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quinta-feira, 12 de junho de 2014

Serpentes e Pombas

Luiz Carlos Formiga

Com alegria deve ser recebida a crítica construtiva. Um confrade questiona a mensagem recebida pelo médium João Pinto Rabelo, membro da Diretoria da FEB.
Disponibilizada em vários locais na WEB (1) e também o foi no Blog do NEU-UERJ. Com o título - “Prudência” - foi recebida na reunião do Grupo de Assistência e Apoio aos Povos da África, na sede da FEB, no dia 10 de maio de 2014.
Repercutindo a mensagem o NEU disponibilizou dois textos, encontrados nos endereços na leitura complementar. (2, 3)  Podemos refletir com as ponderações do leitor. 
 - Custa-me crer, pelo raciocínio a que sou impelido, que o nobre orador, escritor, ativista político e abolicionista José do Patrocínio, seja o autor dessa mensagem, "psicofônica" e depois "transcrita" (prefiro esse termo, por constar no dicionário de nossa língua). Em breves palavras, dá-nos a impressão que o Espírito, ao desencarnar (há 109 anos), perdeu a capacidade de se expressar no vernáculo adequado. Mensagem mal escrita, ou, antes, falada; termos repetidos...etc.. Quanto ao conteúdo, que, alguns dirão, é o que realmente importa, assusta-me que José do Patrocínio se preocupe tanto com uma copa do mundo, quando vivemos problemáticas muito mais severas e, diariamente, vivenciamos o inferno da ausência de vagas nos leitos hospitalares, nas escolas recuadas deste país, da insegurança que nos aflige, da impunidade dantesca, aos olhos cúmplices das autoridades...enfim. Alguma mensagem nesse sentido? Muito cuidado. Disse-nos Kardec: "Agi com os Espíritos como agiria com os homens."
Toda crítica construtiva merece apreço e consideração, embora seja conveniente lembrar que, na maioria das situações, “não basta dizer a verdade, é necessário também saber expressá-la.”(4, 4b) Fizemos essa observação numa oportunidade em que discutíamos a “relação médico-paciente”, a competência, a credibilidade, (5) que geralmente vem acompanhada da humildade. A humildade, inclusive, de admitir que temos o direito de não perdoar, desde que não cometamos erro igual.
Credibilidade é fundamental em qualquer lugar, assim como competência, por isso, discutimos a importância da prudência, da diligência e da perícia na medicina laboratorial (5b).
Na vida, após o desencarne, ultrapassada a fase de “escolaridade” (6),  adquirimos visão mais ampliada, como a de Rousseau no Livro dos Médiuns: "O Espiritismo é uma alavanca que afasta as barreiras da cegueira. A preocupação pelas questões morais está inteiramente para ser criada; discute-se a política que examina os interesses gerais, discute-se os interesses privados, apaixona-se pelo ataque, ou defesa das personalidades; os sistemas têm seus partidários e seus detratores; mas as verdades morais, as que são o pão da alma, o pão da vida, são deixadas na poeira acumulada pelos séculos." (7)
No NEU-UERJ fizemos a opção que Kardec fez, quando nos trouxe “O Evangelho Segundo o Espiritismo” – o ensino moral do Cristo. (8)
 As lições de Jesus muitas vezes só ficam claras após o desencarne, quando ultrapassamos a “escolaridade” e entramos na fase do “planejamento” (6). Aí, sofre alteração nosso juízo de valor.
Certamente os 12 apóstolos refletiram muito e não apreenderam a totalidade do ensino do Mestre – quando lecionou: “simples como as pombas”.
Quem somos diante daqueles espíritos, que foram escolhidos pela Espiritualidade Superior?
Julgar é muito difícil, pois não envolve apenas o nível mais alto do domínio da cognição, mas também o da afetividade. Talvez por isso o ensino de dar a Cesar o que é dele.
"Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos. Portanto, sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas". (Jesus. Evangelho de Mateus, capítulo 10, versículo 16).
Em “Linhas Tortas” (9) registramos, com auxílio do livro “Me vi te vendo”, como é difícil a comunicação. Imaginem as dificuldades de uma mensagem mediúnica. Raras são as pessoas que procuram ouvir exatamente o que a outra está dizendo. Como é difícil limpar a mente de todos os ruídos e interferências do próprio pensamento durante a fala alheia. Talvez por isso já tenham dito que somos “senhores do que falamos e escravos do que escrevemos”.


Leitura complementar

(6) “Serei eu, por acaso, um espírito?” Artigo em publicação. O Consolador. Edição 369, que estará na internet no dia 28 de junho de 2014.













  

1 Comentários:

  • Prezado confrade, Kardec postou duas comunicações que levavam a assinatura de ninguém menos que Jesus. Afirmou o Codificador, naquele cap. 31, de o Livro dos Médiuns, que nada depunha contra a mensagem, mas que o estilo não era do Mestre. Isso passados 2000 anos da presença do Cristo na Terra. Portanto, nada de mais em minha crítica. Grato.

    Por Blogger JOSÉ MARCELO G. COELHO, às 1 de julho de 2014 às 20:19  

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