Jorge
Hessen
A jovem Bruna Andressa Borges, de 19 anos, se
suicidou e transmitiu ao vivo o ato na tarde do dia 26 de julho de 2017 na casa
de seus pais, na Vila Militar do bairro Bosque, em Rio Branco, Acre. O vídeo
foi transmitido através do Instagram para 286 seguidores. Bruna era estudante
de Ciências Sociais na Universidade Federal do Acre (Ufac). Antes de se
enforcar também publicou mensagens no Facebook. “Já fui abandonada e julgada
pela pessoa que achei que seria minha melhor amiga, a pessoa que amei me
humilhou e riu da minha cara, me chamou de ridícula. Talvez eu seja, mas não
pretendo continuar perguntando para saber”, escreveu.
Os pais de Bruna foram encontrados mortos dois dias
depois em casa. Os corpos do subtenente Márcio Augusto de Brito Borges, de 45
anos, e da esposa, a ex-sargento Claudineia da Silva Borges, 39, estavam na
casa onde moravam, na Vila Militar. As informações da perícia dão conta de que
o casal foi encontrado no mesmo local em que sua filha Bruna cometera suicídio
dois dias antes.
Há 7 anos uma jovem de 15 anos suicidou-se
com um tiro de revolver, dentro de uma escola, em Curitiba. Não houve grito nem
pedido de socorro. Em silêncio, ela entrou no banheiro e se trancou em uma das
cinco cabines. Sentada sobre o vaso sanitário, disparou contra a boca. Três
meses antes da tragédia, a jovem procurou os pais e pediu para que eles a
levassem a um psicólogo. Dizia sentir-se triste e desmotivada. O pai passou a
pegá-la na aula de pintura e levá-la, semanalmente, a um psiquiatra. No
inquérito policial sobre o suicídio, apurou-se que ela tomava benzodiazepínicos
(soníferos) para dormir, e outros medicamentos para controlar a ansiedade que
sentia.
Diante dos dilemas acima indagamos: Como os pais
podem proteger os filhos dos desequilíbrios emocionais que assolam a juventude
de hoje? Obviamente, precisam estar atentos. Interpretar qualquer tentativa ou
prenúncio de potencial suicídio como sinal de alerta. O ideal é procurar ajuda
especializada de um psicólogo e, para os pais espíritas, os recursos
terapêuticos dos centros espíritas. Aproximar-se com mais afinco do filho que
apresenta sinais fortes de introspecção ou depressão. O isolamento e o
desamparo podem terminar com aguda depressão e ódio da vida.
É evidente que sugerir serem os pais os únicos
responsáveis pelo autocídio de um filho é algo muito delicado e preocupante,
pois trata-se um ato pessoal de extremo desequilíbrio da personalidade, gerado
por circunstâncias atuais ou por reminiscências de existências passadas. Se há
culpa dos pais, atribui-se à negligência, à desatenção, a não perceber as
mudanças no comportamento do filho e a tudo que acontece à sua volta. Sobre
isso, estamos convictos de que a sociedade como um todo é igualmente culpada.
Antes de colocar o fardo da culpa nos pais em primeiro lugar, reflitamos: quem
pode controlar a pressão psicológica que uma montanha de apelos vazios faz na
cabeça dos jovens diariamente?
O suicídio é um ato exclusivamente humano e está
presente em todas as culturas. Suas matrizes causais são numerosas e complexas.
Os determinantes do suicídio patológico estão nas perturbações mentais,
depressões graves, melancolias, desequilíbrios emocionais, delírios crônicos etc.
Algumas pessoas nascem com certas desordens psíquicas, tal como a esquizofrenia
e o alcoolismo, o que aumenta o risco de suicídio. Há os processos depressivos,
em que existem perdas de energia vital no organismo, desvitalizando-o, e,
consequentemente, interferindo em todo o mecanismo imunológico da pessoa.
A religião, a moral e todas as filosofias condenam
o suicídio como contrário às leis da Natureza. Todas asseveram que ninguém tem
o direito de abreviar, voluntariamente, a vida. Entretanto, por que não se tem
esse direito? Por que não é livre o homem de por termo aos seus sofrimentos? Ao
Espiritismo estava reservado demonstrar, pelo exemplo dos que sucumbiram, que o
suicídio não é uma falta somente por constituir infração de uma lei moral -
consideração esta de pouco peso para certos indivíduos –, mas também um ato
estúpido, pois que nada ganha quem o pratica. Antes, o contrário, é o que se dá
com eles na existência espiritual após esse ato tão insano.
A rigor, não existe pessoa "fraca", a
ponto de não suportar um problema, por julgá-lo superior às suas forças. O que
de fato ocorre é que essa criatura não sabe como mobilizar a sua vontade
própria e enfrentar os desafios. Na Terra, é preciso ter tranquilidade para
viver, até porque não há tormentos e problemas que durem uma eternidade.
Recordemos que Jesus nos assegurou que "O Pai não dá fardos mais pesados
que nossos ombros" e "aquele que perseverar até o fim, será
salvo". [1]
Referência bibliográfica:
[1] Mt. 24,13
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