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domingo, 26 de julho de 2009

MEU AMIGO REINALDO NUM ENTERRO




Há uns 8 anos estive num enterro, o qual começou a atrasar porque o padre não chegava de jeito nenhum, provavelmente com algum problema importante.

A família e os amigos da mesma eram todos católicos, e pelo que me consta muitos deles fervorosos.

A Capela do cemitério estava lotada de gente.

Lá pelas tantas ouvi falarem no meu nome, no meio de mil conversas paralelas (ai meu Jesus Cristinho, pensei... que está havendo?). E rapidamente um perguntava pro outro "quem é fulano?"... "cadê fulano?"... até que uma pessoa dentre as muito poucas que eu conhecia me viu e se aproximou rapidamente me falando assim... "fulano, a Esposa do finado pede sua presença ao lado dela e dos filhos para encomendar o corpo pois o padre não vai poder vir !".

Meu coração acelerou e eu cá com os meus botôes "pôxa... todos tão católicos e ninguém se habilita a favor uma oração ao lado da família?" E lá fui eu assustado e meio sem graça pois não conhecia ninguém e não era padre! Que eu podia fazer além de rezar? Isso qualquer um deles poderia fazer pois eram tidos todos como religiosos... frequentadores de igreja católica no fim de semana afinal!

Cheguei perto da esposa e filhos, únicos que eu conhecia além do finado (pessoas que eu sempre gostei muito), abracei-os, ao lado do caixão, e olhei para todos (naturalmente meio tenso com a situação), tentando passar mentalmente para eles a idéia de pararem com o burburinho e fazer silêncio... demorou um pouco mas veio o bendito silêncio.

Aí eu fechei os olhos e deixei que algumas palavras saíssem da minha boca (pedindo mentalmente ao meus protetores espirituais que me ajudassem)... rezar em voz alta não é problema para a maioria dos espíritas... mas como eu iria conduzir aquilo? Todos atentos a mim e sem saber quem eu era... Meu íntimo avisava que eu não era católico e deveria medir minhas palavras... eu não podia dizer nada que fosse colidir com a fé daquelas pessoas !

Aí me veio a intuição de dizer somente o seguinte, após o silêncio:

- Irmãos...somos todos irmãos pois somos filhos de um mesmo Pai...
- Peço agora a todos para fazerem nesse momento silêncio ambiental e mental para dedicarmos uma prece para nossa irmão "cicrano" que agora está num novo plano de vida (bem, todos ali eram espiritualistas por serem católicos, pois crêem na continuidade da vida após a chamada "morte"... a diferença era que eu creio na reencarnção e eles não).
- Vamos todos juntos fazer a oração que Jesus nos ensinou... o Pai Nosso.

Aí comecei... e todos vieram junto, ao ponto que me calei, baixei a cabeça e fiquei fazendo a oração mentalmente durante o tempo que ela durou.

No final pairava no ar uma energia excelente e dava prá perceber até um certo "alívio" geral, pois esse é um momento tenso tradicional nos enterros.

Pronto. Não falei mais nada sobre o tema com os presentes. Apenas umas poucas palavras, em "off" com a senhora e seus filhos que estavam abraçados comigo.

Pelo que sei, ninguém tinha menor idéia de quem eu era e no fim das contas isso não pareceu ter a menor importância, graças a Deus.

Fiquei aliviado. E segui juntoamente com as pessoas (eram muitas mesmo) rumo ao túmulo para o enterro.

Conclui novamente que todas as religiões são de Deus... afinal se somos seus filhos e nós homens é que criamos as religiões usando a inteligência que ele nos deu... o problema todo está na forma e não no conteúdo... então que assim seja.

Por consequência somos livres pensadores e cada qual tem sua fé... e sendo assim... Ufa! Que alívio ser espírita! Pude me comportar de forma que ninguém soube disso. Aliás... isso teria importância... interna (prá mim) ou externa (para os outros) ?

No "frigir" dos ovos, sugiro pois uma reflexão: Reflita sobre isso.


Reinaldo Macedo

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