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quinta-feira, 6 de junho de 2013

“Religiosidade/Espiritualidade na Universidade”


Texto-palestra NEU UNI-RIO. RJ. RJ. 06 de junho de 2013.

Luiz Carlos D. Formiga
Rio de Janeiro




Diante de temas que passam pela interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade temos que exercitar a virtude que nos origina o sentimento da nossa insignificância. Isto porque podemos nos encontrar nos degraus mais altos do domínio cognitivo (QI) e eventualmente estagiar nos primeiros da Inteligência Emocional (QE). Podemos ainda estar na fase de “adaptação”, quando pensamos nos níveis da Inteligência Espíritual (QS) e lembramos da curva de crescimento bacteriano.

O tema farmacodependência é um deles. Consultemos a revista técnica.

“La determinación de los valores puede servir de base para desarrolar la capacidade de rechazar ciertas situaciones y fortalecerla. Essa es uma parte importante del programa de prevencción del alcoholismo. Uma vez que los jóvenes compreenden su propria escala de valores y son capaces de explicarla a otros les resulta más facil expresar su decisión de abstenerse de beber y justificarla. De esa manera se sientem seguros cuando deciden no beber y les resulta más fácil decir que no.”


O Bol. Ofic. San. Pan (OMS), 98 (4): 358, 1985 enfatiza os “valores-ético-morais”. Por outro lado governantes podem não ter uma visão ampliada de sua população alvo, principalmente se limitados à vertente materialista da ciência. Como são vistos os jovens pelos responsáveis por essa prevenção?

Como na hanseníase podemos encontrar dois tipos polares, agora identificados não pela reação de Mitsuda, mas pela resposta encontrada na questão: “quem e o que somos”. Somos 1. impulsos eletroquímicos num biocomputador que se originou, por acaso, num universo de partículas materiais mortas e que se movimentam aleatoriamente ou 2. ser criado, de natureza bio-psico-socio-espiritual (*), dotado de historicidade e de livre arbítrio, encontrando-se em contínuo processo evolutivo, sendo parte integrante do universo com o qual interage constantemente. (*) Microbiologia in foco, 3 (11): 10-16, S.P. , SBM, 2010.



Vamos resumidamente rever alguns conceitos.

Há um tipo de organização neural que permite ao homem realizar um pensamento racional, lógico (QI - Cognitivo). O QE (inteligência emocional-afetivo) é outro tipo de organização neural que irá permitir realizar o pensamento associativo, afetado por hábitos, reconhecedor de padrões, emotivo. emocional. Um terceiro tipo permite o pensamento criativo, capaz de insights, formulador e revogador de regras, QS (espiritual-valorativo). Com essa organização neural é que se formulam e se reformulam tipos anteriores de pensamentos. Aqui o período infantil parece ser decisivo na vida da pessoa.

Pelo exposto podemos arriscar uma afirmação: não basta a pessoa ser “um gênio” (QI), se não souber lidar com emoções (QE). O estudo da inteligência espiritual (QS) nos permite compreender que uma pessoa muito inteligente, em termos do domínio cognitivo pode ser estúpida em termos de valores ético-espirituais, podendo ser perigosa para a própria vida. Imagine como valorizará a do outro, seja feto ou não.

Continuemos a explorar a vertente espiritualista da ciência agora utilizando uma tese, pós-doutorado, Disciplina de Emergências Clínicas da Faculdade de Medicina. USP. 2011.

Nela vamos encontrar os significados de espiritualidade e religiosidade emergentes de profissionais da área de saúde, o que nos interessa neste contexto.

De maneira geral, espiritualidade, religião e religiosidade são usadas como sinônimos, porém estes termos não têm as mesmas características. A espiritualidade é entendida como uma força unificadora, que tem como propósito facilitar o desenvolvimento , dar orientação à realidade na vida diária e um significado para a existência. É a transcendência entre o homem e Deus, o que se realiza dentro de um processo contínuo de confiança e interação.

A religião, por sua vez, é uma crença no sobrenatural ou numa força divina que tem o poder sobre o universo e que como tal deve ser adorada e obedecida. Religiosidade é a extensão na qual uma pessoa acredita, segue e pratica uma religião.

Anteriormente, Z. Sanchez e S. Nappo, da Univ. Fed. de São Paulo. Centro Brasileiro de Informações sobre drogas psicotrópicas, na Revista de Psiquiatria Clínica (USP). 34: 73-81, 2007, examinaram a religiosidade, a espiritualidade e o consumo de drogas, num trabalho de revisão.

A religiosidade e espiritualidade são apontadas como fatores protetores ao consumo em diversos níveis. Seu objetivo foi descrever principais estudos que tratam do papel da religiosidade no tratamento e na prevenção.

Consultaram fontes indexadas nas bases de dados PubMed e Scielo, entre 1976-2006 (30 anos).

Encontraram como resultados: 1. As pessoas que frequentam culto religioso, ou que dão relevante importância à sua crença, ou praticam as propostas da religião professada, apresentam menores índices de consumo de drogas lícitas e ilícitas; 2. os dependentes apresentam melhores índices de recuperação se o seu tratamento é permeado por uma abordagem espiritual, de qualquer origem, quando comparados a dependentes que são tratados exclusivamente por meio médico.

O pesquisadores concluíram que devido ao forte papel de assistência social das religiões, a incentivação desta abordagem seria de grande relevância para a saúde pública brasileira.

Podemos encontrar profissionais de saúde que usam e abusam de drogas lícitas ou não? Vejamos um caso em forma resumida.

Paciente sedada, ansiosa, primeiro filho. O doutor fizera cinco partos naquela manhã e bebera a quinta dose de uísque. Já levara advertências por aparecer alcoolizado no centro cirúrgico. Era alcoolista, mas excelente profissional.

Antes da cesárea, bebera outra dose na sala dos médicos. Vinha de um plantão. acordou e começou a beber. Suicída inconsciente, segundo André Luiz, no livro Nosso Lar, psicografado por Francisco C. Xavier.

Durante o procedimento, uma ruptura numa artéria chega à hemorragia. A vista turvada o impedira de cauterizar. Em pânico, tinha dificuldades em parar o sangramento. Enfim, conseguiu salvar mãe e filho. Saiu chocado e, responsavelmente, internou-se numa clínica para dependentes químicos.

A recomendação encontrada no Bol. Ofic. San. Pan (OMS), 98 (4): 358, 1985 é preciosa e enfatizamos a necessidade desses valores serem internalizados ainda no período infantil. Eles são importantes para exercer ação preventiva não apenas nos casos de suicídio inconsciente. Por esse motivo, o Blog do NEU-UERJ vem oferecendo matérias pensando na Bioética e na reflexão dos benefícios a serem maximizados e nos danos a serem minimizados. Lá encontramos artigos que relacionam suicídio (grandes quedas) a fetos anencéfalos; suicídio infantil com relações sócio-familiares e drogas; suicídio na Universidade e a Arquitetura.

Considerando que a Ética visa o bem a ser conquistado e não apenas ao mal que deve ser evitado. Sublinhamos que a Bioética é a Ética aplicada aos problemas que se desenvolvem nas fronteiras da vida, vindo em socorro do ser humano na singularidade da individualidade. Ela não pretende ser restritiva, mas deve colocar limites éticos para salvaguardar a pessoa humana, sua vida e humanidade.

A interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade lhe são pertinentes. Como estamos fazendo comentários apoiados na vertente espiritualista da ciência num hospital universitário fazemos, neste apagar das luzes, o convite (*) para assistirmos posteriormente uma mesa redonda. Ela, filmada em 22/9/1995, recebeu o título “Curas Espirituais” e aconteceu durante o Ciclo de Debates sobre “Ética, Fé e Cura”, promovido pelo Centro de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. A palestra introdutória esteve a cargo do psiquiatra Sergio Felipe de Oliveira. Do Instituto de ciências Biomédicas. USP.

Na mesa Sergio Felipe pavimenta o caminho para 28 anos depois a revista Veja, 10 de outubro de 2012, nos oferecer o texto “Um Poder Invisível da Fé”, construído a partir da entrevista com o psiquiatra Harold G. Koenig, professor da Universidade de Duke, na Carolina do Norte, que há 28 anos se dedica a estudos que relacionam religião com saúde.

O docente-pesquisador possui quarenta livros publicados e mais de 300 artigos sobre o tema. Ele afirma, na Veja, que “as pesquisas são claras ao relacionar as diversas formas de religiosidade com a prevenção de doenças cardiovasculares e da hipertensão.”

Que Deus nos ajude a “exercitar, como fizeram grandes homens, a virtude que nos origina o sentimento da nossa insignificância.”


(*) cópia poderá ser encontrada no acervo do NEU-UERJ e UNI-RIO.

1 Comentários:

  • Teremos um avanço muito grande na Ciência como um todo, quando alguns pesquisadores quebrarem o paradigma e o preconceito e analisar profundamente o Livro dos Espíritos e diversas obras espíritas que trazem diversas informações a frente de seu tempo (publicação) e essas revelações vem num crescente e tem muito a contribuir para o conhecimento de todos e para atingirmos o "QS".
    Esse tema foi muito bem exposto na palestra realizada no NEU-UNIRIO em 06 de junho de 2013, com a participação de alguns professores e dezenas de alunos Universitários.
    Parabenizo a todos que colaboram com a divulgação dessas informações.
    Marcos Fonseca

    Por Blogger Marcao, às 8 de junho de 2013 às 06:43  

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