.

domingo, 16 de novembro de 2008

PEIXOTINHO- O MAIOR MÉDIUM DE EFEITOS FÍSICOS


No dia 16 de junho de 1966, na cidade de Campos (RJ), deixou o corpo físico o famoso e evangelizado médium espírita Peixotinho (foto). A Federação Espírita Brasileira, o Conselho Superior da FEB e o Conselho Federativo Nacional, se fizeram representar pelos confrades Paulo Affonso de Farias, José Salomão Misrahy e Abelardo Idalgo Magalhães, respectivamente. Ao sepultamento acorreram centenas e centenas de confrades dos mais diversos pontos do País. Francisco Peixoto Lins, o Peixotinho, teve ação destacada no movimento espírita brasileiro, já por suas excepcionais qualidades mediúnicas, principalmente no que tange às materializações, já pelo seu comportamento moral como homem de bem.Peixotinho, como todos o conheceram, nasceu em 1º de fevereiro de 1905 na cidade de Pacatuba, no Estado do Ceará, filho de Miguel Peixoto Lins e Joana Alves Peixoto. Logo cedo perdeu os pais e passou a viver com os tios maternos, em Fortaleza. No Estado cearense entrou para o Seminário, pois seus tios desejavam que seguisse a carreira eclesiástica. Contudo, por questionar os dogmas da Igreja recebeu vários castigos e sofreu várias penas disciplinares.Observando as desigualdades humanas, tanto no campo físico como no social, pois seu Espírito não aceitava as explicações que recebia para justificar as diferenças sociais tão marcantes no Nordeste, naquela época tão mais sofredora que hoje. Também não aceitando as justificações que lhe ofereciam para o nascimento dos anormais, ficou em dúvida no tocante à paternidade e bondade de Deus. Se todos eram seus filhos, por que tantas diversidades? Por que razões insondáveis uns nascem fisicamente perfeitos e outros deformados? Uns portadores de virtudes angelicais e outros acometidos de mau caráter? Dizia então: “Se Deus existe, não é esse ser unilateral de que fala a religião católica”. Desejava saber e inquiria os seus confessores, os quais, diante das indagações arrojadas do menino, usavam o castigo e a penitência como corretivo, o que o levou a abandonar o colégio.Aos 14 anos mudou-se para o Amazonas em busca de melhores condições de vida nos seringais. Mas dois anos depois resolveu retornar a Fortaleza, e aí, na terra de Bezerra de Menezes, eclodiu sua faculdade mediúnica, em forma obsessiva, pois no início era envolvido pelos Espíritos sofredores que faziam dele um valentão.Apesar do seu físico infantil, era dono de grande força de vontade e, sabendo o que lhe poderiam fazer os obsessores, procurou reagir, não saindo de casa, isso depois de um episódio em que, após travar luta com vários homens, foi transportado para uma praia deserta e distante, fisicamente ileso. Mas os Espíritos das trevas não desanimaram ante sua disposição de não sair de casa, vindo-lhe, então, um caso de desprendimento, em que foi considerado morto, estado de que despertou após mais de 20 horas de amortalhado. A seguir adveio-lhe uma paralisia que o prostrou por seis meses, sem que a família procurasse os recursos do Espiritismo. Sendo católicos praticantes, seus familiares temiam envolver-se com o Espiritismo.Nessa fase, um dos seus vizinhos, membro de uma sociedade espírita de Fortaleza, movido de íntima compaixão pelos seus sofrimentos, solicitou permissão à sua família para prestar-lhe socorro espiritual com passes e preces. Ninguém em sua casa tinha conhecimento do Espiritismo e seus familiares também não atinavam com o verdadeiro estado do paciente, uma vez que o tratamento médico a que se submetia não lhe dava nenhuma esperança de restabelecimento.O seu vizinho iniciou o tratamento com o Evangelho no Lar, aplicando-lhe passes e dando-lhe a beber água fluidificada. A fim distrair-se, Peixotinho começou a ler alguns romances espíritas e posteriormente as obras da Codificação kardequiana. Em menos de um mês apresentou sensível melhora em seu estado físico e foi progressivamente libertando-se da falsa enfermidade. Logo que conseguiu andar, passou a freqüentar o Centro Espírita onde militava o grande tribuno Vianna de Carvalho, que na época estava prestando serviço ao Exército nacional em Fortaleza.A terrível obsessão foi sua estrada de Damasco. O conhecimento da lei da reencarnação veio equacionar os velhos problemas que atormentavam a sua mente, dirimindo todas as dúvidas que o Seminário não conseguira desfazer. Passou assim a compreender a incomensurável bondade de Deus, que dá a mesma oportunidade a todos os seus filhos na caminhada rumo à redenção espiritual.Orientado pelo major Vianna de Carvalho, Peixotinho iniciou seu desenvolvimento mediúnico. Tornou-se um dos mais famosos médiuns de materializações e efeitos físicos. Por seu intermédio produziram-se as famosas materializações luminosas e uma série dos mais peculiares fenômenos, tudo dentro da maior seriedade e nos moldes preceituados pela Doutrina Espírita.Em 1926 mudou-se para o Rio de Janeiro, então Capital da República e se apresentou para servir no Exército, na Fortaleza de Santa Cruz. Posteriormente foi transferido para Macaé (RJ). Foi em Macaé que propriamente iniciou sua prestação de serviços ao Espiritismo, tendo aí, com um grupo de irmãos, vários dos quais já no plano espiritual, fundado o Grupo Espírita Pedro. Também em Macaé, em 1933, constituiu família, contraindo matrimônio com Benedita (Baby) Vieira Peixoto.Sua vida militar foi intercalada de transferências, mas, para onde era transferido, fixava residência com a família e ali fundava um posto de receituário homeopata. Assim foi em Imbituba (Santa Catarina), Santos, Rio de Janeiro, Campos etc. Em 1945 foi transferido de Imbituba para a Fortaleza de São João, no Rio de Janeiro. Novamente na capital brasileira, reencontrou-se com vários amigos, dentre os quais Antônio Alves Ferreira, velho confrade do Grupo Espírita Pedro, de Macaé, o qual nessa época residia no Rio.Das reuniões semanais na residência desse confrade nasceu um culto doméstico que, em poucos meses, se transformou no Grupo Espírita André Luiz, cuja sede provisória era, então, no escritório de representações do confrade Jaques Aboab, na Rua Moncorvo Filho, 27. No Grupo Espírita André Luiz prestou seus serviços mediúnicos, no convívio amigo e fraterno dos irmãos que se uniram àquela casa. E durante esse período, enquanto residiu no Rio de Janeiro, teve a felicidade de reuni-los em sua residência, todos os domingos.Do Rio de Janeiro foi para Santos. Isso em 1948. Em Santos freqüentou o Centro Espírita Ismênia de Jesus. Nesse mesmo ano encontrou pela primeira vez o médium Chico Xavier, na cidade de Pedro Leopoldo, onde participou de sessões de materialização e de assistência aos enfermos, ocorrendo a partir daí muitos outros encontros. Grande número das sessões no Grupo André Luiz e em Pedro Leopoldo são narradas por Ranieri em “Materializações Luminosas”. Transferido para Campos em fins de 1949, iniciou seus serviços no Grupo Espírita Joana D’Arc. Pouco depois, com o crescimento da freqüência no culto doméstico que fazia para seus familiares, nasceu o Grupo Espírita Aracy, seu guia espiritual que fora, na última encarnação, sua filha. Ao Grupo Aracy dedicou seus últimos anos de vida terrena.Apesar de sua eficiência no receituário, foi um sofredor, portador de asma, que compreendia ser a sua provação. Apesar de todos os sofrimentos, era alegre e brincalhão, e por muitos considerado uma criança grande. Como médium soube viver, sem nunca comerciar seus dotes mediúnicos. Viveu pobre e exclusivamente dos seus vencimentos de oficial da reserva do Exército, reformado que foi no posto de capitão.Manteve sempre grande zelo pelos princípios esposados por Kardec, fazendo por onde, nos Grupos ou Centros por ele fundados, que nunca existisse intromissão de rituais ou quaisquer influências alheias à doutrina codificada por Kardec. Dedicou-se muito ao tratamento de casos de obsessão, chegando mesmo a, por várias vezes, levar doentes ao próprio lar, onde os hospedava junto de sua família. Passou por testemunhos sérios e sofreu ingratidões que soube perdoar, não desanimando nunca de servir.Peixotinho sofria de broncopneumonia, enfermidade que lhe causava muitos dissabores, que ele porém suportava com estoicismo, o mesmo podendo-se dizer das calúnias de que foi vítima, como são vítimas todos os médiuns sérios que se colocam a serviço do Evangelho de Jesus, dando de graça o que de graça recebem.Peixotinho desencarnou às 6 horas da manhã do dia 16 de junho de 1966, em Campos, cercado do carinho da família. Cumpriu sua missão e retornou ao plano espiritual, deixando viúva a Sra. Baby Vieira Peixoto e nove filhos.

1 Comentários:

  • Obra de grande valor histórico o texto do Jorge. Falei sobre este gtrande Peixotinho em http://orebate-josemilbs.blogspot.com/2007_01_01_archive.html e recebi de seu sobrinho o texto e carta abaixo:
    PEIXOTINHO DAS MATERIALIZAÇÕES E O NOSSO ZÉ PEIXOTO DO AMOR AO PRÓXIMO....


    Pensando em algo puro e nosso. Vou falar de José Peixoto do Valle, o nosso Zé Peixoto. Os talentos de Ricardo, Izaburo, Lincoln e Phidias nasceram das criativas aparições deste grande amigo. Zé Peixoto é uma alma muito além de nosso tempo e dele flui toda a arte de quem tem o privilégio de conviver com ele. Seria uma espécie de “Midas”? Sei lá. Sei apenas que é um ser altamente puro e de espírito evoluído.

    O teatro de Macaé teve seus primeiros passos iluminados por suas maosmãos. Sua presença marca o inicio do talento, da simplicidade e do companheirismo. Iluminar sua presença em nossos palcos da vida seria uma forma de homenagear um vulto que nunca pensou em si Vvive para servir. Zé merece uma homenagem no palco da vida macaense.

    Ontem eu fui a cidade, numa dessas obrigatoriedade que somos obrigados a fazer no BB onde recebo minha merreca de aposentado. Vi o José caminhando pela Rua Principal da cidade. Misturados aos trancos e barrancos da cidade que inchou ele nem me percebeu. Veio a minha memória ele andando com seu pai, o velho Peixoto, abraçados nesta mesma rua, revi seu carinho com sua mãe Maria José, sua irmã Emilia, seu afeto fiel ao irmão Jeronimo e o orgulho que tinha dos demais manos. Seu caminhar já o curva na idade que o tempo nao perdoa. Mais ainda é o meu amigo, fiel dos tempos de Federação dos Estudantes e viagns pelas cidades de interior que fizemos juntos. Lá vai ele, cortando gente ali e acolá, como uma velha fecha em busca de um alvo distante e belo...

    Se algum contemporâneo conheceu uma alma pura, alegre como a de “Zé” me fale. Nunca conheci. A tempos escrevi uma crônica e citei fatos havidos e falei deste alma doce que é José Peixoto do Valle. Recebi de Adolpho, e meu companheiro de lides estudantis, uma carta que a republico para que faça parte da história esquecida de nossa cidade.Ai vai a carta:

    “Niterói, 06 de setembro de 1996. Prezado Jornalista José Milbs. Hoje li a sua crônica sobre meu irmão José Peixoto do Valle, ou Zé, como é conhecido por seus amigos, e entre eles, se inclui o Jornalista José Milbs desde quando estudante quando o articulista militava na política estudantil.

    Estas duas almas simples e abnegadas , colocadas lado a lado, Peixotinho e Zé, como pai e filho, em sua coluna “DO COTIDIANO – Peixotinho vive em Zé, seu filho...” em edição do jornal O REBATE”, cometeu equivoco que deve ser esclarecido. Francisco Peixoto Lins, conhecido como Peixotinho, na verdade estava tio de Zé, e não era seu pai. Peixotinho estava nosso tio, porque se tornou irmão de nosso pai, sendo primos entre si, porque forma criados juntos, consideravam-se como irmãos, queriam-se como irmãos, e, ambos tiveram os mesmos pais adotivos. Mais curioso ainda, tinham o mesmo nome Peixoto Lins acrescentados aos seus primeiros nomes. Assim, Raymundo Peixoto Lins, nosso pai – Peixoto ou Peixotão-, Francisco Peixoto Lins, nosso tio – Peixotinho -, este mais conhecido no meio espírita brasileiro por suas extraordinárias faculdades mediúnicas, e aquele mais conhecido na sociedade macaense , onde viveu até seus últimos dias . Ambos foram espíritas. Peixotinho morou em Campos e papai em Macaé. Dai naturalmente o equívoco. Peixotinho, nosso tio, se hospedava na casa de seu irmão Peixotão, quando vinha a Macaé as sessões de tratamento espiritual para os doentes desenganados da ciência médica e que buscavam o socorro do além. Essas reuniões se realizavam no venerável Grupo Espírita Pedro. Macaé ficou associada ao lugar das materializações espíritas, e Peixotinho muito conhecido, não só pelas materializações, como pela singularidade de elas serem luminosas, estas sim, fenômeno raríssimo, que muitos macaenses, campistas e outros tantos brasileiros, tiveram a oportunidade de conviver com essa “invasão organizada” desses espíritos.

    Macaé, no século XX, com as materialização de Peixotinho, abriu caminho para se consolidar entre os espíritas do Brasil, o aspecto tríplice do Espiritismo: filosofia, ciência e religião, pois a sua finalidade não foi dirigida a ciência: o fenômeno pelo fenômeno, mais foi organizada por amor ao próximo.

    No século passado,na sua base, essa “invasão organizada”dos espíritos foi dirigida à ciência, e ocorreu num obscuro lugarejo chamado Hydesville, do Estado de Nova York, com as irmãs Fox para a programação do espiritismo no meio cientifico da Europa e Estados Unidos.

    Parte desse material sobre as materializações se encontram reunidos no livro “Materializações Luminosas”de R.A. Ranieri, em que sobressai o aspecto do fenômeno das materializações, e mais recentemente o professor Humberto Costa Vasconcellos reorganizou este material num livro com o sugestivo título “materialização do amor” como querendo nos dizer que o amor produziu aquelas materializações luminosas.

    E sobre a fenomenologia das manifestações espíritas , na Europa e nos Estados Unidos, é interessante consultar o livro , “História do espiritismo, do escritor inglês, Arthur Conan Doyle, o criador do Sherlock Homes. Tenho conhecimento que em 1970 foi editado em Londres o livro “The Flyng Cow”, traduzida pelo português como “Força Desconhecida”, de Guy Lyon Playfair, que dedica vinte e duas páginas ao médium Peixotinho.

    Feitos estes esclarecimentos, agradeço-lhe as referencias carinhosas ao nosso irmão Zé, que trás não só os traços físicos mais fortes como também a hospitalidade e a solidariedade dos cearenses de boa cepa. Atenciosamente. Adolpho Peixoto do Valle...
    abs Jose Milbs editor de o rebate

    Por Blogger Unknown, às 17 de novembro de 2008 às 00:55  

Postar um comentário

<< Home