.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Introdução ao estudo sobre o tratamento da obsessão


Introdução ao estudo sobre o tratamento da obsessão

Astolfo O. de Oliveira Filho (Londrina-PR)


Questões para debate

1. De que decorre a obsessão?

2. Como nesse processo atua o Espírito causador da obsessão?

3. É possível neutralizar a influência de um Espírito inferior?

4. O passe magnético é importante no tratamento da obsessão?

5. Quando a tarefa da desobsessão se torna mais fácil?

6. A prece é um recurso importante na terapia desobsessiva?

7. Que é que Kardec recomenda com vistas à cura das obsessões?

8. Quais são, de forma sintética, os principais recursos espíritas que podemos utilizar no tratamento da obsessão?

Desenvolvimento

1. De que decorre a obsessão?

A obsessão decorre sempre de uma imperfeição moral, que dá ascendência a um Espírito mau. A uma causa física, opõe-se uma força física; a uma causa moral preciso é se contraponha uma força moral. Para preservá-lo das enfermidades, fortifica-se o corpo; para garanti-la contra a obsessão, tem-se que fortalecer a alma; donde, para o obsidiado, a necessidade de trabalhar por se melhorar a si próprio, o que as mais das vezes basta para livrá-lo do obsessor, sem o socorro de terceiros. Segundo Kardec, a obsessão quase sempre exprime vingança tomada por um Espírito e cuja origem frequentemente se encontra nas relações que o obsidiado manteve com o obsessor em precedente existência.

2. Como nesse processo atua o Espírito causador da obsessão?

Na obsessão, o Espírito perturbador atua exteriormente, com a ajuda do seu perispírito, que ele identifica com o do encarnado, ficando este enlaçado por uma espécie de teia e constrangido a proceder contra a sua vontade. Na possessão, em vez de agir exteriormente, o Espírito atuante se substitui, por assim dizer, ao Espírito encarnado; toma-lhe o corpo para domicílio, sem que este, no entanto, seja abandonado pelo seu dono, pois que isso só se pode dar pela morte. A possessão é, pois, sempre temporária e intermitente, porque um Espírito desencarnado não pode tomar definitivamente o lugar de um encarnado, pela razão de que a união molecular do perispírito e do corpo só se pode operar no momento da concepção.

3. É possível neutralizar a influência de um Espírito inferior?

Sim. E, agindo com esse propósito, o indivíduo estará prevenindo a obsessão. Para tanto é necessário, conforme ensina a questão 469 d´O Livro dos Espíritos, fazermos o bem e colocar toda a nossa confiança em Deus. “Guardai-vos – acrescentou o benfeitor que respondeu referida questão – de atender às sugestões dos Espíritos que vos suscitam os maus pensamentos, que sopram a discórdia entre vós outros e que vos insuflam as paixões más. Desconfiai, especialmente, dos que vos exaltam o orgulho, pois que esses vos assaltam pelo ladro fraco.”

4. O passe magnético é importante no tratamento da obsessão?

Sim. Nos casos graves de obsessão, como o obsidiado fica como que envolto e impregnado de um fluido pernicioso do qual tem dificuldade de desembaraçar-se, é preciso a atuação de um fluido bom, capaz de neutralizar o mau fluido, o que pode ser obtido por meio da terapêutica do passe magnético que, como informa André Luiz, é sempre valioso no tratamento ministrado aos enfermos de qualquer classe. Obsessor e obsidiado são enfermos da alma e por isso beneficiam-se muito com o passe magnético. Dificilmente, porém, basta uma ação mecânica para que o mal seja debelado. É preciso atuar sobre o ser inteligente causador da obsessão, ao qual devemos falar com autoridade. Essa autoridade, não a possui quem não tenha superioridade moral, que decorre do aprimoramento espiritual do socorrista. Quanto maior o aprimoramento moral, maior a autoridade. E isso também não é tudo: para assegurar a extinção do processo obsessivo, é indispensável que o obsessor seja, por meio de instruções habilmente ministradas, convencido a renunciar aos seus desígnios, a perdoar e a desejar o bem, arrependendo-se dos prejuízos causados à sua vítima.

5. Quando a tarefa da desobsessão se torna mais fácil?

A tarefa torna-se mais fácil quando o obsidiado, compreendendo a situação, procura auxiliar com sua vontade e com suas preces o trabalho em curso. Se, porém, ele não fizer a parte que lhe cabe no processo, as dificuldades do tratamento serão muito grandes, sobretudo se ele se ilude com as qualidades do seu obsessor e se compraz no erro a que foi conduzido.

6. A prece é um recurso importante na terapia desobsessiva?

Sim. A prece, em todos os casos de obsessão, é e será sempre o mais poderoso meio de que dispomos para demover o obsessor dos seus propósitos maléficos. Em todos eles, no entanto, a prática do amor e da caridade constitui o recurso mais valioso, uma vez que somente o amor, tal como nos foi ensinado e exemplificado por Jesus, é capaz de harmonizar indivíduos que se odeiam, pondo fim às ideias de vingança, às perseguições e aos sofrimentos daí decorrentes.

7. Que é que Kardec recomenda com vistas à cura das obsessões?

Kardec trata do assunto no cap. 28, itens 81 e seguintes, d´ O Evangelho segundo o Espiritismo, em que diz que a cura das obsessões graves requer muita paciência, perseverança e devotamento e exige tato e habilidade, a fim de encaminhar para o bem Espíritos muitas vezes perversos, endurecidos e astuciosos, porquanto os há rebeldes ao extremo. Na maioria dos casos, temos de nos guiar pelas circunstâncias. Qualquer que seja, porém, o caráter do Espírito, nada se obtém pelo constrangimento ou pela ameaça. Toda influência reside no ascendente moral. Outra verdade igualmente comprovada pela experiência, tanto quanto pela lógica, é a completa ineficácia dos exorcismos, fórmulas, palavras sacramentais, amuletos, talismãs, práticas exteriores, ou quaisquer sinais materiais.

A obsessão muito prolongada pode ocasionar desordens patológicas e reclama, por vezes, tratamento simultâneo ou consecutivo, quer magnético, quer médico, para restabelecer a saúde do organismo. Destruída a causa, resta combater os efeitos.

Com respeito àquele que sofre o processo, é preciso que ele fortifique sua alma, pelo que necessário se torna que o obsidiado trabalhe pela sua própria melhoria, o que as mais das vezes basta para o livrar do obsessor, sem recorrer a terceiros. O auxílio destes se faz indispensável, quando a obsessão degenera em subjugação e em possessão, porque aí não raro o paciente perde a vontade e o livre-arbítrio.

Nos casos de obsessão grave, o obsidiado se acha como que envolvido e impregnado de um fluido pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele. É desse fluido que importa desembaraçá-lo. Ora, um fluido mau não pode ser eliminado por outro fluido mau. Mediante ação idêntica à do médium curador nos casos de enfermidade, cumpre se elimine o fluido mau com o auxílio de um fluido melhor, que produz, de certo modo, o efeito de um reativo. Esta é a ação mecânica, mas que não basta. É necessário, sobretudo, que se atue sobre o ser inteligente que provoca a obsessão, ao qual importa se fale com autoridade, que só existe onde há superioridade moral. Quanto maior for esta, tanto maior será igualmente a autoridade.

Mas isso não é tudo: para garantir-se a libertação, cumpre induzir o Espírito perverso a renunciar aos seus maus desígnios e fazer que nele despontem o arrependimento e o desejo do bem, por meio de instruções habilmente ministradas, objetivando a sua educação moral. Pode-se então lograr a dupla satisfação de libertar um encarnado e de converter um Espírito imperfeito.

A tarefa se apresenta mais fácil quando o obsidiado, compreendendo a sua situação, presta o concurso de sua vontade e de suas preces.

8. Quais são, de forma sintética, os principais recursos espíritas que podemos utilizar no tratamento da obsessão?

Sete são os principais recursos espíritas na tarefa da desobsessão:

  1. Conscientização, por parte do obsidiado e de seus familiares, de que a paciência é fator essencial no tratamento e que as imperfeições morais do obsidiado constituem o maior obstáculo à sua cura
  2. Fluidoterapia (passes magnéticos, radiações e água magnetizada)
  3. Prece e vigilância permanente
  4. Laborterapia
  5. Renovação das ideias através da boa leitura, de palestras e da conversação elevada
  6. Culto evangélico no lar
  7. Esclarecimento ou doutrinação do Espírito obsessor, em grupos mediúnicos especializados, em cujas reuniões a presença do enfermo não é necessária e pode até mesmo lhe ser prejudicial. Sobre a presença do obsidiado nos trabalhos mediúnicos, Divaldo Franco diz o seguinte, conforme podemos ver na questão 97 do livro Diretrizes de Segurança: “O ideal será que ele não participe dos trabalhos mediúnicos. Se estiver no estado em que registra as ideias sadias e as perturbadoras, o trabalho mediúnico pode ser-lhe seriamente pernicioso. Porque, se o obsessor incorporar, poderá ameaçá-lo diretamente, criando nele condicionamento que depois vai explorar de espírito a espírito. Como a necessidade não é do corpo físico do enfermo, ele pode estar em qualquer lugar e os Mentores trarão as entidades perturbadoras. Por outro lato, ele não deve faltar às sessões de esclarecimento doutrinário, para que aprenda a libertar-se das agressões dos Espíritos maus e, ao mesmo tempo, crie condições para agir com equilíbrio por si mesmo”.

Londrina, dezembro de 2009

Astolfo O. de Oliveira Filho

0 Comentários:

Postar um comentário

<< Home