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quinta-feira, 21 de agosto de 2014

OBSESSÃO SIMPLES

Por Leonardo Paixão (*)
“Dá-se a obsessão simples, quando um Espírito malfazejo se impõe a um médium, se imiscui, a seu mau grado, nas comunicações que ele recebe, o impede de se comunicar com outros Espíritos e se apresenta em lugar dos que são evocados” – Allan Kardec – O Livro dos Médiuns, Segunda Parte, cap. XXIII – item 238.
Devido a trazer consigo a expressão “simples”, o gênero de obsessão que Allan Kardec classificou como obsessão simples tem sido mal interpretado por alguns adeptos do Espiritismo. O Codificador, no mesmo item 238 acima citado, afirma: “Este gênero de obsessão é, portanto, apenas desagradável e não tem outro inconveniente, além do de opor obstáculo às comunicações que se desejara receber de Espíritos sérios, ou dos afeiçoados”. É preciso compreender que Allan Kardec fala aqui especificamente dos médiuns ostensivos. Raciocinemos sobre o último parágrafo do item 238: “Podem incluir-se nesta categoria os casos de obsessão física, isto é, a que consiste nas manifestações ruidosas e obstinadas de alguns Espíritos, que fazem se ouçam, espontaneamente, pancadas ou outros ruídos”.
Pois bem, a obsessão física, mais conhecida por poltergeist, ainda que simples, em geral, demanda, ao menos é a nossa experiência com tais casos, um certo tempo para que venha a cessar e, assim como um Espírito que vive a se intrometer nos comunicados de um médium não o faz em um só dia em caso de obsessão simples, os Espíritos que provocam o poltergeist ou obsessão física também buscam perturbar o máximo de tempo e, especialmente, em horas as mais inapropriadas. Raramente os fenômenos físicos deixam de ocorrer com apenas uma sessão de desobsessão, há casos que duram anos.
Em nosso Movimento Espírita atual têm ocorrido com enorme frequência tal gênero obsessivo, ao ponto de o tribuno Divaldo Pereira Franco dizer que 70 a 80% do Movimento Espírita está comandado pelas trevas. Perguntar-se-á: Mas, se está comandado pelas trevas não é porque se está no grau de obsessão por fascinação? 
Respondemos que não é o caso, e isto, devido a uma observação de nosso confrade Alírio de Cerqueira Filho, de que os Espíritos obsessores têm mantido a lucidez intelectual que dos mantém sob sua influência, não interessa muito a estes Espíritos o fechar as Casas Espíritas, a tática mudou, agora eles preferem ir adentrando a mente dos dirigentes e, devagar, impondo ideias como o autoritarismo, a imposição do que se quer, a sensação de superioridade sobre os demais (conhecemos dirigente de casa espírita que interrompe palestras dos convidados a falarem na Casa que dirige, demonstrando prazer em se colocar como conhecedora, não enxergando o ridículo que passa por, claro, não ser superior a ninguém e a gerar antipatia dos frequentadores), são pessoas que, em se mantendo lúcidas, acreditam estar lutando pela pureza doutrinária, se esquecendo que pureza doutrinária é o “zelar pelo patrimônio que nos foi concedido pela Revelação, respeitar e praticar, com autenticidade e exemplos bons, os ensinamentos superiores, os quais há um século [hoje pouco mais de um século e meio] recebemos do Alto, é assimilarmos esses mesmos ensinamentos livres de sofismas e ideias pessoais que a vaidade inspira; é sermos humildes de coração e dignos da assistência espiritual que não cessamos de rogar, aprendendo com o Mestre as qualidades que de cada um de nós poderão fazer um discípulo verdadeiro, e não falsos profetas que deturpam tudo aquilo que nos códigos doutrinários encontram” (Pereira, Yvonne. Cânticos do Coração, vol. 2. Rio de Janeiro: CELD, 1994. Cap. VI. Pp. 67-68).
A obsessão simples, como vemos, não é tão simples como aparenta à primeira vista e, como todo processo de desobsessão, é fundamental a constante vigilância e o esforço diário em busca da transformação moral, pois é da obsessão simples do “vou tomar uma cervejinha hoje só pra relaxar” que tem início a subjugação do alcoolismo; é da obsessão simples do “só esta vez, não acontecerá de novo” que se iniciam adultérios, uso de drogas ditas não lícitas, o comer em excesso, o desfalque de empresas, processos de irritabilidade promovendo discussões, a ociosidade, etc. Todos os dias os noticiários estão cheios de acontecimentos que aos estudiosos dos assuntos espíritas remetem a casos de obsessão simples que terminam em tragédias. 
No livro “Dramas da Obsessão”, do Espírito Bezerra de Menezes, psicografia de Yvonne do Amaral Pereira, temos o relato de um caso de obsessão simples que poderia resultar em suicídios em uma família, aconselhamos a leitura ou a revisita da obra aos interessados no assunto.Paciência, perseverança, autoconhecimento com reforma íntima e oração, são itens essenciais ao obsidiado para que venha a se libertar do processo obsessivo.
Que nós, discípulos do Evangelho Redivivo, estejamos firmes, embasados no Evangelho e na Codificação Kardequiana para estarmos aptos à tarefa árdua e nobre da desobsessão. 
Vigilância sempre. 
Oração constante.

21/08/2014

Campos dos Goytacazes, RJ
(*) - Leonardo Paixão é Orador espírita (que tem viajado por alguns Estados brasileiros, quando possível, na divulgação da Doutrina Espírita), articulista, poeta, tem críticas literárias publicadas no site orientacaoespirita.org e um artigo publicado em Reformador em Agosto de 2010, A Revelação - uma perspectiva histórica e tem escrito alguns artigos no jornal eletrônico O Rebate. Participa com um grupo de amigos de ideal do GE Semeadores da Paz em Campos dos Goytacazes, RJ, onde exerce direção de estudos e trabalhos na área mediúnica, atuando como médium psicofônico na desobsessão e como psicógrafo de mensagens esclarecedoras, poesias e cartas consoladoras.
           formiga-paixao.blogspot.com.br

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