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sábado, 29 de setembro de 2012

CONHECER PARA PROGREDIR

Roberto Cury




Esta é uma história que tem quase tudo a ver comigo. Entretanto, os valores me chegaram através de pessoas maravilhosas que faço questão de ressaltar neste escrito, porquanto, tiveram a ousadia de enfrentar minhas antigas posições religiosas, espirituais e também como ser humano inserido na sociedade, conseguindo me fazer enxergar desconhecidos horizontes novos e romper com tudo o que eu considerava irretocável, trazendo-me para a realidade do ente que descobriu que nada tinha a não ser um grande orgulho e uma vaidade inesgotável por ter nascido no estado paulista, até hoje considerado um país de primeiro mundo dentro do Brasil de 3º estágio, no concerto das nações civilizadas.


E foi aqui em Goiás que meu espírito se libertou das principais amarras que o prendiam na ignorância do verdadeiro bem, abandonando, de vez, as falsas idéias do cristianismo, até então vivido, entrando para o reino do Conhecer para Progredir.


Disse que a história tem quase tudo a ver comigo porque se eu não fosse um dos protagonistas, os demais não teriam importância, porquanto foi a minha teimosia que me manteve durante mais de 32 anos desta encarnação no obscurantismo me imaginando grande, mas, sem objetivos e nem finalidades, até porque não entendia que o que é que eu fazia perdido aqui neste mundão, sem sentido! Lembro-me que aos 16 anos fizera estes pessimistas versos: “Eta!, vida mal dividida, de uma existência perdida!”


Por outro lado, justifico que os outros não teriam importância, não fora pelo fato de que meu errôneo entendimento de uma existência perdida, me deixava totalmente órfão.


Por bondade de Deus, eles se ligaram a mim proporcionando-me investigação dos princípios norteadores da encarnação que eleva pelo descortino da razão. São, pois, os responsáveis pela minha descoberta como ser espiritual, antes de corporal e a utilidade de cada passagem pelos mundos materiais.


Adentremos, sem receios, a história.


Segundo semestre de 1965, só não me lembro em que mês, Álvaro e Natália, pais de Maria Inês, a minha esposa (casáramos em julho daquele ano), mudaram-se de São Paulo para o Sarandi, pequeno lugarejo no município de Itumbiara.


Apesar de recém casados, Maria Inês e eu vínhamos de um estresse muito grande, resultado dos nossos trabalhos na Capital paulista e resolvêramos tirar um descanso na orla paulista curtindo uma praia deserta num prédio onde só nós dois estivemos todos os 15 dias, pelos lados da conhecida Cidade Ocian que nem sei se ainda existe com esse nome. Foi lá que nasceu a idéia maluca. -“Vamos mudar pra Goiás?”, disse eu que nunca antes havia imaginado morar neste estado. Maria Inês respondeu: -“Vamos, mas, primeiro você vai conhecer pra saber se é isso mesmo que você quer”.


Em dezembro vim a Itumbiara, hospedando-me em casa de Julio Menezes e dona Tarsila, tios de Maria Inês. Encantei-me com o Rio Paranaíba e com as possibilidades de pesca eu que tanto adorara pescar e que a anos não o fazia.


Professor, percorri os colégios e recebi promessas de muitas aulas, afinal eu vinha do centro mais avançado à época. Incontinente, aluguei uma casa na Sapolândia (beira rio).


Voltando a São Paulo embalamos móveis e outros utensílios, consegui um caminhão de carroceria simples (ficou mais barato) e logo no começo de janeiro de 1966, cheguei com a mudança recebendo, de chofre, a notícia desagradável de Zé Cheiro, dono da casa, de que não poderíamos morar na mesma porque ela estava à venda.


Reclamei que não tinha onde colocar os móveis e ele permitiu que eu deixasse lá, mas, sem poder armá-los, até que arrumasse um outro local. Logo, consegui um barracão da Dra. Zenaide e passamos a morar com as dificuldades naturais daquela época.


Nem tantas aulas prometidas me foram dadas, mas, logo me chegaram alunos particulares e pude, com isso, manter a casa e cuidar de Maria Inês que logo realizou seu sonho de gravidez. Em outubro, 16 ainda sob a comemoração do dia do professor, chegou Marileila, a primogênita.


Antes, porém, o Instituto Francisco de Assis, orientado e dirigido por um grupo espírita, convidou-me e aceitei muitas aulas de Português nos vários cursos ministrados ali.


Apesar de católico, convivi com muitos espíritas. Vigilato Pereira de Almeida, Presidente do Centro Espírita Eurípedes Barsanulfo, pai de Lívia, esposa de Diógenes Mortoza da Cunha, sempre me abordava dizendo: - “Roberto, você ainda vai ser espírita”. Jamais refutei, em consideração à idade e à postura de Vigilato, mas, sorria sempre e interiormente dizia-me: “É nunca!”.


Diógenes trabalhava no Banco do Brasil e apesar de morarmos na mesma rua e próximos um do outro jamais havíamos nos encontrado até um dia em que, saindo do banco, para o almoço, deparei-me com ele. Sentindo uma inexplicável repugnância, pois nunca o vira antes, mudei de calçada.


No final do ano de 1967, alguns alunos do curso comercial, pretendendo fazer vestibular de Direito me convidaram para dar aulas de Português e Espanhol. Silvia, cedeu seu escritório para as aulas. Foi lá que me vi frente a frente com Diógenes e sem mais nem menos começamos a discutir como se nos conhecêssemos de muito virando a discussão apenas questões de idéias entremeadas de um rancor surdo entre nós. Gastamos todo o tempo das aulas em discussão e os alunos nos chamaram à razão dizendo-nos que se fôssemos ficar brigando, eles nos dispensariam pois o que queriam era o aprendizado.


Pacto feito de não mais discutirmos, o resultado das aulas foi sucesso absoluto, pois tanto os alunos quanto eu e Diógenes conquistamos aprovação e iniciamos o curso na Faculdade de Direito de Uberlândia – MG, hoje Universidade Federal.


Do início de 1968 ao fim de 1972, com a desistência de três deles, bacharelamo-nos em Direito.


Em 1973, mudara-me para Santa Helena de Goiás, onde exerci a Procuradoria Jurídica da Prefeitura Municipal e advoguei tanto no cível, quanto no penal.


Transcorria o ano de 1974 e o meu espírito inquieto se assoberbava com certas questões de ordem religiosa, quando numa noite em que estive profundamente preocupado, orei assim: “Jesus, meu amigo e meu irmão (nunca acreditei que Jesus fosse Deus como pregam as igrejas), você sabe que estou muito confuso. Orienta-me e me ilumine para que eu saiba como proceder. Dormi e de nada me lembro, mas acordei eufórico no desejo de ler obras espíritas. Até então nunca lera nada sobre Espiritismo.


Pensei: - “Como fazer. Nunca vi livro espírita nas livrarias de Santa Helena e não conheço nenhum espírita aqui para que eu possa me orientar ou conseguir obras.”


Decidi ir a Itumbiara, pois lá tinha meus conhecidos e apesar de Vigilato já estar desencarnado, tinha seus descendentes, seu genro Diógenes e outros que poderiam me orientar no novo propósito.


Peguei meu fusquinha e me mandei pra lá. Além de “filar” o almoço na casa de Diógenes e Lívia, ainda ganhei “O que é o Espiritismo” e “O Livro dos Espíritos”, com a recomendação de que lesse o primeiro e só depois estudasse O Livro dos Espíritos.


A leitura dinâmica que possuía à época me permitiu engolir O que é o Espiritismo em meia hora, ficando assustado pois senti que já conhecia praticamente tudo que estava ali. Sim, assustado, pois jamais tinha lido qualquer assunto de espiritismo, como então poderia conhecer?


Entretanto, o que mais me tornou convicto de que agora estava no caminho certo foi descobrir, na primeira questão de O Livro dos Espíritos: O que é Deus? Deus suprema inteligência e causa primária de todas as coisas. Eis o Deus que sempre procurara e nunca antes havia encontrado, pois não aceitava aquele Deus que fizera o Mundo em seis dias e no sétimo teve de descansar, ou o Deus que pediu o sacrifício do primogênito de Abrahão como prova de sua lealdade, ou, ainda, o Deus que teve de fazer Adão dormir para, retirando dele uma costela, criar Eva.


O Deus cruel, falho, terrível, fraco consagrado no Velho Testamento, nunca pude aceitar.


Deus, Suprema Inteligência, Suprema Sabedoria, Causa primária de todas as coisas.


Durante dois anos seguidos, um dos irmãos desencarnados, possivelmente, companheiro de sacerdócio de outras encarnações, não me folgou, nem quando ia ao banheiro, lembrando-me que só a Igreja é que estava certa, que esses negócios de espírito era coisa do demo, mal sabendo que ele não pertencia ao mundo encarnado e que, apesar de estar me azucrinando todo o tempo, também não era demo, apenas um espírito que ainda não compreendera que a vida de relação é passageira e que a verdadeira vida é a Espiritual que jamais se acaba.


Finalmente, numa noite, encontrando-me em Goiânia, pelos idos de 1976, depois da desencarnação de Maria Inês, participara de um culto do Evangelho no Centro Espírita Amor e Caridade, fui convidado pelo Presidente Amir Salomão David a permanecer para reunião mediúnica e para minha surpresa, o meu obsessor se manifesta na minha mediunidade inconsciente, conta a história da sua desencarnação e com a libertação desenvolveu-se em mim os trabalhos na seara do Cristo com a assistência aos espíritos necessitados.


Passado mais um tempo, em julho de 1979 mudei-me para Goiânia, freqüentando um e outro centro sem compromissos maiores até que em 1981, quando já morava no Prive Atlântico, o culto do Evangelho no lar, por sugestão do espírito Padre Clarion que tanto me obsedara antes, foi transformado, abrindo-se as portas da residência a quem quisesse participar das reuniões.


Sem que soubéssemos, ali se dava o início do Grupo de Doutrina Espírita Professor Herculano Pires, que hoje está totalmente consolidado, graças a Deus, servindo de amparo e conforto a todos que o procuram e que tem como principal meta CONHECER PARA PROGREDIR.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Suicídio - Epidemia Silenciosa

LUIZ CARLOS FORMIGA
 
 
Estudos publicados recentemente no "Lancet" chamam a atenção para um tabu: o suicídio.
Um deles informa que essa é a primeira causa de morte entre meninas de 15 a 19 anos. Entre os homens, o suicídio ocupa o terceiro lugar, depois de acidentes de trânsito e da violência. E no Brasil? Terceira causa de morte entre jovens, ficando atrás de acidentes e homicídios. Vem aumentando entre as meninas (gestações precoces não desejadas, prostituição e abuso de drogas). As taxas sempre foram maiores entre homens na terceira idade (1), mas hoje está a se modificar e a taxa multiplicou-se por dez de 1980 a 2000, pulando de 0,4 para 4/100 mil pessoas. Adolescentes evitam procurar ajuda por temerem o estigma que possui grande comunicabilidade, como a gripe.
Os casos de suicídio aumentaram 60% nos últimos 45 anos. Um milhão de pessoas no mundo morrem dessa forma por ano. Estima-se que ocorram 24 suicídios por dia no Brasil, 90% estão ligados a transtornos mentais e que as tentativas são 20 vezes maiores do que o número de mortes. Alguns tentam mais de uma vez, como a esposa do Empresário Marcos Valério (3).

Uma estratégia é limitar o acesso a meios que facilitem o suicídio (2) Prestemos a atenção a sinais de automutilação nos adolescentes, porque a prática aumenta o risco de suicídio. Mutilação aponta para depressão, ansiedade, dificuldade para externar sentimentos e pedir ajuda.
Sabemos que a reencarnação de suicidas é problemática (4), por isso o espírita deve fazer esforço na prevenção de dores que podem aumentar, mesmo com “anestesia”.
Como atender a uma pessoa que pensa em suicídio?
Vamos responder a esta pergunta no dia 29 de setembro de 2012, no auditório do CEERJ e aguardamos a sua presença e sua colaboração na “medicina Preventiva”. Divulgar é ação de prevenção e a espiritualidade conta com a sua generosidade, diz Yvonne..


1. http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/por-que-criancas-se-suicidam.html

http://infinitaspossibilidadesdavida.blogspot.com.br/2010/09/suicidio-na-infanciaalerta.html

2. http://www.ceerj.org.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=1198:universidade-e-suicidio-discutindo-arquitetura-e-prevencao&catid=66&Itemid=314

3. http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/marcos-valerio-revela-os-segredos-do-mensalao-e-envolve-lula

4.  http://www.oconsolador.com.br/ano6/258/especial.html

sábado, 22 de setembro de 2012

“Franciscanismo 800 Anos”. Uma “Semana de Francisco”


LUIZ CARLOS FORMIGA


O primeiro foi um evento não amplamente divulgado. Só depois compreendi que os organizadores foram prudentes. O Teatro da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) não comportaria. Sem divulgação e estava lotado (1.200 lugares). O Seminário foi “800 anos de Franciscanismo”. O dia 4 de outubro de 2008, sábado, tornou-se inesquecível.

No fundo do palco a figura de Francisco parecia ter vida. O horário passou rápido deixando aquela sensação de “quero mais”. Francisco é envolvente. Quanta emoção, quanta luz. Agradeci as vibrações franciscanas que ficaram impregnadas na universidade, parte da minha vida, de calouro à aposentadoria. Deu até para esquecer os medos que insistem em me assombrar, desde 64, época da ditadura de “direita” aos dias dos mensalões “das esquerdas”.

No palco magicamente iluminado, vi a compositora preferida brincar com notas musicais. Marielza Tiscate amo seu trabalho.

Quando vimos o programa do Seminário ficamos surpresos. Como os franciscanos puderam reunir Brunildes do Espírito Santo (RJ); André Trigueiro (RJ) e Plínio Oliveira, Curitiba (PR), no Teatro da UERJ e anunciar entrada franca?

O Seminário teve o propósito de evidenciar a importância de Francisco de Assis e seus seguidores, e de como eles influenciaram o mundo com a prática diária de seu lema “Fraternidade, Humildade e Caridade”.

O final foi um abraço fraterno no teatro da “nossa” universidade.

Neste 2012, iremos vivenciar estes momentos de fraternidade, humildade e caridade, durante uma semana. Bom demais. Newton Leal nos convida para a “Semana de Francisco de Assis” a realizar-se do dia 02 a 06 de outubro de 2012 no GEFFA – Grupo Espírita Fraternidade Francisco de Assis. Estarão pré inaugurando a ampliação da sede, no dia 04 de outubro às 19:30 h. Se tudo correr bem, lá estaremos.

domingo, 16 de setembro de 2012

FRANCISCO DE PAULA CÂNDIDO OU PURAMENTE O “CÂNDIDO XAVIER” DE TODOS OS POVOS.


Temos acompanhado a votação do “Maior brasileiro de todos os tempos”. Observamos que há extraordinário entusiasmo da plateia do SBT. Percebemos isso, principalmente quando foi anunciada a vitória do Chico Xavier sobre Airton Senna, sendo, por esse motivo, eleito para a grande final do certame. Assim como o século XIX, em termos de Espiritismo, foi o “Século de Allan Kardec”, o século XX e XXI serão conhecidos, no Brasil, como os “Séculos de Chico Xavier”.  Há um intenso acatamento por Chico Xavier na Pátria do Evangelho e, em particular, em Minas Gerais, que o elegeu, em promoção da Rede Globo-Minas, em 2000, “O mineiro do século”, com mais de 700.000 votos, derrotando Santos Dumont, Pelé, Betinho, Carlos Drummond de Andrade, Juscelino Kubitschek, Carlos Chagas, Guimarães Rosa e outros. Há alguns anos ocorreu outro sufrágio para eleger o “Maior brasileiro da história” , realizada pela revista Época na internet, e na ocasião o médium de Pedro Leopoldo obteve 36% do total dos votos, sendo eleito o Maior brasileiro da história.
Transcorridos 102 anos do nascimento do maior médium da história e seu nome permanece estimado. É até natural que tenhamos uma renovação do interesse pelo tema “Chico Xavier”: desde filmes a livros e matérias de revistas conhecidas, além é claro dos costumeiros ataques. Chico sempre inspirou os crédulos e algumas vezes incomodou os agentes contrários ao Espiritismo. Curiosamente o filme As vidas de Chico Xavier foi baseado numa pesquisa do jornalista – e descrente – Marcel Souto Maior sobre a vida de Chico. Foi uma biografia escrita por um céptico que gerou um filme dirigido por um ateu (Daniel Filho), tendo o papel de protagonista incidido sobre um ator que além de ateu sempre foi comunista (Nelson Xavier). Detalhe: Todos se disseram “mudados” pela história de Chico (1).
A figura de Chico Xavier, como pessoa, ainda é insuficientemente conhecida. Newton Boechat dizia “Chico Xavier é indimensionável.  Sobre ele nada adiantam os critérios humanos que sempre refletem os seus biógrafos, nunca o biografado.(2)  Para Cesar Perri, diretor da Federação Espírita Brasileira, “a portentosa obra mediúnica de Chico Xavier constituir-se-á em matéria para metabolização em longo prazo, por parte da família espírita e da Humanidade. Há claras propostas traçadas para um novo homem e para a construção de uma nova sociedade.” (3)
Chico Xavier nunca pensou em si, e sim, no próximo, mormente os carentes. Seus mais de 400 livros somam aproximadamente 45 milhões de cópias vendidas, segundo Perri. “Somente o livro ‘Nosso Lar’ tem 2,5 milhões de edições comercializadas em 15 idiomas”.(4) São livros publicados em diversos idiomas, cerca de 600 autores e centenas de mensagens esparsas, cujos direitos autorais (se cobrasse)lhe granjeariam a fabulosa fortuna de aproximadamente 200 milhões de reais, que ele caridosamente doou e distribuiu para centenas de instituições filantrópicas.  Chico nunca ficou com um centavo do dinheiro arrecadado com as vendas. Viveu inteiramente a vida em residência humilde, sustentado por sua aposentadoria, e atendendo pessoas de segunda a sábado sem jamais cobrar nada de alguém.
Não há, na história humana, um único caso de potencial mediúnico que se compare a Chico na psicografia. Ele nunca foi psicopata ou epilético. Não há um único registro médico de alguma doença mental!Mas, em nome da pseudociência críticos de plantão apresentaram 4 explicações para o fenômeno “Chico Xavier”: psicose, epilepsia, criptomnésia e telepatia. Esqueceu-se, no entanto, de pedir aos “cientistas” para reproduzir em outras pessoas o fenômeno mediúnico e escrever obras do nível de “Evolução em Dois Mundos”, “Mecanismos da Mediunidade”, “A Caminho da Luz”, “O Consolador” com conteúdos cientificamente irrepreensíveis, e romances do gênero “Há Dois Mil Anos”, “Ave Cristo!”, “Renúncia”, “Paulo e Estevão”, incomparáveis em beleza e em profundidade.
O que seria a tal criptomnésia, por exemplo, é um tipo de distúrbio de memória que faz com que as pessoas se esqueçam de que conhecem uma determinada informação. Segundo essa teoria, Chico psicografava “sem saber” do próprio inconsciente, e resgatava as informações que já havia “lido em algum lugar” durante a vida. Porém, imaginemos que junto a sua biblioteca composta de poucos livros e algumas revistas que ocasionalmente leu durante a vida, expliquem como tais informações se alojaram no seu inconsciente sem que ele conhecesse, nada mais risível... E sobre as poesias? E quanto aos volumes científicos? E quanto às explicações a propósito de economia e outros temas completamente fora de sua competência que deu certa ocasião aos inquisidores da Revista Cruzeiro que tentaram humilhá-lo? 
Anotou Marcel Souto Maior que quando os jornalistas da Revista Cruzeiro realizaram a célebre reportagem tentando ridicularizá-lo e desacreditá-lo, Chico reclamou para Emmanuel e este respondeu: “Rejubile-se, lembre que  Jesus Cristo foi para cruz e você foi para o “Cruzeiro”.(5)
Lembram-se do espetáculo cultural que demonstrou durante o programa Pinga-Fogo da TV Tupi, realizado em 27 de julho de 1971?  Chico provou seu descomunal conhecimento e incomensurável  desenvoltura poética.  À época, os antagonistas insinuaram que Chico Xavier foi um fracasso no “Pinga-Fogo”, todavia, conforme o “IBOPE” da época, 40 milhões brasileiros assistiram ao programa. Considerando-se que a população na época era de 90 milhões de habitantes, estamos diante de um fenômeno único na tevê aberta do País. Foi a maior audiência em percentagem da TV brasileira, maior até do que a final da copa de 70. Chico sofreu uma devassa de indagações, mas, convenceu e agradou de tal maneira o público, que a TV Tupi deliberou produzir novo “Pinga-Fogo” em 12 de dezembro de 1971.
Para desgosto dos detratores, consignamos que os maiores poetas e eruditos brasileiros defenderam Chico Xavier.  Em 1932, Humberto de Campos, presidente da Academia Brasileira de Letras, indumentado de espantosa audácia ética, deu entrevista ao “Diário Carioca” acastelando o médium, exaltando os temas e os estilos dos espíritos comunicantes, fiéis aos que tinham em vida terrena. Sobre esta hipótese no mínimo tão fantástica quanto à hipótese dos espíritos existirem, Monteiro Lobato declarou: “Se Chico Xavier produziu tudo aquilo por conta própria, merece quantas cadeiras quiser na Academia Brasileira de Letras”. Agripino Grieco, um dos mais receados e reverenciados críticos literários do País, confessadamente católico, testemunhou, espantado, Chico psicografar escritos de Augusto dos Anjos e Humberto de Campos, deixando evadir-se no seu arrebatamento e admiração perante estilos sóbrios e irrepreensíveis.
Asseguramos, sem fanatismo nenhuma, que inexistirá quem possa substituí-lo com a mesma índole de coragem, humildade, amor e elevação espiritual. Percebemos que aguardaremos uma eternidade (coloca tempo nisso!), até que Deus expeça a reencarnação de outro ser humano (ou sobre-humano?) da mesma natureza moral de Francisco de Paula Cândido (nome civil), ou seja, Francisco Cândido Xavier (pseudônimo literário), o “Cândido Xavier” de todos os povos.
Uma situação que muito nos entristece presentemente são as bombásticas “revelações” dos que conviveram com ele e estão alegando que Chico disse lhes isso ou aquilo (assuntos forasteiríssimos tais como previsões com datações de catástrofes, extraterrestres, abduções, “suas” reencarnações anteriores etc...). Em verdade uma coisa é ouvir dizer que o Chico disse (!); outra é ouvir o Chico dizer. Uma coisa é ler narrações a respeito dele; outra é vê-lo expressar-se naquela simplíssima modalidade, como ele o fez.  Ele foi, no culminante da compreensão humana, aquele amor que se deu, firmemente, e que, agora, por íntimo regozijo de si mesmo empunhará das esferas luminosas o bastão dos destinos da Terceira Revelação na Terra.
Recordamos que no dia 30 de Junho de 2002, a televisão noticiou em apenas 15 segundos o seu falecimento para exibir horas a fio a repercussão da conquista do penta campeonato pela seleção brasileira de futebol. No dia seguinte as pessoas chegaram ao trabalho e conversaram, não sobre o Chico Xavier, mas sobre a Copa conquistada.
Em verdade, Chico deixou a existência no mundo discretamente, sem ostentação, sem algazarra.  Sua vida foi simples demais para se compreender assim com facilidade. O que é simples é profundo e difícil.  E por ser difícil é que muitos, sem compreenderem, tentaram lhe fazer justiça. Gritaram tardiamente o quanto foi digno. Tentaram contrabalançar a discreta notícia de sua “morte” com preleções e inscrições abrasadas, exaltando a sua excelsitude. Contudo, Chico Xavier nunca precisou dessas homenagens, porquanto, naquela manhã, foi recepcionado e abraçado pelo Governador da Terra nas paragens luminosas das Esferas Sublimes do firmamento.
Jorge Hessen
http/jorgehessen.net


Referências bibliográficas:
 
(1)    Essa “mudança” é narrada no livro de Marcel Souto Maior sobre os bastidores da filmagem de Chico Xavier, O Filme. Não quer dizer, nem de longe, que tenham se convertido ao Espiritismo... Mas o exemplo moral de Chico é capaz de afetar – no bom sentido – até os maiores opositores da doutrina, contanto é claro que se disponham a estudá-lo.
(2)    Boechat, Newton.Artigo Chico Xavier: a Liderança Insubstituível, publicado no Jornal A Nova Era - Setembro de 1980
(3)    Carvalho, Antonio Cesar Perri de. Admiração por Chico Xavier , artigo publicado no Dirigente Espírita número 66,  de julho/agosto de 2001
(4)    Disponível em acessado em 12/09/2012
(5)    Maior, Marcel Souto.  AsVidas de Chico Xavier, São Paulo: Editora: Planeta do Brasil, 2003

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

IDOLATRIA, UMA CEGUEIRA DOS SENTIMENTOS

IDOLATRIA, UMA CEGUEIRA DOS SENTIMENTOS
 Com todo o vigor de afeição arrebatada que voluntariamente lançamos a algum médium ou orador, não evitamos empreender amplo dolo de sentimentalismo. Mas urge que “fujamos ao condenável sistema de adoração recíproca, em que a falsa ternura opera a cegueira do sentimento”. (1) No atual movimento espírita vem  surgindo, em vários lugares, confissões de afago exagerado, endeusamento, adulação indigesta, confetes intermináveis, recorrentes e baldios, disputas por fotografias ao lado de médiuns famosos etc.
Adota-se assustadoramente o hábito dos dirigentes incautos de elogiar e exaltar médiuns e oradores em público. Essas pompas e grandiloquências, observadas à volta de alguns espíritas ilustres, é bem a repetição dos faustos do cristianismo sem o Cristo. Infelizmente, ressalta-se a devassidão emocional de decompor, especificamente oradores do arraial espírita, em personagem de semideus. Conheço confrades que habituam alardear que são amigos “íntimos” desses espíritas semideuses, como se esse fato abonasse credencial especial para eles. Será que ser “amigo” de médium divinizado os tornam superiores? A rigor, “criar ídolos humanos é pior que levantar estátuas destinadas à adoração”. (2) Quem se encontra nesse abarcamento afetuoso passa a se esquecer das adequadas obrigações básicas de crescimento para o Criador e para o Mestre Jesus.
Percebemos o fanatismo, o fascínio, a pieguice, a exaltação, o arrebatamento exagerado, a sujeição ideológica maníaca, mormente na área da psicologia. Os anseios embaraçados suscitados na fantasia delirante tonificam, fortalecem e levedam o culto crônico do “EGO”. Com suas mentes frenéticas, entronam tais médiuns imprevidentes, deificam alguns oradores e  forjam pedestais aos dirigentes personalistas.
É imprescindível não elogiar (adular) dirigentes, médiuns e oradores que estejam agindo de conformidade com as nossas conveniências, para não lhes criar empecilhos à caminhada enobrecedora, embora nos constitua dever prestar-lhes assistência e carinho para que mais se agigantem nas boas obras. Até porque a adulação é tóxico em formato verbal. Por essa razão, não esqueçamos “ainda quando provenha de círculos bem-intencionados, urge recusar o tóxico da lisonja, pois no rastro do orgulho, segue a ruína.” (3)
Kardec advertia: “As faculdades de que gozam os médiuns lhes atraem os elogios dos homens, os cumprimentos e as adulações: eis o seu tropeço”. (4) É  inquietante a lisonja de médiuns nas hostes espíritas. “Combatamos os ídolos falsos que ameaçam o Espiritismo cristão”.(5) A Bíblia, a Torah e o Alcorão são particularmente taxativos quanto à idolatria, comparando-a com alguns dos piores crimes e iniquidades concebíveis. Destarte, “é indispensável evitar a idolatria em todas as circunstâncias. Suas manifestações sempre representaram sérios perigos para a vida espiritual.”(6)
Desde que adentramos nos portais dos ensinos kardecianos, aprendemos que o elogio (ainda que bem intencionado) nos enternece e ilude. “As crenças antigas permanecem repletas de cultos exteriores e de ídolos mortos. O Consolador, enviado ao mundo na venerável missão espiritista, vigiará contra esse venenoso processo de paralisia da alma”.(7) Escorregar para o despenhadeiro ameaçador da prática obsessiva do endeusamento a médiuns e oradores espíritas é prática inteiramente avessa aos princípios libertadores do Espiritismo.
“Aqui e acolá, surgem pruridos de adoração que se faz imprescindível combater. Não mais imagens dos círculos humanos, nem instrumentos físicos supostamente santificados para cerimônias convencionais, mas entidades amigas e médiuns terrenos que a inconsciência alheia vai entronizando, inadvertidamente, no altar frágil de honrarias fantasiosas. É necessário reconhecer que aí temos um perigo sutil, através do qual, inúmeros trabalhadores têm resvalado para o despenhadeiro da inutilidade”. (8)
Cochicha a prudência cristã que nunca cederíamos campo à vaidade se não vivêssemos reclamando o deletério coquetel da adulação ao nosso egocentrismo doentio. Invariavelmente ficamos submissos às injunções sociais quando buscamos aprovação (bajulação) dos outros, “quando permanecemos na posição de permanentes escravos e pedintes do aplauso hipócrita e do verniz, da lisonja, condicionando-nos a viver sem usufruir de liberdade de consciência, submetendo-nos a ser manipulados pelos juízos e opiniões alheias.”(9)
O espírita que esquadrinhe provar a humildade é alguém transparente que modera em ser continuamente autêntico. Não vive atrás de confetes, não perturba e nem é difícil no relacionamento com o próximo. Não cultiva em seu coração qualquer empenho infeliz de superioridade e cobrança, embuste e concorrência, prevenção e arrogância.
O espírita leal, com o Cristo percebe-se pessoa comum como qualquer outra. Exibe suas emoções e conceitos com sensatez e prudência, e a sua fidelidade de sentimento é imagem fulgente da boa-fé, que reproduz seu caráter incorruptível.
Jorge Hessen
http://jorgehessen.net




Referências bibliográficas:

(1)           Xavier, Francisco Cândido. Missionário da Luz, ditado pelo Espírito  André Luiz, capítulo 20 , “Adeus”, Rio de Janeiro: Editora FEB, 2000

(2)           Xavier, Francisco Cândido. Pão Nosso, ditado pelo Espírito  Emmanuel, capítulo 150 , “É o mesmo”, Rio de Janeiro: Editora FEB,

(3)           Xavier, Francisco Cândido. Missionário da Luz, ditado pelo Espírito  André Luiz, capítulo 20 , “Adeus”, Rio de Janeiro: Editora FEB, 2000

(4)           Kardec, Allan. O Livro dos Médiuns,  cap. XXXI, item XII, “Sobre os Médiuns” , pág. 410, São Paulo:  Editora LAKE, 1997

(5)           Xavier, Francisco Cândido. Pão Nosso, ditado pelo Espírito  Emmanuel, capítulo 52 ,“Perigos sutis” , Rio de Janeiro: Editora FEB, 1997

(6)           Idem

(7)           idem

(8)           idem

(9)           Xavier, Francisco Cândido. Saudação do Natal – Mensagem “Trilogia da vida”, ditado pelo  espírito Cornélio Pires , SP: Editora CEU, 1996

terça-feira, 4 de setembro de 2012

PELA EDUCAÇÃO

LUIZ CARLOS FORMIGA

                                                                                                
Um cientista desejava realizar estudo sobre a vida do maior comandante existente na Terra.
Após exaustiva investigação foi informado de que ele já havia morrido.
O pesquisador então pediu a São Pedro que lhe possibilitasse uma entrevista com o desencarnado, de modo a obter as informações preciosas.
Quando lá chegou, diante dele, o cientista reagiu dizendo que “não era a pessoa com quem desejava falar”.
Olhou para Pedro explicando: "Esta pessoa eu conheci por muitos anos. Foi um simples sapateiro na cidade onde vivi".
Pedro complementou:
"Teria sido o maior, se tivesse tido oportunidades e as condições ambientais adequadas para o seu desenvolvimento"
No Censo 2010 o número de espíritas pulou de 1,4 para 2,5 milhões, em 10 anos. Nesse grupo, temos a maior proporção de pessoas com nível superior completo e a menor percentagem daquelas sem instrução. Quando se pesquisou os rendimentos acima de 5 salários mínimos apresentou também o maior percentual.
Apesar dos números, como explicar a ausência de jovens em casas espíritas?
A questão foi motivo de reflexão entre nós e na Fed. Esp. Espanhola (1, 2)
Pensando a evasão como reflexo de um estado social, dois pontos devem ser revistos: o afastamento do jovem de responsabilidades e as atividades, para eles, programadas.
Não podemos esquecer que jovens necessitam de discussões, pois estão elaborando a escala de valores éticos. A realidade é que podem encontrar discursos que ficam aquém de suas ansiedades e reuniões pouco atraentes.
Nessa faixa etária existem períodos naturalmente conturbados, como o da expansão subjetiva, o descobrimento da realidade exterior, a dor pela perda dos pais ideais. No dia em que a criança percebe que todos os adultos são imperfeitos torna-se adolescente, e, se tornará adulta somente quando puder perdoá-los.
A angústia vivida na adolescência é muito grande. A separação do mundo infantil e a incorporação ao dos adultos é um período tão difícil, as ocorrências são tão intensas quanto a do adulto ante a perda de um ente querido.
É nessa hora que os pais devem provar que a religião para eles não é simples formalidade, apenas um credo, com aparência de espuma flutuante. “Os Espíritos dos pais têm por missão desenvolver os dos seus filhos pela educação. Constitui-lhes isso uma tarefa. Tornar-se-ão culpados, se vierem a falir no seu desempenho” (LE 208).
Diversos dirigentes são "desconfiados", sendo incapazes de delegar responsabilidades. São pessoas responsáveis e acreditam que o jovem ainda não se encontra, como eles, preparado para assumir determinadas missões. A falta de fé no jovem e nos orientadores espirituais e o medo do fracasso fazem com que centralizem tudo. O equilíbrio é fundamental, pois um coração temerário incendeia qualquer serviço, arrasando-o, mas, um coração medroso congela o trabalho.
Jesus discute uma escala de valores que só os heróis, mesmo os pequenos e anônimos, podem possuir.
Os jovens precisam de uma nova ordem de ideias, que possa trazer também uma nova ética comportamental. Imprescindível a noção de Imortalidade, base da doutrina do Cristo, que a demonstrou em inúmeras oportunidades.
Em educação modelos de excelência são de grande valia. No entanto, nos dias de hoje há uma tendência a favor da desmistificação dos heróis. Em consequência os jovens carecem de imagens concretas de pessoas admiráveis (homens de bem) para ajudá-los no esforço de evolução pessoal.
Jesus será guia e modelo quando ele perceber que, na sua proposta pedagógica, existe uma conceituação revolucionária.
Sem o seguro conhecimento das diversas evidências científicas sugestivas da imortalidade da alma, não tem sentido falar-se em escala de valores.
Demonstrada a Imortalidade, examinadas as consequências advindas da realidade, a vida ganhará outro sentido.
Lembremos que os valores internalizados na infância provavelmente ficarão para o resto da vida.
O homem, algumas vezes, não sabe qual a sua natureza, não pergunta o que é, nem para onde vai. Entra na vida, mas não atenta para o sentido dela. Segue sem traçar objetivos.
Tia Vilma, na evangelização infanto-juvenil, conversou com o Gato, que descobriu que a morte do corpo não mata a vida. Cantaram com Léon Denis: “A Alma é Imortal” (3).


Repasso convite.

V  EVANGELIZE. Encontro de Evangelizadores. Grupo Espírita "Irmã Scheilla"Frutal/MG. DIA: 22/09/2012. 07h às 17h

(1) O enigma da geração nova

http://www.ceerj.org.br/portal/artigos/66-diversos/1495-o-enigma-da-geracao-nova-luiz-carlos-d-formiga

(2) Aclárele todo a su hijo

http://www.espiritismo.cc/modules.php?name=News&file=article&sid=427

(3) IV Encontro de evangelizadores. Frutal-MG. Alice e o Gato.

http://orebate-jorgehessen.blogspot.com.br/2011/09/iv-encontro-de-evangelizadores-frutal.html


segunda-feira, 3 de setembro de 2012

QUEM É EMMANUEL?




1. EMMANUEL
Emmanuel foi o inesquecível guia de Chico Xavier, durante o seu longo apostolado mediúnico. Autor de mais de uma centena de livros de suma importância aos interesses do Espiritismo no Brasil, prossegue arrebatando admiradores sinceros e seguidores fiéis até os dias de hoje. Ao contrário de notícias vinculadas na imprensa espírita, dando conta de sua reencarnação ( ! ), prossegue trabalhando, desde o Plano Espiritual, na expansão de sua obra de evangelização espírita.

Primeira aparição de Emmanuel - Emmanuel, em seu primeiro contato com Chico Xavier mostrou-se dentro de raios luminosos em forma de cruz e com a aparência de um bondoso ancião. Mais tarde, captado por tintas mediúnico-artísticas, Emmanuel revelou-se um belo homem, de traços maduros e serenos, porém joviais e marcantes. Instado a revelar sua identidade, esquivou-se repetidas vezes, alegando razões particulares e respeitáveis, afirmando, porém, ter sido, na sua última passagem pelo Planeta, padre católico (Manuel da Nóbrega), desencarnado no Brasil. (Chico Xavier, in "Emmanuel", 1938).


Emmanuel & Chico Xavier - Embora Chico Xavier tenha se iniciado no Espiritismo aos 17 anos, em 7 de maio de 1927 (fonte: FEB), apenas a partir de 1931 Emmanuel passou a guiar as suas mãos, sendo para este, segundo suas próprias palavras, "um viajante muito educado procurando domar um animal freado e irrequieto, afim de realizar uma longa excursão". (Pinga-Fogo, Edicel).


Apesar de apontamentos seguidos sobre a rígida disciplina aplicada por Emmanuel sobre Chico Xavier, este apenas teve sempre, sobre seu mentor, palavras de carinho e gratidão. E uma profunda admiração também, perceptível nesta declaração: "Solicitado para se pronunciar sobre esta ou aquela questão, notei-lhe sempre o mais alto grau de tolerância, afabilidade e doçura, tratando todos os problemas com o máximo respeito pela liberdade e pelas idéias dos outros." Ou então: "Emmanuel tem sido para mim um verdadeiro pai na Vida Espiritual, pelo carinho com que tolera as falhas, e pela bondade com que repete as lições que devo aprender. Em todos estes anos de convívio estreito, quase diário, ele me traçou programas e horários de estudo, nos quais a princípio até inclui datilografia e gramática, procurando desenvolver os meus singelos conhecimentos de curso primário, em Pedro Leopoldo, o único que fiz agora, no terreno da instrução oficial."


Emmanuel permaneceu ao lado de Chico até suas derradeiras horas no Planeta. O médium morreu na noite de domingo, 30 de junho, aos 92 anos, de parada cardíaca, na cidade de Uberaba, MG, e onde passou grande parte de sua vida.


É impossível falar em Espiritismo ou em Chico Xavier, principalmente, sem recordar este grande Espírito que ao longo de várias e laboriosas décadas, consolidou a Doutrina Espírita no Brasil. Foi através de múltiplos ensinamentos e mensagens, que Emmanuel popularizou a Terceira Revelação sobre o solo brasileiro. Suas preciosas lições e incansáveis recomendações ecoam até hoje, através de livros e lembranças, a perpetuar um trabalho de imensurável valor e que se desenvolveu, certamente, sob a direção direita do Cristo. (©1999-2006 Instituto André Luiz - Conforme Lei dos Direitos Autorais nº 9.610, de 19.02.98)


2. O SURGIMENTO DE EMMANUEL:
Conta Marcel Souto Maior, no saboroso "As vidas de Chico Xavier" que, "o ano de 1931 foi movimentado para Chico. E triste. Cidália morreu em março. Pouco antes de ir embora, chamou o enteado e fez um pedido: ele deveria evitar que João Cândido se desfizesse, novamente, dos filhos - seis dela e nove do primeiro casamento.

Ah, mãe, fique despreocupada. Eu prometo que, enquanto minha última irmã não estiver casada, minha missão no lar não terá acabado. Depois da promessa, o apelo.


Não vá embora, não. Com quem vou conversar sobre minhas visões? Quem vai acreditar em mim?

Num último esforço, Cidália o consolou.

Tenho fé de que você ainda há de encontrar aquelas pessoas do arco-íris* e elas vão te entender mais do que eu.

Chico se sentia sozinho apesar das visitas esporádicas da mãe e das sessões no Centro Luiz Gonzaga. Para escapar do coro dos céticos, ele arrastava os pés pelas ruas de terra do arraial e, com os sapatos sempre frouxos, tomava o rumo do açude. Aquele era seu refúgio. Ali, ele se encolhia à sombra de uma árvore, na beira da represa, encarava o céu e rezava ao som das águas. Em 1931, o bucolismo da cena deu lugar ao fantástico.

O rapaz teve sua conversa com Deus interrompida pela visita de uma cruz luminosa. Franziu os olhos e percebeu, entre os raios, a poucos metros, a figura de um senhor imponente, vestido com túnica típica de sacerdotes. O recém-chegado foi direto ao assunto.


Está mesmo disposto a trabalhar na mediunidade?

- Sim, se os bons espíritos não me abandonarem.
- Você não será desamparado, mas para isso é preciso que trabalhe, estude e se esforce no bem.
O senhor acha que estou em condições de aceitar o compromisso?
- Perfeitamente, desde que respeite os três pontos básicos para o serviço.
Diante do silêncio do desconhecido, Chico perguntou:
Qual o primeiro ponto?
A resposta veio seca:
Disciplina.
E o segundo?
Disciplina.
- E o terceiro?
Disciplina, é claro.
Chico Xavier concordou. E o estranho aproveitou a deixa:
- Temos algo a realizar. Trinta livros para começar.
O rapaz levou um susto. Como iria comprar tinta e papel? Quem pagaria a publicação de tantos títulos? O salário de caixeiro no armazém de Felizardo mal dava para as despesas de casa, os 13 mil-réis mensais eram gastos com catorze irmãos; seu pai era apenas um vendedor de bilhetes de loteria.
Chico arriscou uma previsão.
Papai vai tirar a sorte grande?
O forasteiro encerrou as apostas:
- Nada, nada disso. Sorte grande mesmo é o trabalho com fé em Deus. Os livros chegarão por caminhos inesperados.

O roteiro estava escrito. Restava ao matuto de Pedro Leopoldo seguir as instruções. Seus passos, tropeços e quedas, muitas quedas, seriam acompanhados de perto por aquele estranho a cada dia mais íntimo, O nome dele: Emmanuel, o mesmo que tinha se apresentado a Carmem Perácio quatro anos antes. A missão: guiar o rapazote e evitar que ele fugisse do script traçado no além. Chico deveria colocar no papel as palavras ditadas pelos mortos e divulgar, por meio do livro, a doutrina dos espíritos." (As Vidas de Chico Xavier", Marcel Souto Maior, Edit. Planeta)

* A equipe de Espíritos chefiada por Emmanuel, e principalmente este, devido a grandeza e peculiaridade da tarefa, provavelmente possui (ou possuía) atmosfera espiritual colorida a lembrar um arco-íris, como dizia Chico, pois de uma forma incompreensível para nós, as imagens ilustrativas de suas páginas foram sendo adornadas invariavelmente com um arco-íris. Podemos dizer mais: fazer isso tornou-se algo quase irresistível, enquanto que os fundos (ou backs) pendiam sempre para o marrom, a lembrar chão, terra. Por não compreender-lhe o motivo, retiramos o arco-íris de quase todas ilustrações, preservando apenas a desta página; da página que apresenta Emmanuel em sua encarnação como Manoel da Nóbrega (onde o desejo de inserir imagens da fauna e flora brasileira, exuberante e colorida nos tons do arco-íris, também foi algo quase irresistível) e a que ilustra a página ainda em construção "Anjos do Brasil", dedicada aos Espíritos que velam pelo Brasil desde as suas primeiras horas, dentre eles Emmanuel. (Lori, Instituto André Luiz).

Vide: http://www.institutoandreluiz.org/manoel_da_nobrega.html
http://www.institutoandreluiz.org/anjos_do_brasil.html

3. ESTILO
Além da recomendação de disciplina, para toda e qualquer situação, a segunda mais importante orientação de Emmanuel para o médium é assim relembrada: " - Lembro-me de que num dos primeiros contatos comigo, ele me preveniu que pretendia trabalhar ao meu lado, por tempo longo, mas que eu deveria, acima de tudo, procurar os ensinamentos de Jesus e as lições de Allan Kardec e, disse mais, que, se um dia, ele, Emmanuel, algo me aconselhasse que não estivesse de acordo com as palavras de Jesus e de Kardec, que eu devia permanecer com Jesus e Kardec, procurando esquecê-lo."
Esse, o estilo de Emmanuel. A verdade sem rodeios.

APARÊNCIA - Em 1953, Chico estava na cabine (de materialização) quando a sala foi iluminada por uma espécie de relâmpago. Uma aparição com quase 1,90m de altura, porte atlético e tórax largo, entrou em cena. Trazia na mão direita, erguida, a velha tocha acesa* (um símbolo de fé). Com voz clara, baritonada, encheu o peito e afirmou:

- Amigos, a materialização é fenômeno que pode deslumbrar alguns companheiros e até beneficiá-los com a cura física. Mas o livro é chuva que fertiliza lavouras imensas, alcançando milhões de almas. Rogo aos amigos a suspensão destas reuniões a partir desse momento.


Era ele mesmo. Emmanuel.

Chico obedeceu mais uma vez. Sua missão era o livro, era materializar idéias. Precisava cumprir seu cronograma e entregar logo os novos trinta títulos. Ainda faltavam dez.
A maioria dos amigos entendeu. O autor de best sellers espíritas saía das sessões em estado de exaustão. Pálido, abatido, banhado em suor. Alguns admiradores ficaram decepcionados. Quem sabe Chico não poderia provar, com esses fenômenos, a existência dos espíritos? A esperança era inútil. A maioria absoluta dos céticos duvidaria de cada foto ou de cada aparição luminosa.

4. OBRA DE EMMANUEL
Dentre os mais de quatrocentos livros psicografados por Chico Xavier, cerca de 110 livros (com pouca margem de erro), pertencem unicamente a Emmanuel. Um número considerável, que se torna gigantesco quando acrescido das demais obras onde de uma forma ou outra ele participou, tanto com mensagens quanto com prefácios, alguns fartos e sumamente felizes, qual o que apresenta o livro "Libertação", de André Luiz.. Podemos dizer que, se longo foi o mandato de Chico, incansável foi o amor e a boa vontade de Emmanuel, em traçar pra nós, encarnados ainda em profunda necessidade, um um poderoso roteiro de luz espiritualizante. (Instituto André Luiz)

COMO EMMANUEL COMUNICOU A CHICO O NÚMERO DE LIVROS QUE DEVERIAM ESCREVER JUNTOS
:
Chico Xavier: "Depois de haver salientado a disciplina como elemento indispensável a uma boa tarefa mediúnica, ele me disse: 'Temos algo a realizar.' Repliquei de minha parte qual seria esse algo e o benfeitor esclareceu: 'Trinta livros pra começar!' Considerei, então: como avaliar esta informação se somos uma família sem maiores recursos, além do nosso próprio trabalho diário, e a publicação de um livro demanda tanto dinheiro!... Já que meu pai lidava com bilhetes de loteria, eu acrescentei: será que meu pai vai tirar a sorte grande? Emmanuel respondeu: 'Nada, nada disso. A maior sorte grande é a do trabalho com a fé viva na Providência de Deus. Os livros chegarão através de caminhos inesperados!' Algum tempo depois, enviando as poesias de 'Parnaso de Além- Túmulo' para um dos diretores da Federação Espírita Brasileira, tive a grata surpresa de ver o livro aceito e publicado, em 1932. A este livro seguiram-se outros e, em 1947, atingimos a marca dos 30 livros. Ficamos muito contentes e perguntei ao amigo espiritual se a tarefa estava terminada. Ele, então, considerou, sorrindo: 'Agora, começaremos uma nova série de trinta volumes!' Em 1958, indaguei-lhe novamente se o trabalho finalizara. Os 60 livros estavam publicados e eu me encontrava quase de mudança para a cidade de Uberaba, onde cheguei a 5 de janeiro de 1959. O grande benfeitor explicou-me, com paciência: 'Você perguntou, em Pedro Leopoldo, se a nossa tarefa estava completa e quero informar a você que os mentores da Vida Maior, perante os quais devo também estar disciplinado, me advertiram que nos cabe chegar ao limite de cem livros.' Fiquei muito admirado e as tarefas prosseguiram. Quando alcançamos o número de 100 volumes publicados, voltei a consultá-lo sobre o termo de nossos compromissos. Ele esclareceu, com bondade: 'Você não deve pensar em agir e trabalhar com tanta pressa. Agora, estou na obrigação de dizer a você que os mentores da Vida Superior, que nos orientam, expediram certa instrução que determina seja a sua atual reencarnação desapropriada, em benefício da divulgação dos princípios espíritas-cristãos, permanecendo a sua existência, do ponto de vista físico, à disposição das entidades espirituais que possam colaborar na execução das mensagens e livros, enquanto o seu corpo se mostre apto para as nossas atividades.' Muito desapontado, perguntei: então devo trabalhar na recepção de mensagens e livros do mundo espiritual até o fim da minha vida atual? Emmanuel acentuou: 'Sim, não temos outra alternativa!' Naturalmente, impressionado com o que ele dizia, voltei a interrogar: e se eu não quiser, já que a Doutrina Espírita ensina que somos portadores do livre arbítrio para decidir sobre os nossos próprios caminhos? Emmanuel, então, deu um sorriso de benevolência paternal e me cientificou: 'A instrução a que me refiro é semelhante a um decreto de desapropriação, quando lançado por autoridade na Terra. Se você recusar o serviço a que me reporto, segundo creio, os orientadores dessa obra de nos dedicarmos ao Cristianismo Redivivo, de certo que eles terão autoridade bastante para retirar você de seu atual corpo físico!' Quando eu ouvi sua declaração, silenciei para pensar na gravidade do assunto, e continuo trabalhando, sem a menor expectativa de interromper ou dificultar o que passei a chamar de 'Desígnios de Cima." 
( De "O Espírita Mineiro", n. 205, abril/junho de 1988).

domingo, 2 de setembro de 2012

SOS Na ponta da língua


LUIZ CARLOS FORMIGA


Fui convidado a fazer um estudo sobre “O Mal de Hansen”. Comentei os prejuízos causados pelo estigma da Lepra. No final o Diretor José Salomão Mizrahy me entrega mensagem psicografada, durante a exposição, quando citei o capítulo XV de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. O título da psicografia era - “O Bem de Hansen”, e assinada pelo espírito – Leda Amaral (26/10/1985 - 13/02/1922). Na santa ignorância, indaguei e Salomão informou que fora “leprosa”. Disse-me que, dedos insensíveis, fora obrigada a aprender o Braille com a ponta da língua. Nunca mais tive vergonha de chorar em público. Em verdade, o amor só será verdadeiro e incondicional quando for dilatado, por todos nós, a todas as coisas e a todos os seres que nos cercam, nessa estupenda experiência humana que é a própria vida, diz nosso amigo Jorge Hessen (*). A primeira grande máquina impressora da SPLEB, que hoje tem o nome LEDA, foi descoberta pela irmã Leda do Amaral em uma Igreja Batista do bairro do Engenho de Dentro. RJ.RJ. (1). Leda é um dos maiores símbolos de espiritualidade e caridade cristã. Sua figura, especial e admirável, deixou o exemplo de permanente dedicação aos que sofrem. Era jovem, bonita, de pais espíritas, quando a doença a assaltou. Rosto, mãos e pés ficaram deformados. A audição tornou-se reduzida. Olhos sem luz, aos 17 anos. Mesmo assim, passou a fazer apelos telefônicos para alívio do sofrimento dos que a ela recorriam. Arranjava alimentos, internações, socorro assistencial, cadeiras de rodas, muletas, empregos, bolsas de estudos, tudo em benefício dos outros. Diante daquela figura alquebrada pela doença, mas dinâmica e determinada no amor ao próximo, não havia quem resistisse ao convite para participar na caridade pura. Ledinha foi "Sal da Terra" (2). Vai nos ajudar no SOS da Casa de Maria de Magdala (**).

 
(*) Amor, Sublime Amor.  Reformador (FEB). Dezembro de 2006, pág. 32.






Um pouco mais.

SPLEB - Sociedade Pró-Livro Espírita em Braille


Veja como “o exemplo arrasta” em “laços Afetivos”


CENTRO ESPÍRITA FILHOS DE DEUS


VÍDEO LAR DE FREI LUIZ. Palavras-chave - Drogas, Lepra X Hanseníase

Amazonas diz: “Estou aqui”.