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sexta-feira, 7 de junho de 2013

CARTA DE DESAGRAVO A PESSOA DO INATACÁVEL MÉDIUM FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER


Gerson Simoes

Rio de Janeiro, 05 de junho de 2013.

Ilmo. Sr.
Carlos José Marques
Diretor Editorial da Revista ISTOÉ
SÃO PAULO – SP

ASSUNTO: PUBLICAÇÃO DE DESAGRAVO A PESSOA DO INATACÁVEL MÉDIUM FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER


Prezado Jornalista Carlos José Marques,

A conceituada revista ISTOÉ publicou, na edição de 05 de junho de 2013 (ano 37, nº 2.272), reportagem do Jornalista João Loes, intitulada “A SENHORA DOS ESPÍRITOS”, na qual, ao entrevistar a Sra. Zibia Gasparetto a respeito do recebimento de direitos autorais de obras ditadas pelos Espíritos, ela revelou um suposto diálogo com Chico Xavier. No mesmo, a Sra. Zibia infelizmente difama a moral e o caráter do médium que viveu pobre e jamais vendeu sua produção lítero-mediúnica para se enriquecer. Eis o referido trecho da reportagem:

“Mas a guinada que levou os Gasparetto a se distanciarem dos preceitos balizadores do espiritismo não veio sem críticas. Para muitos, a máxima do “dai de graça o que recebestes de graça" foi relegada em nome da vaidade e do dinheiro. Muitos exigiam, inclusive, que Zibia abrisse mão dos direitos autorais dos livros que recebia dos espíritos, co­mo fez Chico Xavier, o maior psicógrafo brasileiro de todos os tempos. "O Chico abriu mão dos direitos dos livros dele, mas uma vez chorou para mim, arrependido do que tinha feito", revela Zibia”.

Em defesa da ilibada reputação moral de Chico Xavier, trago inicialmente o depoimento de como o médium mineiro foi visto pelo jornalista Artur da Távola, Ex-Senador da República, num trecho de sua crônica de 26/05/1980, publicada no jornal O Globo:

            “A FIGURA DE COMUNICAÇÃO

Além da aura de paz e pacificação que parte dele, há outro elemento poderoso a explicar o fascínio e a durabilidade da impressionante figura de comunicação de Francisco Cândido Xavier: a grande seriedade pessoal do médium, a dedicação integral de sua vida aos que sofrem e o desinteresse material absoluto. A canalização de todo o dinheiro levantado em direitos autorais para as variadíssimas atividades assistenciais espíritas dão a Chico Xavier uma autoridade moral (...) que o coloca entre os grandes líderes religiosos do nosso tempo".

Quero reforçar as palavras nessa crônica do Ilustre Jornalista, que não era Espírita: “A canalização de todo o dinheiro levantado em direitos autorais para as variadíssimas atividades assistenciais espíritas dão a Chico Xavier uma autoridade moral”. Ora, como Chico Xavier iria se arrepender do que fez durante toda a sua vida, ponto de honra da sua postura perante as obras que não lhe pertenciam, produzidas pelos Espíritos?
A vida de Chico desmente o depoimento da entrevistada, pois ele nunca se beneficiou da indústria da fé. O médium Francisco Cândido Xavier, como se sabe, psicografou mais de 400 livros, totalizando milhões de exem­plares vendidos no Brasil e no exterior, dos quais, é bom que se diga em alto e bom som, jamais auferiu qualquer vantagem finan­ceira. Sempre viveu às cus­tas do seu trabalho como operário, balconista e mo­desto funcionário público. As obras por ele psicografadas foram traduzidas para o castelhano, francês, in­glês, grego, japonês, esperanto e tcheco, entre outros idiomas, além de transcritas para o braille. Todos, absolutamente todos os direi­tos autorais auferidos com as mesmas foram transferidos para instituições bene­ficentes.
Além dos livros, foram psicografadas mais de dez mil comunicações dadas por diversos Espíritos, de cunho pessoal, todas elas transmitin­do conforto e esperança para milhares de criaturas aflitas, que sempre o procuraram até o fim de sua vida, na certeza de receber alívio para as suas almas angustiadas.
É bom que se saiba tam­bém que, a partir de suas obras mediúnicas, já foram produzi­dos inúmeros teleteatros, novelas, filmes e peças teatrais; pessoalmente, Chico ainda gravou discos e fitas cassetes com mensa­gens transmitidas pelos Espíritos. De tudo isso, jamais tirou qualquer tipo de vantagem. Viveu apenas e simplesmente da sua aposentadoria como Ex-Servidor do Ministério da Agricultura, jamais às expensas do Espiritismo. Chico Xavier entendeu que, para viver a mensagem do Cristo na Terra, não se pode viver às custas dele, porque ai dos que esquecem o "dai gratuitamente o que haveis gratuitamente recebido'' asseverado por Jesus.
Se Chico Xavier vivesse das suas atividades mediú­nicas, é claro que poderia ser tachado de falso profe­ta, de "industrial da fé", mas isso nunca aconteceu. A primeira coisa que ele sempre fazia, ao psicografar um livro, era ceder em cartório os respectivos direi­tos autorais para alguma enti­dade filantrópica.
Essa era a paz de que Chico Xavier sempre gozou. A paz de consciência, que o dinheiro não pode dar e que nada neste mundo podia lhe tirar. Nunca cobrou pelas cu­ras realizadas por seu inter­médio. Nada recebeu em troca por ter confortado milhares de pessoas necessitadas, e é por isso que jamais poderá ser conside­rado um religioso profissio­nal ou um comerciante da fé.
Ao ser perguntado em certa ocasião a quem ele ou­torgaria o Prêmio Nobel da Paz, Chico deu ao seu en­trevistador a seguinte resposta:

“Se à formi­ga fossem concedidos os precisos recursos para indi­car quem seria o seu maior benfeitor, e aquele a quem se deveria conferir o maior prêmio do mundo, a formi­ga, certamente, votaria no Sol, que lhe garante a vida. Eu, na condição de inseto humano, se fosse convida­do a me pronunciar sobre o mais alto vulto da Humani­dade, digno de receber o Prêmio Nobel da Paz, vota­ria em Jesus Cristo, entregando-se os benefícios de semelhante premiação aos nossos irmãos internados nas instituições de as­sistência social, das quais Jesus é sempre a inspiração, a força, a bênção e o alicer­ce de origem".

Viver em paz foi o maior prêmio por ele conquistado durante toda a sua vida, por ter se doado totalmente e desinteressadamente à causa que abraçou – servir ao próximo pelo prazer de servir.
Diante de tudo o que expus nesta carta, solicito-lhe que a publique de alguma forma em ISTOÉ, na íntegra ou pelo menos parcialmente, em trecho no qual fique bem clara a minha defesa contra as palavras difamatórias e infelizes proferidas pela Sra. Zibia Gasparetto, denegrindo a reputação de um homem que viveu toda a sua vida para o Próximo, esquecendo-se de si mesmo. Acima de tudo, trata-se de uma questão de Justiça, uma vez que Chico Xavier já faleceu e não pode se defender por si próprio de tamanha insânia.
Certo de estar colaborando para que o senhor e a prestigiosa revista “ISTOÉ”, da qual sou leitor há muitos anos, informem com precisão os fatos para seus leitores, agradeço as atenções dispensadas, colocando-me a inteira disposição de ambos para qualquer esclarecimento posterior.

Atenciosamente,


Gerson Simões Monteiro
Escritor, Colunista do Jornal EXTRA desde abril de 1998 e
Ex-Presidente da União das Sociedades Espíritas
do Estado do Rio de Janeiro (USEERJ)

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