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sábado, 3 de julho de 2010

COMENTÁRIOS DE UM AMIGO SOBRE ARTIGO PUBLICADO

por Roberto Cury
robcury@hotmail.com

Caríssimo Jorge.
Alegria e felicidades sempre.
Li o teu artigo "Espiritismo e Ciência não se contrapõem", publicado hoje no DM.
Tenho gostado muito dos teus últimos artigos. Sei que estou repetindo, mas, a repetição é exatamente pela abrangência dos teus escritos, pela concisão, mas, pela coerência e principalmente pela clareza.
Particularmente, "Espiritismo e Ciência não se Contrapõem" encantou-me pelo reforço do alicerce "Ciência", da tríade doutrinária. A importância que a Ciência tem para o desenvolvimento dos paradigmas do Espiritismo.
Confesso-te que a descoberta desse alicerce na constituição da Doutrina convenceu-me, de vez, a ingressar nas fileiras dos aprendizes do Espiritismo. E te explico a razão, ou razões.
Vim do Catolicismo e lá vivi várias encarnações tiradas na batina.
Desde o berço, tinha o conhecimento e o recolhimento próprios dos religiosos.
Mas, vivi durante 33 anos angustiado porque não aceitava a fé sem raciocínio.
Nunca enxerguei milagres nos fenômenos (sempre busquei as razões que levaram a transformação de alguns peixes e pães em centenas de milhares desses alimentos que mataram a fome dos que ouviam Jesus), não consegui aceitar vivência única na Terra pra poder "ir pro céu", porque isso era um absurdo e contra toda a natureza, pois, até as folhas das árvores que pareciam mortas no inverno, despeladas, ressequidas, com o outono, retornavam, enfolhadas, enflorescidas, e logo frutificando.
O aspecto Religião (entenda-se Evangelho) em mim nunca pesara, em face do discernimento razoável que detinha.
A Filosofia encheu-me de alegria porque apesar de nunca ter visto sequer uma linha nos estudos regulares, lembrava-me dos princípios socráticos aprendidos no tempo de não sei quando e como discípulo de Jean Jacques Rousseau, no período antecedente à Revolução Francesa: Libertè, egalitè, fraternitè. Faltava-me o aspecto Científico que ainda não se casara no meu imo com os outros enfeixamentos.
Foi então que vi e entendi o encadeamento dos fenômenos físicos e espirituais, explicados pelo bom senso e pela razão.
De preocupado e confuso passei à certeza de que deveria ler livros espíritas.
Sem saber por onde começar, procurei amigos que eram espíritas e acabei agraciado com alguns livros (O que é o Espiritismo, O Livro do Espíritos, O Livro dos Médiuns).
A Leitura Dinâmica acelerou o aprendizado. Gastei meia hora para ler e entender "O que é o Espiritismo" e me surpreendi na leitura que me pareceu conhecidíssima.

Daí parti para O Livro dos Espíritos. Nem quis ler os Prolegômenos, indo direto para a primeira e mais importante questão ao meu ver: Que é Deus? Suprema Inteligência e Causa Primária de todas as coisas.
Acabara de achar o Deus que sempre procurara. Não o deus barbudo, velho e cansado que fez o mundo em 6 dias e no sétimo teve de descansar, nem o deus fajuto que se arrependeu de ter criado o homem; não o deus que exigia sacrifícios, inclusive humanos; não o deus que precisou vir à Terra para ensinar os homens, esquecendo-se do restante do Universo.
Amigo, relendo o teu artigo revivi todo o meu passado de busca e me emocionei relembrando: "Por isso Allan Kardec disse que O Espiritismo, caminhando com o progresso, não será jamais ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrarem que está em erro sobre um ponto, ele se modificará sobre esse ponto; se uma nova verdade se revelar, ele a aceitará".
Recordei-me de uma parenta carola, responsável pela minha alfabetização aos 4 e 1/2 anos de idade que se horrorizou sabendo-me espírita e que eu tinha me desabalado daqui de Goiânia para Andradina, no extremo noroeste do Estado de São Paulo, para falar num seminário sobre assunto do qual nem me recordo mais e ofereceu-me um livro de um frei que condenava o Espiritismo. Li-o e então tive de dizer-lhe, com suavidade e respeito, que a boa religião é aquela que respeita as demais doutrinas e filosofias cristãs. Que o Espiritismo respeita a Religião que ela professava e que ela , por uma questão de caridade cristã, naturalmente, também deveria respeitar a Doutrina Espírita.
C'est la vie, comme dire mon ami Clovis (espírito primeiro médico negro do Brasil).
Tornei-me espírita e vou seguindo as pegadas do Divino Mestre sem deixar de olhar as veredas da Filosofia e as certezas da Ciência. Se estiver errado, que me apontem a Verdade, pois como disse o Cristo: Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará.

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