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terça-feira, 29 de novembro de 2016

A ELEVADA MISSÃO DA CIÊNCIA ESPÍRITA


Luiz Carlos Formiga

Conhecereis a verdade e ela vos fará livres, das lepras, do suicídio, das obsessões espirituais e da ignorância mediúnica.
A inteligência será rica de méritos, porque sob a condição de ser bem empregada.
Haverá responsabilidade na maturidade e conforto-prazer na realização da tarefa confiada. Não esperando receber nada em troca nos sentiremos úteis, o que nos bastará.
Moisés proibiu o intercâmbio entre “vivos e mortos”? O leitor poderá tirar conclusões examinando a Bíblia, em Deuteronômio capítulo 18 e Números 11.
Os espíritos são as almas dos homens que já deixaram a Terra. São “corações e mentes”  que não estão à nossa disposição na hora que melhor nos convier. No entanto, pesquisadores que fizeram intercâmbio e se submeteram à observação criteriosa, disciplinada e, principalmente, sem intenções subalternas ficaram diante do fenômeno. Foram inúmeros fatos, que se repetiram para a colheita de dados estatísticos ao máximo.
Em 1869, o cientista William Crookes assistiu a uma sessão mediúnica com  “raps”, levitação de corpos pesados e escrita direta. Na mesma época esteve presente a sessões onde houve a psicofonia. Em 1907 recebeu o Prêmio Nobel de Química.
Voltemos a 1870 para registrar que o cientista havia publicado “O Espiritualismo visto à luz da Moderna Ciência”. Nesse artigo lembramos o “conhecereis a verdade e ela vos libertará”, porque o Nobel de Química afirma que “o crescente emprego dos métodos científicos produzirá uma geração de observadores, que lançará o resíduo imprestável do Espiritualismo ao limbo desconhecido da magia e da necromancia”.
Na época, seus pares achavam que ele desvendaria uma farsa. Isso não aconteceu. O cientista examinou médiuns como Daniel D. Home, cujos efeitos físicos eram produzidos à luz clara, permitindo total controle. Diversos fenômenos foram catalogados como levitação; suspensão de corpos pesados; efeitos luminosos, materializações à luz do dia, transportes e outros.
Crookes considerou ser seu dever enviar os resultados à Royal Society, lançando o peso da sua reputação científica em apoio à verdade. Causou impacto. Além de Crookes, testemunharam outras pessoas de “notório saber e reputação ilibada”. Isso não o livrou de perseguições e injúrias.
Ele examinou também uma médium de nome Florence Eliza Cook.
Sua mediunidade havia surgido na infância.
Na adolescência, aconteceu com a médium em vigília a primeira materialização parcial do espírito Katie King. Posteriormente, com Florence em transe profundo, o espírito adquiriu autonomia e pode sair da cabine escura e deixar-se observar à luz do dia.
Pensando em fraude, um experimentador despreparado tentou imobilizar o espírito materializado, que se lhe escapuliu das mãos. Imediatamente verificaram que a médium estava na cabine. Encontraram-na ainda atada às amarras, com o lacre que a prendia à cadeira.  Florence adoeceu, mas depois se ofereceu para quebrar no laboratório científico outras incredulidades.
Crookes durante três anos trabalhou com o espírito Katie, em materialização total. O espírito submeteu-se a medidas de pulsação, pesagem e fotografias. Katie, numa materialização tangível, se permitiu abraçar pelo pesquisador. Diante dos fatos, Crookes declarou: “Não digo que isso é possível; digo que é real!”
Realmente, a experimentação é o método ideal de aquisição de conhecimentos positivos. Nada como uma observação provocada, em condições controladas. Afinal, o fenômeno deve repetir-se tantas vezes quantas forem necessárias para a verificação do fato. A regra geral não é observada nas ciências sociais, nem podemos reproduzir à vontade os fenômenos astronômicos e meteorológicos.
O fornecimento de uma prova científica esbarra num número apreciável de hipóteses. Assim, é necessário depurar variáveis para chegar-se à hipótese mais provável, capaz de melhor explicar o fenômeno. Nasce a relatividade, porque a ciência é feita com o uso autoconsciente de nossas faculdades mentais e o homem não possui uma medida absoluta da verdade.
Podemos dizer que a ciência é um conjunto de declarações ou afirmações que são assumidas como verdades sobre a realidade.
O observador comanda as pesquisas físico-químicas até onde as energias podem ser controladas. Nessas pesquisas o objeto é passivo e nos apoiamos na experimentação ou na analogia.
No campo das ciências sócio-morais o cientista recolhe dados e usa a Estatística. Nesta, o observador deve ser passivo. Aguardará que o fato ocorra, para observar e analisar a reincidência dos fenômenos, no tempo e no espaço. Na Psicologia, na História, no Direito, na Sociologia, o objeto é o animal racional, o socius, a pessoa, a criatura divina, o espírito, no uso do livre-arbítrio.
Na Ciência que estuda a mediunidade encontramos dois socius: o encarnado e o desencarnado, agindo e reagindo, racionalmente. O médium e o espírito se interpenetram para o efeito da ação conjunta. O Espírita quando examina o fenômeno mediúnico e depois realiza as deduções e projeções do que foi observado estará “filosofando” e, ao manter a harmonia interior e a postura ética estará exercendo a “consequência moral” espírita.
Na Microbiologia Médica, por exemplo, temos os Postulados de Koch. Observação ao microscópio, isolamento microbiano em cultura pura, reprodução da doença em modelo animal e a recuperação da mesma bactéria a partir do animal doente. Esses postulados permitiram que o pesquisador confiasse nos resultados. A etiologia bacteriana da tuberculose era altamente provável e sua negação era improvável. Estava demonstrada a origem microbiana da Tuberculose.
A pesquisa experimental, em Espiritismo, exige uma série de procedimentos, tanto prévios quanto concomitantes e posteriores, como em qualquer área das ciências estabelecidas. Antes de pesquisar, o experimentador já escolheu o objeto a ser pesquisado. Um exemplo é a comprovação da existência da faculdade mediúnica de materialização na médium Florence.
Ao realizar suas observações, Allan Kardec estabeleceu como seu objeto o mundo espiritual,  enquanto “lócus” de vivência do Espírito desencarnado, e sua interação dialética com o mundo material. Objeto extremamente ambicioso pela amplitude. O resultado foi “O Livro dos Espíritos”, uma filosofia espiritualista decorrente de um procedimento científico de observação controlada de fatos e análise do material dele derivado.
Como ponto fundamental, o pesquisador espírita deve ter claro que ele será um dos elementos essenciais da pesquisa e que não haverá condições para uma “neutralidade axiológica” absoluta, como nas “ciências exatas”. Pesquisador e objeto estarão indissoluvelmente comprometidos a nível energético. A começar pelo relacionamento psicológico e magnético com o médium, o qual poderá facilitar ou prejudicar o bom andamento das experiências.
Como os fenômenos estão ligados ao psiquismo do médium, e se produzem por seu intermédio, se ele sofrer um desequilíbrio emocional, sentir-se ferido em sua dignidade, o bom êxito da investigação estará fatalmente comprometido. Ao estabelecer os meios e as formas de controle, o pesquisador deverá fazê-lo de modo a evitar a fraude e o charlatanismo, mas levando em conta que o médium é um ser humano que deve merecer o devido respeito.
Na pesquisa mediúnica sempre se parte do fato para se chegar à teoria. Isto evitará ideias e teorias “pré-concebidas”. O experimentador que mantenha uma ideia fixa quanto à corroboração de uma teoria, a priori, irá interferir no processo.
Na Física existe a suspeita de que muitos resultados não são os que deveriam ocorrer naturalmente, mas fruto da maneira tendenciosa como a pesquisa foi conduzida.
Na investigação psíquica um fato indiscutível é que a mente do experimentador tem o poder de interferir e pode impor um resultado diverso do normal. Um grande número de experiências proporcionará massa crítica necessária para se determinar leis e princípios do fato estudado. Este foi o procedimento adotado por Allan Kardec.
Outro fator importante é a conduta moral do pesquisador. Nas ciências exatas o estado moral do cientista não tem a menor interferência no andamento da experiência. Respeitado o método requerido pelo estudo, um cientista ético e um canalha chegarão às mesmas conclusões. No estudo dos fenômenos psíquicos isso não ocorre. É necessário criar um clima de serenidade, recolhimento e pensamentos nobres, para que funcione a lei de afinidade psíquica, atraindo para colaborar com as experiências entidades honestas e confiáveis.
Cremos que mais uma vez devemos lembrar a posição de Moisés em Números, Cap XI, v.16 -39, com ênfase no v. 26. Ainda hoje a melhor referência bibliográfica sobre esse assunto  é “O Livro dos Médiuns”.
Como pesquisar o fenômeno “Jesus”?
O máximo que conseguimos foi discutir a morte na crucificação. (*)
Por ser espírito superior, o Mestre tinha um estilo de vida que estava além do limite de tempo e espaço. Poucos foram aqueles puderam se aproximar deste nível do existir.
Ele proclamava que sua vida estava além dos limites do tempo e do espaço, mas a nossa ciência trabalha dentro dos intervalos do tempo. Como estudar fenômenos que estão além desses limites?
“Como homem, Jesus tinha a organização dos seres carnais; porém, como Espírito puro, desprendido da matéria, havia de viver mais da vida espiritual, do que da vida corpora”.
A vida futura é o delineamento essencial de todo o ensinamento de Jesus. Sua trajetória revela para a Humanidade a certeza da vida espiritual aquela que aguarda a todos. O Reino que Ele nos trouxe deve ser erguido no Templo da Alma, na consciência do homem de Bem.
“Então Ele veio e disse que já era hora de seguir. Indicou o caminho tortuoso, mostrou as pedras e os espinhos. Mas quando viu que o medo assolava os nossos corações, nos fez olhar o sol atrás dos montes e disse: “confiem e vão”. Então viemos, porque ninguém resiste ao Seu chamado” (**).

(*)  Bergeron, J.W. 2012. The crucifixion of Jesus. J. Forensic Leg Med., Apr. 19:113-116.


(**)  Chamado - Marielza Tiscate (com legenda)


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