Por
Claudia Gelernter
“Bem aventurados os mansos, pois herdarão a Terra!”.
Jesus
UM
PEQUENO CONTO
Iniciamos este artigo
relembrando um conto que foi trazido por Emmanuel, o orientador Espiritual de
Chico Xavier, no prefácio do livro “Libertação”, de André Luiz.
Conta-nos o Espírito que, no
centro de um jardim, existia pequeno lago, no qual viviam muitos peixes, de
forma despreocupada, com gula e preguiça, refastelando-se com os alimentos que
chegavam através da superfície das águas.
Dentre eles, existia um
peixinho vermelho que, por ser menor, sofria perseguições, tendo de ficar muitas
vezes sem alimentos. Tinha dificuldades em pescar até mesmo as mínimas larvas.
Os peixes maiores, mais
vorazes e agressivos, retiravam dele qualquer oportunidade. Como não encontrava
tempo nem espaço para diversões, o pequeno peixe passou a estudar com afinco a
geografia do pequeno lago.
Estudou os ladrilhos, as
bordas, os buracos do fundo e sabia, com precisão, onde ficava a maior parte da
lama, quando nos aguaceiros.
Depois de determinado
tempo, encontrou uma pequena grade do escoadouro. Diante da oportunidade,
pensou: “Não seria melhor conhecer outras paragens?”. Apesar de muito magro,
precisou espremer-se demasiadamente, chagando a perder algumas escamas, até que
conseguiu ultrapassar a passagem estreitíssima.
Logo ficou encantado com
as novas paisagens.
Chegando ao rio,
contemplou nas margens, homens, animais, flores, florestas, cabanas, etc. E, como
era ágil, logo alcançou o oceano.
Chegando lá, que surpresa!
Foi abocanhado por uma enorme baleia, que, sem sequer notar, engoliu o pequeno
peixe, junto de outros alimentos. Em apuros, o peixinho orou ao Deus dos
peixes, rogando proteção e ajuda. Sua prece foi ouvida, pois a baleia começou a
passar mal, chegando a vomitar a ultima refeição, que incluía o peixinho
vermelho.
Agradecido e feliz, seguiu
adiante em sua viagem, junto de outros peixes, aprendendo a evitar os perigos
do caminho.
Totalmente transformado em
suas concepções de mundo, reparava nas bênçãos da vida, na beleza do oceano,
sua riqueza sem fim.
Indo residir num imenso
coral, conheceu outros peixes, estudiosos como ele, que lhe contaram que o
único local seguro para a vida, naquelas épocas, era o mar, visto que grande
seca poderia assolar os terrenos no qual estava também o pequeno lago de onde
viera.
Sabendo disso, o peixinho
pensou, pensou, pensou... e foi tomado de imensa compaixão. Decidiu voltar e contar
aos outros o que descobriu: de como seria importante que mudassem de vida,
alterando os hábitos, a fim de passarem pelo estreito espaço da grade e, por fim,
seguirem com ele, até o grande mar, com suas belezas e alegrias.
Assim o fez. Retornou,
esforçou-se muito, e, chegando lá, chamou o Rei do lago para uma audiência, na
qual explicou a todos tudo o que encontrou lá fora e dos perigos que se
avizinhavam aos que ficassem no lago.
Todos riram do pequeno,
debochando das suas profecias. Nunca iriam acreditar em algo tão radical. Além
disso, para passarem pelo estreito espaço, teriam de perder muito peso, com
enorme esforço.
Escorraçaram peixinho
vermelho, que, entristecido, voltou ao lar dos corais, de onde nunca mais
retornou. “Depois de alguns anos,
apareceu pavorosa e devastadora seca. As águas desceram de nível. E o poço onde
viviam os peixes pachorrentos e vaidosos esvaziou-se, compelindo a comunidade
inteira a perecer, atolada na lama...” (EMMANUEL, 1949, p. 07)
EM
PROL DA DÚVIDA E DO DESPERTAMENTO
Este conto traz, através
de sua metáfora, a questão central deste texto: as robustas evidências de que
precisamos mudar, urgentemente.
Para tanto, nos apoiaremos
em autores idôneos, em estudos científicos, em dados filosóficos e históricos
e, sobretudo , em escritos Espíritas.
Não se trata de um artigo
apocalíptico.
Não iremos afirmar o fim
do mundo.
Também não comentaremos
que tudo já está perdido.
Porém, não podemos
escrever com um otimismo ingênuo, como se tudo estivesse sob controle,
afirmando que o período de transição será tranquilo, por ter em seu processo
apenas a seleção natural dos Espíritos reencarnantes. Não.
Uma das obras principais
que tomamos como base, se chama “A Grande
Transição Planetária – o Sentido de Urgência”, de Denis Moreira. O livro é
o resultado de uma pesquisa séria, de 19 anos, feita pelo autor, que é advogado
e coordenador-geral do Grupo de Integração da atuação judicial na defesa do
meio ambiente e da regularização fundiária na Amazônia legal, além de ser
colaborador na implementação da Agenda Ambiental da Administração pública, na
advocacia geral da União. Como se vê, não se trata de um livro feito às
pressas, oportunista.
Também utilizamos diversas
citações de autores Espíritas e não Espíritas, assim como informações contidas
em outras linhas religiosas, por entender que se trata de uma questão universal
e que, portanto, deve ser discutida à luz da universalidade, ou seja, através
de todas as linhas de conhecimento humano.
TRANSIÇÃO
PLANETÁRIA: DO QUE SE TRATA?
Primeiramente devemos
esclarecer o que vem a ser Transição Planetária.
“Podemos afirmar que se trata de sinergia de um conjunto de fatos e
fenômenos que funciona como elo entre o fim de um ciclo evolutivo e o início de
outro. No entanto, para mim, a melhor definição é que A Grande Transição é um
estado de espírito, pois o choque dos acontecimentos promoverá uma profunda
transformação no íntimo do que somos e do que seremos” (MOREIRA, p. 26)
Conta-nos
Emmanuel, em sua obra “A Caminho da Luz”, que a primeira grande Transição pela
qual passou nosso planeta refere-se ao surgimento da espécie humana, após a
repercussão da mudança perispiritual no organismo de nossa espécie.
A
segunda grande Transição coincide com a mudança de condição de planeta, que
avança para uma era de regeneração.
É
este o momento que será discutido aqui: a passagem da Terra de um mundo de
provas e expiações para a categoria de mundo de regeneração.
Temos
evidências robustas de que esta passagem pode não ser tão tranquila como alguns
imaginam ser. Aliás, podemos começar perguntando: Vocês sentem que o tempo está
passando mais rápido? Outra pergunta: Percebem que a sociedade está mais
adoecida, com problemas psíquicos variados? E, ainda: Consideram pertinente
dizermos que a humanidade tem atacado a natureza, causando enormes prejuízos à
Terra?
Por
último: – Entendem que a violência, a corrupção e a intolerância se mostram
presentes e, talvez, em maior escala, na atualidade?
São
perguntas rápidas que, acreditamos, podem ser respondidas sem muita reflexão.
Basta-nos sair às ruas ou mesmo ligar a TV para termos contato com estas
realidades.
SOCIEDADE PÓS-MODERNA E SUAS
COMPLICAÇÕES:
Nunca,
em toda a história humana, tivemos tantas anomalias psíquicas como as da
atualidade. Em 1952, o DSM (Diagnostic
and Statistical Manual) que cataloga e classifica distúrbios mentais,
listou 112 disturbios, em sua estreia. Depois,
o numero saltou para 182 (em 1968). Em 1994 já tínhamos 297 e provavelmente
este número já está defasado. Atualmente muito se fala em transtorno de pânico
e grande parte da população está utilizando drogas que atuam diretamente no
sistema nervoso central, a fim de amenizarem os sintomas físicos de seus
conflitos psíquicos. Insônia, fobias,
angustias, são parte dos resultados colhidos pela humanidade, em tempos como
estes.
Na
década de 80 os psiquiatras calculavam que um em cada dez norte americanos
estava mentalmente doente. Na década de 90, seriam um para cada dois. Segundo
MOREIRA (p. 317), “os números não param
de aumentar. Cerca de 1/6 da humanidade já apresenta algum distúrbio
psicológico ou psiquiátrico. Quer isso dizer que uma em cada quatro famílias
tem pelo menos um membro com tais distúrbios. A tendência aponta para o
crescimento, e, pior, em direção a idades cada vez mais baixas”.
No
livro No Mundo Maior, o venerando Espírito Euzébio, durante a recepção aos
estudiosos e trabalhadores que se reuniam, para aprenderem a desenvolver os
planos de trabalho, fez a seguinte afirmativa:
“Foi
assim que atingimos a época moderna, em que a loucura se generaliza e a
harmonia mental do homem está a pique de soçobro. De cérebro evolvido e coração
imaturo, requintamo-nos, presentemente, na arte de esfacelar o progresso
espiritual. (...) Empenhados em
disputas intermináveis, em duelos formidandos de opinião, conduzidos por
desvairadas ambições inferiores, os filhos da Terra abeiram-se de novo abismo,
que o olhar conturbado não lhes deixa perceber. Esse hiante vórtice, meus
irmãos, é o da alienação mental, que não nos desintegra só os patrimônios
celulares da vida física, senão também nos atinge o tecido sutil da alma,
invadindo-nos o cerne do corpo perispiritual. Quase todos os quadros da civilização
moderna se acham comprometidos na estrutura fundamental. Precisamos, pois,
mobilizar todas as forças ao nosso alcance, a serviço da causa humana, que é a
nossa própria causa. (LUIZ A., citando EUZÉBIO, 1947, p. 14)
Embora
comentada em 1947, acreditamos que se trata de afirmação atualíssima.
Nunca
tivemos tantos pacientes nas clinicas psicológicas e psiquiátricas. Parece-nos
que Euzébio, já nos idos de 47, falava sobre algo nascente, que viria a se tornar uma verdadeira epidemia.
Ainda
MOREIRA (p. 318), citando o Dr Rudiger Dahlke, que em seu livro intitulado
“Qual é a doença do mundo? Os mitos modernos ameaçam nosso futuro” traz a
informação que, segundo a OMS [Organização Mundial de Saúde],
dos anos 20 para cá, “as enfermidades
cardiovasculares aumentaram quatorze vezes, as reumáticas, dezesseis vezes; o
câncer, vinte vezes; a obesidade, 35 vezes; o diabetes, 56 vezes; a esclerose
múltipla, 59 vezes; as alergias, setenta vezes; e a doença de Alzheimer, 89
vezes. De 1956 para cá, dobrou o número de afetados pela depressão”.
Outra
situação já considerada de forma epidemiológica é a drogadição.
Hoje
em dia vários governos comentam que a luta contra este fenômeno está perdida.
Drogas novas são lançadas no “mercado” a todo o momento, muitas delas
baratíssimas, a preço de pouquíssimo dinheiro, a dose. Os pais e familiares são muitas vezes pegos
de surpresa com a notícia de que seus filhos estão envolvidos nesta perigosa
armadilha. Isso quando não são os próprios pais a se drogarem, dando péssimos
exemplos no lar. [Lembrando que o álcool entra no hall das drogas licitas que
mais matam no mundo...]
Outro
dado colhido em nossas pesquisas é o de que o Bullying é a forma de violência
que mais cresce no mundo: são meninos e meninas expostos às mais diversas
situações repetitivas de humilhações, constrangimentos, apelidos jocosos,
intimidações, difamações. Como consequências, encontram-se o comprometimento da
saúde emocional, da qualidade das relações interpessoais, da construção da
cidadania e, principalmente, da ruptura no processo educacional, podendo ser
apontado como uma das causas dos elevados índices de evasão e retenção escolar
no país. Podemos dizer que se trata de um retrato da intolerância e da insensatez
que grassa o mundo, em todas as faixas de idade.
Em 2008, a OMS [Organização
Mundial de Saúde], divulgou um relatório que informava que houve um aumento de
60% no número de suicídios nos últimos 45 anos.
O INDIVIDUAL, O SOCIAL E O AMBIENTAL.
Sabemos que o ser humano é
um ser também social, ou seja, ele se desenvolve no meio, influenciando e sendo
influenciado, constantemente. Portanto, não temos como dissociar as coisas.
Temos visto o adoecimento humano e, concomitantemente, o adoecimento do
Planeta.
Dando alarme sobre a questão
da extinção de inúmeras espécies em nosso Planeta, devido a ação perniciosa do
ser humano, MOREIRA (2012, p. 62) citando LYNAS (2008) afirma que: “Diante das sucessivas pesquisas que provam a
acelerada extinção em massa de espécies, que despreza os milhões de anos que a
natureza os fez evoluir, Mark Lynas, no seu excelente livro ‘Seis Graus’,
lamenta, com fina ironia: ‘Tivesse Darwin de escrever seu estudo hoje, talvez o
título fosse O fim das espécies’”.
A revista Época, anunciando
dados estarrecedores sobre o degelo no Ártico, afirmou que O efeito estufa está
causando o derretimento do Ártico, em índices jamais vistos. Para entender o
que está acontecendo, segundo a revista, um grupo de cientistas do Instituto de
Meteorologia Max Planck, na Alemanha, fez uma análise de todas os fatores que
poderiam estar derretendo o Polo Norte. Avaliaram causas naturais como
oscilação no ciclo de radiação do Sol ou padrões de ventos e analisaram qual a
probabilidade dessas variações responderem pelo derretimento observado nos
últimos anos. Segundo os pesquisadores, a explicação para o derretimento é o
aquecimento da atmosfera, provocado pelo efeito estufa. E o aquecimento da água
do mar que, com a redução da superfície branca de gelo, absorve mais calor do
sol.
Segundo o pesquisador Peter
Wadhams, da Universidade de Cambridge, Inglaterra, e um dos maiores
especialistas no assunto, o derretimento do gelo no Ártico está acelerando a
tal ponto que pode desaparecer totalmente em quatro anos. Algo a se pensar,
urgentemente, pois o degelo do Ártico tem consequências "enormes"
para o planeta, tais como condições climáticas extremas, mas também
"misteriosas", como a possível liberação de grandes quantidades de
metano, gás causador de efeito estufa mais nocivo para a atmosfera que o CO2,
advertem especialistas.
CLENNELL (2005, p. 08),
do Centro de Pesquisa em
Geofísica e Geologia- IGEO, Universidade Federal da Bahia, afirma que “O gás metano, se liberado durante um evento
dessa natureza pode entrar na atmosfera, estimulando o efeito estufa” Diz
ainda, que: As mudanças climáticas
passadas tem sido atribuídas às variações no CO2 atmosférico e metano através
dos registros quaternários encontrados nos testemunhos de gelo no Ártico e
Antártico. (...).
Em uma
matéria de maio de 2012, a BBC Brasil anunciou que o gás metano que estava
preso há milênios no interior do Ártico está sendo expelido para a atmosfera
por causa do derretimento do gelo polar, segundo cientistas americanos. Em
estudo publicado pela revista especializada Nature Geoscience, pesquisadores
da Universidade do Alasca em Fairbanks (UAF) disseram ter identificado milhares
de áreas onde isso tem ocorrido.
Isso pode ter um impacto significativo nas mudanças
climáticas globais, dizem.
"O Ártico é a região do planeta que mais
rapidamente se aquece e tem muitas fontes de metano que podem elevar sua
emissão à medida que a temperatura subir", afirmou Euan Nisbet,
professor e pesquisador do metano no Ártico para a Universidade de Londres. "E essa é mais uma preocupação séria: o
aquecimento provoca ainda mais aquecimento".
Outro ponto a se destacar é
que, segundo MOREIRA (p. 23) estima-se que nas próximas décadas, sete de cada
dez grandes cidades do mundo serão afetadas pela elevação do nível do mar, e,
nessa perspectiva, serão cerca de 100 milhões de pessoas atingidas duramente
por essa nova realidade, a cada ano.
Ou seja, falar em
aquecimento global por emissão de gases resultantes da queima de combustível
fóssil é algo relevante, atual, urgente.
50% da Grande Barreira de
Coral da Austrália desapareceu nos últimos 30 anos, segundo a pesquisadora
Katharina Fabricius, que vem estudando a Grande Barreira desde 1988. Embora
seja impossível controlar os eventos climáticos que atingem os corais, para frear
o progresso do declínio os pesquisadores pedem a diminuição das emissões de CO2.
Diante destes dados e de
muitos outros, a ONU, em conjunto com o governo da Noruega, começou a
construir, em março de 2007, uma Caixa Forte Internacional de Sementes, apelidada
de “Cofre do Fim do Mundo”, com capacidade para armazenar 4,5 bilhões de
amostras de sementes. Esta mega
construção está enterrada a 120 metros de profundidade, dentro de uma montanha.
Segundo MOREIRA, mais de 40 países participaram do banco de sementes “e não desprezam a hipótese de mudanças
climáticas catastróficas” (MOREIRA, p. 68)
O mesmo autor conta-nos,
ainda que, o cientista inglês James Lovelock, criador da teoria de Gaia, crê
firmemente na possibilidade de uma ampla destruição da humanidade e, por este
motivo, defende a ideia de um “manual inicial de civilização”.
Cita também, que o cientista
Stephen Hawking, o mais respeitado astrofísico britânico, comentou,
entristecido, que “o futuro da humanidade
está no espaço; que devemos deixar a Terra nos próximos cem anos, sob pena de
risco de extinção da espécie humana”. (p. 71).
São pontos a se pensar.
Uma questão intrigante,
fenômeno sentido pela maior parte da população, é que o tempo parece estar
passando mais rapidamente.
Uns dizem que se trata da
ressonância Schumann, outros que é efeito de uma vida sem tréguas, ávida por
consumismo e prazer. Seja lá qual for o motivo, a verdade é que inúmeros
cidadãos sentem-se ansiosos com esta situação, sempre com a sensação de que não
irão conseguir dar conta do que precisam realizar.
Surge, aqui, uma pergunta: O
que é mesmo que precisamos realizar?
ÚLTIMA HORA PARA O DESPERTAMENTO E A MUDANÇA
Arriscamos dizer que a
grande massa de terráqueos não tem consciência do que vieram fazer neste
Planeta. Sequer admitem a teoria da reencarnação, quanto mais a existência de
um planejamento reencarnatório...
Das mais de sete bilhões de
almas reencarnadas na Terra, poucas tem noção do processo pelo qual estamos
passando. Raras refletem sobre a vida que levam ou se prepararam para situações
mais complicadas, emocionalmente ou fisicamente (marcas deste período).
MOREIRA (p. 23) diz que “depois do iluminismo, ser cético virou charme”.
Concordamos com ele. Pessoas crêem passar a imagem de inteligentes, espertos.
Muitos se afirmam céticos mais por preguiça em mudar que por potência
intelectual, na verdade.
“Até a virada do milênio, a maioria dos cientistas materialistas
tripudiava sobre as milenares tradições espiritualistas que noticiavam a
chegada de um turbulento período de transição planetária. Agora a ciência, a
seu modo, é quem dá os mais graves alertas e confirma a lapidar afirmação de
Arthur Clarck sobre os cientistas: “primeiro eles dizem que não existe; depois
dizem que é impossível; por fim, brigam para provar quem descobriu primeiro””.
(MOREIRA, p. 23)
Ainda sobre nosso Planeta,
entre 1990 e 1995 aconteceram, em média, 320 desastres naturais ao ano. Entre
os anos de 2000 até 2005 este numero passou a a média de 550 desastres
naturais, ao ano. E muitas pesquisas sugerem uma tendência no crescimento
destes números, tanto em quantidade como em intensidade.
Por fim, retomamos que tudo
está interligado. A forma como nos constituímos intimamente reflete
drasticamente no meio externo, assim como somos altamente impactados pelo que
vem do meio que nos cerca.
E, o que temos a fazer,
então?
Não seria preciso um
conhecimento tão amplo como o Espirita para ao menos nos perguntarmos, vez ou
outra, qual o sentido da existência.
Muitos filósofos já se
debruçaram sobre esta questão. Explicações muitas, porém é na Doutrina que
encontramos os melhores argumentos para nosso renascimento por aqui: evolução.
E, como evoluir, destruído
um Planeta inteiro? Coisa difícil...
“Faz lembrar da histórica conversa entre um oficial
nazista e Pablo Picasso, na Paris invadida por alemães, durante a segunda
guerra mundial. Ao entrar no ateliê do artista e se defrontar com a famosa obra
‘Guernica’ – que estampa o horror e a insânia da guerra – o nazista perguntou:
“Foi você quem fez isso?”. “Não”, replicou Picasso. “Foram vocês”. Tivesse a
pergunta e o pintor atravessado o tempo e deparado com o catastrófico estrago
na obra-prima da natureza, provavelmente Picasso diria: “Sim. Eu, você, todos
nós”.
(MOREIRA, 2012, p 65)
Já no prefácio da obra “A
Grande Transição – O Sentido de Urgência” (prefácio este escrito por Pedro de
Campos) nos deparamos com uma informação intrigante: a de que não apenas
estamos já no processo de transição planetária, mas que sim, há urgência, no
sentido de que “é preciso acertar o
desequilíbrio e promover o bem estar. Caso contrário o homem sofrerá as
consequências”. (p. 12) Depois, enumerando as diversas tragédias naturais
que estão acontecendo, assim como os desmandos humanos, que ocasionam
armadilhas de difícil trato, comenta que “o
organismo Terra, que revirando as suas entranhas articula novas defesas
naturais e trata o homem como verdadeiro micróbio, como um ser que precisa ser
exterminado pelo efeito nocivo que provoca.” (p. 14)
Então, segundo o autor do
prefácio, o sentido de urgência não está apenas no âmbito de moralização
intima, mas, também, na moralização ambiental, pela forma como tratamos nossa
Casa.
Certo é de que desde o
período da codificação da Doutrina Espirita, muito tem se falado sobre estes
tempos. Inclusive, no capítulo final de A Gênese (cap. XVIII), Allan Kardec
anuncia, logo no título, que “Os Tempos
São Chegados” (item 1). Que tempos
são esses? Tempos de decisões, fundamentalmente.
Tempos de optarmos entre
continuar numa postura equivocada, como já comentou Zigmunt Baumann, o grande
sociólogo polonês, como “turistas existenciais”, que aqui chegam, enceguecidos
pela ideologia capitalista vigente, vivendo para o consumo e o prazer, ou
desenvolver a postura do peregrino: aquele que caminha ao lado de todos,
aprendendo na caminhada, saindo dela melhor do que quando chegou.
O escritor e seminarista
Espírita Alkindar de Oliveira nos alerta que esta é a mais importante de todas
as nossas encarnações. Realmente.
Citando Frei Betto, MOREIRA
traz que, segundo artigo publicado sobre o fracasso da Conferência das Nações
Unidas para Mudanças do Clima – COP 15 – o Frei teria afirmado que “agora, corremos contra o relógio do tempo. O
apocalipse desponta no horizonte e só há uma maneira de evita-lo: passar do
paradigma de lucratividade para o de sustentabilidade” (p. 83)
Falando sobre a necessidade
de se superar os desafios ambientais, Lester Brown lamenta: “O desafio é como fazê-lo no tempo
disponível. Infelizmente não sabemos quanto tempo ainda resta. A natureza
controla o tempo, mas não podemos ver o relógio.” (2009, p. 19)
Leonardo Boff comentou, sobre os resultados da COP
15, sua triste percepção: “Não me vem à
mente outra expressão ao assistir ao melancólico desfecho da COP 15 sobre as
mudanças climáticas em Copenhague: é a treva! Sim, a humanidade penetrou numa
zona de treva e de horror. Estamos indo ao encontro do desastre!” E,
corajoso, complementou: “Ecologia e capitalismo se negam frontalmente. Não há acordo possível. O
discurso ecológico procura o equilíbrio de todos os fatores, a sinergia com a
natureza e o espírito de cooperação. O capitalismo rompe com o equilíbrio ao
sobrepor-se à natureza, estabelece uma competição feroz entre todos e pretende
tirar tudo da Terra, até que ela não consiga se reproduzir. Se ele assume o
discurso ecológico é para ter ganhos com ele”. (p. 01)
Com tudo o que já foi
exposto até aqui e, acreditem, trata-se de pequenina parte de um todo de
estudos e informações que falam a respeito deste intrincado tema, fica a
pergunta: Com todo este alarde, alguém ainda dorme?
Segundo André Luiz, o
Espirito que nos ajudou com tantas obras, na década de 50 ao menos 70% da
população da Terra dormia. Tempos depois, Emmanuel também fez o mesmo
comentário, dizendo que a maior parte do planeta está adormecida, vivendo numa
letargia espiritual dramática, “ligados no automático”.
É ainda o autor do livro “A
Grande Transição da Terra – O Sentido de Urgência”, que nos faz lembrar a
célebre história envolvendo Maria Antonieta, a então rainha da França e esposa
de Luiz XVI que, certa manhã escrevera em seu diário, displicentemente: “Dia comum. Nada especial está acontecendo”.
Horas depois foi decapitada pela guilhotina, enquanto a população gritava, em
êxtase.
Assim estamos nós, a maior
parte dos terráqueos. Crendo que se trata de mais um dia comum, que nada de
especial está acontecendo. Que Deus cuida de todos e que também dará um jeito
nisso, castigando corruptos no além tumulo ou ajeitando o clima, quando necessário.
Inconsequentes, nada sabem
sobre as Leis Divinas, negam a situação de Causa e Efeito e os efeitos do
Livre-Arbítrio humano.
O estudioso Hermínio
Miranda, um dos nomes mais conceituados do meio Espirita, por sua idoneidade e
compromisso com a verdade, falando sobre a questão do despertamento humano, é categórico
ao comentar que passamos da hora do despertamento:
“Imagino que somente um choque de grandes proporções consiga produzir
impacto suficientemente forte para acordar as esmagadoras maiorias sonâmbulas, a
perambularem pelos caminhos da vida sem saber o que são, de onde vêm, para onde
vão, o que estão fazendo aqui” (MIRANDA, p. 353)
Pensamos como Hermínio.
PENSAR NA MORTE PARA MUDAR A VIDA
Faz algum tempo que temos
nos empenhado em divulgar a necessidade de discutirmos a morte. Não somente por
ser ela inexorável, mas, sobretudo, para entendermos, de uma vez por todas, que
é preciso, a partir deste paradigma, reavaliarmos a forma como atuamos em nosso
mundo. Usualmente, ao vermos, atônitos, os desastres naturais que assolam o
Planeta, levando por vezes milhares de irmãos nossos de uma só vez para a
Pátria Espiritual, lamentamos e continuamos em nossas rotinas, crendo que
aquilo que foi visto só acontece fora de nós, longe. Nos sentimos fora do
perigo. Ledo engano.
Por outro lado, importante
entendermos que não se pode divulgar o fim do mundo, pois definitivamente não
se trata disso. Este artigo não surge, portanto, para afirmar que tudo será
tranquilo, tampouco que haverá a destruição completa de nosso Planeta. Estamos,
entretanto, trazendo um alerta sobre a possibilidade cada dia mais real de
estarmos à beira de uma situação irreversível, que poderá fazer com que a vida
na Terra seja muito mais difícil. Ademais, os Espíritos Superiores afirmam que
não haverá o final do Mundo. Nós também cremos nisso.
O que haverá, então?
Cabe-nos saber fazer
previsões. Oras, se estamos conduzindo o Planeta a uma situação de caos, caos
colheremos.
Se vivemos como autômatos,
dentro de um sistema alienante, com preguiça para o despertamento,
provavelmente passaremos pelo trauma da situação.
O adoecimento psíquico desta
geração se deve, fundamentalmente, a uma vida imprópria, indevida. Vivemos como
se não fôssemos morrer, morremos sem ter vivido, realmente.
Quando a dor chegar até nós,
com toda a sua força, estaremos dormindo?
A MATRIX REAL
Retomando as ideias trazidas
por MOREIRA (2012, p. 115), citaremos sua compreensão quanto ao que ele chamou
de Matrix
real. Tomando por base a trilogia do cinema com o mesmo nome, MOREIRA
assinala que, assim como na trama, em nossa vida, dita “real” vivemos de forma
cativa, prisioneiros de uma grande farsa. No filme, todos estão muito ocupados
com seus mundinhos e sequer se percebem prisioneiras das próprias crenças. Um
grande sistema chamado Matrix cria a ilusão mental que mantem a humanidade
engessada no erro. “Esse enredo fictício
projetou o realismo do último século. O sistema materialista, a cultura
individualista, o modelo de vida consumista e a economia predatória criou uma
Matrix real” (p. 122) Explica o autor que, com isso, nos distanciamos de
nossa essência, deixando de lado a natureza e o movimento reflexivo. Segundo
ele, “a Matrix real é o sistema
econômico, cientifico e cultural, que se alimenta e mos aprisiona através de
crenças, valores, normas, estruturas e por uma dinâmica tridimensional:
materialista, consumista e individualista” (p. 123)
MOREIRA (2012, P. 123), resume
este pensamento, através de alguns exemplos, abaixo elencados:
·
O Universo foi criado à partir de uma explosão. Não
existiu um ato da Criação. Simplesmente o universo surgiu com suas galáxias,
estrelas, planetas e vida.
·
O Universo é uma grande máquina e a natureza deve
ser explorada como algo inanimado;
·
A vida surgiu ao acaso, de uma sopa primordial;
·
Deus não existe, assim como não existe um propósito
para o Universo, nem sentido para a vida;
·
Isso quer dizer que não existe justiça, moral ou
leis divinas;
·
As leis que existem são naturais e surgiram, tal
como o Universo e a vida, pelo poderoso acaso;
·
Cultue a divindade razão, nos templos da ciência
materialista, com os sacerdotes modernos, que são os cientistas e acadêmicos:
eles podem capturar e aprisionar a verdade. A última palavra é sempre deles,
podem monopolizar o conhecimento, o saber, a verdade, a ética;
·
Quem segue cegamente a ciência materialista é
instruído, evoluído, sério. Quem não seque é ignorante, marginal,
desacreditado.
·
A religião é o mal do mundo;
·
Existem povos, raças e pessoas mais importantes que
outras.
·
O bem estar material de poucos deve ser preservado
para a estabilidade do sistema;
·
Por tudo isso, não seja tão sensível ao sofrimento
de seres inferiores, nem à destruição o Planeta.
·
A indiferença é uma garantia para nosso bem-estar
material;
·
Não existe nenhuma missão especial para você estar
vivendo;
·
Você e eu somos frutos aleatórios do acaso,
parentes distantes de macacos, um trambolho complexo de matéria.
·
Sua personalidade e caráter são o resultado da
vontade de genes egoístas, do determinismo genético;
·
Tudo o que acontece na natureza é por escolha de
genes e você nada pode fazer a respeito;
·
Quando a morte chegar não restará nada de sua
identidade. Você virará pó e nada mais;
·
O que chamam de fenômenos espirituais ou é fraude
ou é doença psiquiátrica ou é fruto da mente.
·
Não existe nada além da matéria densa;
·
O ceticismo é o correto, pois lhe dá credibilidade;
·
A mente não existe sem o cérebro;
·
Você deve aproveitar cada instante, cada momento.
Você só tem uma vida;
·
Não existe reencarnação, portanto não voltarpá para
este Planeta, tendo de colher os efeitos da causa que gerou.
·
Seja esperto, egoísta, consuma para ser feliz, viva
pelo prazer.
·
O paraíso é o aqui-e-agora.
·
Seja competitivo. O mundo é dos “melhores”.
·
Acumule riquezas.
·
Tenha um corpo perfeito. O que vale é a beleza
externa, magterial.
·
É mais importante ter do que ser.
·
No fim, se não tiver acumulado poder, fama,
riquezas materiais, serás um insignificante.
·
Então, trabalhe, produza, consuma.
·
Caso contrário, será marginalizado pelo sistema.
·
Não perca tempo com fantasias e bobagens
espirituais, nem com pessoas inferiores.
·
Siga a moda, a tendência, ainda que isso signifique
abrir mão de princípios.
·
Seja livre. Não aceite limites.
·
Curta a vida e fique indiferente aos problemas do
mundo e dos outros. Somente valem as relações consanguíneas.
·
Crie relações por interesse.
·
O que você faz não voltará para você.
·
Na Matrix real você surgiu e caminha para o nada.
·
O sistema pode amenizar esta terrível realidade com
o consumo, os vícios, as paixões, a liberdade total, o prazer.
E, finalizando a parte dos
exemplos terríveis e verdadeiros, MOREIRA constata que: “Caso comungue desta visão de mundo, de várias das crenças citadas e se
comporte, muitas vezes, como aqui descrito, você também é – sem se perceber –
um prisioneiro da Matrix real”. (p. 126)
Este sistema no qual estamos
inseridos, alimenta nossa alienação, através de propagandas, falas, ditames,
que nos conduzem, através de avançadas técnicas da Psicologia comportamental, à
uma vida fútil, enfraquecendo nossas disposições para o bem, para o avanço
nosso e de nossos irmãos.
Entretanto, existe um novo
paradigma surgindo, que quer se firmar, no qual compreendemos que a
transformação do Ser humano na Terra está se dando, mesmo que a passos lentos.
Já percebemos movimentos
ecológicos mais firmes, hoje já se fala em holismo, biocivilização, empreendedorismo
social. Além disso, os meios acadêmicos já trazem à baila temas
espiritualistas, denotando a emergência de uma revisão em seus postulados.
Crescem críticas e movimentos contra o materialismo, contra o consumismo, o
fanatismo e a concentração de riqueza em detrimento de muitos. Passamos a
estudar a cultura oriental, com novas visões de mundo (para o ocidente). A
tecnologia está fazendo uma revolução à parte, com o uso medicinal das
células-tronco, a cura para tantas doenças, etc.
Por outro lado, não tenhamos
a inocência de acharmos que o sistema permitirá mudanças radicais, assim tão
facilmente...
Isso porque muitos de nós
temos incrível dificuldade para sairmos de nossos mundinhos estreitos. Daí que,
assim como nos indicou Herminio Miranda, talvez seja preciso algo maior, mais
profundo para nos acordar, para nos fazer perceber a ilusão do sistema no qual
estamos mergulhados.
Há milênios, Espiritos
Superiores têm vindo até nós para nos ensinarem estas verdades. Jesus nos pediu
que despertássemos deste sono. Até quando desejaremos a hibernação? A Grande
transição está aí. Seus efeitos podem ser materiais, e de longo alcance.
NÃO EXISTE ACASO E TUDO TENDE AO PROGRESSO
Segundo os ensinamentos
Espíritas, não existe “involução”. Não damos passos para trás. Entretanto, não
é menos verdadeiro, que muitos “marcam passo” na evolução que precisam
realizar. Comportam-se como os gordos peixes do pequeno lago, comentados no
conto do peixinho vermelho. Vivem como se fossem acima da Lei Divina, preocupando-se
apenas com questões materiais, sem nenhuma reflexão maior sobre a vida, o
mundo, Deus, etc.
Desculpam-se, dizendo: “Ah!
Estas questões entrego aos religiosos! Quando eu morrer descubro o que vem
depois, pela prática”. Esquecem-se de que, quando sabemos a obrigatoriedade de
uma viagem precisamos saber, urgentemente, o que devemos colocar na mala, sob
risco de passarmos frio, calor, necessidades outras. Daí que, pegos de surpresa
pelas mãos da morte, despertam alienados, sofrendo as dores resultantes de sua
despreocupação, de seu desinteresse e preguiça.
Com eles, ou sem eles, o
certo é que nosso Planeta deixará de pertencer à categoria de provas e
expiações e passará para o patamar dos mundos de regeneração. E neste novo
mundo, apenas os preparados poderão retornar. Os outros, levados pelo próprio
peso material [perispiritual], serão atraídos por mundos mais primitivos, a fim
de acordarem, pelas vias da dor.
Portanto, cremos ser
importante destacar que não se trata de uma mudança humana para que aconteça
uma mudança Planetária. Não! O que está ocorrendo é que, o Planeta adoecido vai
passar para outra fase, independentemente de queremos esta mudança ou não. A
decisão que nos cabe diz respeito somente a nós mesmos: se queremos ou não
fazer parte deste ciclo, no hoje, a partir de agora.
Imperioso lembrarmos que
mesmo no caos existe uma Lei Soberana, subjacente, que coloca ordem às coisas,
mesmo que de forma imperceptível.
Portanto, não estamos à
mercê do acaso. No leme está Deus. No governo da Terra está Jesus. Após as
turbulências, a nova Era triunfará, com o bem se sobrepondo ao mal.
Ficar ou não neste mundo
melhorado, corre por nossa conta.
PROFECIAS SOBRE ESTA FASE
Quando falamos em profecias,
entendemos que, para que possam ter alguma validade, é preciso que tais
profetas tenham contato com o futuro.
A fim de tornarmos o
entendimento acerca desta possibilidade mais acessível, tomaremos emprestado
algumas comparações feitas por Kardec, assim como explicações trazidas por
MOREIRA (p. 164).
Destacamos que a Doutrina
Espírita não admite destinos totalmente pré estabelecidos. O que existe, segundo os Espiritos, são
determinados eventos pelos quais precisamos passar. Tudo o mais depende de
múltiplas variações, de acordo com nosso livre-arbítrio.
A fim de nos ajudar no
entendimento infantil, Kardec explica como se dá a questão, utilizando-se de
uma analogia interessante. Ensina:
“Suponhamos um homem colocado no cume de uma alta
montanha, a observar a vasta extensão da planície em derredor. Nessa situação,
o espaço de uma légua pouca coisa será para ele, que poderá facilmente apanhar,
de um golpe de vista, todos os acidentes do terreno, de um extremo a outro da
estrada que lhe esteja diante dos olhos. O viajor, que pela primeira vez
percorra essa estrada, sabe que, caminhando, chegará ao fim dela. Constitui
isso uma simples previsão da conseqüência que terá a sua marcha. Entretanto, os
acidentes do terreno, as subidas e descidas, os cursos dágua que terá de
transpor, os bosques que haja de atravessar, os precipícios em que poderá cair,
as casas hospitaleiras onde lhe será possível repousar, os ladrões que o
espreitem para roubá-lo, tudo isso independe da sua pessoa; é para ele o
desconhecido, o futuro, porque a sua vista não vai além da pequena área que o
cerca. Quanto à duração, mede-a pelo tempo que gasta em perlustrar o caminho.
Tirai-lhe os pontos de referência e a duração desaparecerá. Para o homem que
está em cima da montanha e que o acompanha com o olhar, tudo aquilo está
presente. Suponhamos que esse homem desce do seu ponto de observação e, indo ao
encontro do viajante, lhe diz: “Em tal momento, encontrarás tal coisa, serás
atacado e socorrido.” Estará predizendo o futuro, mas, futuro para o viajante,
não para ele, autor da previsão, pois que, para ele, esse futuro é presente”. (KARDEC, 1869, p. 313)
Esta explicação fantástica
clarifica a questão das profecias. Espíritos Superiores certamente conseguem
ver a situação do mais alto patamar. Entretanto, mesmo Jesus não estabelece
datas em suas profecias, pois sabe que podem ocorrer variações, de acordo com o
livre-arbitrio humano. Entretanto, sabedor que é da natureza humana, pode,
através de calculo bastante aproximado, predizer acontecimentos futuros.
E, falando em profecias, desejamos
destacar uma que nos fala alto ao coração.
Trata-se da “profecia
augusta” de Jesus, trazida pelo Espírito Emmanuel, no livro “Há Dois Mil Anos”,
capítulo intitulado “Alvoradas do Reino do Senhor”. Neste capítulo, Jesus
recebe, na Pátria Espiritual, alguns dos mártires recém desencarnados em
espetáculos grotescos, na Roma antiga. Após comentar a história humana, a
partir de sua vinda à Terra, os desmandos e desatinos que efetuamos no Planeta,
assevera o amoroso Mestre que muitas coisas ocorrerão:
"Quando a escuridão se fizer mais profunda nos
corações da Terra, determinando a utilização de todos os progressos humanos
para o extermínio, para a miséria e para a morte, derramarei minha luz sobre
toda a carne, e todos que vibrarem com o meu Reino e confiarem nas minhas promessas,
ouvirão as nossas vozes e apelos santificadores.
Um sopro poderoso de verdade e vida varrerá toda a
Terra, que pagará, então, à evolução dos seus institutos, os mais pesados
tributos de sofrimentos e de sangue... Exausto de receber os fluidos venenosos
da ignomínia e da iniquidade de seus habitantes, o próprio planeta protestará
contra a impenitência dos homens, rasgando as entranhas em dolorosos
cataclismos. As impiedades terrestres formarão pesadas nuvens de dor que
rebentarão, no instante oportuno, em tempestades de lágrimas na face escura da
Terra e, então, das claridades da minha misericórdia, contemplarei meu rebanho
desditoso e direi como os meus emissários: Ó Jerusalém, ó Jerusalém...
Trabalharemos com amor, na oficina dos séculos
porvindouros, reorganizaremos todos os elementos destruídos, examinaremos
detidamente todas as ruínas buscando o material passível de novo aproveitamento
e, renovadoras da vida planetária, organizaremos para o mundo um novo ciclo
evolutivo, consolidando, com as divinas verdades do Consolador, os progressos
definitivos do homem espiritual.” (EMMANUEL, 1939 p. 346).
MOREIRA (p. 227), citando o
físico inglês Stephen Hawking comenta que o cientista assim bradou: “nós estamos à beira de uma segunda era
nuclear e próximos de um período de mudanças climáticas sem precedentes. Os
cientistas têm, mais uma vez, a responsabilidade de informar o público e
aconselhar as autoridades mundiais sobre o risco iminente à humanidade”.
Vemos, então, que hoje
realmente a ciência fala daquilo que diversas linhas de pensamento humano já
falaram...
Porém, embora a necessidade
de analisarmos francamente estas possibilidades cada vez mais próximas de
ocorrer, não nos deteremos na parte catastrófica destas previsões, mas
destacamos algo que entendemos profundamente relevante: a melhor preparação
para darmos conta de eventos deste porte “é
íntima, psíquica, no palco das emoções, na fortaleza da mente, non reino do
Espírito. De pouco adiantará se preparar para desastres naturais, para se
proteger da criminalidade, de ameaças terroristas, de enfermidades epidêmicas,
das oscilações da economia ou de tragédias pessoais, se nossa vida não tiver um
significado maior, transpessoal; se o nosso Espírito estiver vulnerável, oco,
vazio, sem uma granítica base espiritual. O cristão, e em particular o
Espírita, tem se preparar para as perdas. Deve compreender a morte como um
fenômeno natural e não como um fim. Precisa estar preparado para manter o
equilíbrio, a paz interior, o bom senso, mesmo em situações extremas. Mais que
isso, deve estar a postos para prestar auxílio e não para ficar paralisado,
reclamando da vida e assustado” (MOREIRA, p. 210).
Infelizmente muitos dormem,
repetimos. Que possamos acordar a nós mesmos e, após este despertamento, que
possamos alertar o maior numero de pessoas para esta realidade, além da Matrix
real. O tempo urge! Avante!
FINALIZANDO:
Em O Evangelho Segundo o
Espiritismo, na lição intitulada “A Verdadeira Desgraça” (capítulo 8, item 24),
encontramos a afirmativa trazida pelo Espírito Delphine de Girardin, dizendo que o mal reside
no momento do erro e não em suas consequências. Ou seja, a verdadeira desgraça
está situada no crime, no abuso, na ignorância, na corrupção, na cólera, no
ataque à natureza, no adormecimento dos consciências, etc. Tormentas naturais
não são desgraças, mas abençoada oportunidade de resgate e aprendizado.
Temos de enxergar com os
olhos do Espírito e não mais com olhos humanos!
A alma a tudo sobrevive...
esta vida é apenas uma passagem, uma rápida etapa. E no hoje, uma etapa
adentrando no ápice da grande transformação.
Sim, já estamos vivendo os
sinais que antecedem esse novo tempo para a humanidade, previstos pelo Cristo,
quando profetizou: “Ouvireis falar também de guerras (...) porque se verá
levantar-se povo contra povo e reino contra reino”.
Mas, como Ele próprio
afirmou no “Sermão da Montanha”: “Bem aventurados os
mansos, pois herdarão a Terra!”, ou seja, após o fim de
toda essa turbulência, o homem de bem poderá sentir a tão almejada paz.
Que possamos fazer parte
desta nova humanidade!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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modernidade". In: O Mal-estar da Pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar Editor, 1998.
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http://www.leonardoboff.com/site/vista/2009/dez25.htm, acessado em 07 de
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CLENNELL,
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_____________Ditado
pelo Espírito Espírito de André Luiz; "No Mundo Maior", 12ª ed. Rio
de Janeiro, FEB, 1947.
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