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quarta-feira, 18 de julho de 2018

Ninguém tem a obrigação de ser espírita e sequer demorar-se nos grupos kardecianos. (Jorge Hessen)

Ninguém tem a obrigação de ser espírita e sequer demorar-se nos grupos kardecianos. (Jorge Hessen)

Jorge Hessen
jorgehessen@gmail.com

Conhecemos centros “espíritas” brasiliense, que elegem como “mentores (as)” os espíritos saturados de atavismos psicológicos do tipo – “pai fulano”, “vovó sicrana”, “vovô beltrano” e correlatos. Nada mais incoerente! Não há como comparar tais “entes” com os espíritos que se apresentam como “ex-padres” e “ex-freiras” do ponto de vista da Codificação Espírita. [1]
Sabemos que no além-túmulo, o espírito não tem raça, portanto não é amarelo, nem vermelho, nem negro, nem branco, não obstante possa apresentar no seu perispírito distinções de alguma casta, idade, se ainda assim se sentir, devido à sua limitação moral e intelectual e ou se assim o apetecer. Como sucedeu numa das reuniões realizadas na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, em que Allan Kardec dialogou com um Espírito de um “velhinho” (Pai César), aliás, exclusivo episódio do gênero referido em toda a Codificação.
Será que há alguma coerência um “vovô”, uma “vovó”, um(a) preto(a) velho(a), ser mentor(a) espiritual de uma instituição cujo estatuto normatize a obrigatoriedade dos estudos das obras básicas? Obviamente não, sobretudo, se tais entidades evidenciarem insuficiente cultura, pouca evolução espiritual, linguajar primário, argumentos místicos e tolos, raciocínios lento e exigirem serem chamados de “vovô”, “vovó”, “preta ou preto velho”.
As comunicações de tais entidades havidas como “mentores espirituais” de uma instituição espírita  resultam da autossugestão mediúnica, do incabível animismo, das ciladas psicológicas e das emperradas mistificações. Não são poucos os obsessores que fingem ser tais entidades e imitam linguajar (de entes de “terreiros”) com o objetivo de iludir e manter sob hipnose os espíritas inábeis.
Nas sessões mediúnicas que administro há mais de 40 anos, se ocasionalmente ocorrer manifestação de tais espíritos (“pais”, “vós”, “vôs”, “pretas ou pretos velhos”, caboclos e análogos), se acolhidos pelo diretor espiritual da sessão, tais espíritos serão orientados adequadamente. Não haverá intolerância ou preconceito contra eles. Mas, analisaremos atentamente sua natureza e o conteúdo de suas comunicações, como fazemos com espíritos de qualquer procedência que se manifeste no grupo.
Na verdade,  tais espíritos, para se comunicarem no grupo mediúnico , não têm necessidades e nem precisam de convite para o uso de linguajar bizarro, incompreensível aos médiuns e aos participantes da reunião. Se tais entidades se apresentam com atavismos da encarnação de ex-escravos, “velhos ou novos”, índios etc. buscamos orientá-los sob a luz do Espiritismo, a fim de que se libertem desses ranços atávicos.
Assim, buscamos esclarecê-los quanto à sua real natureza de espíritos em evolução. Por isso, durante a doutrinação esforçamo-nos para lhes lembrar que já reencarnaram diversas vezes em diferentes condições e, portanto, têm patrimônio espiritual mais vasto, portanto , não necessitam permanecerem quais pássaros presos numa gaiola, alimentando um padrão mental de ingênuos seres algemados ao passado.
Há os que usam sutis subterfúgios, dizendo que se apresentam assim porque tal ou qual encarnação lhes foi muito grata por lhes haver permitido adquirir “virtudes”, especialmente a “humildade” e daí seu desejo em exemplificar. É evidente que esse argumento é capcioso, pois quem conquistou a virtude da humildade não nutre nenhuma necessidade de exibir e ou adotar trejeitos de falsas modéstias.
Algumas pessoas supõem que pretos-velhos, índios e caboclos e semelhados sejam quais empregados domésticos para lhes atenderem aos pedidos caprichosos. Outras acreditam que tais espíritos  tenham poderes misteriosos, capazes de resolver de modo feiticeiro os problemas dos consulentes. Parecem também julgá-los subornáveis, já que aceitariam agir em troca de algum “pagamento” ou “compensação”.
Quando não mais houver estímulos para essas exibições atávica nas instituições espíritas,  tais espíritos deixarão de se apresentar como “pai”, “mãe”, “vermelhos”, “pretos”, “amarelos”, “velhinhos”, “criancinhas”, “selvagens” etc. etc. etc. e passarão a se comunicar em seu modo próprio e natural de ser.
Muitos entendem que os “vovôs”, “vovós”, “caboclos” e “pretos-velhos” e “entidades orientais” são mais enérgicos e fortes. Creem que as proteções que os Espíritos comuns não obtêm os tais mandingueiros conseguem. Nada é mais burlesco!
Não estamos afirmando aqui que o Espiritismo seja uma doutrina melhor do que as outras. Porém, se abraçamos os princípios espíritas como regra de conduta devemos nos comportar consoante recomenda o Espiritismo. Todavia, se ainda temos carência das entidades (“fortes”) repletas de atavismos, busquemos seus espaços de ação (um terreiro por exemplo) e sejamos felizes! Até porque, ninguém tem a obrigação de ser espírita e sequer demorar-se nos grupos kardecianos.
O que não podemos é misturar as coisas. Cada um no seu espaço em plena liberdade de escolha.
Pensemos, nisso!
Referência:
[1] Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=Ft7_VJ-hCKg  acesso 13 de julho de 2018

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