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Luiz Carlos Formiga |
Tags: mediunidade, imortalidade, reencarnação, Chico Xavier,
Hermínio Miranda, Carlos Rizzini, Vilma de Macedo Souza.
Comentei meus problemas com o computador. Após explicar o que ocorria o amigo me disse que deveria ser problema de BIOS. Para não revelar ignorância, fiquei calado.
Depois descobri que BIOS era abreviatura de “Baita Ignorante Operando o Sistema”. Lembrei porque não encontrei na WEB um artigo de Hermínio C. Miranda, sobre a mediunidade de Chico Xavier. Seria um problema de BIOS?
A verdade é que endereços eletrônicos desaparecem. Ignorante, perdi artigos em sítios espíritas que desapareceram. Desagradável, mas necessário, publicar artigos em locais diferentes para preservar a memória para os bisnetos. Sinto-me desconfortável quando criticam o número de links no final de cada artigo. Mas, foi frustrante não encontrar o recado de Hermínio.
Nele, o autor explica dizendo: “Chico nossos amigos da “Folha Espírita” me pediram algumas linhas do seu trabalho, nesse momento em que se comemora mais uma etapa vencida na sua trajetória.”
Chico fazia 50 anos de mediunidade e a Folha Espírita sairia Em Revista, numa Edição Especial Comemorativa dos 50 Anos de Mediunidade de Chico Xavier, SP. SP. 1977. Na diretoria encontramos nomes inesquecíveis: Freitas Nobre, Jamil N. Salomão, Marlene Nobre e Paulo Rossi Severino. Uma fotografia de Chico feita por Freitas Nobre seria a Capa, com o médium em peregrinação aos bairros pobres de Uberaba.
Começava com um poema-homenagem composto por Eurícledes Formiga e termina com artigo de Stig Roland Ibsen, sobre A Obra Psicográfica em Completo Levantamento. Na página 109 vamos encontrar o texto de Hermínio Miranda intitulado Recado Para Chico Xavier.
Quando lemos Hermínio guardamos a revista, que está apenas amarelada. Abri com cuidado. Livros e revistas antigos me fazem espirrar.
O articulista informa que não falaria a Chico em nome da comunidade espírita, daria apenas seu testemunho pessoal. O que falaria o leitor se fosse pessoa escolhida pela Folha Espírita?
Hermínio lembra que poucas vezes teve o privilégio de estar com o médium e que não teve nenhuma oportunidade de conviver com o ele. No entanto, sabia que era avesso a manifestações e quanto o elogio lhe era penoso. Por isso, tentaria passar ao largo dos elogios desnecessários e inoportunos.
Hermínio então fala de sua obra mediúnica, começando com aquela que mais o impressionou – Parnaso de Além Túmulo. E, chega a que lhe causou a emoção mais profunda e amadurecida – Paulo e Estevão.
Pensei no que eu teria escrito e como encerraria o recado. Aí, a autoanálise me revelou a condição de BIOS, pela segunda vez.
No final, Hermínio diz:
Chico, que nesta hora em que comemoramos a alegria de tê-lo tido conosco tão longa e fecundamente, vem-nos o impulso vigoroso de vencer de alguma forma as defesas da sua humildade, para aconchegá-lo junto ao nosso coração, sem dizer uma só palavra que poderia entristecer você, porque onde fala a emoção o elogio fica barato, inútil, apagado, inoportuno, quase sacrilégio.
Aceita, pois, amigo e irmão, o respeito, o carinho e a gratidão daquele que fala apenas por si mesmo, mas que sente à sua volta a alegria de todos os que também o amam fraternalmente. (1)
Dois autores espíritas que gosto de ler são Hermínio Miranda (1) e Carlos Rizzini (2)
Não conhecemos Carlos Rizzini pessoalmente, mas trocamos algumas correspondências. Como fazem alguns espíritos, subimos até faixa elevada, onde se situava o pesquisador. Foi assim que colocamos um pouco de seu pensamento no artigo “O que espero de meus médicos”. (3)
Considerando o homem apenas matéria, a nossa ciência é ciência da matéria. Assim, estamos em permanente crise moral e é natural que a ética não seja considerada, uma vez que os valores morais não têm qualquer significação para o mundo físico. Quando se examinam as propriedades da matéria nenhuma questão moral entra em cena. Uma droga poderá ser muito útil ou maléfica, conforme o uso que dela se faça; não é nem boa nem má.
O problema é que estendemos as leis da matéria a todos os setores de investigação. Neste nível do conhecimento os valores éticos, de índole imponderável e imaterial, não se ajustam.
A sociedade age de maneira coerente, pois sem a certeza da vida após a morte, não tem sentido falar-se em moralidade. Preceitos éticos destinam-se ao aperfeiçoamento espiritual, com vistas a uma existência mais perfeita, mesmo e principalmente após a morte do corpo físico. (4)
Pertinente lembrar que foi sobre a pedra angular do espírito imortal que Jesus fundou o Cristianismo. Sem conhecer a base fatual sobre a qual se construiu o edifício ético, a moral fica com aparência de espuma flutuante.
A miopia espiritual desaparece após a obtenção de um seguro conhecimento da imortalidade da alma e das diversas evidências científicas sugestivas da reencarnação.
Sobre estes postulados da Doutrina dos Espíritos, a educadora Vilma de Macedo Souza nos trouxe letras e músicas para a evangelização infantil, também útil aos adultos nos primeiros passos com Kardec. (5)
Eu pensava que a morte existia
Que tristeza, que tristeza
Eu pensava que a gente morria
Que incerteza, que incerteza
Hoje eu sei que a vida continua
Que alegria, que alegria
Hoje eu sei sou espírito reencarnado
Obrigado senhor, obrigado.
Sobre imortalidade, Jesus deu aulas práticas a Tomé, principalmente demonstrando resistência à tortura, serenidade na morte, sem estocar reservas emocionais negativas, e, posteriormente com seu retorno à sua presença.
Em 2012, um periódico de Medicina Legal abordou o sacrifício de Jesus, a tortura e a sua morte, apontando para seu desfecho com a embolia pulmonar; a ruptura cardíaca; o trauma suspensão; a asfixia; a ferida da facada fatal e o choque.
No oitavo dia, portas e janelas fechadas, Jesus novamente apareceu no meio deles e sua voz ecoou: "A paz seja convosco!"
Tomé, coração acelerado, embargado de pranto, vê Jesus se aproximar e dizer: "Vem, Tomé, introduz aqui o teu dedo e vê as minhas mãos. Põe a mão do meu lado e não sejas incrédulo, mas crê".
Completamente vencido pelo amor do Cristo, Tomé cai de joelhos e clama com todas as suas forças: "Meu Senhor!" (6)
Fica clara a visão de Tomé após a obtenção do seguro conhecimento da imortalidade da alma. Mas como entender as “engrenagens da máquina” da reencarnação?
Quando a estamos discutindo sempre surge uma questão. O câncer é uma doença que eclode em virtude da Lei de Causa e Efeito? Que tipo de erro cometeu a pessoa, em vida anterior, para ter que passar por essa dor?
A pergunta é pertinente. Um leproso moral poderia dar origem a Hanseníase Virchowiana. Este polo da doença sem tratamento pode dar origem a severas deformações. Lembrou-se de Marcondes? (7)
Alguns podem interpretar a doença como castigo divino, a vingança de um Deus antropomorfo.
A Lei Natural é corretiva e atua primariamente no campo psicológico, sendo que as circunstâncias físicas são apenas um meio pelo qual a meta educativa é alcançada. A reação no plano físico não é exata. A finalidade do sofrimento não é punitiva, mas corretiva.
O indivíduo que prejudicou o semelhante de maneira grave precisa sentir na própria pele a dor que o outro experimentou, a fim de reeducar-se e quando posto de novo numa situação em que tenha oportunidade de reincidir, ele seja capaz de resistir. (8)
No seu “recado”, Hermínio começa fazendo consciente autoavaliação. Sabedor de que estamos em “dependência”, de algumas disciplinas na escola da Terra, o escritor espírita confessa: “não trago comigo as credenciais da autoridade e consciente das limitações que me envolvem, não venho falar a voce Chico em nome da comunidade espírita. Trago-lhe apenas o testemunho pessoal de um trabalhador que como você, foi aceito na seara imensa de Jesus.” E, talvez, lembrando o sentimento de inferioridade de Emmanuel, após voltar de incursões feitas a faixas mais elevadas das diversas moradas da casa do Pai, comenta os diversos tipos de trabalhadores, incluindo os da última hora. Diz Hermínio que: “variam ao infinito as qualificações dos operários do Senhor, desde aqueles que já se redimiram junto a Ele até aos outros, como eu, que ainda se empenham em tarefas incomparavelmente mais modestas. “
Sobre as moradas diversas, Vilma de Macedo Souza deixou letra e música. (5)
TELESCÓPIO
Depois que o homem
Inventou o telescópio
Até parece que o Universo cresceu
E onde pensava, não haver mais nada
Milhões de sóis
E outras galáxias percebeu
São, são as muitas moradas
As muitas moradas da casa do Pai
Por muitos destes mundos
O espírito passa
E evoluindo ele vai, vai...
Emmanuel disse que para ele e outros espíritos trazerem as mensagens que nos ditam na Terra, eles necessitam subir a faixas mais elevadas, para estar com os Espíritos do Senhor.
Diz o mentor espiritual de Chico Xavier que os Espíritos de Luz descem a essas faixas mais elevadas do planeta, onde ele e seus companheiros conseguem subir, para que recebam “aulas” e depois possam deixar para os encarnados os ensinamentos, da maneira como podem, através da mediunidade com ética.
Emmanuel disse ainda que, tanto ele quanto seus companheiros se sentiam como crocodilos, na presença daqueles Espíritos Sublimados. (9)
“Crocodilo” Chico Xavier, talvez pensando em Francisco de Clara, disse que se considerava apenas um “cisco”. A palavra pode ser definida como pó, miudezas de carvão. Embora tivesse um talento extraordinário, Chico sempre lecionou humildade. (10)
Leitura adicional
(1) Esboço da biografia de Hermínio Miranda (1920-2013)
(3) O que espero de meus médicos.
(4) Ética e terceiro milênio.
(5) Vilma de Macedo Souza
(6) Jesus, Tomé e Nós
(7) Admiráveis e Poderosos
(8) Doenças escolhidas.
(9) Crocodilos
(10) Talento extraordinário.
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