Por Leonardo Paixão (*)
Tema que sempre gera polêmica na época do fim de ano e do verão é a questão de se parar na Casa Espírita com esta ou aquela atividade. Não se há férias na Casa Espírita, pois o significado de férias é o de descanso coletivo e, em regra, isso não ocorre na Casa Espírita, há sim os irmãos e irmãs que viajam no verão e em festas de fim de ano, porém, isso não representa a Casa Espírita fechar as portas.
Trabalho é que não falta nas agremiações espiritistas seja em que época do ano for. No entanto, por ausência de trabalhadores, algumas atividades poderão não ter como se lhes dá continuidade. Assim como, por decisão da direção da Instituição, pensando o momento, certos trabalhos poderão ter um intervalo neste período. Consideramos que as palestras públicas, a permanência de uma atividade de estudo, especialmente, das Obras Básicas, é o que não se deverá parar, e outros trabalhos como os de aconselhamento para os que recorrem aos núcleos espíritas amargurados, angustiados, questionadores.
Obviamente que o ideal seria que se desse continuidade a todas as tarefas que a Casa Espírita tem por proposta, se apresenta uma questão grave, porém: no nosso atual estágio evolutivo, estamos preparados para seguirmos sem uma parada com este ou aquele trabalho que voluntariamente aderimos? Quantos irmãos e irmãs por vezes nos dizem que, ao chegar esta época do ano se sentem exaustos, esgotados, bastante estressados?! Um período de repouso em algumas atividades e realização de outras seja na Casa Espírita ou nas localidades em que se estiver será que não poderão contribuir para um refazimento de energias, claro que não esquecendo da responsabilidade na conduta.
Claro que temos exemplos de trabalhadores incansáveis como Chico Xavier e Divaldo Pereira Franco, no entanto, percebemos que, mesmo nas esferas espirituais próximas à Terra, como a Cidade Espiritual Nosso Lar, os trabalhadores necessitam de descanso. Vejamos o que nos narra André Luiz no capítulo 36 do livro "Nosso Lar":
"Nada obstante o convite amável da genitora de Lísias para que voltasse a casa por descansar. Tobias pôs à minha disposição um apartamento de repouso, ao lado das Câmaras de Retificação, e aconselhou-me algum descanso. De fato, sentia grande necessidade do sono. Narcisa preparou-me o leito com desvelos de irmã.
Recolhido ao quarto confortável e espaçoso, orei ao Senhor da Vida agradecendo-Lhe a bênção de ter sido útil. A "proveitosa fadiga" dos que cumprem o dever não me deu ensejo a qualquer vigília desagradável" (Grifos nossos).
Percebe-se que a necessidade de repouso do corpo perispirítico ainda denso, como no caso de André Luiz, mesmo já trabalhando no auxílio aos enfermos de vária ordem se fez preciso.
Encontramos também em "Nosso Lar" a questão das férias propriamente ditas, narra André Luiz, no capítulo 8 - Organização de Serviços -, estes esclarecimentos de Lísias:
"- Ali vive o nosso abnegado orientador. Nos trabalhos administrativos, utiliza ele a colaboração de três mil funcionários; entretanto, é ele o trabalhador mais infatigável e mais fiel que todos nós reunidos. Os Ministros costumam excursionar noutras esferas, renovando energias e valorizando conhecimentos; nós outros gozamos entretenimentos habituais, mas o Governador nunca dispõe de tempo para isso. Faz questão que descansemos, obriga-nos a férias periódicas, ao passo que, ele mesmo, quase nunca repousa, mesmo no que concerne às horas de sono. Parece-me que a glória dele é o serviço perene. Basta lembrar que estou aqui há quarenta anos e, com exceção das assembleias referentes às preces coletivas, raramente o tenho visto em festividades públicas. Seu pensamento, porém, abrange todos os círculos de serviço, sua assistência carinhosa a tudo e a todos abrange" (Grifos nossos).
Não queremos aqui justificar a parada desta ou daquela atividade na Casa Espírita com o ensinamento dos Espíritos, mas eles, compreendendo a necessidade de repouso como Lei Natural (questões 682 e 683 de O Livro dos Espíritos), não deixam de a respeitar e praticam-na.
Outra questão muito levantada neste período em relação às atividades na Casa Espírita, é a referente às reuniões mediúnicas: deve-se parar ou não?
Antes de responder a esta questão deixemos aqui palavras do Dr. Bezerra de Menezes sobre esta questão ao narrar a História de Leonel e os Judeus no livro "Dramas da Obsessão" por Yvonne Pereira:
"Em verdade ser-nos-ia dispensável aquela reunião [mediúnica]. Resolveríamos, sim, o lamentável drama espiritual, dispensando o concurso humano. Mas três fatores existiam, poderosos, que nos animavam ao feito: - ensinamento e aprendizado para os próprios homens, que urgentemente necessitam conhecer os grandes dramas da Humanidade distendidos para o Além-Túmulo; ensejo para os médiuns e cooperadores terrestres nos setores da Fraternidade, que assim se habilitariam à prática de inestimável feição de Beneficência, e mais facilidade para a conversão dos endurecidos Espíritos diante do fenômeno mediúnico-espírita, cujo aspecto impressionante é de grande importância para um desencarnado" (Grifos nossos).
Diante destes esclarecimentos do Dr. Bezerra de Menezes, ficamos a pensar que se passaram dezoito séculos sem que houvessem reuniões mediúnicas de desobsessão e, por isso, este trabalho não era realizado no Além? Pelo contrário, Dr. Bezerra deixa bem claro em sua afirmação: "Resolveríamos, sim, o lamentável drama espiritual, dispensando o concurso humano", deixando claro que os Espíritos possuem recursos, inclusive o da mediunidade no Além, conforme narrado em livros como "Memórias de um Suicida" e nas obras de André Luiz e Manoel Philomeno de Miranda, respectivamente. Portanto, mediunidade é de ensinamento e aprendizado para nós, é onde aprendemos a enxergar de perto as consequências de nossos atos bons ou ruins.
Em se falando de reuniões mediúnicas e período de férias, preciso é se pensar naqueles companheiros (as) que se comprometeram com seus filhos a levá-los a este ou aquele local em viagem no verão; daqueles que aproveitam este período para visitar parentes distantes, muitos estando até enfermos; nos cabe aqui a compreensão para com eles e lembramos aqui do capítulo 22 - Ausência Justificada - do livro "Desobsessão", de André Luiz:
"Frequentemente, surge o caso da impossibilidade absoluta de comparecimento desse ou daquele companheiro às atividades predeterminadas.
Uma viagem rigorosamente inadiável...
Um problema caseiro de grave expressão...
Exigência profissional inopinada...
Enfermidade súbita...
Que o amigo numa situação assim não olvide o compromisso em que se acha incurso na obra de desobsessão e expeça um aviso direto, sempre que possível com antecedência mesmo de horas ou minutos, ao dirigente da reunião, justificando a ausência, para evitar indisciplinas que ocorrerão fatalmente, no campo mental do grupo, através de apreensões e considerações descabidas.
De qualquer modo, ainda mesmo com número reduzido de participantes, a reunião pode ser efetuada".
Seria ideal não se parar com tal atividade, mas, se a direção da Casa decide por parar, isto nos deixaria sem trabalho? E os estudos? as palestras públicas? Os passes? Os aconselhamentos? Tudo isso não é trabalho? Também não é mediunidade em ação pelas vias da intuição? Não seria apego aos trâmites fenomênicos àqueles que insistem em que tal atividade não pode parar? O que é essencial: a reforma moral ou a mediunidade? Reflitamos.
Seria e é muito nobre a Casa que não para com nenhuma de suas atividades. repetimos, este o ideal, porém, que não julguemos o que isto realizam, pois, como falamos acima, há atividades que não deixam de ser realizadas.
Encerrando este artigo, deixamos aqui a mensagem Férias Espíritas, do Espírito Albino Teixeira, psicografia de Chico Xavier e que consta no livro "Caminho Espírita", lição 77. Os Espíritos atentos a este período não nos deixaram órfãos de Instrução.
FÉRIAS ESPÍRITAS
Dedicamos aos companheiros espíritas algumas sugestões para o tempo de férias.
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Viajar, se possível, no rumo de instituição consagrada à assistência, cooperando, por alguns dias, no tratamento de irmãos em provas maiores que as nossas como sejam; os obsidiados em posição difícil ou os doentes semidesamparados.
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Devotar-se à pregação ou a conversação doutrinária, nos lares de caridade pública, onde estejam irmãos hansenianos, tuberculosos ou portadores de moléstias que requisitem segregação.
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Auxiliar, de algum modo, aos que jazem nos cárceres.
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Ensinar os princípios espíritas, evangélicos, nas organizações doutrinárias mais humildes, comumente sediados na periferia de cidade ou vilas, colaborando na sementeira da Nova Revelação.
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Executar um programa de visitas fraternas aos paralíticos, cegos, enfermos esquecidos ou agonizantes no local de residência.
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Observar com respeito e discrição o ambiente doméstico das viúvas em abandono,
enumerando sem alarde as necessidades materiais que aí se destaquem e atendendo-as,
quanto seja possível.
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Contribuir com algum serviço pessoal para a segurança e conforto do templo espírita que nos beneficiam, quais seja; a pintura ou renovação de paredes, a restauração de utilidades, a reparação de livros edificantes ou tarefas concernentes à ordem e à limpeza em geral.
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Reunir material de instrução doutrinária, tais como; jornais e impressos espíritas, distribuindo-os através de prisões e hospitais, onde permanecem irmãos desejosos de mais
amplos conhecimentos.
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Costurar para os necessitados, principalmente no sentido de melhorar a rouparia de
orfanatos, creches e lares outros de assistência espírita-cristã.
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Preparar o enxoval para algum pequenino, em vias de renascer nos distritos de penúria e sofrimento.
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Criar a alegria de um enfermo, largado ao próprio infortúnio, ou de uma criança que a provação situou em constrangedoras necessidades.
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Pense nas suas férias e não permita que a sua oportunidade de elevação venha a escapar.
Albino Teixeira
(*) Leonardo Paixão é trabalhador espírita em Campos dos Goytacazes, RJ, colaborando com um grupo de amigos de ideal no Grupo Espírita Semeadores da Paz.
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