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domingo, 9 de agosto de 2015

DIÁLOGO MEDIÚNICO - “DOUTRINAÇÃO”



CONCEITO

A Doutrinação é a conversa mantida com uma entidade desencarnada infeliz com o propósito de convencê-la a renunciar aos seus maus intentos ou a despertar o arrependimento e o desejo do bem, através de instruções habilmente dirigidas. É um trabalho de esclarecimento, de iluminação de consciência, uma terapia onde estão associadas à informação lógica, que rompe barreiras mentais e auxilia a razão e o amor bem vivido, que arrebenta as algemas do ódio e da indiferença, proporcionando o perdão. 

O DOUTRINADOR

É aquele(a) companheiro(a) a quem, no grupo mediúnico, cabe a responsabilidade de dialogar com as entidades comunicantes necessitadas de ajuda e esclarecimento. Só quando a ocasião assim o exigir, e atendendo ao pedido do doutrinador, é que outro integrante do grupo mediúnico pode participar desse diálogo. 

REQUESITOS DO DOUTRINADOR

O trabalho de ajuda e esclarecimento às entidades desencarnadas infelizes só será possível se ocorrer um clima de total doação e de sincero e profundo amor fraterno, o que o torna uma atividade do coração. Não há espaço para meia-verdade, fingimentos, indiferenças, comodismo ou despreparo para a tarefa. Daí a necessidade do doutrinador possuir certas qualidades, como: a) Autoridade moral – Sabemos que ainda temos mazelas e erros graves a corrigir, mas como doutrinador temos que nos esforçar, mais que o usual, para melhorar nosso padrão ético e moral a fim de que os objetivos do trabalho sejam alcançados. “O ascendente que o homem pode exercer sobre os espíritos inferiores está na razão de sua superioridade moral.” (Allan Kardec) Daí a importância da abstenção de vícios e condutas morais impróprias, pois não raro, os desencarnados acompanham os passos do doutrinador para aferir seu comportamento. Além do mais, sua vigilância, fará com que não sintonize, durante e depois da reunião, com as vibrações agressivas e desarmonizadas das entidades inferiores. 

b) Fé viva, positiva e inabalável – Sem ela o doutrinador estará vulnerável, pois abdica de um valioso e importante instrumento de trabalho, uma vez que sua tarefa depende essencialmente da confiança que deposite na assistência espiritual de que se faz portador e da certeza que os benfeitores espirituais que o assiste trarão os recursos de que precise para socorrer as entidades comunicantes sofredoras. 

c) Amor e caridade – O amor é condição primordial para a sustentação do teor vibratório que do Alto nos é ofertado para os trabalhos mediúnicos. Sem amor profundo, pronto para doação, incondicional, legítimo e sincero, o trabalho mediúnico realmente produtivo e libertador tornar-se-á impraticável inclusive, pela ausência de responsabilidade e comprometimento. 

d) Formação doutrinária sólida, com apoio insubstituível nas obras da Codificação Espírita. – Durante uma sessão mediúnica, fenômenos de variadas espécies podem ocorrer, espíritos de diversas categorias podem comunicar-se, o que exigirá do doutrinador iniciativas, procedimentos e diálogos seguros, fundamentados no conhecimento de tais fenômenos e na identificação da natureza dos espíritos. Tal capacidade ele só terá se possuir uma sólida formação doutrinária. Daí a necessidade de estar sempre estudando, principalmente os temas mais diretamente relacionados com seu trabalho, como por exemplo, os constantes do capítulo XXIV de “O Livro dos Médiuns” – Allan Kardec. 

e) Paciência – Qualidade indispensável ao doutrinador, pois a tarefa por vezes, o levará a enfrentar agressividades verbais e posturas inoportunas de entidades infelizes. Em tais ocasiões terá que ter a paciência de aguardar o momento certo de intervir. Não pode se atirar, apressadamente, a discussões ou embates com entidades em desalinho, sob pena de, em penetrando em seu campo vibratório perturbado, enfraquecer ou mesmo perder a sintonia com os benfeitores espirituais que o assiste, o que certamente afetaria o bom desempenho do seu trabalho. 

RECOMENDAÇÕES COMPLEMENTARES

Além dos requisitos apresentados, o doutrinador deve procurar habituar-se a: a) Exercitar a oração diária

b) Desenvolver autocrítica

c) Vencer melindres ante as observações feitas, pois no trabalho mediúnico estamos sempre aprendendo

d) Desenvolver os bons sentimentos e aprimorar o seu nível de conhecimento, principalmente espírita

e) Fugir as bajulações e elogios exagerados

f) Não frequentar ambientes impróprios para não assimilar as vibrações espirituais enfermiças ali existentes

g) Realizar sua tarefa em uma única instituição, evitando fazê-la em ambiente que não seja o Centro Espírita

h) Frequentar, pelo menos, uma vez por semana uma reunião pública evangélico-doutrinária

i) Participar de outras atividades da Casa com vista ao estreitamento de laços e a prática da caridade

j) Quando na condição de doutrinador não atuar como médium psicofônico, caso seja portador dessa faculdade. O ideal seria que o doutrinador não possuísse essa faculdade. Assim não ficaria exposto as influências diretas das vibrações desajustadas dos enfermos espirituais assistidos no trabalho. 

DO DOUTRINADOR EM SUA TAREFA DE ESCLARECIMENTO

a) Iniciar o trabalho com uma prece

b) No diálogo com as entidades sofredoras aliar raciocínio e sentimento, compaixão e lógica, brandura e firmeza, bondade e energia. A tônica do diálogo deve ser a paciência, apoiada na compreensão e na tolerância, o que não exclui a necessidade, às vezes, de uma palavra mais enérgica, sem que a voz seja alterada a ponto de soar violenta, autoritária ou rude. A energia não está no tom da voz, mas no que é dito

c) Cultivar o tato psicológico, pois os espíritos sofredores nem sempre estão, logo de pronto, psicologicamente aptos a assimilar os esclarecimentos doutrinários. Necessitam aflitivamente que o ouçam com paciência e tolerância. Por isso o doutrinador deve, inicialmente, deixar que falem, tomando, no entanto, o cuidado para que não andem em círculo. Deverão ser interrompidos na hora certa e com bastante habilidade e sutileza. Assim agindo, sentirá o terreno difícil e desconhecido em que pisa, as reações do espírito e procurará localizar os pontos em que o manifestante seja mais sensível a dialogar

d) Manter com o comunicante uma conversa clara e lógica, sem impaciência, frieza ou desapreço. O esclarecimento doutrinário constitui base de sustentação para os argumentos apresentados com vista a mudança de comportamento da entidade e não como instrumento de confronto de inteligências ou de culturas. O momento da doutrinação é oportunidade de encontro de corações e sentimentos fraternos

e) Evitar esclarecimentos ou conversações muito alongadas já que há determinação de horário para o término da reunião e outros irmãos a serem atendidos. Longos debates ou discursos raramente esclarecem e libertam, pois muitas das entidades comunicantes arrastam consigo dramas que o infelicitam há séculos e os poucos minutos de uma conversação, são insuficientes para, de pronto, livrá-los dos seus infortúnios. O diálogo reeducativo, ressalvadas a situações excepcionais, não perdurará por mais de dez minutos

f) Conduzir as manifestações dos desencarnados de forma a garantir a integridade dos médiuns, as finalidades do trabalho e a dignidade do recinto

g) Não constranger, com ordens ou sugestões, o médium a forçar uma comunicação. A frequência das comunicações e a escolha dos médiuns ficam a cargo dos dirigentes espirituais do grupo

h) Dosar a verdade para não agravar o sofrimento do enfermo espiritual que veio em busca de socorro, paz e esclarecimento. A tarefa do doutrinador não é a de dizer verdades, pois isso os benfeitores espirituais podem bem fazê-lo, mas a de participar da sua dor, consolá-lo e, no momento certo, propiciar-lhe, gradativamente, o conhecimento dessa verdade, isto se ele já puder recebê-la com serenidade, do contrário iremos prejudicá-lo, perturbá-lo gravemente, dificultando assim o trabalho dos benfeitores espirituais

i) Não criticar, censurar, acusar ou julgar os comunicantes. Eles precisam ser convencidos a abandonar seus propósitos e serem levados ao arrependimento. Isto sem arrogância, mas com o coração aberto

j) Solicitar a cooperação dos benfeitores espirituais presentes, quando, ao longo de certo tempo de conversação, o comunicante preferir fixar-se nos seus propósitos de revolta e vingança. Em situações como estas tais irmãos são confiados a equipes espirituais adequadas

k) Orientar os presentes a manterem-se em harmoniosa união de pensamento, enquanto ocorrer a doutrinação. Que não atravesse suas mentes qualquer ideia de censura ou de crueldade, ironia ou escândalo. l) Evitar esclarecimento simultâneo a uma ou mais entidade sofredora para que a ordem seja assegurada

m) Não se deixar impressionar pelas ameaças proferidas pelas entidades enlouquecidas pelo ódio, para não sintonizar com a faixa vibratória desejada por elas. Sofremos aquilo que faz parte do nosso compromisso espiritual na presente encarnação, e não em decorrência do trabalho da desobsessão, pois esse trabalho está sobre a proteção divina, o que não nos isenta de guardar prudência e atenção. 

FONTES:
–  “Diálogo com as sombras” (Hermínio C. Miranda)
– “Diretrizes de Segurança” (Divaldo Franco e Raul Teixeira).-
– “Desobsessão.” ( André Luiz)
– “ Sessões Práticas e Doutrinárias do Espiritismo” ( Aurélio A. Valente) .

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