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Jane Maiolo |
O que é o mal?
Tu és mestre em Israel e não conheces essas coisas?...
Por Jane Maiolo
Jorge Hessen
Uma das maiores indagações humanas, desde que o mundo é
mundo, é a questão da existência do mal.
O mal existe? Se existe, quem o criou?
Afinal, qual poderia ser a definição plausível para a
questão do mal?
Seria o mal a ausência do bem, consoante conceituava
filosoficamente o pensador Agostinho, teólogo de Hipona, no fim do século IV?
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Jorge Hessen |
Talvez pudéssemos estabelecer que o mal é a consequência natural
dos nossos atos, na condição de incipientes do senso moral e, portanto, desconhecedores
dos sentimentos superiores que carregamos no escrínio da consciência.
Os Espíritos asseguram que o mal nada mais é do que a
ignorância do bem. E o grau de responsabilidade dos atos varia de acordo com o
conhecimento. Assim, em si mesmo, o mal não existe. Será que o mal pode ser
traduzido na forma de sofrimentos, misérias e agravos outros? O mal não é uma
energia inerte ou força dinâmica que brota por si só, porém, é a reverberação natural
da escolha equivocada do Espírito em sua marcha evolutiva quer corporificado ou
incorpóreo.
A vida é bancada pela lógica das nossas livres escolhas, que
podem ser acertadas ou não, portanto, o erro ou o “mal” têm naturalmente um
protagonista, um nome, um sobrenome, um endereço psíquico. Mas não podemos esquecer
de que somos perfectíveis e pelas leis divinas da liberdade, somos regidos pelo
direito de errar com o dever de reparar o “mal” através do serviço no bem no
limite das nossas forças.
Portanto, seria o sofrimento um mal?
A desventura física é o mal?
Quais prejuízos morais derivariam da reprodução do mal?
Se afirmarmos que o sofrimento é um mal em si, então é
preciso desconsiderar as fases do desenvolvimento que passam os seres vivos,
visto que as metamorfoses presentes no reino animal geram cargas de sofrimento
físico. Agonia, aliás, sem o qual não se transformaria em outro ser, tal qual
ocorre com a borboleta e o sapo. Da mesma forma ocorre com a cobra e a águia que não se metamorfoseariam sem
processos árduos e doloridos da natureza.
Obviamente tais sofrimentos estão na ordem natural das
coisas, porém, há de se pensar e destacar o sofrimento moral humano que é uma
escolha de cada um.
Notemos os panoramas de abandono, solidão, maus-tratos, lesões
afetivas, abusos, agressões físicas e psicológicas, preconceitos, a tudo isso titulamos
de mal, embora transitório, mas que não provém de Deus, porém, são expressões materializadas
dos comportamentos da criatura humana no uso inconveniente do livre-arbítrio.
Nesse contexto, não
podemos admitir que tais males sejam a argamassa para ajustar a cerâmica
amorosa da vontade de Deus. O Criador é amor e nos Seus estatutos não há
espaços para o mal. O Autor da Vida dota-nos de liberdade na consciência a fim
de aprendermos com o chamado erro (mal), através do próprio esforço, para a conquista
do bem com foco na eterna felicidade ou aquisição definitiva dos sentimentos
superiores.
O mal se apresenta na consciência da gestante que consome
crack. Se materializa naquele marido que agride a esposa. Na conduta desacertada
que invade a dignidade do trabalhador que jaz furtando na empresa que o emprega.
É a deslealdade entre amigos. É o flerte virtual com pessoas comprometidas
afetivamente com outros corações.
Ampliar a compreensão da essência do que consagramos chamar
de mal é questão de razão e coerência. Lembrando que Deus não é o algoz combatente
do mal. A rigor, o mal não precisa ser combatido, todavia deve ser suplantado
consciente e amorosamente.
Seriam a miséria, a desventura, a dor o enigma do mal? Ora,
o entendimento sobre o infortúnio ser o mal modifica-se sobremaneira quando se abrange
a pluralidade das existências, a imortalidade da alma e a Providência divina. Aliás,
dimensões conceituais e filosóficas que o Espiritismo esclarece sem falazes
rodeios. Sob esse enfoque, a miséria, as dores, as desilusões, a desdita não
são traduções nem abstrações do mal, visto que estamos incursos em vastas
experiências reencarnatórias, e muitas vezes nos desafios da adversidade muitos
sofredores alcançam expandir os sentimentos superiores sob situações intensamente
desafiadoras.
Conclui-se que: O sofrimento há em caráter transitório. A
miséria não perdura para sempre. A dor é passageira. O homem que erra, esbarra
circunstancialmente no mal que não é permanente. Deus é amor, logo é soberanamente
bom e justo. Deus instituiu o livre-arbítrio para os todos os seres
inteligentes. Deus acata as decisões, certas ou erradas, do homem, por isso
jamais penitencia.
O mal somente se conserva pulsante, palpável, visível enquanto
não se percebe a imortalidade e a transitoriedade da forma física na trajetória
evolutiva do homem.
Por mais que o mal derive dos atos circunstanciais e equivocados
do Espírito é absolutamente lógico errarmos e aprendermos com o erro, reparando
o equívoco pela prática do bem, a ter bloqueada a consciência, perdendo a
prerrogativa natural de agirmos livremente, errando e acertando, ante a lei
divina da liberdade que jamais se desvincula da lei de responsabilidade.
A cada um segundo suas obras, disse Jesus. Por isso, a educação
moral moldadas nas lições do Evangelho é, sem dúvida, um dos mais seguros
caminhos para a conquista dos sentimentos sublimados.
Referência Bibliográfica
João 3:10
Jorge Hessen, (DF), É jornalista, historiador e escritor.
Articulista com textos publicados na Revista Reformador da FEB, O Espírita de
Brasília, O Médium de Juiz de Fora, Brasília Espírita, Mato Grosso Espírita,
Jornal União da Federação Espírita do DF. Artigos publicados na Revista
eletrônica O Consolador, no Jornal O Rebate, Jornal A cidade, Portal Para ler e
pensar, site da Federação Espírita Espanhola, site Garanhuns espírita e outros…
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