|
Gerson Simoes |
Rio de
Janeiro, 05 de junho de 2013.
Ilmo.
Sr.
Carlos
José Marques
Diretor
Editorial da Revista ISTOÉ
SÃO
PAULO – SP
ASSUNTO:
PUBLICAÇÃO DE DESAGRAVO A PESSOA DO INATACÁVEL MÉDIUM FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
Prezado Jornalista Carlos José Marques,
A conceituada revista ISTOÉ publicou, na edição de 05 de junho de 2013 (ano 37, nº 2.272),
reportagem do Jornalista João Loes, intitulada “A SENHORA DOS ESPÍRITOS”, na
qual, ao entrevistar a Sra. Zibia Gasparetto a respeito do recebimento de
direitos autorais de obras ditadas pelos Espíritos, ela revelou um suposto
diálogo com Chico Xavier. No mesmo, a Sra. Zibia infelizmente difama a moral e
o caráter do médium que viveu pobre e jamais vendeu sua produção
lítero-mediúnica para se enriquecer. Eis o referido trecho da reportagem:
“Mas a
guinada que levou os Gasparetto a se distanciarem dos preceitos balizadores do
espiritismo não veio sem críticas. Para muitos, a máxima do “dai de graça o que
recebestes de graça" foi relegada em nome da vaidade e do dinheiro. Muitos
exigiam, inclusive, que Zibia abrisse mão dos direitos autorais dos livros que
recebia dos espíritos, como fez Chico Xavier, o maior psicógrafo brasileiro de
todos os tempos. "O Chico abriu mão dos direitos dos livros dele, mas uma
vez chorou para mim, arrependido do que tinha feito", revela Zibia”.
Em defesa da ilibada reputação moral de
Chico Xavier, trago inicialmente o depoimento de como o médium mineiro foi
visto pelo jornalista Artur da Távola, Ex-Senador da República, num trecho de
sua crônica de 26/05/1980, publicada no jornal O Globo:
“A FIGURA DE
COMUNICAÇÃO
Além da aura de paz e pacificação que
parte dele, há outro elemento poderoso a explicar o fascínio e a durabilidade
da impressionante figura de comunicação de Francisco Cândido Xavier: a grande
seriedade pessoal do médium, a dedicação integral de sua vida aos que sofrem e
o desinteresse material absoluto. A canalização de todo o dinheiro levantado em
direitos autorais para as variadíssimas atividades assistenciais espíritas dão
a Chico Xavier uma autoridade moral (...) que o coloca entre os grandes líderes
religiosos do nosso tempo".
Quero reforçar as palavras nessa crônica do Ilustre
Jornalista, que não era Espírita: “A
canalização de todo o dinheiro levantado em direitos autorais para as
variadíssimas atividades assistenciais espíritas dão a Chico Xavier uma
autoridade moral”. Ora, como Chico Xavier iria se arrepender do que fez
durante toda a sua vida, ponto de honra da sua postura perante as obras que não
lhe pertenciam, produzidas pelos Espíritos?
A vida de Chico desmente o depoimento
da entrevistada, pois ele nunca se beneficiou da indústria da fé. O médium Francisco Cândido Xavier, como se sabe, psicografou
mais de 400 livros, totalizando milhões de exemplares vendidos no Brasil e no
exterior, dos quais, é bom que se diga em alto e bom som, jamais auferiu
qualquer vantagem financeira. Sempre viveu às custas do seu trabalho como
operário, balconista e modesto funcionário público. As obras por ele
psicografadas foram traduzidas para o castelhano, francês, inglês, grego,
japonês, esperanto e tcheco, entre outros idiomas, além de transcritas para o
braille. Todos, absolutamente todos os
direitos autorais auferidos com as mesmas foram transferidos para instituições
beneficentes.
Além dos livros, foram psicografadas mais de dez mil
comunicações dadas por diversos Espíritos, de cunho pessoal, todas elas
transmitindo conforto e esperança para milhares de criaturas aflitas, que
sempre o procuraram até o fim de sua vida, na certeza de receber alívio para as
suas almas angustiadas.
É bom que se saiba também que, a partir de suas obras
mediúnicas, já foram produzidos inúmeros teleteatros, novelas, filmes e peças
teatrais; pessoalmente, Chico ainda gravou discos e fitas cassetes com mensagens
transmitidas pelos Espíritos. De tudo
isso, jamais tirou qualquer tipo de vantagem. Viveu apenas e simplesmente da
sua aposentadoria como Ex-Servidor do Ministério da Agricultura, jamais às
expensas do Espiritismo. Chico Xavier entendeu que, para viver a mensagem do
Cristo na Terra, não se pode viver às custas dele, porque ai dos que esquecem o
"dai gratuitamente o que haveis gratuitamente recebido'' asseverado por
Jesus.
Se Chico Xavier vivesse das suas atividades mediúnicas, é
claro que poderia ser tachado de falso profeta, de "industrial da
fé", mas isso nunca aconteceu. A primeira coisa que ele sempre fazia, ao
psicografar um livro, era ceder em cartório os respectivos direitos autorais
para alguma entidade filantrópica.
Essa era a paz de que Chico Xavier sempre gozou. A paz de
consciência, que o dinheiro não pode dar e que nada neste mundo podia lhe
tirar. Nunca cobrou pelas curas realizadas por seu intermédio. Nada recebeu
em troca por ter confortado milhares de pessoas necessitadas, e é por isso que
jamais poderá ser considerado um religioso profissional ou um comerciante da
fé.
Ao ser perguntado em certa ocasião a quem ele outorgaria o
Prêmio Nobel da Paz, Chico deu ao seu entrevistador a seguinte resposta:
“Se à
formiga fossem concedidos os precisos recursos para indicar quem seria o seu
maior benfeitor, e aquele a quem se deveria conferir o maior prêmio do mundo, a
formiga, certamente, votaria no Sol, que lhe garante a vida. Eu, na condição
de inseto humano, se fosse convidado a me pronunciar sobre o mais alto vulto
da Humanidade, digno de receber o Prêmio Nobel da Paz, votaria em Jesus
Cristo, entregando-se os benefícios de semelhante premiação aos nossos irmãos
internados nas instituições de assistência social, das quais Jesus é sempre a
inspiração, a força, a bênção e o alicerce de origem".
Viver em paz foi o maior prêmio por ele conquistado durante
toda a sua vida, por ter se doado totalmente e desinteressadamente à causa que
abraçou – servir ao próximo pelo prazer de servir.
Diante de tudo o
que expus nesta carta, solicito-lhe que a publique de alguma forma em ISTOÉ, na íntegra ou pelo menos
parcialmente, em trecho no qual fique bem clara a minha defesa contra as
palavras difamatórias e infelizes proferidas pela Sra. Zibia Gasparetto,
denegrindo a reputação de um homem que viveu toda a sua vida para o Próximo,
esquecendo-se de si mesmo. Acima de tudo, trata-se de uma questão de Justiça,
uma vez que Chico Xavier já faleceu e não pode se defender por si próprio de
tamanha insânia.
Certo de estar colaborando para
que o senhor e a prestigiosa revista “ISTOÉ”, da qual sou leitor há muitos
anos, informem com precisão os fatos para seus leitores, agradeço as atenções
dispensadas, colocando-me a inteira disposição de ambos para qualquer
esclarecimento posterior.
Atenciosamente,
Gerson Simões Monteiro
Escritor,
Colunista do Jornal EXTRA desde abril de 1998 e
Ex-Presidente da União das Sociedades Espíritas
do Estado do Rio de Janeiro (USEERJ)
0 Comentários:
Postar um comentário
<< Home