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sábado, 14 de julho de 2018

CURTO-CIRCUITO COGNITIVO-ESPIRITUAL

CURTO-CIRCUITO COGNITIVO-ESPIRITUAL

Luiz Carlos Formiga

Jorge Andréa, médico-psiquiatra diz que existem três variedades de inteligência que, apesar de se apresentarem em seus degraus, correspondem a um só bloco com uma única origem espiritual. Assim, uma linha horizontal representaria o coeficiente de inteligência (QI), a posição mais simples de pequeno desenvolvimento.
A partir da década de 90 do século XX, nasce a chamada inteligência emocional, o denominado QE, podendo ser representado por linha oblíqua, de modo a traduzir um grau mais avançado de inteligência. Uma linha vertical representaria o mais expressivo grau de inteligência, a espiritual, o QS. Nesta, as ligações neuronais alcançariam posições bastante complexas, com ativa participação da base cerebral, zona do conhecido lobo límbico.
Este modelo mais aparelhado engloba todos os graus de inteligência, com pensamentos ordenados, participando das criações psicológicas em que a intuição representa a mola mestra do processo. (1)
E os fetos anencéfalos?
Estatisticamente, 75% deles já nascem mortos e os que sobrevivem tem uma expectativa extrauterina em torno de 48 horas. Se há dúvidas sobre o diagnóstico, é possível que abortos sejam autorizados para casos que não são de anencefalia. É importante comparar o caso do anencéfalo com outras situações, mas que não autorizam  a decretação da morte do paciente. A vida humana não pode ser relativizada com base em critério subjetivo e arbitrário. Havendo vida e vida humana, atributo do feto e bebe anencéfalo, se está diante de um valor jurídico fundante e inegociável.
Independentemente das características que assuma, a vida vale por si mesma mais do que qualquer bem humano supremo.  A dignidade está presente no ser humano que esteja vivo, ainda que sofra de doença terminal ou esteja potencialmente causando sofrimento a outro ser humano. Cabe referir que um corpo pode existir sem alma, não sendo homem mas massa de carne sem inteligência. Que é a alma? A resposta no “Livro dos Espíritos” diz que é “um espírito encarnado”. Mas, que era a alma antes de se unir ao corpo? “Um Espírito”.
Depois dos anos 2000 surge a revolução da informação, para ampliar conquistas admiráveis. Hoje há imperiosa necessidade do autoconhecimento. Essa revolução nos traz a realidade da imortalidade da alma e da reencarnação. Quanto mais desenvolvidas as inteligências, cognitiva,  emocional e principalmente espiritual, maior a distância entre o Deus dos universos e aquele feito à imagem humana. (2)
Diante do feto, de vida breve, pode-se dizer que para encontrar o sentido dessa vida, e do sofrimento, não é necessário adquirir a certeza do fadista: “foi Deus que deu luz aos olhos, perfumou as rosas, deu ouro ao sol  e prata ao luar.” (3) Mesmo sem Deus podemos enfrentar a dor na alma, mas tudo se torna mais fácil quando sabemos que foi Ele que deu voz ao vento.
Enfatizamos que viver em condições de sofrimento é encontrar sentido na dor.
Diz Allan Kardec: "às penas que o espírito experimenta na vida espiritual ajuntam-se as da vida corpórea, que são consequentes às imperfeições do homem, às suas paixões, ao mal uso de suas faculdades e à expiação de presentes e passadas faltas."
Emmanuel comenta, no Livro Justiça Divina, psicografado por Chico Xavier  - “O caluniador está sentenciado à repressão da própria língua,  o ofensor está sentenciado ao ferrete da consciência, o criminoso está sentenciado a carregar consigo o padecimento das próprias vítimas.
Sentenciados, sim! A vida, porém, não nos suplicia pelo prazer de atormentar. À face de nossa destinação à suprema felicidade, estamos intimados ao bem, impelidos ao progresso, endereçados à educação e policiados pela justiça. Cada conta exige resgate proporcional aos débitos assumidos, com o remorso de quebra.”
Nesta hora de eleição, vamos lembrar o Ministro Cezar Peluso e seus argumentos em favor da vida intrauterina. Ele é quem diz: “a natureza não tortura.” (4)
Diante de um feto teratológico há dor na alma. O sofrimento psíquico é inerente à vida humana, mas não é coisa que lhe degrade a dignidade. O crime de aborto pressupõe gravidez em curso e que o feto esteja vivo.   
O ordenamento jurídico reconhece o indivíduo ainda no seio materno como sujeito de direito, enquanto portador de vida. Ele não é uma coisa, e não sendo, também, objeto de direito alheio, a mãe não tem poder jurídico de disposição sobre o filho anencéfalo!
A alegação de que a morte possa ocorrer no máximo algumas horas após o parto em nada altera a conclusão segundo a qual, atestada a existência de vida em certo momento, nenhuma consideração futura é forte o bastante para justificar-lhe deliberada interrupção. De outro modo, seria lícito sacrificar igualmente o anencéfalo recém-nascido e ainda com vida.
Uma mulher tem o direito de levar a termo uma gestação com uma criança seriamente afetada, mesmo quando isso representa uma carga financeira e social imensa para toda a sociedade. A ausência de perfeição ou potência, embora tenda a acarretar a morte nas primeiras semanas, meses ou anos de vida, não é empecilho ético nem jurídico ao curso natural da gestação, pois a dignidade imanente à condição de ser humano não se degrada nem se decompõe só porque seu cérebro apresenta formação incompleta. 
O doente de qualquer idade, portador de enfermidade incurável, de cunho degenerativo, em estado terminal, sofre e também causa sofrimento, mas não pode, por isso, ser executado. Na ínfima possibilidade de sobrevida, na sua baixa qualidade ou na efêmera duração pressuposta, o argumento para ceifa-la por impulso defensivo, por economia ou por falsa piedade, é insustentável à luz da ordem constitucional que declara, sobreleva e assegura valor supremo à vida humana. Pergunta o Ministro: como infringir a pena de morte ao incapaz de pressentir a agressão e de esboçar qualquer defesa?  Por outro lado, se desumanizarmos o embrião, aí sim, poderemos adormecer consciências.
A mesma pessoa que argumenta contra o aborto, em defesa da vida intrauterina, pode ser encontrada entre os que apoiam governos materialistas, adeptos da “morte in útero”, através do voto e nas redes sociais. Como explicar a incoerência?
Tenho na minha família um refém “em curto”. Ele me lembra o estado psicológico encontrado na síndrome de Estocolmo, pois está apaixonado pelo seu político populista-sequestrador.
Em relação à cultura da morte, entre nós, um dos primeiros atos foi assinatura do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, onde há o compromisso de legalizar o aborto no Brasil. Em Abril de 2005, foi apresentado à ONU um documento com o compromisso de  legalizar o aborto durante aquele mandato presidencial.
A descriminalização do aborto seria diretriz do programa de governo inclusive  para um segundo mandato. Em setembro de 2009, foram condenados, por infração contra a Ética Partidária, dois deputados federais, da base aliada, por terem se posicionado contra o aborto.
Em junho de 2012, o governo declara que o sistema de saúde acolheria mulheres que desejassem fazer aborto e as orientaria na utilização correta dos métodos. O argumento foi que é crime praticar o próprio aborto, mas não é crime orientar uma mulher na sua realização.
No ano seguinte, 01 de agosto, foi sancionada a Lei 12.845. Que 2013! Que agosto! Que desgosto! (5)
Candidatos a cargos eletivos se camuflam e, como cordeiros paz e amor, podem subir ao monte da autoridade e do poder, porém, enganam o povo e o esquecem depois. São tiranos disfarçados em condutores envenenando a alma da multidão.
Um político influente questionou: “somos uma seita, guiada por uma pretensa divindade, onde quem fala a verdade é punido e os erros e ilegalidades são varridos para debaixo do tapete?”
 Podemos encontrar políticos adeptos de “uma seita que navega no terreno pantanoso do sucesso sem crítica, do poder sem limites, onde a corrupção, os desvios, as disfunções que se acumulam são apenas detalhes”. Nestas condições de “religiosidade sequestrada” acontece o “curto-circuito cognitivo-afetivo-espiritual”, um colapso imprevisto no funcionamento mental, que pode provocar problemas, quando “nada parece importar, nem mesmo o erro de eleger e reeleger um mau governo”. (6)
A esperança é a última que morre, mas tudo parece não ter solução. Já comentamos sobre a desesperança anteriormente. (7)
Quem canta seus males espanta!
Fiquemos então com o churrasco e o bom samba brasileiro.
Já não se pode esperar nem mesmo acreditar no que eles todos disseram, irmão. E não se pode pensar que alguém vem nos salvar e nos dar o teto e pão. Morrem pessoas lá fora a cada dia que passa aumenta a fumaça e o povo bebe a cachaça, tentando esquecer a sua opinião.
Ficam as pessoas aflitas sem direção passando fome e a preguiça cedendo ao dragão.
Tudo passa. Tudo fica sem solução. (8)

Leia mais
2.   Anestesia, Deus e Dor Humana. Artigo a ser publicado no dia 29 de julho de 2018. Revista “O Consolador”. http://www.oconsolador.com.br/ano12/575/especial.html

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