Como ocorre hoje, também por ocasião
do seu advento sofreu o Espiritismo ataques dos interessados em enfraquecê-lo. Muitos,
o seu codificador Allan Kardec desconsiderou por entendê-los infantis. Dos que
lhe mereceu atenção, dois publicou no “O livro dos Espíritos”, introdução, itens
XVI e XVII, os quais analisamos.
XVI: (...) “Segundo a primeira dessas teorias,
todas as manifestações atribuídas aos Espíritos não seriam mais do que efeitos
magnéticos. Os médiuns se achariam num estado a que se poderia chamar sonambulismo desperto, fenômeno de que podem dar testemunho todos os que hão estudado o magnetismo. Nesse estado, as faculdades intelectuais
adquirem um desenvolvimento anormal; o círculo das operações intuitivas se
amplia para além das raias da nossa concepção ordinária. Assim sendo, o médium
tiraria de si mesmo e por efeito da sua lucidez tudo
o que diz e todas as noções que transmite, mesmo sobre os assuntos que mais estranhos
lhe sejam, quando no estado habitual” (...) Resumindo: as comunicações espirituais
não teriam como fontes os Espíritos.
Mesmo imbuído de muito boa vontade, não há
como admitir tais observações, considerando-se;
a) Por que poderiam manifestar
conhecimentos “todos os que hão estudado o magnetismo”, se é comum encontramos
médiuns sem conhecimento superior, incultos mesmo, ditarem páginas lúcidas, de
português correto e em harmonia com o bem comum?
b) Como seria possível alguém “tirar
de si mesmo e por efeito da sua lucidez”, no
uso, portanto, de
suas faculdades, o ridículo desejo de falar, gritar, gesticular desordenadamente em
plena via pública, como é comum acontecer?
c) Se não são os espíritos, ou seja,
inteligências estranhas que influenciam os médiuns, como explicar se algum,
tomado “por efeito da sua lucidez”, consciente, portanto, se expresse,
revelando opiniões divergentes, ora a favor, ora contra os princípios Espiritistas?
Allan
Kardec que havia estudado o magnetismo por mais de 35 anos se manifestou: (...)
“Pode considera-se o sonambulismo uma
variedade da faculdade mediúnica, ou, melhor, são duas ordens de fenômenos que
freqüentemente se acham reunidos. O sonâmbulo age sob
a influência do seu próprio Espírito; é sua alma que, nos
momentos de emancipação, vê, ouve e percebe, fora dos
limites dos sentidos. O que ele externa tira-o de si mesmo.”(...) (1) É
o que se dá na regressão da memória, quando o individuo ao entrar em estado sonambúlico
pode ver, ouvir, perceber, ou revelar um passado retido no seu inconsciente,
sem, no caso, agir como médium. (...) “O médium, ao contrário, é instrumento
de uma inteligência estranha; é passivo e o que diz não vem de si. Em resumo, o
sonâmbulo exprime o seu próprio pensamento, enquanto que o médium exprime o de outrem.
Mas, o Espírito que se comunica com um médium comum também o pode fazer com um
sonâmbulo.” (...) (2)
Como
vemos, pode ocorrer uma ou outra situação ao sonâmbulo, ou seja, como sonâmbulo
terá sensações próprias e agirá por suas próprias faculdades, como médium,
entretanto, estará exposto a uma inteligência fora dele.
Melhor, seria, pois, que os detratores admitissem
estarem os médiuns, sendo impulsionados por espíritos, seres inteligentes, do
que aceitarem a esquisita façanha que: “o médium é o reflexo de toda a
Humanidade, de tal sorte que, se as inspirações não lhe vêm dos que se acham a
seu lado, ele as vai beber fora, na cidade, no país, em todo o globo e até nas
outras esferas.” (3)
Conclui, pois, o codificador no item XVII: “(...)
“Alguns astrônomos, sondando o espaço, encontraram, na distribuição dos corpos
celestes, lacunas não justificadas e em desacordo com as leis do conjunto.
Suspeitaram que essas lagunas deviam estar preenchidas por globos que lhes
tinham escapado à observação. De outro lado, observaram certos efeitos, cuja
causa lhes era desconhecida e disseram: Deve haver ali um mundo, porquanto esta
lacuna não pode existir e estes efeitos hão de ter uma causa. Julgando então da causa pelo efeito,
conseguiram calcular-lhe os elementos e mais tarde os fatos lhes vieram
confirmar as previsões. Apliquemos este raciocínio a outra ordem de idéias. Se
se observa a série dos seres, descobre-se que eles formam uma cadeia sem
solução de continuidade, desde a matéria bruta até o homem mais
inteligente. Porém, entre o homem e
Deus, alfa e ômega de todas as coisas, que imensa lacuna! Será racional
pensar-se que no homem terminam os anéis dessa cadeia e que ele transponha sem
transição a distância que o separa do infinito?
A razão nos diz que entre o homem e Deus outros elos necessariamente
haverá como disse aos astrônomos que, entre os mundos conhecidos, outros
haveria, desconhecidos. Que filosofia já preencheu essa lacuna? O Espiritismo
no-la mostra preenchida pelos seres de todas as ordens do mundo invisível e
estes seres não são mais do que os Espíritos dos homens, nos diferentes graus
que levam à perfeição. Tudo então se liga, tudo se encadeia, desde o alfa até o
ômega. Vós, que negais a existência dos Espíritos, preenchei o vácuo que eles
ocupam. E vós, que rides deles, ousai rir das obras de Deus e da sua
onipotência!.” (4)
Cachoeiro de Itapemirim, ES.
(1) – (2) - L. Médiuns,
cap. XIV - 172
(3) - L.E. Introd - XVI
Domingos Cocco
E-mail: domingoscocco1931@yahoo.com.br
Telefone: (028) – 3522-4053 - CEP 29304-590
Rua Raul Sampaio Cocco - n° 30 Antiga Neca Bongosto – bairro Sumaré
Cachoeiro de Itapemirim – Estado do Espírito Santo
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