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Luiz Carlos Formiga . |
Em 1991,
publicamos um artigo sobre Aids, Jornal Espírita, da FEESP, SP. As
Epidemias e essas Pobres Crianças.
Nele, dissemos
que “a doença atinge todas as classes sociais
afetando não apenas a saúde física. Nesta situação é que percebemos quanto
somos frágeis, dependentes e quanto, não nos conhecemos. A rejeição, a
desconfiança e a solidão desequilibram a vida afetiva. O estigma impossibilita
o exercício pleno dos direitos humanos básicos. O que acontece quando estamos
diante de uma criança?”
Os jovens de hoje não viveram
o “boom” da epidemia, não viram os
artistas morrerem e tratam a Aids, como doença crônica, aquela que não põe em risco a vida das
pessoas num prazo curto, como a hipertensão, não sendo emergência médica.
O jovem espírita não é
diferente, mas na mocidade são alertados para a existência da “cidade do sexo”,
no plano espiritual.
Situada no Umbral é rotulada
de “Cidade Estranha”.
Vinte e cinco anos
depois, não mudaríamos o título “As Epidemias e essas Pobres Crianças”, porque
a 21º Conferência Internacional sobre a doença a coloca como a segunda causa de
morte entre jovens.
Isso nos deixa perplexos,
assim como ficou o diretor-executivo do Unicef:
"depois de tantas vidas salvas e melhor cuidadas graças à
prevenção, tratamento e cuidado; depois de todas as batalhas ganhas contra o
preconceito e a ignorância relacionados à doença; depois de todos os
maravilhosos marcos alcançados, a Aids permanece como a segunda causa de morte entre jovens de
10 a 19 anos em todo o mundo - e causa número um na África".
Em 1989, durante o
Congresso Internacional no Canadá, ouviu-se que: “uma vacina
eficaz era remota."
Qual a possibilidade de
vacinação em 2016
Somos informados
de que “desde o ano 2000, mortes relacionadas à
Aids mais do que duplicaram entre adolescentes em todo o mundo. A estimativa é
que, a cada hora, 29 pessoas, de 15 a 19 anos, são infectadas pelo HIV, segundo
o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef)”
De acordo com o relatório, “meninas são mais vulneráveis, representando
65% das novas infecções em adolescentes
no mundo. Na África Subsaariana, região onde estão aproximadamente 70% das
pessoas que vivem com HIV no planeta, três em cada quatro adolescentes
infectados em 2015 eram meninas.”
A noção de morte é nebulosa não
só no universo infantil. Para elas o que é assustador é a reação dos adultos à
sua volta. A saúde depende também de um ambiente físico, emocional e espiritual
equilibrado. Quando o adulto não sabe o que fazer a criança se sente perdida e
sua saúde é abalada.
Para que o adulto viva na plena
consciência da existência será necessário que no período infantil seja atendida
a sua necessidade maior, que é encontrar um sentido para a vida.
A existência da alma e sua
sobrevivência após a morte é tema crucial para a educação, porque pode
influenciar a hierarquia de valores, padrões éticos e o comportamento humano.
Quando já sabemos que retornamos com
as mesmas almas em diferentes relacionamentos nos tornamos mais atentos, com as
relações afetivo-emocionais. Percebemos com maior nitidez que a liberdade tem
os seus limites e também os seus compromissos. A educação passa a ser um
processo de formação de valores e de libertação espiritual.
Para isso é necessário desafiar a
incredulidade, principalmente entre os portadores de diplomas universitários,
que são formadores de opinião.
Teríamos que avançar, mas não vamos, e
tocar na questão “política”, que desagrada grande parte dos leitores. No
entanto, mesmo sendo enfadonho, devemos relembrar que é “da
ignorância política que nasce a prostituta, o menor abandonado e o pior de
todos os bandidos que é o político vigarista e corrupto”.
O espírita, como ser social
deve participar da sociedade e colaborar na sua transformação.
O que fazer diante dos menores
abandonados que podem ser encontrados na rua? Anália Franco disse e poderia
repetir hoje o seu pensamento: “a lágrima mais sentida é a do órfão desvalido”.
Vivem desde cedo em ambiente hostil, onde não existem barreiras para o uso de
drogas e iniciação precoce da vida sexual. Como afastá-los do risco de
contaminação? Como não marginalizá-los ainda mais depois da infecção?
“O medo de passar pelo exame, segundo o Unicef, faz com que muitos
jovens não tenham conhecimento de sua situação - apenas 13% das meninas e 9%
dos rapazes foram testados no último ano. Pesquisa conduzida pelo próprio fundo
das Nações Unidas em 16 países constatou que 68% dos 52 mil jovens
entrevistados não querem fazer o exame por medo de um resultado positivo e por
preocupação com estigma social.”
Quando o adulto não sabe o que
fazer a criança se sente perdida e sua saúde é abalada.
O leitor deve estar se
perguntando, o que podemos fazer?
Qual resposta deve ter dado o Dr. Anthony Lake,
diretor- executivo do Unicef?
A sociedade
contemporânea trafega por extremos: os extremos da miséria, os extremos da
violência, os extremos da falta de informação, os extremos do excesso de informações.
As cidades brasileiras não fogem a esse imaginário, elas são paradoxais.
Na falta da imunização ativa contra
a Aids a melhor vacina ainda é a informação. Em qualquer doença, onde seus
portadores carregam estigmas, ela é crucial e a comunicação dirigida uma
possível solução.
Rosa, A.T.; Formiga, L.C.D. & Freitas,
R.F. 1994. A Hanseníase, a Lepra e a Comunicação Dirigida. Escola de Enfermagem
Anna Néry & Instituto de Microbiologia, UFRJ. Apresentado no XVII Encontro
Nacional dos Estudantes de Enfermagem, Universidade Estadual do Ceará,
Fortaleza. Monografia. 43 p.
1 Comentários:
Esse é o preço que a Sociedade Brasileira vem pagando pela sua ignorância política, por não querer: se envolver, se interessar e participar.
A outra grande razão é o relaxamento dos laços de família, falta de limites, falta de ética. Gerando essa inversão de valores que presenciamos.
Vamos buscar a nossa mudança de hábitos, agindo com ética e participando mais das decisões políticas.
Marcos Fonseca
Por Marcao, às 22 de julho de 2016 às 07:53
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