OBSESSÃO ESPIRITUAL NA INFÂNCIA
Corria o ano de 1974. Vindo do Catolicismo, tinha recém iniciado os estudos da Doutrina Espírita. Maria Inês, minha esposa, ainda encarnada, já estava gravemente enferma por doença que lhe atingiu o sistema nervoso central fazendo-a sofrer terrível cefaléia que a deixava completamente fora de si, inclusive com perda temporária da capacidade racional, causa da sua desencarnação em abril de 1976, um dia após completar 31 anos.
Indicaram-me que a levasse a Palmelo, então conhecida como cidade espírita do nosso Estado goiano, pois, Jerônimo Candinho e Damo, líderes espirituais encarnados (desencarnaram vários anos depois), exerciam, com muito sucesso, atividades de cura em geral.
Assim fiz. A viagem de ida transcorreu dificultosamente porque me encontrava transtornado com o sofrimento da esposa, que gemia alto em plena crise.
Tão logo chegados a Palmelo, Maria Inês se mostrou serena como se as dores tivessem cessado. Apesar de pequena cidade, foi a primeira vez em que estivemos lá. Então me informei onde poderia ver e falar com Jerônimo Candinho. Indicado o local, pra lá rumamos. De imediato atendidos, Jerônimo nos recomendou que ela fosse inscrita no Raio X do meio-dia e que a esposa ficasse internada na pensão de uma senhora cujo nome não me vem à memória. A justificativa foi de que todos que tivessem de passar por tratamento mais longo, lá deveriam ser internados porque era como se fosse um hospital visitado pelo menos duas vezes ao dia pelos médiuns de cura do Centro Espírita Luiz Gonzaga, dirigido por Candinho e por Damo.
Naquele mesmo dia, Maria Inês passou pelo Raio X e por cirurgia espiritual na cabeça, ficando internada na referida pensão.
No dia seguinte, foi internado, juntamente com sua mãe, um menino de 10 anos de idade submetido a terrível subjugação que lhe impunha estar de quatro, berrando como cabrito, sem expressar, vocalmente, qualquer palavra, somente o beééééé.
A mãe, garantiu que até os 6 anos de idade era uma criança normal, alegre, risonha e falante. De repente, como se fosse uma maldição, deixou de falar, perdeu o porte ereto e caiu a andar de quatro como um animal quadrúpede e passou a berrar como um caprino. Parecia, também, nada entender da conversa entre pessoas. Nunca mais sorriu. A mãe, desdobrava-se em ternura e carinho por aquele desventurado ser que perdera a identidade humana e agia tal qual um cabrito, saltando, berrando, e dando cabeçada nas pessoas. E aquela criança só tinha 10 anos.
Ainda neófito nas questões espirituais, conhecendo praticamente nada de mediunidade, não entendia, nem mesmo aceitava que Deus pudesse “punir” uma criança inocente, uma vez que sempre acreditei na existência de nosso Pai Celestial, como o Senhor de Bondade e de Misericórdia.
Só depois de algum tempo, quando já havia estudado as obras básicas: O Livro dos Espíritos, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Livro dos Médiuns, A Gênese e O Céu e o Inferno, comecei a compreender que Deus, ao criar a Lei do Livre Arbítrio, nunca puniu, como jamais puniria qualquer dos seus filhos, pela simples razão de que sob a égide dessa Divina Lei, o homem tem sempre o direito da escolha dos seus caminhos, ou, por outras palavras tem liberdade para plantar, mas, a colheita do que plantou também é obrigatória.
No estudo das obsessões aprendi que a primeira coisa que precisamos ter em mente, para melhor compreendermos os mecanismos de ação, utilizados nos processos obsessivos, é que o obsessor está ligado ao seu desafeto por razões emocionais, seja por ódio, por desejo de vingança ou até mesmo por sentir-se desprezado ou traído por este. Assim, tomado pelo ódio, depois de um simples e automático processo de sintonia vibratória, o obsessor se vê atraído, inconscientemente, para junto daquele que é o objeto de suas angústias. Basta isso, ou seja, a presença de um espírito carregado de energias profundamente perturbadoras para prejudicar o obsediado.
Uma vez que ambos os seres estão sintonizados pelo mesmo padrão vibratório, aquele que está mergulhado no corpo de carne começará a captar as emissões de ódio do seu perseguidor e, a depender de sua conduta moral e mental, essa captação poderá trazer desordens graves ao funcionamento de seu organismo físico.
O obsessor é um obstinado perseguidor de sua vítima, muitas vezes, anteriormente seu algoz que permanecendo ou renascido na carne, agora, com as vibrações do encarnado, se encontram no conúbio desastroso da vingança, do revide, da intemperança e da infelicidade tanto para um quanto para o outro, que só agravam seus mútuos débitos.
Então, para obsediar, basta a simples presença do obsessor junto de sua vítima.
Caramba! diria o leitor estupefato, como pode uma criança de poucos anos ser submetida a uma obsessão? E o pior, uma subjugação que transforma e mantém a vítima num simulacro de cabrito saltador e berrante?
A priori, sabemos que a morte física, infelizmente, nem sempre apaga da lembrança o rancor que perturba o espírito inferior ainda menos esclarecido e que, incapaz de perceber as luzes do Evangelho, curte e resfolega no seu imo a mágoa e o ódio incontroláveis.
No afã do seu ódio, de sua vingança, o obsessor não consegue ver a criança momentaneamente fragilizada e ingênua em nova e recente encarnação, enxergando apenas o espírito imortal responsável pelo delito cometido ou que imagina tenha sido culpado pela mágoa, pela ofensa ou qualquer outra causa de sua desgraça atual.
Muitas vezes os familiares resistem em admitir a hipótese de obsessão da criança, imaginando-a livre do assédio invisível. Quando acontece essa ou qualquer outra situação similar no seio da família do pequeno obsidiado, lamentavelmente, o engano traz seriíssimas repercussões, pois quanto mais tempo se passar entre o primeiro ataque do obsessor à constatação do quadro da obsessão, várias e irremediáveis sequelas estarão acontecendo.
Inúmeras vezes, na experimentação mediúnica, tratamos com espíritos que engendraram investidas contra os pais, ferindo com a obsessão, diretamente, a criança e indiretamente os genitores. O obsessor incide seus fluidos mórbidos negativos que comprometem a saúde física ou mental de um dos filhos comprazendo com o sofrimento dos pais.
A sensibilidade infantil e a aproximação do espírito obsessor, provocam, muitas vezes o choro, a inquietude, a irritabilidade e até erupções cutâneas que fazem o pediatra confundir com quadros clínicos buscando causas no organismo da criança como verminoses, otalgias, erupção dentária e outras mazelas.
Tivemos um caso em que uma nossa confreira que dera a luz a um menino e enquanto bebê foi levado ao centro com frequência e durante sua permanência na nave, chorava o tempo todo, gerando desconforto e sofrimento à mãezinha, só se acalmando quando tomava o passe magnético.
Hoje com 14 anos, o menino ouve vozes, vê e conversa com espíritos sem receio algum.
Os distúrbios infantis requerem cuidados urgentes dos pais. Primeiramente, os pais devem buscar os procedimentos médicos e só depois de descartadas todas as hipóteses da medicina da Terra é que se deve buscar a Casa Espírita afeita às curas e tratamentos com o auxílio da Espiritualidade.
Mesmo havendo o sustentáculo da Casa Espírita, com os recursos dos passes e da água fluidificada, é importante, também, que o Evangelho seja implantado semanalmente na residência da família, em dia e hora marcados, inclusive com a participação de vizinhos que manifestarem interesse.
A confiança em Deus por lema e a disposição de servir aos nossos irmãos encarnados e desencarnados com o Amor Universal que une a todos, eis a fórmula para a união fraterna entre todos os povos deste Mundão Terreno.
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