Jorge Hessen
http://aluznamente.com.br
Após o ano de 1945, a Alemanha
despedaçada era um cenário caótico sob o ponto de vista psíquico, social e
econômico. Foi um desafio para nova liderança reorganizar a Nação, dividida
entre duas disposições ideológicas: a Alemanha Ocidental (capitalismo) e a
Alemanha Oriental (socialismo). Nesse panorama, encontramos a juventude
europeia, notadamente a germânica, completamente sem rumo. Sociólogos,
filósofos, pedagogos, psicólogos e professores muito se preocuparam com aquela
geração de jovens marcada por inimagináveis agonias psíquicas, físicas e morais
resultantes de um conflito estúpido, testemunhas oculares de uma guerra que
teve início a 1º de setembro de 1939 com a invasão de Hitler à Polônia e se
estendeu até agosto de 1945, com as detonações das duas bombas termonucleares
em Hiroshima e Nagasaki, no Japão.
A interrogação que aflorava em
cada um desse espantoso contingente de moças e moços depois da guerra era: e
agora como será o nosso destino? Já não nos basta trabalhar, ganhar dinheiro,
comer, beber, procriar! A vida não pode se resumir somente nisso. Contudo, a
percepção materialista, na Europa, sobretudo com base na ideologia negativista
de Jean-Paul Sartre, acabou reconduzindo aqueles adolescentes do pós-guerra à
caverna, fazendo-os afundar nas masmorras das metrópoles e ali se confiando à
fuga espetacular da consciência e da razão pela busca desenfreada do prazer
alucinado do gozo imediato.
A juventude desgovernou-se e a
filosofia da flor (“paz”) e do amor (“sexo”) assumiu dimensões assombrosas,
solicitando de especialistas as propostas para preparação de novos conceitos
filosóficos apropriados para conter a invasão da droga, do sexo e da violência.
Instala-se a reedição do ancestral princípio de Diógenes (isolamento social,
reclusão em casa e negligência de higiene são os principais padrões do
comportamento), adicionado pela luxuosidade e desinteresse pela vida. O
“Cinismo diogenano” esguichou nas últimas amostras filosóficas, transformando
os alucinógenos e barbitúricos em rota de fuga da realidade e espetacularização
da paranoia.
A geração do pós-guerra foi uma
geração aniquilada. Com o advento da “Guerra Fria” dos anos 50, surge as
manifestações da juventude transviada americana. Logo após apareceu a geração
hippie como artifício do movimento de contracultura dos anos de 1960. Nos idos
dos anos de 1970 encontramos uma geração com qualidades deprimentes. No Brasil
convivemos com os patéticos “Anos Rebeldes”, em cuja circunstância os jovens,
manipulados por ideologias materialistas, repugnavam o regime estabelecido. Na
ocasião, alguns impetuosos admiradores do violentíssimo guerrilheiro “Che
Guevara” somaram esforços no sentido de transplantar para a Pátria do Evangelho
o execrando ateísmo materialista tramado pela Revolução Soviética, o que
resultou em despropositados conflitos ideológicos, numa luta terrorista, por
reivindicações menores no que tange a situações econômicas e sociais.
Nos anos de 1980 e 1990, houve
uma invasão generalizada de ideologias extravagantes. Há irrupção dos desvios
de vidas passadas, e surgem as gangues neonazistas, os bad boys, os Punks.
Paralelo às buscas desses jovens estranhos, desencadeia-se, no anverso social, a
explosão do consumo com o advento, em profusão, dos centros comerciais
(Shopping Center). Os meios de comunicação quebraram os valores regionais e
introduziram uma cultura uniforme, sem fronteiras. Em face de valores como o
amor, a liberdade, a justiça e a fraternidade, que na prática perderam o
conteúdo original, surgia uma nova realidade, o CONSUMO, estabelecendo os seus
próprios valores: o sucesso e a competição.
Atualmente se faz menção a uma
geração sem necessariamente compará-las com as mesmas características de
gerações anteriores. Antigamente, quando se fazia referência a crianças,
adolescentes ou pessoas mais velhas, generalizavam-se o comportamento e
características das mesmas, independente da época em que viviam. Agora,
estuda-se o comportamento do adolescente, considerando o modo de vida de sua
época. De tal modo, procura-se entender que um adolescente do Século XIX,
carrega características desiguais de um adolescente do início do Século XX, ou
dos anos 50, 60 ou 90.
A primeira proposta para explicar
essa querela foi batizada como Geração “X” (nascidos entre os anos 1960 e
1980). Geração essa constituída pelos filhos dos “Baby Boomers”(1) da Segunda
Guerra Mundial. A Segunda geração foi a denominada Geração “Y” - Yuppie(2).
Apesar de não haver um consenso a respeito do período da Geração “Y”, a maioria
da literatura faz referência a ela como as pessoas nascida entre os anos de
1980 e de 2000. São, por isso, muitos deles, filhos da geração “X” e netos da
Geração “Baby Boomers”.(3)
Afirma-se que a Geração “Y”
(Yuppie), também conhecida como Geração “Next” ou “Millennnials”, é uma geração
infeliz.(4) São jovens profissionais entre os 20 e os 40 anos de idade,
geralmente de situação financeira intermediária entre a classe “média” e a
classe “alta”. Em geral possuem formação universitária, trabalham em suas
profissões de formação e seguem as últimas tendências da moda. Para Paul
Harvey, professor da Universidade de New Hampshire, nos Estados Unidos, a
geração Y tem “expectativas fora da realidade e uma grande resistência em
aceitar críticas negativas” e “uma visão inflada sobre si mesmo”.(5)
Na experiência de cada geração, o
jovem encontrará adultos inescrupulosos, ambiciosos, calculistas (ex-jovens sem
ideais) e isso muitas vezes o deixará desanimado, esfriando-lhe o entusiasmo e
o idealismo; apesar disso, não deve congelar o ânimo, porque também encontrará
adultos idealistas, compreensivos, honestos. Um fato é real: quando o jovem (de
qualquer geração) deixa de seguir os bons exemplos dos homens honestos e
idealistas e se abate na amargura, a sociedade terrena sofre um prejuízo
irreparável, isso porque a melhora do mundo depende invariavelmente das novas
gerações.
Para a “infeliz” Geração “Y”
podemos afirmar que a “felicidade” é um assunto subjetivo. Não há como
restringi-la a discursos improdutivos, pois tendemos a configurá-la num modelo
“perfeito”, num padrão que se enquadre para todos. E não existe um molde de
felicidade, cada um atinge do seu jeito. Não há como alcançar a tal felicidade
racionalmente, é impossível medi-la ou discorrê-la como um padrão que sirva
para todos, o tempo todo. A percepção de “felicidade” é uma experiência
pessoal, exclusiva para cada indivíduo.
No campo filosófico, as gerações
podem entender que elas também têm o “direito” de ficar “(in)felizes” e que
aflição não é enfermidade, mas parte da condição humana – e que, sem ela, não
temos o ensejo de mensurar a virtude da resignação. Portanto, em tempos de
tirania da “felicidade”, acatar e permitir essa aflição diária é uma forma de
resistência, uma espécie de ventura. O Espiritismo esclarece que a felicidade
“é uma utopia a cuja conquista as gerações se lançam sucessivamente, sem jamais
lograrem alcançá-la. Se o homem ajuizado é uma raridade neste mundo, o homem
absolutamente feliz jamais foi encontrado.”(6)
Há dois mil anos o Cristo avisou
que "a felicidade não é deste mundo", portanto, por elevadas razões,
as gerações que se sucedem continuamente necessitam viver no mundo sem
escravizar-se ao mundo material sob o jugo de insana busca por uma felicidade
construída nas areias da ilusão.
Notas e referências
bibliográficas:
(1) Baby Boomer é uma definição
genérica para crianças nascidas durante uma explosão populacional - Baby Boom
em inglês, ou, em uma tradução livre, Explosão de Bebês. Dessa forma, quando
definimos uma geração como Baby Boomer, é necessário definir a qual Baby Boom
estamos nos referindo;
(2) "Yuppie" é uma
derivação da sigla "YUP", expressão inglesa que significa "Young
Urban Professional", ou seja, Jovem Profissional Urbano;
(3) Há outras definições para
diferentes Gerações:
Geração Z (formada por indivíduos
constantemente conectados através de dispositivos portáteis e, preocupados com
o meio ambiente, que pode ser integrante ou parte da Geração Y).
Geração Alfa (Ainda sem
características precisas definidas, poderão ser filhos, tanto da geração Y,
como da Geração Z).
After Eighty: Geração de Chineses
nascidos depois de 1980 (equivalente à Geração Y para os ocidentais).
Beat Generation: Geração de norte-americanos
nascidos entre as duas Guerras Mundiais.
Lost Generation (Geração
Perdida): Expatriados que rumaram para Paris depois da Primeira Guerra Mundial;
(4) O site Wait But Why publicou
a reportagem “Why Generation Y Yuppies are Unhappy” ilustrando com detalhes as
prováveis razões pelos quais a atual geração Y está infeliz;
(5) Disponível em
<http://www.fashionbubbles.com/comportamento/o-motivo-da-infelicidade-da-geracao-y/>,
acessado em 28/01/2014;
(6) Kardec, Allan. O Evangelho
Segundo o Espiritismo, cap.V, item 20, RJ: Ed. FEB, 1999.
0 Comentários:
Postar um comentário
<< Home