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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

A MAGNANIMIDADE DIVINA



Jorge Hessen
http://aluznamente.com.br

 O amor do Todo-Poderoso sustenta nossas vidas e a estrutura do Universo. Lembremo-nos Dele, expõe Emmanuel: “para que saibamos agradecer os talentos da vida, abraçando o próprio dever como sendo a expressão de Sua Divina Vontade e encontraremos a força verdadeira de nossa fé, a erguer-nos das obscuridades e problemas da Terra para a rota de luz.”. (1) Sim! Rota de luz porque o Altíssimo é um dos princípios mais ancestrais e inexauríveis do patrimônio cultural da humanidade.
Ao longo dos milênios, Deus tem sido objeto dicotômico entre a fé e razão, de medo ou de amor; todavia para o Criador se conduzem as atenções humanas, não só para afirmar a Sua existência, como para denegá-Lo. Voltaire dizia que "se Deus não existisse, então seria necessário inventá-lo (...) até porque creio no Deus que criou os homens, e não no Deus que os homens criaram.". (2)
René Descartes, na essência da sua vigília racionalista, expõe Deus através da razão. Blaise Pascal, por outro lado, fala-nos que só podemos reconhecer Deus através da Fé. A divisão entre fé e razão sempre existiu ao longo do processo histórico. Compreender o Onipotente pela razão é uma atitude substancialmente filosófica, enquanto que aceitar o Todo-Poderoso pela fé é uma atitude predominantemente religiosa.
Para nós, espíritas, “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.”(3) Recusamos a fé cega e defendemos, com contextos, a fé racional, conduzindo as pessoas a não crerem, simplesmente por terem uma crença qualquer, mas, a saber, porque creem em algo. Uma das básicas questões espíritas é demonstrar científica e filosoficamente a existência de Deus.
Por isso, encontramos Deus em nossas cogitações mais íntimas. Quer sejamos crédulos, quer agnósticos, estamos continuamente procurando transcender rumo a metas cada vez mais desafiadoras. Em Deus não há bifurcações. Deus é Absoluto, é Infinito, é Onipo-tente, é Onisciente, é Único. O filósofo Baruch Spinoza pronunciou certa vez que não necessitamos orar nos santuários pétreos, lúgubres e obscuros erigidos pelas mãos humanas que cremos ser a Sua Morada. Até porque a casa do Altíssimo está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Ele está e expressa o amor pela humanidade. Deus não está nos livros. O que adianta ficarmos lendo supostas escrituras sagradas se não sabemos ler Suas Leis num amanhecer, num por do Sol, numa paisagem, no olhar dos amigos, nos olhos dos filhinhos. Não encontraremos Deus em nenhum livro! Por essas e outras razões, Albert Einstein, quando perguntado se acreditava em Deus, respondeu: “Acredito no Deus de Spinoza, que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe, e não no Deus teológico”.(4)
Amemos pelo encanto de amar, e mesmo que nos machuquemos, terá valido a pena. Aprendamos a partilhar o amor. Mas como podemos decompô-lo? Comecemos olhando no fundo dos olhos do nosso filho (independente da idade dele), e digamos: Eu o amo! Façamos o mesmo com o nosso consorte, com nossos pais, avós, irmãos.
A Bondade de Deus é refletida pela Lei da exuberância da vida. Mas o que é a vida? Bem, a vida é um arquiteto admirável, que alça nas profundezas submarinas os castelos de algas e de corais. A vida é um formidável escultor, que constrói cada folha e talha ramículos e contornos jamais repetidos em qualquer outra flor ou folha encontrada na Terra. A vida é um químico sublime, que confere a cada fruta o seu sabor peculiar e inconfundível, e através das raízes entranhadas nos solos consegue converter água em açúcar e madeira. A vida é um perfumista primoroso que transforma o húmus em fragrância.
Por isso há os que agradecem ao Criador convertendo a infecundidade da terra em sossegado, tranquilo e alegre jardim; plantam e colhem e idealizam milhões de buquês de flores. Outros compõem melodias, improvisam poemas, criam leis, varrem os logradouros públicos, constroem casas. E sempre quando trabalhamos sob a inspiração de Deus, o céu, a terra e o ar se enriquecem de sublimados êxtases, tudo se expande e se alegra no Universo – oceanos musicalizam suas águas no "fluxo e refluxo" das marés, cachoeiras se arremessam das altitudes orvalhando encostas majestosas no silencioso e nobre gigantismo das montanhas; as soberbas árvores se curvam em suave reverência às plantinhas delicadas e aos quase imperceptíveis arbustos tênues, abarcando o altar da natureza, exaltando a Grandiosa Criação.
Isso mesmo! A vida está no ar, na terra, no mar, nas montanhas, nas flores, nas estrelas. A vida está no protoplasma, uma gota gelatinosa invisível a olho nu, que na cabeça de alfinete comportaria 1 milhão de gotículas. Se por acaso toda a vida – animal, vegetal, humana – desaparecesse da face da Terra e ficasse um só protoplasma e um raio de sol, o heliotropismo  restabeleceria a vida através da lei da cissiparidade, e essa única gotícula se multiplicaria sucessivamente, e em breve estariam os campos e prados reverdecidos, os mares e rios povoados, a Terra povoada, na ninharia de alguns milhões de anos ape-nas.
A nossa compreensão de Deus muda na mesma proporção em que a nossa percepção sobre a vida se amplia. É uma tarefa espinhosa, quando o limitado intenta alcançar o Ilimitado, ou o finito entender o Infinito. Da megaestrutura dos astros à infra-estrutura subatômica, tudo está mergulhado na substância viva da mente do Criador da vida.  Portanto, guardemo-nos em Deus e exoremos ao Mestre Galileu, Seu Venerado Emissário, para que acuda-nos na absorção dos eflúvios do amor e da bênção da Paz. Ajoelhemo-nos, em espírito, para rogar aos Benfeitores Espirituais não nos permitam a desesperança, em face do desamor de alguns, afim de que possamos, no derradeiro instante do testemunho, ver, sentir, oscular a face Augusta do Senhor, refletida, no curso de milênios, na Vida e na Obra de Jesus Cristo.

Referências bibliográficas:
1    Xavier, Francisco Cândido e Vieira, Waldo. O espírito da verdade, ditado por Espíritos diversos, Cap. 19– Guarda-te em Deus (Emmanuel), Rio de Janeiro: Editora FEB, 1962
2    Disponível em http://pt.wikiquote.org/wiki/Voltaire, acessado em 24/02/2013
3    Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Editora FEB, 2001, perg 1
4    Citado em Golgher, I. O Universo Físico e humano e Albert Einstein, B.H: Oficina de Livros, 1991, p. 304

VIOLÊNCIAS E PAZ.





Roberto Cury /Goiânia
robcury@hotmail.com
www.robertocury.blogspot.com

Roberto Cury




“Quando o Senhor nos exortou à pureza infantil, como sendo a condição de entrada no plano superior, não nos convidava à insipiência ou à incultura. Recomendava-nos a simplicidade do coração, que se revela sempre disposto a aprender.” Emmanuel.

Os noticiários escritos, falados e televisivos estão repletos de uma enormidade de notícias sobre violências as mais inusitadas.

Manchete de capa do jornal “O Popular”, de Goiânia, do dia 23 de fevereiro: “20 horas de crimes. Assaltos, brigas, tiroteios, bomba e homicídios na Capital. Tudo no mesmo dia.” E, no texto introdutório, ainda na capa, remetendo para a matéria da página 4: “O crime não deu folga ontem (22) aos moradores da Grande Goiânia. Em 20 horas, 13 graves ocorrências. Entre mortos e feridos, nem todos escaparam. O estudante Kelvin Silva foi morto com um tiro na cabeça. Assaltos a farmácia, supermercado, livrarias e joalheria deixaram policiais e empresário feridos.”

Semana passada, a mãe do cantor sertanejo Adriano, foi estrangulada depois de várias pauladas com um taco de “críquete”, na cabeça, pelo namorado, roubada em pertences e, inclusive, nos seus cartões de crédito e demais documentos pessoais, sem que se apontasse qualquer motivo aparente para o crime.

Roger da Silva, menino de 9 anos, sobrevivente da chacina do dia 18, está internado em estado gravíssimo na UTI do Hospital Evangélico de Anápolis. Rogério Lopes dos Santos, de 19 anos, confessou ter matado a enxadadas, além da avó de 75 anos, também dois de seus irmãos um de 13 e outro de 15 anos, onde moravam.

Psicólogos e psicoterapeutas aturdidos, cada vez mais, se surpreendem com as causas apontadas para tanta violência estrugindo no mundo. Buscam, incessante e ininterruptamente, fundamentos de cada causa para compreensão de cada efeito.

Livros, internet, teses, tudo pesquisam, interessados na descoberta do significado e da importância das causas em cada um dos efeitos da violência em geral, para, assim, encontrarem soluções que minorem os sofrimentos das vítimas e fortaleçam a paz e a harmonia nas relações humanas.

A propensão à violência é característica dos Espíritos vinculados ao planeta Terra, variando apenas quanto à intensidade e aos estímulos necessários para desencadear a ação violenta.
Os estudiosos têm apontado vários fatores como causas da tipificação da violência. A cultura, a educação, o lazer, o emprego, a afetividade, sendo que a ausência de um ou de vários destes tipos têm sido considerados como carências dos indivíduos violentos.

Assim, a violência resultaria de um estado interior. Toda pessoa insatisfeita ou carente, interiormente explodiria e isso, certamente, pode acontecer com todos nós. 
Outro fator que vem sendo considerado como causa preponderante para a violência, nos dias atuais, é a da leviandade de muitos mestres e educadores imaturos, sem habilitação moral para tais propósitos, ou seja, para a educação de novos indivíduos que aportam na crosta terrestre, facilitando a disseminação da violência. 
Uma argumentação muito utilizada nestes tempos é que, graças à mídia, agora ficamos sabendo dos fatos violentos tão logo acontecem, pois, no passado, havia coisas muito mais drásticas, só que ninguém sabia, porque inexistiam imprensa, TV, rádio, jornal, muito menos Internet. 
 Lembramos de que os reis, os senhores feudais tinham direito de vida e morte sobre as pessoas, que havia escravidão legalizada, que nos faz entender o quanto a humanidade estava mergulhada na ignorância das violências que a atingiam.

Diante da escala de violência, dá pra acreditar que a Terra está mesmo evoluindo para melhor? 

A humanidade está evoluindo. A Terra já passou de mundo primitivo para mundo de expiações e provas e nessa escala se transformará agora em mundo de regeneração, um lugar onde o bem terá sobrepujado o mal. 

Entretanto, uma das causas, ainda enclausurada no seio da humanidade e responsável por uma enormidade de violências, reside no “espírito de competição”, muitas vezes elogiado e engrandecido nas rodas sociais como sinal de inteligência, na expressão corriqueira de que “o mundo é dos espertos”. Infelizmente, o que se vê destacando são o orgulho e o egoísmo, esses dois defeitos do caráter, verdadeiras chagas que retardam o crescimento do homem e o desenvolvimento do planeta.

No processo regenerativo, os homens deverão se transformar. Então, só aqueles que vencerem seus impulsos violentos, fazendo-se construtores da paz, terão a oportunidade de habitar a Terra em seu período de regeneração.

Os mestres e os educadores referidos serão os próprios pais, que ao receberem os espíritos na condição de filhos, também ficam incumbidos do trabalho de moldagem dos mesmos dentro dos princípios da moralidade e da vivência no bem.

Deus nos confiou as crianças para que, através da educação reta, instruções corretas e formação do seu caráter, estajamos integrados na participação efetiva da transformação do mundo.

Mas, para tanto é preciso que nos atenhamos a princípios básicos, não só na reformulação dos conceitos, mas, principalmente, porque existem razões especiais para que pudéssemos recepcionar essas crianças em nosso lar.

“A moral cristã precisa ser ministrada à criança, desde tenra idade, tendo em vista o seu contínuo progresso intelecto-moral. Não basta, portanto, propiciar-lhe instrução, mas, também, a educação que faz homens de bem, favorecendo que alcance êxito na sua programação reencarnatória. A criança é o esteio da Humanidade. Educá-la com instrução e amor é sublimar a causa do progresso evolutivo dos seres, instituída pelas Leis de Deus.” (RIE, ano LXXXVII, nº 12, editorial).

A formação e o preparo da criança envolvem hábitos saudáveis e cultivo do esporte, das artes e mais atividades físicas, mentais dentro da moral cristã que se regra pelo amor a Deus, a ela mesma e ao próximo.

A internet e os recursos audiovisuais devem ser orientados para que deles a criança tire o máximo de proveito para sua formação e educação sempre voltadas para o bem pessoal além do benefício coletivo.

Não é com pancadas ou terríveis castigos que ferem a carne que se corrigem defeitos de caráter nos espíritos recém-vindos. Muito menos gritos e elevação de voz para ridicularizar a criança. As palavras chulas, os palavrões, a desídia, nunca conquistaram pontos positivos no espírito infantil, porque jamais a violência conseguirá despertar a paz, enquanto a mansuetude, o respeito, a benevolência, a compreensão e o amor são responsáveis pelo despertamento da bondade além de estabelecerem alegre e feliz cumplicidade entre os pais e as crianças.

Os bons exemplos no lar, são a essência da formação moral da criança. Mostrar-lhe a importância das regras e dos limites, com firme energia e amor, constitui a missão dos pais promovendo o discernimento daquele ser em desenvolvimento na direção do bem.

Ter mansidão é ter fé na providência divina, o que nos dá a tranquilidade íntima, a consciência de que não precisamos agredir, nem em pensamento, quem quer que seja. 
Para que as coisas fiquem bem, não precisamos forçar. Precisamos é agir respeitando o semelhante e as suas diferenças.

Os pais nunca poderão tomar atitudes dúbias, nem demonstrar incertezas nos seus atos, para que as crianças tenham sempre em mente a linha reta da correção, da responsabilidade dos seus atos e da verdade incondicional. Devemos nos pautar como o ensino do Cristo de Deus: “seja o seu dizer e o seu fazer, sim, sim; não, não”.

“Não existe este ser encarnado ou desencarnado que não deseje verdadeiramente a felicidade sem mesclas, o amor sem fronteiras, o carinho verdadeiro sem interesse, a bonança da verdade, a paz de espírito, a comunhão com Deus. Para um dia podermos dizer: Eu e o Pai somos um!” ( Injúrias e violências, artigo de Walkiria L. de Araújo Cavalcante, em O Clarim, n 6, ano CVII).

Kardec nos alerta para a lei introduzida por Jesus para que possamos segui-Lo e chegar ao Pai: “Por essas máximas, Jesus faz da doçura, da moderação, da mansuetude, da afabilidade e da paciência uma lei; condena por conseguinte, a violência, a cólera e mesmo toda expressão descortês com respeito ao semelhante.”

Em nossa Casa Espírita, temos recomendado aos pais de crianças problemas que quando do desprendimento durante o sono físico, a criança está na posse plena do seu espírito que não é infantil. Façamos preces e em seguida esclareçamos, com voz calma e tranquila, sobre os efeitos positivos de viver com correção, com atitudes boas, com discernimento do bem e do bom caminho, contando com seus anjos guardiães, assim o espírito encontrará as melhores soluções em cada passo de sua existência corporal, crescendo e se desenvolvendo para um mundo cada vez melhor até pelo seu próprio contributo.

Richard Simonetti nos lembra que "quando a contenção da violência deixar de ser um problema policial e se transformar em questão de disciplina do próprio indivíduo; quando a paz for produto não da imposição das leis humanas, mas da observação coletiva das leis divinas, então viveremos num mundo melhor."

Destarte, os instintos mais bravios, as violências mais ferozes, se amainarão, até que, definitivamente, serão extintas do globo terrestre que, então estará transformado em Mundo Regenerado.

“Bem-aventurados aqueles que agem com brandura porque possuirão a Terra. Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus.” – Mateus V, 4 e 9.



CONTO


EM TORNO DA PAZ 
O relógio tilintou, marcando oito horas, quando Anacleto Silva acordou na manhã clara. Lá fora, o Sol prometia calor mais intenso e a criançada disputava bagatelas como vaga chilreante de passarinhos. 
Anacleto estirou-se no leito, relaxando os nervos, e, porque iniciaria o trabalho às nove, antes de erguer-se tomou o Evangelho e leu nos apontamentos do Apóstolo João, capítulo catorze, versículo vinte e sete, as sublimes palavras do Celeste Amigo: 
A paz vos deixo, a minha paz vos dou. Não vo-la dou à maneira do mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize. - “Alegro-me na certeza de que a paz do Senhor envolve o mundo inteiro”. Onde estiver, receberei o amor do Cristo, que assegura a tranquilidade, em torno do meu caminho. 
Sei que a presença de Jesus abrange toda a Terra e que a sua influência nos governa os destinos. Desfrutarei, assim, a paz entre as criaturas. 
O Eterno Benfeitor está canalizando todas as mentes para a vitória da paz. Por isso, ainda mesmo que os homens me ofendam, neles procurarei enxergar meus irmãos que o Divino Poder está transformando para a harmonia geral. 
Regozijo-me na convicção de que o Príncipe da Paz orienta as nações e que, desse modo, me garantirá o bem-estar. Recolherei do Céu a bênção da calma e permanecerei nos alicerces do entendimento e da retidão, junto da Humanidade. 
Louvo o Senhor pela paz que me envia hoje, esperando que Ele me sustente em sua paz, agora e em todos os dias de minha vida. 
Após monologar, fervoroso, levantou-se feliz, mas, findo o banho rápido, verificou que a fina calça com que lhe cabia comparecer no escritório sofrera longo corte de faca. 
Subitamente transtornado, chamou pela esposa, em voz berrante. 
Dona Horacina veio, aflita, guardando nos braços uma pequerrucha doente. Viu a peça maltratada e alegou triste: - Que pena! Os meninos estão à solta, e eu ocupada com a pneumonia da Sônia. 
Longe de refletir na grave enfermidade da filhinha de meses, Anacleto vociferou: 
- Que pena? É tudo o que você encontra para dizer? Ignora, porventura, que esta roupa me custou os olhos da cara? 
A senhora, sem revidar, dirigiu-se a velho armário e trouxe-lhe um costume semelhante ao que fora dilacerado. 
Pouco depois, ao café, notando a ausência do leite, Anacleto reclamou, irritadiço. 
- Sim, sim – explicou a dona da casa -, não pude enfrentar a fila... Era preciso resguardar a pequena... 
Silva engoliu alguns palavrões que lhe assomavam à boca e, quando abriu a porta, na expectativa do lotação, eis que o sogro, velhinho, lhe aparece, de chapéu à destra encarquilhada, rogando, humildemente: 
- Anacleto, perdoe-me a intromissão; contudo, é tão grande a nossa dificuldade hoje em casa que venho pedir-lhe quinhentos cruzeiros por empréstimo... 
- Ora, ora... – respondeu o genro, evidenciando cólera injusta – onde tem o senhor a cabeça? Se eu tivesse quinhentos cruzeiros no bolso, não sairia agora para encarar a onça da vida. 
Nisso um carro buzinou à reduzida distância, passando, porém, de largo, sem atender-lhe ao sinal. 
- Malditos! Como seguirei para a repartição? Malditos! Malditos!... 
Outro carro, no entanto, surgiu rápido, e Silva acomodou-se, enfim. 
Mas, enquanto o veículo deslizava no asfalto, confrontou a própria conduta com as afirmações que fizera ao despertar, e só então reconheceu que ele, tão seguro em exaltar a harmonia do mundo, não suportara sem guerra uma calça rasgada; tão convicto em prometer a si mesmo o equilíbrio no Senhor, não se conformara ante a refeição incompleta; tão pronto em proclamar o seu prévio perdão às ofensas humanas, não soubera acolher com gentileza a solicitação de um parente infeliz, e tão solene em asseverar-se nos alicerces do entendimento, não hesitara em descer da linguagem nobre para a que condiz com a gíria que amaldiçoa... 
E, envergonhado por haver caído tão apressadamente da serenidade à perturbação, começou a perceber que, entre ele e a Humanidade, surgia o lar, reclamando-lhe assistência e carinho, e que jamais receberia a paz do Cristo por fora, sem se dispor a recolhê-la por dentro. 
Livro: Cartas e Crônicas – Médium: Chico Xavier - Espírito Irmão X. 

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

"JORNAL DA CIDADE" PUBLICOU NOSSO ARTIGO

http://www.jornaldacidadeonline.com.br/leitura_artigo.aspx?art=5705

FATALIDADE E DESTINO ALGUNS APONTAMENTOS ANTE A LEI DE AÇÃO E REAÇÃO

Na vida humana, tudo tem uma razão de ser, nada ocorre por acaso, ainda mesmo quando as situações se nos afigurem trágicas. O recente acidente aéreo, ocorrido com o Airbus da TAM, que se chocou contra um prédio da empresa, ao lado do Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo, no dia 17 de julho de 2007, parece-nos um evidente episódio de resgate coletivo.

Muitos desses acertos de contas são demonstrados pelos Espíritos, em diversas obras da literatura espírita. André Luiz narra um desastre aéreo, em que o piloto, confuso pelo denso nevoeiro, não pôde evitar o choque da grande aeronave, espatifando-se contra a montanha. Neste caso, um instrutor espiritual comenta que "as vítimas certamente cometeram faltas em outras épocas, atirando irmãos indefesos da parte superior de torres altíssimas para que seus corpos se espatifassem no chão; suicidas que lançaram-se de altos picos ou edifícios, que por enquanto só encontraram recursos em tão angustiante episódio para transformarem a própria situação". (1)

Quanto aos parentes mais próximos das vítimas, como inseri-los no contexto dos fatos? Pela lógica da vida, eles (os parentes, sobretudo os pais), muitas vezes, foram cúmplices de delitos lamentáveis no passado, e, por isso, necessitam passar por essas penas, entronizando-se, aqui, a idéia de que o acaso não existe na concepção espírita.

Como entender a magnanimidade da Bondade de Deus e o ensinamento do Cristo, ante as mortes coletivas, ocorridas em l961, naquele patético incêndio do "Gran Circus Norte-Americano", em Niterói? Como compreender os óbitos registrados no terremoto que atingiu a cidade histórica de Bam, no Irã, no final de 2003?

Como explicar o acidente com o Boeing da Flash Airlines, que ocorreu no Egito, provocando a morte de 148 pessoas que estavam a bordo daquela aeronave, em 3 de janeiro de 2004? Qual o significado dos que foram tragados pelas águas do Tsunami, tragédia, cujas dimensões deixaram o mundo inteiro consternado? O que pensar, ainda, sobre o naufrágio do Titanic, transatlântico que transportava cerca de 2.200 pessoas? O que dizer das quase 3.000 vítimas decorrentes do ataque às Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova York, a 11 de setembro de 2001? Como interpretar esses destinos?

Para as tragédias coletivas, somente o Espiritismo tem as respostas lógicas, profundas e claras, que explicam, esclarecem e, por via de conseqüência, consolam os corações humanos, perante os ressaibos amargosos dessas situações. O fato é que nós criamos a culpa, e nós mesmos formatamos os processos para extinguir os efeitos. Ante as situações trágicas da Terra, o ser humano adquire mais experiência e mais energias iluminativas no cérebro e no coração, para defender-se e valorizar cada instante de sua vida. Com as verdades reveladas pelo Espiritismo, compreende-se, hoje, a justiça das provações, entendendo-as como sendo uma amortização de débitos de vidas pregressas.

Autores espirituais explicam, a respeito desse assunto, que indivíduos envolvidos em crimes violentos, no passado e, também, no presente, a lei os traz de volta, por terem descuidado da ética evangélica. Retornam e se agrupam em determinado tempo e local, sofrendo mortes acidentais de várias naturezas, inclusive nas calamidades naturais. Assim, antes de reencarnarmos, sob o peso de débitos coletivos, somos informados, no além-túmulo, dos riscos a que estamos sujeitos, das formas pelas quais podemos quitar a dívida, porém, o fato, por si só, não é determinístico, até, porque, dependem de circunstâncias várias em nossas vidas a sua consumação , uma vez que a lei cármica admite flexibilidade, quando o amor rege a vida e "o amor cobre uma multidão de pecados." (2)

Nossos registros históricos pelas vias reencarnatórias, muitas vezes acusam o nosso envolvimento em tristes episódios, nos quais causamos dor e sofrimento ao nosso próximo. Muitas vezes, em nome do Cristo, ateamos fogo às pessoas, nos campos, nas embarcações e nas cidades, num processo cego de perseguição aos "infiéis". Com o tempo, ante os açoites da consciência, deparando-nos com o remorso, rogamos o retorno à Terra pelo renascimento físico, com prévia programação, para a desencarnação coletiva, em dolorosas experiências de incêndios, afogamentos e outras tantas situações traumáticas para aliviar o tormento que nos comprime a mente.

Ao reencarnarmos, atraídos por uma força magnética (sintonia vibratória), conseqüente dos crimes praticados coletivamente, reunimo-nos circunstancialmente e, por meio de situações drásticas, colhemos o mesmo mal que perpetramos contra nossas vítimas indefesas de antanho. Portanto, as faltas coletivamente cometidas pelas pessoas (que retornam à vida física) são expiadas solidariamente, em razão dos vínculos espirituais entre elas existentes. Destarte, explica Emmanuel:"na provação coletiva verifica-se a convocação dos Espíritos encarnados, participantes do mesmo débito, com referência ao passado delituoso e obscuro. O mecanismo da justiça, na lei das compensações, funciona então espontaneamente, através dos prepostos do Cristo, que convocam os comparsas na dívida do pretérito para os resgates em comum, razão por que, muitas vezes, intitulais – doloroso acaso - às circunstâncias que reúnem as criaturas mais díspares no mesmo acidente, que lhes ocasiona a morte do corpo físico ou as mais variadas mutilações, no quadro dos seus compromissos individuais." (3)

Embora muitos acidentes nos comovam profundamente, seriam as tragédias suficientes para o resgate de crimes cruéis praticados no pretérito remoto? Estamos convencidos de que não, muito embora as situações - como essa vivenciada no dia 17 de julho de 2007 – nos levam a questionar, como, por exemplo: Por que esses acontecimentos funestos que despertam tanta compaixão? Seria uma Fatalidade? Coisa do destino? Que conceitos estão nos desenhos semânticos dessas palavras?

Para o espírita "fatal, no verdadeiro sentido da palavra, só o instante da morte" (4), pois, como disseram os Espíritos a Kardec : "quando é chegado o momento de retorno para o Plano Espiritual, nada "te livrará" e frequentemente o Espírito também sabe o gênero de morte por que partirá da terra", "pois isso lhe foi revelado quando fez a escolha desta ou daquela existência". (5)

Mais, ainda: "Graças à Lei de Ação e Reação e ao Livre-Arbítrio, o homem pode evitar acontecimentos que deveriam realizar-se, como também permitir outros que não estavam previstos". (6)

A fatalidade só existe como algo temporário, frente à nossa condição de imortais, com a finalidade de "retomada de rumo". Fatalidade e destino inflexível não se coadunam com os preceitos kardecianos. Quem crê ser "vítima da fatalidade", culpa somente o mundo exterior pelos seus erros e se recusa a admitir a conexão que existe entre eles.

O homem comum, nos seus interesses mesquinhos, não considera a dor senão como resgate e pagamento, desconhecendo o gozo de padecer por cooperar, sinceramente, na edificação do Reino do Cristo.

Aquele que se compraz na caminhada pelos atalhos do mal, a própria Lei se incumbirá de trazê-lo de retorno às vias do bem. O passado, muitas vezes, determina o presente que, por sua vez, determina o futuro. "Quem com ferro fere, com ferro será ferido" (7), disse o Mestre. Porém , cabe uma ressalva, nem todo sofrimento é expiação. No item 9, cap. V, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec assinala: "Não se deve crer, entretanto, que todo sofrimento porque se passa neste mundo seja, necessariamente, o indício de uma determinada falta: trata-se, freqüentemente, de simples provas escolhidas pelo Espírito para sua purificação, para acelerar o seu adiantamento".(8). São claras as palavras do Codificador.

Não estão corretos aqueles que generalizam e afirmam que todo sofrimento é resultado de erros praticados no passado. O desenvolvimento das potencialidades, a subida evolutiva, requer trabalho, esforço, superar desafios. Neste caso é a provação, e não, a expiação, ou seja, são as tarefas a que o Espírito se submete, a seu próprio pedido, com vistas ao seu progresso, à conquista de um futuro melhor.

Dentro do princípio de Causa e Efeito, quem, em conjunto com outras pessoas, agrediu o próximo não teria que ressarcir o débito em conjunto? É esse o chamado "carma coletivo". (9)

Toda ação que praticamos, boa ou má, recebemos de volta. Nosso passado determina nosso presente não existindo, pois, favoritismos, predestinações ou arbítrios divinos. A doutrina espírita não prega o fatalismo e nem o conformismo cego diante das tragédias da vida, mesmo das chamadas tragédias coletivas. O que o Espiritismo ensina é que a lei é uma só: para cada ação que praticamos, colheremos a reação.
O importante para os que ficam por aqui , na Terra, para que tenham o avanço espiritual devido, é não falir pela lamentação, pela revolta pois "as grandes provas são quase sempre um indício de um fim de sofrimento e de aperfeiçoamento do Espírito, desde que sejam aceitas por amor a Deus".(10)

Diante do exposto, afirmamos que a função da dor é ampliar horizontes, para realmente vislumbrarmos os concretos caminhos amorosos do equilíbrio. Por isto, diante dos compromissos cármicos, em expiações coletivas ou individuais, lembremo-nos sempre de que a finalidade da Lei de Deus é a perfeição do Espírito, e que estamos, a cada dia, caminhando nesta destinação, onde o nosso esforço pessoal e a busca da paz estarão agindo a nosso favor, minimizando ao máximo o peso dos débitos do ontem.

J. Hessen
jorgehessen@gmail.com


Referências bibliográficas:

(1) Xavier, Francisco Cândido. Ação e Reação, Cap. XVIII, RJ: Ed FEB, 2005
(2) Cf. Primeira Epístola de Pedro Cap. 4:8
(3) Xavier, Francisco Cândido. O Consolado, RJ: Ed FEB, 2002, Perg 250
(4) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, RJ: Ed FEB, 1979, pergs. 851 a 867
(5) Idem
(6) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, RJ: Ed FEB, 1979, perg
(7) Cf. JOÃO. 18:11
(8) Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001, item 9, cap. V
(9) A palavra karma é oriunda da raiz sânscrita "kri", cujo significado é ação. Karma é portanto, Lei de Causa e Efeito, ou ainda, de acordo com a terceira lei de Newton, conhecida como o "princípio da ação-e-reação", que diz: "a toda ação corresponde uma reação, com mesma intensidade, mesma direção, mas de sentido contrário". E o Cristo, ao recolocar a orelha do centurião romano, decepada pela espada de Pedro, sentenciou: "Pedro, embainha tua espada, pois quem com ferro fere, com ferro será ferido". Podemos notar, aí, dois enunciados da mesma Lei de Ação e Reação: um, de maneira científica e, outro, de modo místico. O vulgo diz : "Quem semeia vento, colhe tempestade".
(10)Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, RJ: Ed FEB, 1989, Cap.14

PROFESSORA RESPONDE À REVISTA VEJA - REPASSE SEM DÓ!




Resposta à revista VEJA... PARABÉNS !


Abaixo estou enviando uma cópia da carta escrita por uma professora que trabalha no Colégio  Estadual Mesquita, à revista Veja. Vale a pena ler.   


Sou professora do Estado do Paraná e fiquei indignada com a reportagem da jornalista Roberta de Abreu Lima na revista Veja, “Aula Cronometrada”.  É com grande pesar que vejo quão distante estão seus argumentos sobre as causas do mau desempenho escolar com as VERDADEIRAS razões que geram este panorama desalentador.  Não há necessidade de cronômetros, nem de especialistas para diagnosticar as falhas da  educação.  Há necessidade de todos os que pensam que: “os professores é que são incapazes de atrair a atenção de alunos repletos de estímulos e inseridos na era digital” entrem numa sala de aula e observem a realidade brasileira. 
Que alunos são esses “repletos de estímulos” que muitas vezes não têm o que comer em suas casas quanto mais inseridos na era digital?  Em que pais de famílias oriundas da pobreza trabalham tanto que não têm como acompanhar os filhos em suas atividades escolares, e pior em orientá-los para a vida?  Isso sem falar nas famílias impregnadas pelas drogas e destruídas pela ignorância e violência, causas essas que infelizmente são trazidas para dentro da maioria das escolas brasileiras.  Está na hora dos professores se rebelarem contra as acusações que lhes são impostas.  Problemas da sociedade deverão ser resolvidos pela sociedade e não somente pela escola.  Não gosto de comparar épocas, mas quando penso na minha infância, onde pai e mãe, tios e  avós estavam presentes e onde era inadmissível faltar com o respeito aos mais velhos, quanto mais aos professores, e não cumprir as obrigações fossem escolares ou simplesmente caseiras, faço comparações com os alunos de hoje “repletos de estímulos”.  Estímulos de quê?  De passar o dia na rua, não fazer as tarefas, ficar em frente ao computador, alguns até altas horas da noite, (quando o têm), brincando no Facebook, ou, o que é ainda pior, envolvidos nas drogas.  Sem disciplina seguem perdidos na vida.
Realmente, nada está bom. Porque o que essas crianças e jovens procuram é amor, atenção, orientação e disciplina.  Rememorando, o que tínhamos nós, os mais velhos, há uns anos atrás de estímulos?  Simplesmente: responsabilidade, esperança, alegria.  Esperança que se estudássemos teríamos uma profissão, seríamos realizados na vida.  Hoje os jovens constatam que se venderem drogas vão ganhar mais.  Para quê o estudo?  Por que numa época com tantos estímulos não vemos olhos brilhantes nos jovens?  Quem, dos mais velhos, não lembra a emoção de somente brincar com os amigos,  de ir aos piqueniques, subir em árvores?  E, nas aulas, havia respeito, amor pela Pátria..  Cantávamos o hino nacional diariamente, tínhamos aulas “chatas” só na lousa e sabíamos ler, escrever e fazer contas com fluência.  Se não soubéssemos não iríamos para a 5ª. Série.  Precisávamos passar pelo terrível, mas eficiente, exame de admissão.  E tínhamos motivação para isso. Hoje, professores “incapazes” dão aulas na lousa, levam filmes, trabalham com tecnologia, trazem livros de literatura juvenil para leitura em sala-de-aula (o que às vezes resulta em uma revolução), levam alunos à biblioteca e a outros locais educativos (benza, Deus, só os mais corajosos!) e, algumas escolas públicas onde a renda dos pais comporta, até a "passeios interessantes", planejados minuciosamente, como ir ao Beto Carrero.  E, mesmo, assim, a indisciplina está presente, nada está bom. 
Além disso, esses mesmos professores “incapazes”, elaboram atividades escolares como  provas, planejamentos, correções nos fins-de-semana, tudo sem remuneração; Todos os profissionais têm direito a um intervalo que não é cronometrado quando estão cansados.  Professores têm 10 minutos de intervalo, quando têm de escolher entre ir ao banheiro ou tomar às pressas o cafezinho.  Todos os profissionais têm direito ao vale alimentação, professor tem que se sujeitar a um  lanchinho, pago do próprio bolso, mesmo que trabalhe 40h semanais.  E a saúde?  É a única profissão que conheço que embora apresente atestado médico tem que repor as aulas. Plano de saúde? Muito precário.  Há de se pensar, então, que são bem remunerados... Mera ilusão!  Por isso, cada vez vemos menos profissionais nessa área, só permanecem os que realmente  gostam de ensinar, os que estão aposentando-se e estão perplexos com as mudanças havidas no ensino nos últimos tempos e os que aguardam uma chance de “cair fora”.  Todos devem ter vocação para Madre Teresa de Calcutá, porque por mais que se esforcem  em ministrar boas aulas, ainda ouvem alunos chamá-los de “vaca”,”puta”, “gordos “, “velhos”  entre outras coisas. 
Como isso é motivante...e temos ainda que ter forças para motivar. Mas, ainda não é tão grave. Temos notícias, dia-a-dia, até de agressões a professores por alunos.  Futuramente, esses mesmos alunos, talvez agridam seus pais e familiares.  Lembro de um artigo lido, na revista Veja, de Cláudio de Moura Castro, que dizia que um país sucumbe quando o grau de incivilidade de seus cidadãos ultrapassa um certo limite.  E acho que esse grau já ultrapassou.
Chega de passar alunos que não merecem.  Assim, nunca vão saber porque devem estudar e comportar-se na sala de aula; se passam sem estudar mesmo, diante de tantas chances, e com indisciplina... E isso é um crime!  Vão passando série após série, e não sabem escrever nem fazer contas simples.  Depois a sociedade os exclui, porque não passa a mão na cabeça.  Ela é cruel e eles já são adultos.  Por que os alunos do Japão estudam? Por que há cronômetros?
Os professores são mais capacitados? Talvez, mas o mais importante é porque há disciplina.  E é isso que precisamos e não de cronômetros.  Lembrando: o professor estadual só percorre sua íngreme carreira mediante cursos, capacitações que são realizadas, preferencialmente aos sábados.  Portanto, a grande maioria dos professores está constantemente estudando e aprimorando-se. Em vez de cronômetros, precisamos de carteiras escolares, livros, materiais,quadras  esportivas cobertas (um luxo para a grande maioria de nossas escolas), e de lousas, sim, em  melhores condições e em maior quantidade..  Existem muitos colégios nesse Brasil afora que nem cadeiras possuem para os alunos se sentarem. E é essa a nossa realidade!  E, precisamos, também, urgentemente de educação para que tudo que for fornecido ao aluno não seja destruído por ele mesmo. Em plena era digital, os professores ainda são obrigados a preencher os tais livros de chamada, à mão: sem erros, nem borrões (ô, coisa arcaica!), e ainda assim se ouve falar em cronômetros. Francamente!!! Passou da hora de todos abrirem os olhos e fazerem algo para evitar uma calamidade no país, futuramente. 
 Os professores não são culpados de uma sociedade incivilizada e de banditismo, e finalmente, se os professores até agora não responderam a todas as acusações de serem despreparados e “incapazes” de prender a atenção do aluno com aulas motivadoras é porque não tiveram TEMPO.  Responder a essa reportagem custou-me metade do meu domingo, e duas turmas sem as provas corrigidas.   Vamos começar uma corrente nacional que pelo menos dê aos professores respaldo legal quando um aluno o xinga, o agride... chega de ECA que não resolve nada, chega de Conselho Tutelar que só vai a favor da criança e adolescente (capazes às vezes de matar, roubar e coisas piores), chega de salário baixo, todas as profissões e pessoas passam por professores, deve ser a carreira mais bem paga do país, afinal os deputados que ganham 67% de aumento tiveram professores, até mesmo os "alfabetizados funcionais".   Pelo amor de Deus somos uma classe com força!!!  Somos politizados, somos cultos, não precisamos fechar escolas, fazer greves, vamos apresentar um projeto de Lei que nos ampare e valorize a profissão.   Vamos fazer uma corrente via internet, repasse a todos os seus!  Grata.   Vanessa Storrer - professora de Curitiba!   Mesmo quem não atua como docente, um dia passou por uma escola e tornou-se o que é hoje!
No Japão, o único profissional que não precisa fazer reverência ao imperador é o professor.  Segundo os japoneses numa terra que não há professores, não pode haver imperadores.   

Cientistas batem novo recorde de teletransporte quântico

Por Vanessa Daraya, de INFO Online
• Sexta-feira, 14 de setembro de 2012 - 18h18



Divulgação/ESA
Estação Óptica Terrestre projeta laser

São Paulo - Uma equipe de pesquisadores realizou o teletransporte quântico a uma distância de 143 quilômetros. Com isso, os cientistas bateram um novo recorde mundial.

A equipe tem pesquisadores da Áustria, Canadá, Alemanha e Noruega financiados pela Agência Espacial Europeia (ESA). Eles usaram um mecanismo guiado a partir de um laser de 1,3 watt. Ele permite que um fóton, uma partícula de luz, mude de ponto sem se perder. A experiência foi publicada no periódico científico Nature.



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O teletransporte quântico acontece com o uso de um fóton capaz de transmitir o estado quântico de um objeto a outro. Assim, é possível que o receptor se transforme em um clone daquele que envia os dados.

A ideia é que não seja o objeto físico o teletransportado, mas a informação que o descreve. Logo, não há desmaterialização e rematerialização física.

Os cientistas transferiram as propriedades de um fóton entre a Estação Óptica Terrestre, na ilha de La Palma, e o observatório da ESA, em Tenerife. Ambas ficam no arquipélago espanhol das Ilhas Canárias.

Os dois pontos de envio estão 2.400 metros acima do nível do mar. A região apresenta perturbações meteorológicas desafiadoras, como neblina, chuvas e tempestades de areia.

Antes desse recorde estava o de um grupo de chineses. Eles conseguiram enviar informações por meio desse método a 97 quilômetros de distância em quatro horas.

O novo teletransporte quântico alimenta ideias para o uso dessa tecnologia. No futuro, ela poderá realizar transmissões quânticas de longa distância entre os satélites em órbita e a Terra.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

TATTOO 3 D


PERANTE AS TATUAGENS, O ENFOQUE DE UM ESPÍRITA


Jorge Hessen
http://aluznamente.com.br

Médicos pesquisadores norte-americanos arrolam a tatuagem (arte corporal) à hepatite e como importante agente cancerígeno do fígado. Considerando que na pesquisa não houve relatos de casos de infestação bacteriana ou viral vinculados a estúdios de tatuagens profissionais nos Estados Unidos, os estudiosos recomendam que as pessoas apenas façam tatuagens ou coloquem piercings com profissionais habilitados. (1)

O que é tatuagem? É a introdução de pigmentos (2) insolúveis, coloridos ou não, sob a pele. As granulações microscópicas formam imagens, desenhos e palavras, permanecendo definitivamente na camada subcutânea. Para infiltração dos pigmentos são utilizados instrumentos pontiagudos especiais na epiderme. Durante o procedimento a pele é perfurada de 80 a 150 vezes por segundo para a introjeção das substâncias (3), processo esse que pode representar perigo de contaminações, e dentre os riscos relacionados, apontados em pesquisas, incluem reações alérgicas, HIV, hepatite B e C, infecção de fungos e bactérias, além de outros riscos associados até mesmo com a excisão (remoção) das tatuagens.

Sob a percepção histórica, a tatuagem é uma técnica ancestral que se esvai na memória cultural das civilizações. Surgiu, segundo alguns, como forma de expressão da personalidade, há mais de 3500 anos. Não compartilhamos da tese de que a tatuagem reflita, na essência, o caráter de alguém. Na era Cristã, na clandestinidade, sob o jugo do poder pagão, os primeiros cristãos se distinguiam por uma série de símbolos tatuados, como cruzes, as letras IHS, o peixe e as letras gregas. (4)

Atualmente existem as “tattoos” 3D, que dizem ser mais realistas do que os desenhos tradicionais e dão a impressão de que o desenho está saindo da pele. Essas insígnias servem para assinalar o corpo de componentes de gangues, grupos de atletas esportistas (surfe, motociclismo), "beatniks" (movimento sociocultural nos anos 50 e princípios dos anos 60 que subscreveram um estilo de vida antimaterialista, na sequência da 2.ª Guerra Mundial), hippies, roqueiros e bastante presente entre os jovens comuns e prosaicos dos dias de hoje.

O que informa a Codificação sobre as tatuagens e piercings? Nada! O Espiritismo, a princípio, não proíbe coisa nenhuma, todavia adverte e orienta. Sim, O Espiritismo oferece-nos elementos para avaliação, a fim de que deliberemos conscientemente sobre o que, como, quando, onde fazer ou deixar de fazer alguma coisa.

Mesmo que expressemos aqui simples opinião, não deslembremos que Jesus nos convida ao aprimoramento moral, a prudência do comportamento e a meditação no notável “orai e vigiai” (5). Embora Kardec não tenha comentado o tema, animamos alvitrar sobre qual a atitude mais criteriosa para o espírita, visando fugir dos ressaibos amargosos de futuro. Porém, aceitar ou não nossas reflexões fica DE MODO ÓBVIO sob a prerrogativa da liberdade de consciência de cada leitor.

Considerando que conhecemos muito pouco sobre a estrutura funcional do perispírito, seria atraente saber se haveria mutilação perispiritual por ensejo do uso desses implementos (tatuagens e piercings). Quem sabe, sim! Possivelmente, não! Contudo, uma coisa compreendemos de sobejo: o psicossoma é danificado no desvio moral, no desequilíbrio emocional, nos vícios físicos e psicológicos, no ódio, no pessimismo, na cobiça, na arrogância, na luxúria.

Sim! Lesamos o corpo espiritual quando prejudicamos alguém através da maledicência (fofoca), da agressividade, da bestialidade, da deslealdade. Assim, analisado por esse ângulo, os adornos (arte corporal) comprometem bem menos o corpo perispirítico. Principalmente porque na atualidade alguns desses adereços podem ser revertidos, já na atual encanação, e naturalmente não ecoará no envoltório do além do túmulo.

Na jurisdição do além, os espíritos podem fluidicamente moldar mental e automaticamente os vestuários e artefatos de uso e vontade pessoal. Desse modo é possível, conquanto lamuriemos que um desencarnado se conserve dependente dos modismos e tantas outras ocorrências fúteis da coletividade terrena.

Por outro lado, quais sãos os anseios, os sonhos, as crenças dos que cobrem quase que completamente seus corpos com tatuagens e piercings? Avaliá-los importa alcançar se estão mutilados psíquica, emocional e espiritualmente. Há essas ocorrências extremadas. O que conduz certas pessoas a destroçar a barreira da ponderação e do juízo? Por que atentam contra si submetendo-se a dores e sofrimentos inexplicáveis?

Obsessão? Transtorno mental?

Com a palavra, os espíritas conscienciosos e os psiquiatras.


Referências:
   Disponível em http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,tatuagens-sao-relacionadas-a-hepatite-c-diz-estudo,988848,0.htm, acessado em 22/01/2013
Os pigmentos têm origem mineral
Atualmente são utilizadas máquinas elétricas. Elas são compostas de uma ponteira de aço inox cirúrgico e/ou descartáveis. Avisam os especialistas que essas ponteiras devem ser limpas por ultrassom e esterilizadas com estufa durante 3 horas, pelo menos, a uma temperatura maior ou igual a 170 ºC. 
Disponível em http://whiplash.net/materias/biografias/000117.html#ixzz2LYoEo8UZ , acessado em 22/02/2013
Mc 14,38

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

OPINIÃO DO DIVALDO FRANCO SOBRE ENXURRADA DE LIVROS ESPIRITAS

Divaldo Franco

Segue trechos da entrevista de Divaldo Franco do livro Conversando com Divaldo Pereira Franco editado pela Federação Espírita do Paraná sobre as obras espíritas.

FEP:O movimento espírita tem sido invadido por uma enxurrada de publicações que trazem a informação de serem mediúnicas. Temos visto que os dirigentes, vários deles, não utilizam qualquer critério de seleção doutrinária. O que nos aconselha?

Divaldo: "O nosso pudor em torno do Index Expurgatorius da Igreja Romana leva-nos, sem nos darmos conta, a uma tolerância conivente. Como não nos é lícito estabelecer um mapa de obras que mereçam ser estudadas em detrimento daquelas que trazem informações inautênticas em torno dos postulados espíritas, muitos dirigentes, inadvertidamente, divulgam obras que prejudicam mais a compreensão do Espiritismo do que aclaram.

É muito comum dizer: mas é muito boa! Mas, muito boa, porém não uma obra espírita e no que diz respeito à mediunidade, a mediunidade ficou tão barateada, tão vulgarizada, que perdeu aquele critério com que Allan Kardec a estuda em “O Livro dos Médiuns”.

O médium é médium desde o berço. Os fenômenos nos médiuns ostensivos começam na infância e quando têm a felicidade de receber a diretriz da Doutrina, torna-se o que Chico Xavier denominava com muita beleza: mediunidade com Jesus. O que equivaleria dizer: a mediunidade ética, a mediunidade responsável, criteriosa, a mediunidade que não se permite os desvios do momento, os modismos.

Mas a mediunidade natural pode surgir em qualquer época e ela surge como inspiração. O indivíduo pode cultivá-la, desenvolve-la naturalmente.

Vem ocorrendo uma coisa muito curiosa, pela qual, alguns espíritas desavisados, de alguma maneira, são responsáveis: se o livro é de um autor encarnado, não se lê, porque como se ele não tivesse autoridade de expender conceitos em torno da Doutrina. Mas, se é um livro mediúnico, ele traz um tipo de mística, de uma chancela, e as pessoas logo acham que é o máximo. Adotam esse livro como um Vade Mecum, trazendo coisas que chocam porque vão de encontro aos postulados básicos do espiritismo.

Entra agora uma coisa que é profundamente perturbadora: o interesse comercial. Vender o livro sob a justificativa de que as Casas Espíritas necessitam de recursos. Para atender as necessidades, vendem obras de autoajuda, de esoterismo, de outras doutrinas, quando deveríamos cuidar de divulgar as obras do Espiritismo, tendo um critério de coerência.

Quando visitei Paris pela primeira vez, em 1967, eu fui ver e conhecer a Union Spirite Française que ficava na Rua Copernique, número 8. Era período de férias, agosto a setembro, praticamente a Europa fecha-se e a França, principalmente. A Union estava fechada. Chamou-me a atenção as vitrinas que exibiam obras: não tinha uma espírita. Eram obras esotéricas, eram obras hinduístas, eram obras de Madame Blavatsky. São todas respeitáveis, mas não temos compromisso com elas. O nosso compromisso é com Jesus e com Kardec, sem nenhum fanatismo e sem nenhuma restrição pelas outras obras, que consideramos valiosas para cultura, para ampliação do entendimento. Mas, temos que optar por conhecer a Doutrina que professamos.

Verificamos, neste momento, essa enxurrada perniciosa, porque saem mais de cinqüenta títulos de obras pseudomediúnicas por mês, pelo menos que nos chegam através dos catálogos, tornando-se impossíveis de serem lidas. O que ocorre? Eu recebo entre 10 e 20 solicitações mensais, pedindo aos Espíritos prefácios para obras que ainda estão sendo elaboradas. A pressa desses indivíduos de projetar a imagem, de entrarem nesse pódium do sucesso é tão grande que ainda não terminaram de psicografar - quando é psicográfica - ou de transcrevê-la, quando é inspirada, ou de escrevê-la, quando é de próprio punho, de própria concepção, já preocupado com o prefácio. Eu lhes digo: Bom, aos Espíritos eu não faço solicitações. Peço desculpas por não poder mandar o prefácio desejado. Espere, pelo menos, concluir o trabalho. Pode ser que eu morra, pode ser que você morra e pode ser que o Guia reencarne antes de terminar a obra.

É uma onda de perturbação para minar-nos por dentro. O Codificador nos recorda que os piores inimigos estão no próprio Movimento, o que torna muito difícil a chamada seleção natural. Nós deveremos ter muito cuidado ao examinar esses livros. Penso que as instituições deveriam ter uma comissão para lê-los, avaliar a sua qualidade e divulgá-los ou não, porquanto as pessoas incautas ou desconhecedoras do Espiritismo fascinam-se com ideias verdadeiramente absurdas.

Tenho ouvido e visto declarações pessoais de médiuns que dizem não serem espíritas e não terem nenhum vínculo com qualquer “ismo”; são livres atiradores e as suas obras são vendidas nos Centros Espíritas, porque vendem muito. Até amigos muito queridos têm, em suas livrarias, nos Centros Espíritas que frequentam, essas obras que são romances interessantes, como os antigos romances de Agatha Christie, de M. Dellyt e tais. Mas essas obras não são espíritas, embora ditadas por um Espírito, mas ditadas ao computador.

Essas obras são muito interessantes, ninguém contesta, mas o tempo que se gasta, lendo-as, é um desvio do tempo de aprendizagem da Doutrina Espírita. As pessoas ficam sempre à margem, não se aprofundam. Observo, em nossa Instituição, pelas perguntas infantis que me fazem.

É necessário que procuremos divulgar a Doutrina, conforme nós a herdamos do ínclito Codificador e das entidades venerandas, que preservaram essa Doutrina extraordinária, para que nós possamos contribuir com a construção de um mundo melhor.

A respeito desses livros que proliferam, me causam surpresa, quando amigos com quarenta, cinqüenta anos de idade, pessoas lúcidas, pessoas cultas, que nunca foram médiuns, ou, pelo menos, jamais o disseram, escrevem livros até ingênuos, que nem são bons nem são maus, e rotulam como mediúnicos e passam a vender, porque são mediúnicos.

Um dos livros mais vendidos, dito mediúnico, tem verdadeiras aberrações, em que a entidade fez do mundo espiritual uma cópia do mundo físico, ao invés de o mundo físico ser uma cópia do mundo espiritual. Inverteu, porque o Espírito está tão físico no mundo espiritual! E um Espírito do sexo feminino, que tem os fluxos catamênicos no mundo espiritual e que vai ao banheiro e dá descarga!

Outras obras, igualmente muito graves, falam de relacionamentos sexuais para promoverem reencarnação no Além. Ora, a palavra reencarnação já caracteriza tomar um corpo de carne. Como reencarnar no Além, no mundo de energia, de fluidos, onde não existe a carne? O Além, com ninhos de passarinhos multiplicando-se, em que as aves vêm, chocam e nascem os filhotinhos. Não é que estejamos contra qualquer coisa, mas é que são delírios, pura fascinação.

Acredito que alguns desses médiuns são médiuns autênticos. Ocorre que eles não perderam a mediunidade, a sua faculdade mediúnica é que mudou de mãos, daquelas entidades respeitáveis para as entidades frívolas que estão criando verdadeiros embaraços, porque em determinados seminários, palestras, fazem perguntas diretas e ficamos numa situação delicada, porque citam os nomes. Toda vez que dizem os nomes eu me recuso responder. Numa pergunta em tese muito bem, mas declinar nomes, não. Não tenho esse direito de levar alguém ao escárnio.

Dessa forma, o problema é mais grave do que parece, porque muitos também estão fazendo disso profissão, embolsam o resultado das vendas. Enquanto outros justificam obras de má qualidade, por terem um objetivo nobre: ajudar obras de assistência social. Os meios não justificam os fins."





quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

CONVERSA DE AMIGO, UM ALERTA!


José Sola
São Paulo
Amigo, 

José Sola

Amigo Amigo,
Desejo agradecer-lhe o estimulo que nos esta oferecendo nesta labuta em que nos demoramos, no intento de preservar a pureza doutrinaria do espiritismo, alias entendo que você esta incluído nesta, é parte integrante desta peleja, pois não propomos aqui uma guerra santa, pedindo a destruição dos autores, e tampouco estamos pedindo se ascenda uma fogueira em praça publica para queimarmos as obras escritas pelos mesmos, somente pedimos as casas espíritas não divulguem estas obras, e você concorda que não devemos divulga-las, e se as colocarem nas estantes das bibliotecas, para venda, ou para empréstimo, estarão fazendo esta divulgação.
Você apresenta uma possibilidade louvável, permitir a venda, ou o empréstimo das mesmas, entretanto, para isto, estaríamos a apresentar uma nota, explicando as possíveis falhas que as mesmas apresentam, sua ideia é louvável, mas estas notas, referindo os equívocos que estas contém, só poderia ser feito por representantes da Federação Espírita Brasileira, em comum acordo com as federações filiadas, ou pela USE, por uma comissão definida, e devidamente preparada para isto, e acredito mesmo que alguns representantes das casas espíritas, deveriam participar, em que os membros dessa comissão, fizessem o bom uso da lógica e da racionalidade, não é algo que as diretorias das casas espíritas deveriam realizar, pois nem sempre as casas espíritas arregimentam valores apropriados para a realização desta analise critica, e mesmo porque, seriam opiniões das mais variadas possíveis, alguns estariam validando mesmo essas obras, como tem acontecido.
E se você parar para prestar atenção, esta atitude, não deixa de ser um julgamento analítico, e critico mesmo, então já que as mesmas estarão passando por este julgamento, em que estaremos apresentando argumentos que mostram os equívocos que contrariam os postulados da doutrina espírita, para que coloca-las em nossas estantes junto as obras legitimamente espíritas, para arrecadarmos fundos para as nossas instituições?
Amigo, você nos informa e com muita propriedade em seu texto, que colocar essas obras em nossas prateleiras para vender, seria o mesmo que colocar cachaça, ou outro tipo de droga qualquer, a venda para arrecadarmos lucros, e eu concordo - não que me sinto no direito de julgar que essas obras são uma droga – mas, realmente as mesmas são nocivas ao espiritismo, pois desvirtuam a ordem, o bom senso, a lógica que as legitimas obras espíritas, apresentam a seus adeptos, e para aqueles que neófitos sejam, ingressando nas lides espíritas, as mesmas são prejudiciais, pois que quem esta iniciando não tem discernimento adequado para definir o que verdadeiramente seja espírita.
Amigo você que é um pai de família respeitável, digno, estaria colocando na prateleira de sua casa, qualquer tipo de droga, sabendo como sabe que estas destroem a saúde física e moral do individuo, a pretexto de que seus filhos necessitam viver todo tipo de experiências?
Eu tenho a certeza que não, pois você sabe que tomando esta atitude, estaria apresentando a seus filhos a possibilidade de se corromperem, são crianças, ou adolescentes, seres ainda sujeitos, a curiosidade, e sem a devida maturidade para discernir as consequências que as drogas causam ao ser humano, e importa lembrar que não necessitamos fazer o uso das drogas, para sabermos do efeito desastroso que a mesma causa a quem a utiliza, basta apreciarmos os efeitos que estas têm causado a seus usuários.
Em se tratando dos livros contrários aos postulados da doutrina espírita, as coisas não diferem, temos aqueles que estão iniciando nos conhecimentos doutrinários do espiritismo, que podemos em analogia compara-los a crianças ou adolescentes, se lhes apresentarmos obras que adulteram a verdade doutrinaria do espiritismo, colocando-as nas estantes de nossas bibliotecas na casa espírita, os mesmos vão entender que estas obras são boas, pois nós as estamos expondo, em outras palavras, estamos expondo o joio junto com o trigo, e como eles não sabem o que é joio e o que seja trigo, vão ingerir a ambos, sem se aperceberem que estão ingerindo um alimento impuro, e infelizmente os efeitos produzidos será a indigestão, em que estes espíritos se demoraram, sofrendo dos males da ignorância que lhes desviaram as mentes por caminhos insertos, por um vasto período de tempo.
E quanto ao fazer você referencias a intolerância da igreja católica, coibindo seus adeptos de lerem, de apreenderem, de conhecerem outros princípios, o lembro de que a igreja católica proibia o estudo de qualquer obra, mesmo em não se tratando de estudos religiosos, pois pretendiam manter a ignorância de seus adeptos, na intenção de amedronta-los com a ideia do inferno eterno, então não proibiam apenas os estudos religiosos,  mas também dos científicos, deixando de passar aos seus seguidores, qualquer tipo de informação, era expressamente proibido a aquisição de qualquer conhecimento, quem se aventurasse  a fazê-lo, era queimado na fogueira.
Mas não é isto que acontece, ou que estamos pedindo aconteça com o espiritismo, pois o espiritismo não nos proíbe de estudar, nos incentiva mesmo a que o façamos, e não nos proíbe de lermos nenhuma obra, independente que obra seja, nos explicita que temos o livre arbítrio, mas não deixa de orientar-nos de forma correta, para que tenhamos condições de discernir o joio do trigo, entretanto, eu não entendo de que, por termos o direito de ler tudo, de conhecer outras obras, devamos confundi-las, apresenta-las como se fossem espíritas, meu amigo, o que faltou a igreja católica em seus primórdios, foi este discernimento em que nos demoramos, apreciando tudo o que é escrito pelos homens e pelos espíritos, a luz da lógica e da razão, aceitando apenas o que responda a esses parâmetros de aferição, e posso te afirmar com certeza, de que se os pais igreja católica, não se houvessem corrompido em busca do poder temporário, e das riquezas efêmeras da terra, não haveria acontecido à intolerância e a morte na sustentação de seus interesses mesquinhos, pois estes homens nunca se preocuparam com a verdade, não foram intolerantes para defender os ideais de Jesus, mas para resguardar seus interesses mesquinhos, e não é isto que vivemos na doutrina espírita, e nem estamos propondo, desenvolvermos no meio espírita, a intolerância, mas o discernimento.
E quanto a Kardec meu amigo, com certeza não estaria aprovando essa miscelânea em que procuram transformar o espiritismo, sim ele nos pede para que conheçamos tudo, pois para opinarmos a respeito de alguma coisa, se certa ou errada, temos que ter o conhecimento de causa para fazermos tal julgamento, mas com certeza estaria como o estará quando reencarnar, sabendo postar cada ideologia religiosa em seu devido lugar, mantendo a pureza e a lidimes do espiritismo, não tenha duvida disto amigão.
Então meu grande amigo, sejamos tolerantes, fraternos, e irmãos de todos aqueles que professam outra crença religiosa, mas sejamos sinceros em nossos propósitos doutrinários, vamos manter o espiritismo, lidimo e puro, tal qual Kardec nos legou, pois eu não entendo como intolerância a honestidade, e a clareza de raciocínio, a pretexto de sermos simpáticos aos que manifestam essas intenções, o que nos sucede é que nos tornamos levianos em nossas atitudes, e acabamos abrindo campo às entidades infelizes que pretendem desmoralizar a doutrina espírita, pois se permitirmos transformem o espiritismo, nessa miscelânea  que estão desejando, teremos de futuro, mais uma religião, como aconteceu ao catolicismo, que é hoje uma sociedade forte, mas que não responde a moral evangélica do Cristo, não responde a alma sedente de conhecimento e de amor.
Concluindo, devemos retirar das estantes espíritas sim, as obras que não sejam espíritas, pois como eu disse a principio, embora sua ideia seja excelente, mas é muito difícil de colocar em pratica, e mesmo porque, não trariam outros proventos que não os lucros matérias, e como você mesmo afirmou, não deve ser esta a preocupação primeira dos espíritas, mas a de amealharmos os bens divinos,  pois estes são eternos.
Um forte abraço, meu amigo.

Resposta a um biógrafo - Ramatis, Sábio ou Pseudo-Sábio?

Arthur Felipe de A. Ferreira



Em nosso último estudo, intitulado "Hercílio Maes, médium ou escritor?", analisamos algumas passagens da biografia do referido médium paranaense, que foi o primeiro a declarar receber mensagens de Ramatis. Em "Simplesmente Hercílio", escrito pelo próprio filho do biografado, o Sr. Mauro Maes, encontramos diversas menções a um outro espiritualista que militou por muitos anos no Movimento Espírita, muito conhecido até hoje por alguns dos seus livros, entre eles o polêmico e que mais sucesso alcançou "Os Exilados de Capela": Edgard Armond.
Militar de carreira, Armond ocupou posições de destaque no Movimento Espírita paulista, tendo colaborado na reorganização da FEESP, na criação da USE e na fundação da Aliança Espírita Evangélica.

Em nossa primeira obra de análise dos ditados atribuídos ao espírito Ramatis, lançada em 1997 e intitulada "Ramatis, Sábio ou Pseudo-Sábio?" (Editora EME), chegamos a citar Edgard Armond como a única liderança de renome no Movimento Espírita cujas ideias se aproximavam das de Hercílio/Ramatis. Foi o suficiente para despertar a atenção e provocar grande incômodo em um dos biógrafos de Armond, Edelso da Silva Júnior, que em seu livro "No Tempo do Comandante" (Ed. Radhu - 2010), sai em defesa de Armond, Hercílio e Ramatis, ao mesmo tempo em que dispara pesada munição contra os críticos das obras de Ramatis, entre eles Herculano Pires, Jorge Rizzini e o menor deles todos, este que aqui escreve.

Sem pretender nenhuma espécie de revide, não nos foi difícil elaborar uma réplica ao prezado Edelso, uma vez que seus argumentos são a mera repetição dos que encontramos sendo repetidos pelos seguidores de Hercílio/Ramatis. Caso o biógrafo de Armond tivesse se dado o trabalho de ler os 62 artigos que até o momento escrevemos e publicamos em nosso blog, transformados na obra "Espiritismo x Ramatisismo", da mesma forma que pacientemente lemos seu livro de 523 páginas, com certeza teria percebido que boa parte de sua argumentação desfavorável ao nosso trabalho já havia indiretamente tido a sua devida resposta.

Edelso Jr. se dedicou a escrever um capítulo inteiro sobre Ramatis. Logo de início, compara a campanha de esclarecimento e análise das obras de Hercílio/Ramatis à época em que foram publicadas com o "Auto de Fé de Barcelona", numa tentativa já conhecida de colocá-los na posição de vítimas. Alega o autor que tal "perseguição" teria servido para atrair ainda mais a atenção das pessoas e alavancado a vendagem das obras ramatisianas. Trata-se de um argumento comumente utilizado para desencorajar esse tipo de trabalho, que inclusive foi, desde sempre, estimulado por Kardec e pelos espíritos superiores. Vejamos:

"É preciso que se saiba que o Espiritismo sério se faz patrono, com alegria e presteza, de toda obra realizada com critério, qualquer que seja o país de onde provém, mas que, igualmente, repudia todas as publicações excêntricas. Todos os espíritas que, de coração, vigiam para que a doutrina não seja comprometida devem, pois, denunciá-las sem hesitação, tanto mais porque, se algumas delas são produtos de boa-fé, outras constituem trabalho dos próprios inimigos do Espiritismo, que visam desacreditá-lo e poder motivar acusações contra ele. Eis por que, repito, é necessário que saibamos distinguir aquilo que a Doutrina Espírita aceita daquilo que ela repudia. (Allan Kardec em "Viagem Espírita de 1862)

"(...) Todas precauções são poucas para evitar as publicações lamentáveis. Em tais casos, mais vale pecar por excesso de prudência, no interesse da causa". (Allan Kardec, Revista Espírita, 1863, maio)

"(...) Observai e estudai com cuidado as comunicações que recebeis; aceitai o que a razão não recusar, repeli o que a choca; pedi esclarecimentos sobre as que vos deixam na dúvida. Tendes aqui a marcha a seguir para transmitir às gerações futuras, sem medo de as ver desnaturadas, as verdades que separáveis sem esforço de seu cortejo inevitável de erros". (Santo Agostinho, Revista Espírita, 1863, julho.)

"Os maus Espíritos temem o exame; eles dizem: 'Aceitai nossas palavras e não as julgueis.' Se tivessem a consciência de estar com a verdade, não temeriam a luz. O hábito de escrutar as menores palavras dos Espíritos, de pesar-lhes o valor, distancia forçosamente os Espíritos mal intencionados, que não vêm, então, perder inutilmente seu tempo, uma vez que se rejeite tudo o que é mau ou de origem suspeita. Mas quando se aceita cegamente tudo o que dizem, que se coloca, por assim dizer, de joelhos diante de sua pretensa sabedoria, fazem o que fariam os homens - disso abusam". (Allan Kardec, Escolhos dos Médiuns, Revista Espírita, fevereiro de 1859)

"Se a perfeita identificação dos Espíritos é, em muitos casos, uma questão secundária, sem importância, não se dá o mesmo com a distinção entre os Espíritos bons e maus. Sua individualidade pode ser-nos indiferente, mas a sua qualidade jamais. Em todas as comunicações instrutivas é sobre esse ponto que devemos concentrar nossa atenção, pois só ele pode nos dar a medida da confiança que podemos ter no Espírito manifestante, seja qual for o nome com que se apresente. O Espírito que se manifesta é bom ou mau? A que grau da escala espírita pertence? Essa a questão capital". (O Livro dos Médiuns)

É justo lembrar que nenhum dos críticos das obras de Ramatis proibiu a leitura dos mesmos, como afirma Edelso Jr., que compara o trabalho de análise com a publicação do Index Librorum Prohibitorum, o índice de livros proibidos da Igreja Católica. O que ocorreu em certo momento na FEESP foi a decisão (com certeza, acertada e coerente com os próprios ditames do Espiritismo) de não mais vender as obras de Ramatis na livraria da instituição, cujas razões para tal foram devidamente fundamentadas pela Comissão de Doutrina daquela instituição.

Pegando carona nos fatos ocorridos naquela época, Edelso dispara contra nosso atual trabalho de análise e de pesquisa em relação às obras de Ramatis, já que a maior parte dos críticos daquela época já estão desencarnados

"(...)O trabalho mais recente, porém, com cheiro de cruzada religiosa e que contém falhas de informações tanto no campo espírita, quanto no setor científico, pois lhe faltou, também, estudar um pouco mais de ciência (teoria das supercordas por exemplo), que faz uma crítica aos textos de Ramatis, é o livro Ramatis - sábio ou pseudo-sábio?, de Artur Felipe de A. Ferreira, editado em 1997."

Iniciemos, portanto, nossa réplica aos comentários do biógrafo de Armond.

O autor não menciona quais seriam as falhas de informações, e cita a teoria das supercordas. Para que o leitor entenda melhor, o Sr. Edelso é um dos que acham que a total incoerência dos ditados ramatisianos em relação à Marte se deve ao fato de que, na realidade, os marcianos habitariam uma outra dimensão, inacessível aos humanos. A teoria das supercordas prediz o número de dimensões que o Universo deve possuir, cerca de 11. Já tratamos desta hipótese em nosso estudo intitulado "Ramatis e o planeta Marte", publicado em 21/10/2008. Dissemos, naquela oportunidade, que "alguns simpatizantes de Ramatis inadvertidamente passaram a divulgar, quando da constatação da realidade marciana pela ciência, que Ramatis estava a descrever a paisagem espiritual do planeta. Ora, em vários momentos ao longo da obra 'A Vida no Planeta Marte...', a citada entidade espiritual descreve vida material, tanto que chega a dizer (...): '...E os imensos cinturões que observais, da Terra...' Se ele, pois, fala em 'observação' da nossa parte, é claro que ele nos fala de matéria visível aos nossos olhos, isto está bem claro."

O interessante é que o autor se cala perante as inúmeras cincadas científicas de Hercílio/Ramatis, que erraram flagorosamente ao descreverem o relevo, as condições climáticas, a temperatura, a composição das calotas, assim como descrevem zonas de vegetação, rios, mares e oceanos em completa oposição àquilo que foi constatado pela Ciência através de sondas não-tripuladas enviadas àquele planeta recentemente. Tratamos do mesmo assunto em outro artigo, onde posicionamos o leitor em relação à verdadeira posição espírita perante tais informes, podendo o leitor se certificar e chegar às suas próprias conclusões:

"Férias em Phobos e Deimos?"

Continua o Sr. Edelso:

"Esse autor faz um estudo sobre as obras de Ramatis e compara as informações dos livros de Kardec e outras obras espíritas. Pensamos que lhe faltou uma compreensão maior de toda a obra ramatiziana (sic), para que pudesse ter uma postura cristalinamente kardequiana, de aceitar aquilo que é bom e deixar para a posteridade o que ainda carecia de maiores comprovações."

Primeiramente, cabe informar que já lemos e pesquisamos com toda a atenção todas as obras atribuídas a Ramatis. Acreditamos até que conhecemos mais tais obras do que os que se auto-intitulam "ramatisianos", uma vez que muitos demonstram ter sobre elas uma muito vaga noção.

O Sr. Adelso menciona a postura verdadeiramente kardequiana. Qual seria esta postura? Seria uma postura condencendente com o erro, com a impostura, com o exotismo das mensagens? De modo algum. Primeiramente, Kardec jamais teria aceitado aprioristica e precipidamente as mensagens atribuídas a Ramatis, baseado unicamente no seu conteúdo moral. Confiramos:

“Aplicando esses princípios de ecletismo às comunicações que nos enviaram, diremos que em 3.600 há mais de 3.000 que são de uma moralidade irreprochável, e excelentes como fundo; mas que desse número não há 300 para publicidade, e apenas 100 de um mérito inconteste. Essas comunicações vieram de muitos pontos diferentes".

Verificamos acima que Kardec lista 3.000 comunicações de moralidade irreprochável. Destas, apenas 100 teriam sido por ele publicadas. Concluímos, assim, que Kardec não avaliava as mensagens unicamente pelo conteúdo moral, porque ele sabia que os espíritos pseudossábios saberiam muito bem disfarçar-se por detrás de palavras bonitas e belas frases, inclusive citando Jesus, o Evangelho, o amor e a caridade.

"Ora, a experiência mostra que os maus se comunicam tanto quanto os bons. Os que são francamente maus, são facilmente reconhecíveis; mas há também os meio sábios, falsos sábios, presunçosos, sistemáticos e até hipócritas. Estes são os mais perigosos, porque afetam uma aparência séria, de ciência e de sabedoria, em favor do qual proclamam, em meio a algumas verdades e boas máximas, as mais absurdas coisas".

E cita claramente a necessidade e o dever de analisarmos tudo com rigor e que isso faz parte da Ciência Espírita:

"Separar o verdadeiro do falso, descobrir a trapaça oculta numa cascata de palavras bonitas, desmascarar os impostores, eis,sem contradita, umas das maiores dificuldades da Ciência Espírita".

O ilustre biógrafo de Armond certamente tentou recordar Paulo de Tarso, quando este sugere: “Examinai tudo. Retende o que é bom” (I Tessalonicenses 5:21). Mas aí é que está. O exame geralmente não é feito, nenhuma pesquisa é realizada, tudo que vem dos Espíritos é logo publicado - daí, não é possível saber se há efetivamente algo de bom a ser retido.

As instruções contidas nas obras da Codificação não deixam dúvidas, principalmente as de Erasto. Leiamos com atenção quando este discorre sobre os falsos profetas da erraticidade:

"Mas há ainda muitos outros meios de os reconhecer. Os Espíritos da ordem a que eles dizem pertencer, devem ser não somente muito bons, mas também eminentemente racionais. Pois bem: passai os seus sistemas pelo crivo da razão e do bom-senso, e vereis o que restará. Então concordareis comigo em que, sempre que um Espírito indicar, como remédio para os males da Humanidade, ou como meios de realizar a sua transformação, medidas utópicas e impraticáveis, pueris e ridículas, ou quando formula um sistema contraditado pelas mais corriqueiras noções científicas, só pode ser um Espírito ignorante e mentiroso. (...) É incontestável que, submetendo-se ao cadinho da razão e da lógica toda a observação sobre os Espíritos e todas as suas comunicações, será fácil rejeitar o absurdo e o erro. Um médium pode ser fascinado e um grupo enganado; mas, o controle severo dos outros grupos, com o auxílio do conhecimento adquirido, e a elevada autoridade moral dos dirigentes de grupos, as comunicações dos principais médiuns, marcadas pelo cunho da lógica e da autenticidade dos Espíritos mais sérios, rapidamente farão desmascarar esses ditados mentirosos e astuciosos, procedentes de uma turba de Espíritos mistificadores ou malfazejos".

Em outra oportunidade, adverte:

“(...) Desde que uma opinião nova se apresenta, por pouco que nos pareça duvidosa, passai-a pelo crivo da razão e da lógica; o que a razão e o bom senso reprovam, rejeitai ousadamente; vale mais repelir dez verdades do que admitir uma só mentira (...)”.

Prossegue Edelso em seus comentários:

"Apesar de alguns exageros, uma certa dose de ironia, o que caracteriza falta de caridade, o livro é bom e faz o leitor pensar em alguns pontos conflitantes, na obra de Ramatis, dependendo do ponto de vista que se vê, mas não negativos, pois são opiniões do Espírito".

Engana-se o Sr. Adelso quando fala que a ironia representa falta de caridade. Por definição, ironia é, meramente, uma figura por meio da qual se diz o contrário do que se quer dar a entender; uso de palavra ou frase de sentido diverso ou oposto ao que deveria ser empregado, para definir ou denominar algo." (Dicionário Houaiss).

Porém, vamos ao que escrevemos para verificarmos o que foi considerado como sendo falta de caridade. No cap. VIII, "Ramatis e a Vida de Jesus", informamos ao leitor que, segundo Ramatis, Jesus teria sido uma espécie de aluno dos essênios. Rebatemos a informação, confrontando-a com o que é dito em outras obras, que afirmam não ter Jesus precisado aprender nada com ninguém devido à sua já elevada condição espiritual. Ramatis chega a afirmar que esse grupo de espíritos voltaria a Terra para fundar uma confraria esotérica para a "revivescência do Cristianismo em suas bases milenárias". E, ao fim, comentamos, demonstrando surpresa com tão absurdas considerações:

"Que interessante! Toda essa turma volverá e organizará uma "confraria esotérica" para reviver a mensagem cristã! Acredite se quiser, caro confrade espírita!..."

Note o leitor que o biógrafo de Armond nos chama de anticaridosos porque nos utizamos de uma figura de linguagem, sendo que não há no livro qualquer palavra desairosa à figura de quem quer que seja. No entanto, nada é dito sobre os impropérios desferidos pelo médium de Ramatis em relação àqueles que discordavam do conteúdo das mensagens de Ramatis. Listemos alguns deles, todos verificáveis tanto no livro "No Tempo do Comandante", do próprio Sr. Edelso, quanto na obra "Simplesmente Hercílio", escrita pelo filho de Maes:

1)fanáticos; 2) limitados; 3)raposas; 4)mentes primárias; 5) ex-inquisidores reencarnados, etc.

Tal postura do Sr. Edelso nos faz lembrar do velho adágio:

"Aos amigos, tudo; aos inimigos, a lei". (...)

É lamentável que isso ocorra. Allan Kardec inclusive alerta em relação a essa reação por parte de certos médiuns:

"Por orgulho estão de tal forma persuadidos de que tudo quanto recebem é sublime e só pode vir dos Espíritos superiores, que se irritam com a menor observação crítica, a ponto de se malquistarem com seus amigos quando estes têm a inabilidade de não admirar o que lhes parece absurdo. Nisto reside a prova da má influência que os domina, pois, supondo-se que, por falta de capacidade de julgamento ou de conhecimento não fossem capazes de enxergar claro, este não constituiria um motivo para se porem de prevenção contra os que não se acham em idêntica posição. Todavia essa é a tarefa dos Espíritos obsessores que, para melhor manter o médium sob sua dependência, induzem-no ao afastamento, mesmo à aversão por quem quer que possa lhes abrir os olhos".

Voltando aos comentários do Sr. Edelso, este inicia sua defesa a Edgard Armond:

"O autor acima citado comete o equívoco ao dizer que o único pensamento dentro da Doutrina Espírita que se aproxima do de Ramatis é o de Edgard Armond. Isso não é verdade. Talvez ele precise de atualizar neste sentido, também."

Mais uma vez, o Sr. Edelso perde a oportunidade de passar ao leitor a informação que considera certa. Quais seriam essas outras pessoas de maior destaque no movimento espírita que teriam dado, àquela época, o apoio a Ramatis e ao seu (suposto) médium? Realmente até hoje desconheço desconheço quem teriam sido. Na própria biografia de Hercílio não consta nenhum outro indivíduo de projeção no Movimento Espírita que tenha dado seu aval de forma tão clara e direta a Hercílio/Ramatis quanto Edgard Armond.

Continua Edelso:

"Segundo o nosso confrade, só é reconhecível como boa obra o trabalho no campo da caridade que Edgard Armond executou."

No capítulo "Mensagens Atemorizantes", discorremos sobre a tese ramatisiana da aproximação de um "astro instruso" que provocaria uma destruição sem precedentes na face da Terra. Daí declaramos que "o único pensamento que se aproxima do de Ramatis nesta questão é o de Edgard Armond, encontrado no livro 'Os Exilados de Capela'". Para comprovar o que havíamos dito, reproduzimos os seguintes trechos do citado livro:

"... Como sua órbita é oblíqua (a do 'astro intruso')em relação ao eixo da Terra , quando se aproximar de mais perto e pela força magnética de sua capacidade de atração de massas, promoverá a verticalização do eixo com todas as terríveis consequências que este fenômeno produzirá".

"...Com a verticalização do eixo da Terra profundas mudanças ocorrerão: maremotos, terremotos, afundamento de terras, erupções vulcânicas, degelos e inundações de vastos territórios planetários, profundas alterações atmosféricas, fogo e cinzas, terror e morte de toda a parte". (9ª edição, Lake, pág. 194)

Ramatis afirma exatamente a mesma coisa no livro "Mensagens do Astral", sendo que a entidade espiritual é categórica ao precisar a data de tais apocalípticos acontecimentos:

“É óbvio que, ao se elevar o eixo terráqueo, o que há de acontecer até o fim deste século, também se modificarão, aparentemente, os quadros do céu astronômico com que estão acostumadas as nações, os povos e tribos, ...” (pg. 122)

“Com a elevação gradativa do eixo terráqueo, os atuais pólos deverão ficar completamente libertos dos gelos e, até o ano 2000, aquelas regiões estarão recebendo satisfatoriamente o calor solar. O degelo já principiou; vós é que não o tendes notado". ...

"A fase mais intensa da modificação física situar-se-á entre os anos de 1982 e 1992, e os efeitos se farão sentir até o ano de 1999, pois o advento do Terceiro Milênio será sob os escombros que, em todas as latitudes geográficas, revelarão o maior ou menor efeito dos eventos dos 'fins dos tempos'. Daqui a mais alguns anos, os vossos geofísicos anunciarão, apreensivos, a verdade insofismável: 'O eixo da Terra está se verticalizando'.!!!" (pag.37)

"Mais ou menos entre os anos 1960 e 1962, os cientistas da Terra notarão determinadas alterações em rotas siderais, as quais serão os primeiros sinais exteriores do fenômeno de aproximação do astro intruso e da proximidade do "fim dos tempos". Não será nenhuma certificação visível do aludido astro; apenas a percepção de sinais de ordem conjetural, pois essa manifestação dar-se-á mais para o final do século." (pág. 168)

Na segunda parte de Obras Póstumas, das previsões concernentes ao Espiritismo, Kardec apresenta mensagens dos Espíritos relativas ao "fim do mundo", que assim nos esclarecem:

“Certamente, não tendes a temer nem dilúvio, nem abrasamento de vosso planeta, nem outras coisas desse gênero, porque não se pode dar o nome de cataclismo a perturbações locais que não se produziriam em todas as épocas. Não haverá senão cataclismo moral, de que os homens serão os instrumentos” (Grifo nosso).

Mais adiante, escrevemos uma nota que dizia o seguinte:

"Em relação a Armond, cabe-nos a referência ao grande serviço no campo da caridade desenvolvido por sua pessoa. No que concerne às suas posições doutrinárias, não concordamos com elas. Sua defesa da inserção da cromoterapia nas casas espíritas, a grande influência esotérica, e muito do que consta em sua obra 'Os Exilados de Capela', principalmente no que se refere aos 'fins dos tempos', colidem com as mais autênticas posições doutrinárias espíritas, o que acabo ocasionando algumas críticas ao seu trabalho de divulgador".

Quantas, realmente, não são as pessoas que executam trabalhos magníficos nos mais diversos campos da assistência humanitária e que não foram e nem são espíritas? Madre Teresa de Calcutá, Gandhi, Irmã Dulce, Martin Luther King, por exemplo, eram espíritas? Não. Foram pessoas admiráveis, mas se algum deles fosse discorrer contra algum ponto doutrinário espírita, como a reencarnação, por exemplo, não haveríamos de discordar deles? Ora, o fato de alguém ser bom não o faz conhecedor e absolutamente certo acerca de todas as coisas. Por isso que ressaltamos a boa índole de Armond, porém, não teríamos como concordar, na condição de espírita, com algumas de suas opiniões. O que comentamos, ao final, sobre as críticas que ele recebeu à sua época é, inclusive, mencionado no próprio livro do Sr. Edelso, corroborando assim tudo o que dissemos.

O Sr. Edelso faz, depois, algumas considerações, dizendo que somos "um crítico por tradição", que o assunto só gera desgaste, e que pegamos carona no trabalho de Herculano Pires. Ora, não sabíamos que havia alguma proibição de tratarmos de um mesmo assunto abordado por outro confrade espírita, ainda mais quando, em 1997, já haviam se passado 18 anos desde o desencarne de Herculano Pires. Nossa obra "Ramatis, sábio ou pseudo-sábio?" realmente contou com a magnânima contribuição dos escritos do prof. Herculano, e disso muito nos orgulhamos, mas, ao mesmo tempo, trouxemos informações e enfoques inteiramente inéditos, desconhecidos pela grande maioria do contingente espírita. Desgaste, na verdade, quem trouxe foram as mensagens de Hercílio/Ramatis, exatamente como Erasto já advertira aos espíritas:

"Os falsos profetas não existem apenas entre os encarnados, mas também, e muito mais numerosos, entre os Espíritos orgulhosos que, fingindo amor e caridade, semeiam a desunião e retardam o trabalho de emancipação da Humanidade, impingindo-lhe os seus sistemas absurdos, através dos médiuns que os servem. (...)São eles que semeiam os germes das discórdias entre os grupos que os levam isolar-se uns dos outros e a se olharem com prevenções. Bastaria isso para os desmascarar. Porque, assim agindo, eles mesmos oferecem o mais completo desmentido ao que dizem ser. Cegos, portanto, são os homens que se deixam enganar de maneira tão grosseira".

Conclui o Sr. Edelso:

"O caro confrade se utiliza também de mensagens de nomes conhecidos do Movimento Espírita para endossar sua tese contra Ramatis. Um deles é Vianna de Carvalho, que escreve por meio do médium baiano Divaldo Franco. Porém é do conhecimento de muitos que Divaldo deu uma declaração em 2004 na cidade do Rio de Janeiro, enaltecendo as qualidades morais do Espírito Ramatis e sua obra e que aguardemos para futuras confirmações algumas de suas mensagens. O que se vê na internet agora é Artur Felipe dizendo que, se Divaldo disse isso, então está indo contra Kardec. Em pesquisa que seu blog na internet executa sobre a questão de Ramatis ser um Espírito 'sábio ou pseudo-sábio', Artur presta um enorme serviço à divulgação das obras de Ramatis, ou seja, sua crítica só colabora com a adoção cada vez maior das obras psicografadas por Hercílio Maes".

O biógrafo de Armond diz a verdade. Citamos várias mensagens de Vianna de Carvalho (espírito) cujo conteúdo está em inteira contraposição ao que é dito por Ramatis e pregado pelos ramatisistas. Vianna se posiciona contra a introdução de práticas orientalistas nos centros espíritas, a divulgação de informes fantásticos sobre vida em outros planetas (uma vez que tais estudos pertencem à Ciência); posiciona-se contrariamente às previsões de 'fins dos tempos", às informações atemorizantes, e às profecias de terror e destruição. Ora, o que podemos fazer se Divaldo Franco tem opiniões discordantes dos espíritos que psicografa? Se ele prefere ignorá-los e dar apoio a quem pensa exatamente o contrário, isso é problema que só compete a ele. No artigo que publicamos em 24/12/2009, intitulado "Divaldo apoia Ramatis... Mas e daí?, citamos outras opiniões do médium baiano que não encontram respaldo nem na Doutrina, nem na ciência, como a tese das crianças índigo, por exemplo. Da mesma forma, mostramos que Divaldo discorda de boa parte daquilo que é referendado por Ramatis e seus simpatizantes, como a apometria, as teses de deslocamento do eixo da Terra e suas consequências, etc. Deixamos da mesma forma evidenciado que Divaldo pode se enganar em relação à índole de pessoas e espíritos, já que considerava Sai Baba um iluminado, e este, tempos depois, veio a ser pego diversas vezes recorrendo à mágicas, fraudes e prestigitações, tendo também sido alvo de graves denúncias de todo tipo, acusado de assassinato e pedofilia por vários de seus discípulos.

Quanto a estarmos indiretamente colaborando com a vendagem dos livros de Ramatis, isso, para mim, pouco importa. Tenho a convicção que se alguém ler integralmente e com atenção as nossas duas obras sobre o tema, assim como o conteúdo do nosso blog, muito dificilmente vai desejar despender seu tempo com livros cujos principais postulados foram categoricamente desmentidos, não por nós, mas pela lógica dos fatos. E quem estiver, porventura, lucrando com isso, terá o julgamento da sua própria consciência e da inexorável Lei Divina, que é de amor, mas também é de Justiça. O que jamais farei é recuar perante minha convicção espírita e deixar de lado a contribuição que damos à causa da Verdade, pois se uma só pessoa vier a abdicar desta "hipnose" (e as conheço várias), conforme Jorge Rizzini bem qualificou as convicções ramatisistas, já ficarei bastante feliz por saber que o esforço não foi em vão. Aos que desejarem ler as obras de Ramatis, fiquem à vontade. Não temos a menor pretensão de proibir ninguém de ler coisa alguma, e nem temos poder para isso. Sabemos que estamos em grande desvantagem nessa empreitada, já que o movimento espírita em geral padece de uma inércia completa em relação a esse tipo de trabalho de análise de mensagens, chamada por Herculano de "paz de pantanal", e, por sua vez, o movimento ramatisista conta com grande poderio econômico e logístico: uma editora, uma revista e programas de TV e de rádio. Se há ainda quem se deixa levar por mensagens de cunho fantasioso, só lamentamos, sendo que o Codificador já comentava:

"Os Espíritos só enganam os que se deixam enganar. Mas é preciso ter os olhos de joalheiro para distinguir a pedra verdadeira da falsa, e quem não sabe distingui-la procura um lapidário". (O Livro dos Médiuns)


Análise crítica dos livros assinados pelo espírito Ramatis.