SACRIFÍCIOS DE ANIMAIS COMO COBAIAS, NUMA PERSPECTIVA ESPIRITA
Desde a antiguidade pesquisadores valiam-se de animais (cobaias) para obter testes científicos e ensaio das mais diversas espécies. O coelho foi uma das primeiras espécies utilizadas em pesquisas e presentemente camundongos e rãs são espécies de eleição para experiências nos laboratórios. Os bichos têm servido de cobaias para prova de vacinas, medicamentos, produtos, substâncias antes de serem liberados para o consumo humano e alguns procedimentos cirúrgicos antes de serem aplicados entre os homens.
Andrea Vesalius, fundador da anatomia moderna, usava cães e porcos em demonstrações públicas de anatomia. Hoje em dia, ainda os cães têm sido cobaias para estudos do sistema cardiovascular, do sistema respiratório, do sistema gastrintestinal, do sistema endócrino e das técnicas de transplante. Mas havemos de convir que as pesquisas só publicam descobertas porém não revelam fracassos. O organismo de um animal não é o mesmo do que o nosso. O maior fracasso do século xx foi a Taliodomida, que foi testada amplamente em animais e depois colocada no mercado.
O experimento em animais “não representa apenas um método cruel, e por isso mesmo antiético, mas é também destituído de validade científica. No interesse do homem e do animal, precisa ser abolida o mais rápido possível e substituída por métodos racionais.”(1) Aproximadamente um terço de todos os doentes com problemas renais crônicos destruíram sua função renal tomando analgésicos considerados seguros após aplicados em animais. Todos os medicamentos tóxicos retirados do mercado por exigência dos órgãos de saúde foram testados antes em experiências com animais.
Nos últimos anos, as muralhas do silêncio vêm sendo progressivamente demolidos pela imprensa, pelo rádio e pela televisão. Existem importantes movimentos de proteção animal que resistem para findar com a vivissecção. (2) Graças a Deus! Na atualidade atenuou o uso de animais em ensaios científicos, pois foram desvendadas outras possibilidades eficientes. A exemplo de substâncias eficazes à base vegetal que foram descobertas sem experiências com animais. Ressalte-se que a maioria das técnicas cirúrgicas frequentes não foram desenvolvidas em cobaias animais.
Os avanços em “biotecnologia” já permitiram substituir os bichos por computadores ou tubos de ensaios. Em diversos campos estão utilizando processos alternativos, como in-vitro com culturas celulares, as células estaminais já são uma alternativa e vão ser decisivas na substituição das cobaias. Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) desenvolveram um programa de computador que pode substituir o sacrifício de animais durante as aulas de fisiologia. O programa pode substituir o uso de animais nas aulas práticas de Fisiologia e Biofísica, ministradas nos cursos de Medicina, Ciências Biológicas, Enfermagem e Educação Física.
Apesar de milhões de animais torturados e mortos, a dissecação anatômica não conseguiu obter um resultado frente às epidemias do nosso tempo. Os progressos na pesquisa da AIDS não se fundamentam em experiências em animais, porém na epidemiologia, na observação clínica dos doentes e nos estudos in-vitro com culturas celulares.
Ante a falácia de que os animais são utilizados em benefício da saúde pública, devemos nos lembrar que eles são seres vivos que sentem dor e que sofrem, por isto somos responsáveis por eles. Como experiências toxicológicas - durante as quais os animais são envenenados de forma mais ou menos rápida - podem decorrer sem tortura e dor, sem sofrimento terrível para o animal atingido? São muitas experiências que representam para o animal um sofrimento atroz, que normalmente só termina com a morte.
O cientista austríaco, Friederike Range, da Universidade de Viena, liderou o estudo sobre emoções caninas e atesta que certos animais possuem um sentimento ou emoção mais complexa do que, normalmente, atribuiríamos a eles. Para além das considerações filosóficas, evidências práticas e científicas sugerem que todos os mamíferos possam sentir algo semelhante à dor e ao prazer humano, embora qualitativa e quantitativamente diferente. A ética na experimentação com animais é uma preocupação muito antiga, fundamentando-se na necessidade de se ter consciência de que o animal é um ser vivo, que possui hábitos próprios de sua espécie, inclusive o natural instinto de sobrevivência, sendo sensível a dor e a angústia.
O que o Espiritismo explica sobre os animais; eles progridem? Ou serão sempre animais? Eles sofrem? Eles têm alma? Os Benfeitores do Além afirma que os animais não têm alma como nós os humanos, mas têm um princípio espiritual que “sobrevive ao corpo físico após a morte"(3), ou seja, a alma dos animais "conserva, após a desencarnação, sua individualidade; porém, não a consciência de si mesma, apenas a vida inteligente permanece em estado latente."(4)
Quando estivermos mais espiritualizados, enxergando nos animais os irmãos inferiores de nossa vida [o sacrifício dos animais em laboratório] não terá razão de ser. “O homem espiritual do futuro, com a luz do Evangelho na inteligência e no coração, terá modificado o seu ambiente de lutas, auxiliando igualmente os esforços evolutivos de seus companheiros do plano inferior, na vida terrestre.”(5)
É bem verdade que o instinto domina a maioria dos animais; “mas há os que agem por uma vontade determinada, ou seja, percebemos que há uma certa inteligência animal, ainda que limitada."(6) Rememoremos que os bichos “não são simples máquinas, embora sua liberdade de ação seja limitada pelas suas necessidades, e, logicamente, não pode ser comparada ao livre-arbítrio humano. Os animais, sendo inferiores ao homem, não têm os mesmos deveres, mas eles têm liberdade sim, "ainda que restrita aos atos da vida material.”(7)
Os animais pensam, mas não raciocinam; os animais têm memória, e recorrem a ela; aprendem com o acerto e com o erro, e não com o raciocínio. Evidentemente, não conseguem teorizar, abstrair, prever eventos, solucionar problemas, mas são, de fato, mais inteligentes do que imaginamos. Estão em processo de evolução e, nesse sentido, devemos “considerar que eles [os animais] possuem, diante do tempo, um porvir de fecundas realizações, através de numerosas experiências chegarão, um dia, ao chamado reino hominal, como, por nossa vez, alcançaremos, no escoar dos milênios, a situação de angelitude.
A escala do progresso é sublime e infinita. Considerando que os animais estão em processo de crescimento espiritual, “busquemos reconhecer a infinidade de laços que nos unem nos valores gradativos da evolução e ergamos, em nosso íntimo, o santuário eterno da fraternidade universal."(8)
Jorge Hessen
http://jorgehessen.net
Referências bibliográficas:
(1) Tese apresentada em Simpósio realizado em Genebra pela Liga Internacional de Médicos pela Abolição das Experiências em Animais, por Bernhard Rambeck, diretor do Departamento Bioquímico da Sociedade de pesquisa em Epilepsia, Bielefeld, Alemanha.
(2) É o ato de dissecar um animal vivo com o propósito de realizar estudos de natureza anatomo-fisiológica. No seu sentido mais genérico, define-se como uma intervenção invasiva num organismo vivo, com motivações científico-pedagógicas. Na terminologia dos defensores de animais, é generalizada como uso de animais vivos em testes laboratoriais.
(3) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2001, perg 597-a
(4) Idem perg. 598
(5) Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, Ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2001 perg. 62
(6) _______, Allan. O Livro dos Espiritos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2001, perg. 592
(7) Idem perg. 595.
(8) _______, Francisco Cândido. O Consolador, Rio de Janeiro: Ed Feb, 1995, perg.79
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