Espiritismo na Universidade (Memória)
Luiz Carlos D. Formiga
Núcleos Espíritas Universitários na Oficina da CEERJ (*)
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Em setembro/outubro 2005 troquei idéias (e-mail) com membros da USEERJ. Nelas, verifiquei que deixei surgir pensamentos sobre a participação nos NEUs resgatando algumas memórias. A motivação surgiu porque em dezembro haverá uma confraternização no Rio de Janeiro. Disse que a programação da CEERJ estava imperdível e que vai atender aos diferentes "tipos psicológicos". Embora não possa estar presente, gostaria de assistir a quase tudo. No entanto, um tema é de minha preferência, talvez porque nele tenha muitas dificuldades. Deixei um pedido, que se faça um CD, pois quero estudá-lo.
Muito bom o tema central “Allan Kardec e a Era da Regeneração”. Será um grande grupo de trabalho e a unificação se dará em torno do objetivo comum. Mas, como administrar os conflitos na casa espírita? Este é o tema preferido. Como lidar com as diferenças de idéias no meio espírita? Este também é o titulo do Editorial no Boletim GEAE 498, de 30 de agosto de 2005, que parece merecer desdobramento. Certamente o tema lançará luz sobre as sombras da minha incompetência e aprenderei a conviver melhor com o poder neurótico.
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Antes da CEERJ acontecerá o encontro dos Núcleos Espíritas Universitários do Rio de Janeiro. O evento será bom até como preparação para a grande oportunidade na oficina. O tema do segundo ENEU, no outubro histórico, é bastante interessante. A palestra-abertura está a cargo da USEERJ. Por outro lado, reconheço que a expectativa dos diversos tipos psicológicos universitários será grande. Não será muito fácil prepará-la.
Como fazer? Comecei a pensar no tema e foi inevitável a auto-avaliação: "Universitário: o que fazes com teu conhecimento?"
Em se tratando de um encontro específico não pode ficar com aspecto de objetivo geral.
Universitário, o que fazes com teu conhecimento sobre a universidade, sendo espírita? Ou , o que fazes com teu conhecimento técnico, sendo espírita e aluno; funcionário ou docente? Ou ainda, o que fizeste com o conhecimento adquirido na universidade, atuando fora da universidade, e agora que retornas a pensar a universidade?
Temos exemplos no movimento espírita. Bezerra de Menezes deixou "A Loucura Sob Um Novo Prisma". E o professor Leopoldo Machado?
Outros podem ser lembrados, como Deolindo Amorim ou no exterior e no passado - Allan Kardec, Léon Denis, Gabriel Delanne, Paul Gibier, William Crookes, Alexander Aksakof entre outros. No entanto, o contexto era outro. Quando chegamos à universidade não encontramos espíritas. Agora temos os NEUs!
Quando vi a tese do Machado, referência da “Universidade da Alma. Cidade Universitária do Espírito”, levei dois sustos. Uma tese espírita na Faculdade de Medicina e reprovada.
Um ENEU não daria para discutir o que está nos artigos dos espíritas universitários , mas seria benéfico discuti-los durante o ano.
Grupo de Estudos Espíritas da Unicamp (GEEU)
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Emmanuel deixou a página "CONTEMPLA MAIS LONGE", onde diz que "as situações externas serão retratadas em teu plano interior, segundo o material de reflexão que acolhes na consciência".
Será importante resgatar principalmente aqueles trabalhos que fizeram o link entre a atividade profissional e a profissão de fé.
Bezerra, Machado e Crookes deram bom exemplo, mas eram outros os objetivos e o contexto. Hoje já podemos encontrar textos que associaram o "conhecimento" e as questões que tocam a "ética" na universidade. Aquela ética que perpassa o Livro dos Espíritos e o Evangelho Segundo o Espiritismo.
Embora o tema seja "novo", foi pensando no amanhã que produzi os dois textos abaixo colocados.
Diferente. Do Leproestigma ao Clone Estigmatizado. (Enfoque microbiológico). Publicado na Revista Fraternidade (Lisboa. Pt), 2003.
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Universidade da Alma. Cidade Universitária do Espírito.
Creio que no futuro terão ainda menos valor. Há consolo no que me disse o Altivo (CELD), ao publicar o "Dores, Valores, Tabus e Preconceitos". Disse-me ele que seria um registro de determinada época.
Os dois textos, anteriormente referidos, e o livreto publicado pelo CELD, foram produzidos ainda vivenciando a experiência de espírita docente-pesquisador, na UERJ e UFRJ
No “Clone Estigmatizado” deixo referências que talvez possam permitir responder o que fiz com o conhecimento técnico-científico e no “Universidade da Alma” o que fizemos com “Ensino-Extensão". Neste apontamos a etiopatogenia de algumas "potenciais enfermidades" universitárias.
Não estou enganado, sei que farão melhor. Mas, "acreditar em algo e não vivê-lo é desonesto".
Criamos uma página na internet que, na minha avaliação, pouco foi valorizada. Em 1998, abrindo espaço para lideres que chegavam, a retiramos do ar.
Focalizemos alguns artigos das Revistas Espíritas e com eles vamos lembrar uma parte do passado. Nestes escritos tinhamos objetivos específicos. Divulgar nomes importantes que deveriam ser reexaminados pelos "jovens" espíritas universitários. Com endereço certo não tinham maiores pretensões. Sabíamos da necessidade de resgatar modelos educacionais, uma vez que um menino no ambulatório do departamento de doenças transmissíveis quando perguntado o que queria ser quando crescesse, rapidamente respondeu: - "Tio, quero ser bandido". Explicou que bandidos são muito bem sucedidos com as mulheres, dinheiro e poder. Desenvolvi o temas "Deixe Claro Para Seu Filho" ; Apego ao Cargo. O Poder Neurótico; Sexo - Artigo de Compra e Venda.
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Procurei enfatizar como modelo da Doutrina Espírita o encontrado na resposta de "O Livro dos Espíritos".
Para o NEU, onde não deveríamos fazer o exercício prático da mediunidade, o paradígma seria o Codificador e por isso escrevi “ Médiuns - Cuidado Perigo” .
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Para ficarmos com os mais próximos trouxe dois personagens. Um foi utilizado como bom exemplo de "médico" e outro como "espírita" verdadeiro.
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Universitários ou não, estiveram no Primeiro Congresso de Mocidades Espíritas e 50 anos depois lembrei Leopoldo Machado. Nele procuramos “contextualizar” com escritos de Chico Anísio e Nonato Buzar.
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Mas, como seria agora o novo ambiente a ser desbravado?
Aí, para dar uma idéia aos jovens escrevi sobre os “ Doutores e os Cegos de Nascença”.
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Como vê meu amigo, como agora, estava cheio de boas intenções!
Uma noticia oferece dados importantes. Jornal do Hospital Clementino Fraga Filho, UFRJ, número 06 de novembro de 1998. Está sendo realizado no CCS, de 17 de setembro a 3 de dezembro, às quintas-feiras, o II Ciclo de Estudos Espíritas. O objetivo do evento, que é promovido pelo Núcleo Espírita Universitário do Fundão (NEU), é enriquecer e atualizar os conhecimentos do grupo sobre a doutrina espírita. O NEU começou a ser idealizado em outubro de 1992, quando o Dr. Ivan Miahyra, inconformado com a inatividade dos espíritas da Universidade Federal do Rio de Janeiro, expressou sua idéia de criar reuniões espíritas no HU. A dedicação da funcionária aposentada Jurema Neri, que reuniu várias pessoas para ouvir uma palestra também foi fundamental para concretizar o estabelecimento do núcleo.
As exposições ocorrem às quintas-feiras, das 12 às 13 horas, na sala L-05 localizada, no subsolo do CCS. A cada semana um expositor apresenta um assunto diferente. Temas relacionados às áreas médica, jurídica, física e artística, entre outros, estão incluidos no programa do Ciclo de Estudos Espírtas.
Mas, qual o registro mais antigo?
O que temos conhecimento é que o Primeiro Seminário de Estudos Espíritas da Universidade Estadual de Londrina, Paraná, Brasil, ocorreu em 23 de maio de 1984. A iniciativa paranaense parece ter estimulado grupos em outros locais do país. Em pouco tempo, estávamos trabalhando em conjunto com o NEU Fundão e dessa união percebemos que era necessário criar o Núcleo Espírita Universitário do Rio de Janeiro (NEU-RJ), onde diversas equipes de universidades do Estado estariam trabalhando em conjunto. Com o auxílio da Internet, a chama se espalhou e em dois anos, foram criados Núcleos Espíritas Universitários em outras universidades, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Universitária Augusto Motta (SUAM), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Universidade Federal Fluminense (UFF) e Universidade do Rio de Janeiro (UNI-RIO). A partir deste trabalho, outro grupo se formou na Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais.
Qual é a importância de um núcleo espírita na universidade?
Já que o Espiritismo é uma doutrina de bases científicas, desenvolvimento filosófico e conseqüências morais, por que não ter um espaço aberto para estudo da ética nos NEUs. Por que não divulgá-la entre aqueles que procuram uma formação profissional? Não se trata de uma tentativa de “elitizar” a Doutrina, mas de abrir mais um espaço de divulgação, especialmente porque se direciona para uma Instituição onde, na maioria das vezes, o materialismo prevalece.
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Em 1957, a revista Reformador, trouxe uma mensagem recebida em reunião de três pessoas, entre as quais um diretor da FEB, para comemorar o aparecimento de "O LIVRO DOS ESPÍRITOS". Foi em Pedro Leopoldo, 18 de abril de 1943, pelo médium Francisco Cândido Xavier / espírito Emmanuel. Acredita-se ter sido essa a primeira vez em que se realizou tal comemoração. Algumas ponderações podem ser úteis nesta hora.
"O Espiritismo visto, pode ser fenômeno; estudado pode ser escola; interpretado, pode ser teoria; sistematizado, pode ser filosofia; observado, pode ser ciência; meditado, pode ser doutrina. A Codificação trouxe ao mundo uma chave gloriosa, cuja utilidade se adapta a numerosas portas. O Espiritismo ouvido, pode ser apenas consolação; vitorioso, pode ser somente festividade; propagado, pode ser somente movimentação; sentido, pode ser somente crença. Não nos esqueçamos, porém, de que o Espiritismo Aplicado é Vida Eterna com Eterna Libertação. Escolhamos o caminho da aplicação: Trabalho, Solidariedade, Tolerância".
A USEERJ fará contato com as universidades. Vendo que a pessoa-jurídica encaminhará documento as universidades ocorreram alguns pensamentos.
O primeiro é que os NEUs funcionam, principalmente, em IES públicas federais e estaduais onde vamos encontrar reitores que recebem fortes influências político-partidárias. Estas influências podem ser desde o partido que está no governo até a dos recém-criados, como o que aceitou a transferência do atual vice-presidente.
O segundo foi sobre a condição laica das IES públicas. Nelas a idéia de religiosidade é aceita nos planos de pesquisa, como a da tese que procurou demonstrar a higidez mental dos médiuns "kardecistas", ou nas teses das ciências sociais.
O terceiro foi uma retrospectiva. É um fato que gostaria de relatar. Quando da primeira palestra de Divaldo Franco no teatro da UERJ fui procurado por espíritas, de forma expressa, com antecedência. Como é prerrogativa de todo docente, desejavam que eu solicitasse o espaço sem ônus, uma vez que poderia ser alugado. Atendi ao pedido e fiz oficial solicitação ao reitor da época. A autoridade eleita pelos pares, adepto de Marx e militante de partido político, desejou um contato pessoal e convidado compareci ao gabinete do Magníssimo Reitor. Procurei demonstrar-lhe que o orador possuia um curriculum vitae, não desprezível sob o ponto de vista cultural e espiritual. A contra-argumentação não considerou o espiritual, relembrou o carácter laico da universidade e a perigosa abertura aos diversos credos, politicamente mais poderosos. A conversa técnica-amiga durou algumas horas e depois de muitos esclarecimentos disse-me que não nos dispensaria da contrapartida, o que de certo modo faria a desvinculação. Foi como que se desejasse dizer que o Divaldo, orador espírita, faria palestra na UERJ, mas não foi da UERJ que partiu o convite. A IES apenas permitiria que ela ocorresse nas suas dependências.
Posteriormente, não tomei conhecimento do despacho do magnífico, que me não foi enviado. Espíritas não mais me procuraram e não posso oferecer a fundamentação do documento oficial.
Enfatizo que o ofício-solicitação ao reitor estava acompanhado de detalhado curriculum vitae do, não menos magnífico, orador.
Pelo exposto e considerando os locais de funcionamento dos NEUs, a influência político-partidária eventual e a condição laica da universidade, solicitei a USEERJ informes sobre os documentos que deverão acompanhar os ofícios dirigidos as IES.
Caberia alguma coisa semelhante ao Editorial do último (número 500) Boletim do GEAE?
Pergunto-me ainda, em caso de solicitação de contato pessoal, qual pessoa-física representará o NEU-USEERJ?
Sobre os comentários anteriores, tenho refletido nos artigos abaixo.
Sob Deus. Laico, Mas Não Ateu.
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Torres Gêmeas Afro-brasileiras. Preconceito, Estigma, Mídia e Ordenamento Jurídico.
http://www.morhan.org.br/
http://www.terraespiritual.
http://geocities.yahoo.com.br/
O Poder das Palavras, no Princípio era o Verbo.
http://www.morhan.org.br/
http://www.terraespiritual.
A Mulher do Próximo. Do Delito e das Penas.
http://www.cefamiami.com/
http://www.terraespiritual.
O Retrato de Bezerra e a Aristocracia intelecto-Moral (Ética e Terceiro milênio). Revista Internacional de Espiritismo, LXXVI (4): 181-182, 2001.
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“Tem-se-vos dito uma coisa muito verdadeira, que desejamos relembrar-vos: que o Espiritismo é simplesmente uma moral”. São Luís. Livro dos Médiuns. Capítulo XXXI, item XVII.
Lembrando que a universidade pública é laica. Como se trabalha e se divulga a Doutrina Espírita numa instituição que possui esta característica fundamental?
Respeitando esta característica, procurei recordá-la em sala de aula e no laboratório de ensino tutorial e pesquisas. Mesmo no início, a mim não importava se o aluno era espírita, católico, umbandista ou agnóstico. Posteriormente, já amadurecido no binômio ensino-pesquisa, procurei trabalhar o domínio afetivo e por isso, no final do doutorado, com muitas dificuldades, persegui também a graduação e a pós em Educação. Quase não me sobrava tempo para nada, mas objetivava aterrisar no aeroporto da consciência lúcida fazendo escala nos valores éticos. Nessas horas de "vôo da liberdade" convidava o aluno para, pelo menos, me acompanhar e verificar o preço das passagens. Na COMEERJ tentei algumas vezes. Sinto-me frustrado. Nem eu, nem eles, voamos muito alto. Creio que ainda estamos tentando sair do vôo da galinha. Nesse campo o NEU também parece ter asas atrofiadas. Muitos de nós atrapalhamos mais do que ajudamos. É o preço que temos que pagar. As passagens aéreas são mais caras e no Livro dos Médiuns São Luis parece explicar a causa. Mas, neste jogo, como o futebol, ainda esperamos fazer "um(a)" GOL. Digo jogo porque é uma atividade coletiva onde os "goleiros" do NEU podem engolir "frangos".
Fugindo das entrelinhas, relembro que, para alcançar objetivos específicos no NEU, escolhemos alguns temas para trabalho. Como docente nos defrontávamos com conteúdo programático extenso e como pesquisadores corríamos os laboratórios de saúde pública, a convite do Ministério. Acumulei muitas horas de vôo e experiências. No NEU não tinha o tempo, os hotéis e as passagens aéreas financiadas pelo governo brasileiro, mas na hora do almoço estávamos lá, mesmo que eles não viessem (lembrei de um fato que narrarei adiante). Com esse tempo escasso escolhemos alguns modelos de TEMAS como Aborto, Hanseníase, AIDS, pois estavam na mídia e traziam implícitos situações éticas, boas para discussão com acadêmicos. Nas aulas, a população alvo era religiosamente heterogênea e a alternativa era ressaltar os aspetos éticos. Isso era até melhor, porque a ética é muito mais abrangente do que os enfoques restritos de um grupo religioso. A idéia parecia válida para os encontros do NEU e não cairíamos na miopia de transformá-lo num "departamento de casa espírita", coisa que ainda muitos estão procurando fazer.
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