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Luiz Carlos Formiga |
Conhecereis a
verdade e ela vos fará livres, das lepras, do suicídio, das obsessões espirituais e da ignorância
mediúnica.
A inteligência será rica de
méritos, porque sob a condição de ser bem empregada.
Haverá responsabilidade
na maturidade e conforto-prazer na realização da tarefa confiada. Não esperando
receber nada em troca nos sentiremos úteis, o que nos bastará.
Moisés proibiu o
intercâmbio entre “vivos e mortos”? O leitor poderá tirar conclusões examinando
a Bíblia, em Deuteronômio
capítulo 18 e Números 11.
Os espíritos são as almas dos homens que
já deixaram a Terra. São “corações e mentes”
que não estão à nossa disposição na hora que melhor nos convier. No
entanto, pesquisadores que fizeram intercâmbio e se submeteram à observação
criteriosa, disciplinada e, principalmente, sem intenções subalternas ficaram
diante do fenômeno. Foram inúmeros fatos, que se repetiram para a colheita de
dados estatísticos ao máximo.
Em 1869, o
cientista William Crookes assistiu a uma sessão mediúnica com “raps”, levitação de corpos pesados e escrita
direta. Na mesma época esteve presente a sessões onde houve a psicofonia. Em 1907
recebeu o Prêmio Nobel de Química.
Voltemos a 1870
para registrar que o cientista havia publicado “O Espiritualismo visto à luz da
Moderna Ciência”. Nesse artigo lembramos o “conhecereis a verdade e ela vos
libertará”, porque o Nobel de Química afirma que “o crescente emprego dos
métodos científicos produzirá uma geração de observadores, que lançará o resíduo imprestável do Espiritualismo ao
limbo desconhecido da magia e da necromancia”.
Na época, seus
pares achavam que ele desvendaria uma farsa. Isso não aconteceu. O cientista
examinou médiuns como Daniel D. Home, cujos efeitos físicos eram produzidos à
luz clara, permitindo total controle. Diversos fenômenos foram catalogados como
levitação; suspensão de corpos pesados; efeitos luminosos, materializações à
luz do dia, transportes e outros.
Crookes
considerou ser seu dever enviar os resultados à Royal Society, lançando o peso
da sua reputação científica em apoio à verdade. Causou impacto. Além de Crookes,
testemunharam outras pessoas de “notório saber e reputação ilibada”. Isso não o
livrou de perseguições e injúrias.
Ele examinou
também uma médium de nome Florence Eliza Cook.
Sua mediunidade havia
surgido na infância.
Na adolescência,
aconteceu com a médium em vigília a primeira materialização parcial do espírito
Katie King. Posteriormente, com Florence em transe profundo, o espírito
adquiriu autonomia e pode sair da cabine escura e deixar-se observar à luz do
dia.
Pensando em
fraude, um experimentador despreparado tentou imobilizar o espírito
materializado, que se lhe escapuliu das mãos. Imediatamente verificaram que a
médium estava na cabine. Encontraram-na ainda atada às amarras, com o lacre que
a prendia à cadeira. Florence adoeceu,
mas depois se ofereceu para quebrar no laboratório científico outras incredulidades.
Crookes durante
três anos trabalhou com o espírito Katie, em materialização total. O espírito submeteu-se
a medidas de pulsação, pesagem e fotografias. Katie, numa materialização tangível,
se permitiu abraçar pelo pesquisador. Diante dos fatos, Crookes declarou: “Não
digo que isso é possível; digo que é real!”
Realmente, a experimentação é o método
ideal de aquisição de conhecimentos positivos. Nada como uma observação
provocada, em condições controladas. Afinal, o fenômeno deve repetir-se tantas
vezes quantas forem necessárias para a verificação do fato. A regra geral não é
observada nas ciências sociais, nem podemos reproduzir à vontade os fenômenos
astronômicos e meteorológicos.
O fornecimento de uma prova científica esbarra
num número apreciável de hipóteses. Assim, é necessário depurar variáveis para
chegar-se à hipótese mais provável, capaz de melhor explicar o fenômeno. Nasce
a relatividade, porque a ciência é feita com o uso autoconsciente de nossas
faculdades mentais e o homem não possui uma medida absoluta da verdade.
Podemos dizer que a ciência é um conjunto
de declarações ou afirmações que são assumidas como verdades sobre a realidade.
O observador comanda as pesquisas físico-químicas
até onde as energias podem ser controladas. Nessas pesquisas o objeto é passivo
e nos apoiamos na experimentação ou na analogia.
No campo das ciências sócio-morais o
cientista recolhe dados e usa a Estatística.
Nesta, o observador deve ser passivo. Aguardará
que o fato ocorra, para observar e analisar a reincidência dos fenômenos,
no tempo e no espaço. Na Psicologia, na História, no Direito, na Sociologia, o
objeto é o animal racional, o socius, a pessoa, a criatura divina, o espírito, no
uso do livre-arbítrio.
Na Ciência que estuda a mediunidade encontramos
dois socius: o encarnado e o desencarnado, agindo e reagindo, racionalmente. O
médium e o espírito se interpenetram para o efeito da ação conjunta. O Espírita
quando examina o fenômeno mediúnico e depois realiza as deduções e projeções do
que foi observado estará “filosofando” e, ao manter a harmonia interior e a
postura ética estará exercendo a “consequência moral” espírita.
Na Microbiologia Médica, por exemplo, temos
os Postulados de Koch. Observação ao microscópio, isolamento microbiano em
cultura pura, reprodução da doença em modelo animal e a recuperação da mesma
bactéria a partir do animal doente. Esses postulados permitiram que o
pesquisador confiasse nos resultados. A etiologia bacteriana da tuberculose era
altamente provável e sua negação era improvável. Estava demonstrada a origem microbiana
da Tuberculose.
A pesquisa experimental, em Espiritismo,
exige uma série de procedimentos, tanto prévios quanto concomitantes e
posteriores, como em qualquer área das ciências estabelecidas. Antes de
pesquisar, o experimentador já escolheu o objeto a ser pesquisado. Um exemplo é
a comprovação da existência da faculdade mediúnica de materialização na médium
Florence.
Ao realizar suas observações, Allan Kardec
estabeleceu como seu objeto o mundo espiritual, enquanto “lócus” de vivência do Espírito
desencarnado, e sua interação dialética com o mundo material. Objeto
extremamente ambicioso pela amplitude. O resultado foi “O Livro dos Espíritos”,
uma filosofia espiritualista decorrente de um procedimento científico de
observação controlada de fatos e análise do material dele derivado.
Como ponto fundamental, o pesquisador espírita
deve ter claro que ele será um dos elementos essenciais da pesquisa e que não haverá
condições para uma “neutralidade axiológica” absoluta, como nas “ciências
exatas”. Pesquisador e objeto estarão indissoluvelmente comprometidos a nível
energético. A começar pelo relacionamento psicológico e magnético com o médium,
o qual poderá facilitar ou prejudicar o bom andamento das experiências.
Como os fenômenos estão ligados ao
psiquismo do médium, e se produzem por seu intermédio, se ele sofrer um
desequilíbrio emocional, sentir-se ferido em sua dignidade, o bom êxito da
investigação estará fatalmente comprometido. Ao estabelecer os meios e as
formas de controle, o pesquisador deverá fazê-lo de modo a evitar a fraude e o
charlatanismo, mas levando em conta que o médium é um ser humano que deve
merecer o devido respeito.
Na pesquisa mediúnica sempre se parte do
fato para se chegar à teoria. Isto evitará ideias e teorias “pré-concebidas”. O
experimentador que mantenha uma ideia fixa quanto à corroboração de uma teoria,
a priori, irá interferir no processo.
Na Física existe a suspeita de que muitos
resultados não são os que deveriam ocorrer naturalmente, mas fruto da maneira
tendenciosa como a pesquisa foi conduzida.
Na investigação psíquica um fato
indiscutível é que a mente do experimentador tem o poder de interferir e pode impor
um resultado diverso do normal. Um grande número de experiências proporcionará
massa crítica necessária para se determinar leis e princípios do fato estudado.
Este foi o procedimento adotado por Allan Kardec.
Outro fator importante é a conduta moral
do pesquisador. Nas ciências exatas o estado moral do cientista não tem a menor
interferência no andamento da experiência. Respeitado o método requerido pelo
estudo, um cientista ético e um canalha chegarão às mesmas conclusões. No
estudo dos fenômenos psíquicos isso não ocorre. É necessário criar um clima de
serenidade, recolhimento e pensamentos nobres, para que funcione a lei de
afinidade psíquica, atraindo para colaborar com as experiências entidades
honestas e confiáveis.
Cremos que mais uma vez devemos lembrar a
posição de Moisés em Números, Cap XI, v.16 -39, com ênfase no v. 26. Ainda hoje
a melhor referência bibliográfica sobre esse assunto é “O Livro dos Médiuns”.
Como pesquisar o fenômeno “Jesus”?
O máximo que conseguimos foi discutir a
morte na crucificação. (*)
Por ser espírito superior, o Mestre tinha
um estilo de vida que estava além do limite de tempo e espaço. Poucos foram
aqueles puderam se aproximar deste nível do existir.
Ele proclamava que sua vida estava além
dos limites do tempo e do espaço, mas a nossa ciência trabalha dentro dos
intervalos do tempo. Como estudar fenômenos que estão além desses limites?
“Como
homem, Jesus tinha a organização dos seres carnais; porém, como Espírito puro,
desprendido da matéria, havia de viver mais da vida espiritual, do que da vida
corpora”.
A vida futura é o delineamento essencial
de todo o ensinamento de Jesus. Sua trajetória revela para a Humanidade a
certeza da vida espiritual aquela que aguarda a todos. O Reino que Ele nos
trouxe deve ser erguido no Templo da Alma, na consciência do homem de Bem.
“Então
Ele veio e disse que já era hora de seguir. Indicou o caminho tortuoso, mostrou
as pedras e os espinhos. Mas quando viu que o medo assolava os nossos corações,
nos fez olhar o sol atrás dos montes e disse: “confiem e vão”. Então viemos,
porque ninguém resiste ao Seu chamado” (**).
(*)
Bergeron, J.W.
2012. The crucifixion of Jesus. J. Forensic Leg Med., Apr. 19:113-116.
(**)
Chamado - Marielza Tiscate (com legenda)
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