caminhos.
Olhando ao teu redor verás que almas
tristes te pedirão amor.
Tua tristeza esquece, sorri, ampara e
aquece, seja o irmão quem for.
Sofrendo chuva e vento o trigo doura o
campo, sem falar de sua dor e, assim que a nuvem passa, a terra generosa
desabotoa em flor.
Imita a natureza que se desfaz em luz até
o entardecer e, quando a noite chega, o céu acende estrelas, até o amanhecer.
1. Cinquenta anos depois.
2. Alcione.
3. Cantiga de paz
1 Comentários:
Bom dia!
Profunda reflexão!
Recordações felizes são gotas de luz
orvalhando a alma imortal.
Como a geração atual
se recordará de
sua juventude?
As "crises" que burilam
a alma também são nuvens
que cobrem o sol
da esperança.
Obrigada por socializar!
Abraço fraternal
Por Juli Lima, às 7 de maio de 2017 às 03:19
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