Estabelecidas as bases fundamentais que diferenciam o Espiritismo das sempre respeitáveis reli-giões do Candomblé e da Umbanda (vide “O Homem e a Religião-4”), passaremos de agora em diante a caracterizar a Doutrina dos Espíritos. Antes, porém, permitam-nos os leitores, se faz necessária uma pequena exposição sobre outras duas correntes “quase” religiosas do pensamen-to humano, as quais, de alguma forma, se aproximam do Espiritismo. Referimo-nos à Metapsíqui-ca e à Parapsicologia. Os leitores certamente hão de compreender que o espaço nos induz à sín-tese, motivo pelo qual, em linhas gerais, referentes a ambas, apenas registramos que: a. Metapsíquica - fundada por Charles Robert Richet (1850-1935), notável cientista francês, ganhador do Prêmio Nobel de Medicina/1913 (Fisiologia). Visava a pesquisa e análise científica dos fenômenos mecâ-nicos ou psicológicos de todos os tempos, ditos paranormais (mediunidade), devidos a forças que parece serem inteligentes ou a poderes desconhecidos latentes na inteligência humana; - assim, metapsíquica não é Espiritismo — é ciência puramente investigativa; - o termo metapsíquica não foi bem aceito pelos pesquisadores; hoje, quase não é mais usado. b. Parapsicologia - impulsionada por Joseph Banks Rhine (1895-1980), teólogo e cientista norte-americano, que atrelou-a ao campo das ciências e particularmente à Psicologia; - dedicou-se Rhine, em particular, ao estudo do transe anímico na telepatia e na clarividência; pesquisou a “ESP” (extra-sensory perception = percepção extra-sensorial), termo que criou em 1935 e que é mundialmente empregado nos tratados sobre Parapsicologia; - o termo parapsicologia é mais usado nos países anglo-saxônicos e germânicos; - talvez possamos dizer que a Parapsicologia procede como a Metapsíquica, sendo-lhe herdeira em vários aspectos. c. Considerações gerais sobre a Metapsíquica e a Parapsicologia - tanto uma quanto a outra, enquanto Ciência, seguiram os mesmos passos de todas as demais ciências, isto é, buscaram pelo método experimental, definir leis de acontecimentos que observa-ram na natureza; - deixaram de ser exponenciais porque o cientista só aceita um fenômeno como verdadeiro se puder explicá-lo e reproduzi-lo, desde que ofertadas as mesmas condições ambientais em que ele se deu — não conseguiram... - surgiu-lhes intransponível barreira pelo fato de que a origem da maioria dos fenômenos anali-sados caracterizam-se mediúnicos, isto é, têm origem no Plano Espiritual (ação de Espíritos de-sencarnados), com manifestação no plano material, através intermediação de médiuns (Espíritos encarnados). Ora, ação espiritual é algo que a ciência não consegue manipular numa proveta... A nós, espíritas, o que nos causa pena é verificar que tais pesquisadores (poucos, hoje em dia) não se deram ou não se dão conta de que, na verdade, apenas se apropriaram de termos científi-cos para substituir a nomenclatura tão bem delineada, pioneiramente, por Allan Kardec. E mais: somente encontrarão o que procuram quando, com bom senso, se convencerem da impotência humana para explicar in vitro aquelas ocorrências que se originam in spiritus. Aí, sem abandonar seus cuidados, irão ao humilde Centro Espírita, onde poderão verificar que ali há outra espécie de laboratório, ofertando novos aprendizados, àqueles que têm olhos para ver e ouvidos para ouvir. - Passemos agora a falar plenamente do Espiritismo, cujos códigos de moral, de ciência e de filosofia foram tão bem estruturados por Allan Kardec, em cinco obras: “O Livro dos Espíri-tos”/1857, “O Livro dos Médiuns”/1861, “O Evangelho Segundo o Espiritismo”/1864, “O Céu e o Inferno”/1865 e “A Gênese”/1868. Devemos gratidão ao fenomenal trabalho kardequiano em estabelecer contato com médiuns de vários países, para deles receber as lições do Plano Espiritu-al, as quais eram meticulosamente filtradas e selecionadas, gerando a Codificação. Por isso é que se diz que Kardec codificou o Espiritismo. Tais mensagens foram os tijolos, com os quais o “gran-de edifício” Espiritismo foi erguido, qual farol, para permanentemente clarear caminhos. Kardec era pedagogo por excelência, comprovando-se que o acaso não existe, eis que tão impor-tante cometimento teria mesmo que aportar no plano material via uma inteligência invulgar, fluindo de inspiração celestial. E apenas com cinco livros! (Atualmente, a Literatura Espírita apro-xima-se dos dez mil títulos— cerca de 412, via Chico Xavier e quase 200, via Divaldo Franco). Obs: No próximo artigo estaremos refletindo sobre o que é o Espiritismo, o que revela, o que abrange, o que ensina e como é a prática espírita. EK
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