Francisco Habermann
Pode parecer engraçado, mas os músicos, poetas e artistas já
sabem o que os cientistas tanto procuram em nosso cérebro. Penso que os
políticos também...
Refiro-me aos segredos da nossa cachola – que os estudiosos
chamam de encéfalo - essa máquina de evolução milenar que hoje nos domina ou
nos engana no dia-a-dia. Percebemos essas nuances quando focamos nossos
hábitos, por exemplo.
Hábito é algo interessante e até intrigante. A gente os tem,
cultiva-os e nem os percebemos. Ficam tão arraigados em nossa rotina diária que
a vida só nos parece boa se nada mudar no cotidiano. Caso mude, vem a crise e
sofrimentos. O que não valorizamos são os ensinamentos advindos dessas crises. Aprendemos
( ou não ) com as mudanças. É nesse ponto que queria chegar.
Na atualidade somos explorados por mecanismo de inteligência
artificial baseado especialmente em nossos hábitos. A dependência digital
eletrônica é um exemplo. É uma realidade moderna e está presente desde a
infância dos nascidos nas duas últimas décadas e também entre adesos tardios
como este escriba. É mecanismo gerador de hábitos.
O assunto hábito tem tudo a ver com a neurofisiologia
cerebral nossa, considerada desde os primórdios da evolução dos organismos
vivos aqui na Terra. Vale recordar que a estrutura encefálica vem evoluindo
desde o unicelular. Considerando os milhões de anos dessa trajetória orgânica,
foram nas crises e nas modificações da rotina existencial que as alterações dos
circuitos cerebrais propiciaram as necessárias modificações de hábitos. Os que
entendem da evolução histórica desta máquina dizem que ela tem três andares: o
reptiliano ( mais antigo, instintivo – no tronco encefálico ), representando o
passado; o intermediário, racional, cortical, representando o presente; o lobo
frontal – fonte superior de idealismo elevado, representando nosso futuro. Visão
integradora ciência-espiritismo sobre esse assunto é abordada no recomendado livro
‘O cérebro triúno – a serviço do
espírito’ dos professores Irvênia L.S. Prada, Décio Iandoli Jr e Sérgio
L.S. Lopes ( AME Editora, SP,2018, 561 páginas ).
Será que a situação atual dos nossos cérebros – diante de
seríssima crise de hábitos em variadas frentes, inclusive a política –
permanece ainda limitada apenas na área primitiva reptiliana, instintiva,
dominadora, competitiva pelo poder, violenta, disruptiva?
Nossos circuitos cerebrais
necessitam serem religados aos andares superiores urgentemente. Os poetas e
artistas do belo e superior já fazem isso. Foi o que Fernando Pessoa ( na voz
de Alberto Caeiro ) já dizia há muito tempo ( ‘Guardador de Rebanhos’): “Sou um guardador de rebanhos, / O rebanho é
os meus pensamentos...”
Vale uma bela reflexão nesta
semana!
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