Jorge Hessen
Quem são os guris e gurias prodigiosos? O que é a genialidade, o virtuosismo? O que faz na Terra um supertalentoso? Qual é o seu futuro? Perguntas essas que somente podem ser respondidas tendo a pluralidade das existências como verdade inconteste e mecanismo natural de evolução do Espírito. Sem a pluralidade das existências não há como explicar os fenômenos dos gênios mirins.
Pesquisadores acadêmicos, por mais que investiguem e arrisquem explicar as atuações de crianças e jovens com inteligências muito acima da média, oferecem frágeis hipóteses, discorrendo sobre causas obscuras, influências enigmáticas, recalcamentos e complexos mágicos. Os teólogos, laborando na inaptidão de elucidação racional e experimental, adjudicam tudo aos insondáveis mistérios da vontade do Altíssimo. Em verdade, a temática sobre reencarnação, sob o ponto de vista espírita, não foge à ciência, não teme debate, não se enlaça a dogmas e repele o materialismo. A Doutrina dos Espíritos está inteiramente habilitada para explicar o admirável fenômeno das crianças e jovens prodígios pelas considerações reencarnacionistas.
Por cabível, citemos a título de ilustração alguns nomes para lá de prodigiosos. Mozart e Chopin, por exemplo, trouxeram de reencarnações anteriores um nível de habilidade para a música extremamente superior aos músicos comuns. Quando tais virtuoses reencarnaram, simplesmente complementaram os conhecimentos e habilidades que permitiram acrescentar aquele degrau que passaria a habilitá-los à classe de Gênios. Assim, tais espíritos, em vez de trazerem somente um potencial latente, apresentam no cérebro físico a porta aberta do setor da memória espiritual. Recordando não como intuição, mas como lembrança concreta daquela habilidade desenvolvida no passado.
Miguel Ângelo, aos doze anos já era um magistral artista; Balzac, aos oito já compunha pequenas comedias; Wagner, aos 6 já havia lido a história de Mozart; Carlyle aprendeu a ler aos 4; Alexandre Dumas, aos 4 lia a História Natural de Buffon. Walter Scott aprendeu a ler entre 3 e 4 anos. Voltaire, educado por um padre, aprendeu a ler aos 3. Antes dos 12 versejava com admirável fluência; Goethe, aos 7 compunha versos em latim e, antes dos 9, fazia um poema, parte em latim, parte em grego e parte em alemão; Hermógenes, aos 15 ensinava retórica ao imperador Marco Aurélio; Victor Hugo, aos 13 ganhava um prêmio nos jogos florais de Toulouse; Stuart Mill, aos 8 já conhecia o grego perfeitamente e aos 10 aprendeu o latim.
Há diferentes talentos presentes nos gênios mirins contemporâneos. Vejamos: Kim Yong-Ung frequentou a Universidade aos 4 de idade e no seu quinto aniversário resolveu um complicado cálculo diferencial e integral; doutorou-se aos 15 anos. Kevin Michael Kearney falou suas primeiras palavras aos quatro meses, e quando tinha seis meses disse ao seu pediatra: "eu tenho uma infecção na orelha esquerda", e aprendeu a ler aos 10 meses. Mikaela Irene Fudolig entrou para a Universidade das Filipinas aos 11 anos. Fez bacharelado em Ciências Físicas aos 16 anos e era a melhor aluna de sua turma de formandos.
Akrit Pran Jaswal (da Índia) se tornou conhecido quando realizou sua primeira cirurgia, com apenas sete anos de idade. Entrou na universidade de medicina aos 12 anos, e aos 17 já estava graduado em Química Aplicada. Taylor Ramon Wilson é a pessoa mais jovem do mundo a construir um fusor nuclear. Aos 10 anos, Taylor construiu uma bomba e aos 14, o fusor. Em maio de 2011, ganhou o prêmio International Science and Engineering Fair Intel, graças ao seu detector de radiação. Cameron Thompson é um prodígio da matemática do norte do País de Gales. Quando tinha quatro anos de idade corrigiu seu professor sobre sua afirmação de que zero é o menor número. Jacob Barnett, aos 10 anos de idade se matriculou na Universidade de Indiana. Enquanto estudava, afirmou que um dia poderia refutar a Teoria da Relatividade de Einstein. Atualmente ele está trabalhando em seu PhD em Física Quântica.
March Tian Boedihardjo nasceu em Hong Kong e é a pessoa mais jovem a se matricular na Universidade de Hong Kong, aos nove anos de idade. Balamurali Ambati nasceu em 29 de julho de 1977, e foi a pessoa mais jovem do mundo a se formar na carreira de medicina. Aos 13 anos já tinha se graduado da Universidade de Nova Iorque, e aos 20 terminou sua residência na Universidade de Harvard e se graduou como oftalmologista.
Gregory R. Smith, pode parecer brincadeira, mas aos 14 meses já sabia as 4 operações aritméticas e aos dois anos já lia perfeitamente, inclusive corrigindo os erros gramaticais que encontrava. Ruth Elke Lawrence, aos 8 anos já tinha atingido o nível intelectual de matemática mais alto que se pode obter – "Grau A em Matemática Pura". Aos 11 anos, Ruth entrou na universidade de Oxford, onde se graduou com honras 3 anos mais tarde. Continuou seus estudos até obter seu doutorado, com 18 anos, sendo professora da Universidade Hebreia de Jerusalém. William Hamilton conhecia treze línguas em sua infância, e aos dezoito anos foi proclamado o melhor matemático de sua época.
Só a pluralidade das existências pode explicar a diversidade dos caracteres, a variedade das aptidões, a genialidade, a desproporção das qualidades morais; enfim, todas as desigualdades que alcançam a nossa vista. Fora dessa lei, indagar-se-ia, inutilmente, por que certos homens possuem supertalentos, sentimentos nobres, aspirações elevadas, enquanto muitos outros só manifestam paixões e instintos grosseiros. A influência do meio, a hereditariedade (privilégios biogenéticos) e as diferenças de educação não bastam, obviamente, para explicar esses fenômenos. Vemos os membros de uma família, semelhantes pela carne, pelo sangue, pelo histórico genético, e educados nos mesmos princípios, diferençarem-se ao infinito em muitos pontos.
No século XIX, numerosos pensadores renderam-se à reencarnação: Dupont de Nemours, Charles Bonnet, Lessing, Constant Savy, Pierre Leroux, Fourier, Jean Reynaud. A doutrina das vidas sucessivas foi vulgarizada para o grande público por autores como Balzac, Théophile Gautier, George Sand e Victor Hugo. Pesquisadores como Ian Stevenson, Brian L. Weiss, H. N. Banerjee, Raymond A. Moody Jr., Edite Fiore e outros trouxeram resultados notáveis sobre a tese reencarnacionista. É possível que, em um futuro próximo, os estudos nessa direção cheguem aos mesmos resultados já afirmados pelo Espiritismo. Grande parte das tentativas de estudar prodígios mirins, sem levar em conta a pré-existência do Espírito, esbarra em resultados nada satisfatórios ou em dificuldades insuperáveis, em face da necessidade de se considerar essa hipótese. Caso contrário, entra-se em um beco sem saída e o progresso da Ciência nessa área permanecerá na inércia.
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